Imagens de uma das câmeras de monitoramento do Palácio do Planalto liberadas neste sábado, 22, mostram que a invasão à sede do governo não se deu pelo acesso principal do prédio. Enquanto um grupo de policiais militares do Distrito Federal tenta proteger a porta para pedestres - inclusive com bombas de gás -, parte dos golpistas já estava na área interna depredando a recepção. Os vídeos também revelam que a PM do DF só tentou bloquear esse acesso por 16 minutos e que o portão principal, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dito, não foi arrombado.
Os primeiros invasores surgem nas imagens a partir das 15h19. Neste horário, os policiais estavam agrupados do lado de fora tentando afugentar os radicais. A movimentação da polícia também pode ser acompanhada pelos vídeos divulgados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) por ordem do Supremo Tribunal Federal. Eles chegam à entrada principal do Planalto às 15h11, chamados, aparentemente, por seguranças privados que observam a chegada dos golpistas e, por rádio, solicitam reforço.
A câmera também flagra quando um dos vigias encosta a porta principal, mas deixa um vão aberto, que, mais tarde, é ampliado pelos radicais já de dentro do Palácio. Não foram os seguranças, portanto, que abriram as portas propositadamente aos golpistas, como Lula afirmou aos jornalistas no dia seguinte aos ataques.
A invasão é acompanhada de depredação de forma imediata. Pelas imagens é possível ver os computadores da recepção sendo atirados no chão, assim como extintores sendo usados para quebrar as vidraças.
Após explosões consecutivas, o grupo de PMs que bloqueava a entrada do Planalto não é mais visto pelas imagens, às 15h27. A saída facilita a entrada de mais invasores, que seguem quebrando o que veem pela frente, como os aparelhos de raio X.
O Estadão procurou a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para comentar a atuação da Tropa de Choque, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.
As imagens do circuito interno do Planalto foram liberadas pelo GSI por determinação do STF. Como mostrou o Estadão, os radicais zanzaram sem serem importunados no terceiro andar do Palácio, onde fica o gabinete do presidente da República, conversaram tranquilamente com militares e tentaram arrombar um caixa eletrônico.
O material também mostrou uma conversa tensa entre ministros do presidente Lula após a invasão. Às 21h47, aparecem nas imagens o ministro da Justiça, Flávio Dino, o ministro da Defesa, José Múcio, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. A câmara captou momento em que Dino se dirige a José Múcio gesticulando. O ministro da Defesa estava ao telefone. Próximo aos dois estavam outros aliados do presidente, os senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Dino sai do quadro da imagem e é a vez de Costa também gesticular falando com Múcio, que permanecia no telefone.