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Opinião|Viva cordialidade


Por José Renato Nalini

Personagens que passam à História como figuras perversas, envoltas em uma aura negativa, nem sempre causaram tal impressão aos contemporâneos. Eram pessoas providas de alguns atributos que contribuíram para que viessem a exercer influência e galgar o poder. Pense-se em Adolf Hitler e Mussolini, hoje considerados tiranos malévolos, mas que fruíram da confiança popular, sem a qual não chegariam à inequívoca liderança na Alemanha e na Itália.

Depoimentos de quem os conheceu atestam certo magnetismo que seduzia os circunstantes. Rodrigo Octávio, cuja vida pública o levou a inúmeros contatos com poderosos, narra com emoção “a satisfação de ser recebido pelo Duce”. Este recebia os visitantes no palácio construído no ponto mais evidente da Roma antiga, próximo às ruínas do Fórum e na base do Capitólio. Um “sóbrio e soturno edifício quadrado, de puro estilo veneziano, índice sugestivo da vida misteriosa e torva da velha cidade dos Doges, uma das joias arquitetônicas da Cidade Eterna, tão opulenta delas”.

O edifício pertencia ao Império austro-húngaro e, depois da I Grande Guerra, foi confiscado pelo governo italiano. Mussolini o converteu em espaço de recepções. Recebia os convidados na sala dos Mapa Mundi, de grandes dimensões, em cujos muros laterais, de grande altura, são desenhadas as duas faces do Globo terrestre, em magníficos mosaicos.

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Foi levado a conhecer Benito Mussolini pelo Embaixador do Brasil junto ao Quirinal, Oscar de Teffé. Assim que ambos adentraram, Mussolini veio ao encontro deles, modestamente vestido num costume escuro, estendendo as mãos, risonho e afável, na simplicidade cordial da acolhida, “na mais flagrante, na mais radical contradição entre o cenário e o personagem”.

Conduziu os convidados à mesa e os fez sentar. E conversou, com simpatia, surpreso porque Rodrigo Octávio falava bem o italiano. Comportamento próprio a brasileiros, encantados com a pompa, o brasileiro respondeu que havia estudado o idioma especialmente para falar com ele, Mussolini. Pois com o Duce, em Roma, não se podia falar senão em italiano.

Relata uma conversação interessante. O ditador mostrou-se interessado em coisas do Brasil e referiu-se à doutrina de Monroe. Pediu explicações sobre sua significação e efeitos. Rodrigo Octávio confessa haver conseguido “exprimir-lhe toda minha admiração por sua obra de reconstrução material e espiritual da Itália”.

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Terminada a audiência, o Duce os acompanhou até à porta, junto da qual ainda se deteve tratando com o Embaixador Teffé de assuntos de interesse das relações Itália-Brasil. Extasiou-se Rodrigo Octávio com “o tom de intimidade e de afeto com que ele se entretinha com o Embaixador do Brasil”. Mais emocionado ainda, ao receber, na mesma tarde, em seu hotel, um retrato de Mussolini, com dedicatória e autógrafo, em que assinalava “a viva cordialitá com que presenteara o brasileiro”.

Ao se recordar desse episódio, Rodrigo Octávio evidencia a sua admiração quanto à pessoa do poderoso Condotiere. Já àquele tempo, a mídia mundial o retratava como se fosse um espetaculoso arrogante, numa atitude dramática. Uma criatura de sobrecenho carregado, enfática, ameaçadora. Surpreendeu-se com a criatura “simples e natural”. E ainda completa: “Esse homem extraordinário tinha por certo direito de se mostrar orgulhoso e altivo diante dos outros homens, pela obra que estava realizando e mesmo pelo que já havia realizado”. Durante a conversa, disse que a obra de restauração da Itália apenas começara. E Rodrigo constatara a considerável diferença entre a Itália que vira quinze anos antes e a daquela data – 1930. “Ordem, disciplina, respeito” respirava-se em Roma.

Dizia-se não haver liberdade de pensamento e de crítica em relação ao governo. E aduz: “Mas, santo Deus! Que importa isso se a liberdade que conta, a de se agir individualmente dentro das normas legais, estava assegurada? E, principalmente, que importa o cerceamento do direito de apreciação dos atos do governo, quando esses atos visam o bem público e efetivamente o realizam?”.

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Ainda há quem pense assim nos dias de hoje. Por isso é que a democracia é plantinha frágil, mirrada e tendente a expirar...

Personagens que passam à História como figuras perversas, envoltas em uma aura negativa, nem sempre causaram tal impressão aos contemporâneos. Eram pessoas providas de alguns atributos que contribuíram para que viessem a exercer influência e galgar o poder. Pense-se em Adolf Hitler e Mussolini, hoje considerados tiranos malévolos, mas que fruíram da confiança popular, sem a qual não chegariam à inequívoca liderança na Alemanha e na Itália.

Depoimentos de quem os conheceu atestam certo magnetismo que seduzia os circunstantes. Rodrigo Octávio, cuja vida pública o levou a inúmeros contatos com poderosos, narra com emoção “a satisfação de ser recebido pelo Duce”. Este recebia os visitantes no palácio construído no ponto mais evidente da Roma antiga, próximo às ruínas do Fórum e na base do Capitólio. Um “sóbrio e soturno edifício quadrado, de puro estilo veneziano, índice sugestivo da vida misteriosa e torva da velha cidade dos Doges, uma das joias arquitetônicas da Cidade Eterna, tão opulenta delas”.

O edifício pertencia ao Império austro-húngaro e, depois da I Grande Guerra, foi confiscado pelo governo italiano. Mussolini o converteu em espaço de recepções. Recebia os convidados na sala dos Mapa Mundi, de grandes dimensões, em cujos muros laterais, de grande altura, são desenhadas as duas faces do Globo terrestre, em magníficos mosaicos.

Foi levado a conhecer Benito Mussolini pelo Embaixador do Brasil junto ao Quirinal, Oscar de Teffé. Assim que ambos adentraram, Mussolini veio ao encontro deles, modestamente vestido num costume escuro, estendendo as mãos, risonho e afável, na simplicidade cordial da acolhida, “na mais flagrante, na mais radical contradição entre o cenário e o personagem”.

Conduziu os convidados à mesa e os fez sentar. E conversou, com simpatia, surpreso porque Rodrigo Octávio falava bem o italiano. Comportamento próprio a brasileiros, encantados com a pompa, o brasileiro respondeu que havia estudado o idioma especialmente para falar com ele, Mussolini. Pois com o Duce, em Roma, não se podia falar senão em italiano.

Relata uma conversação interessante. O ditador mostrou-se interessado em coisas do Brasil e referiu-se à doutrina de Monroe. Pediu explicações sobre sua significação e efeitos. Rodrigo Octávio confessa haver conseguido “exprimir-lhe toda minha admiração por sua obra de reconstrução material e espiritual da Itália”.

Terminada a audiência, o Duce os acompanhou até à porta, junto da qual ainda se deteve tratando com o Embaixador Teffé de assuntos de interesse das relações Itália-Brasil. Extasiou-se Rodrigo Octávio com “o tom de intimidade e de afeto com que ele se entretinha com o Embaixador do Brasil”. Mais emocionado ainda, ao receber, na mesma tarde, em seu hotel, um retrato de Mussolini, com dedicatória e autógrafo, em que assinalava “a viva cordialitá com que presenteara o brasileiro”.

Ao se recordar desse episódio, Rodrigo Octávio evidencia a sua admiração quanto à pessoa do poderoso Condotiere. Já àquele tempo, a mídia mundial o retratava como se fosse um espetaculoso arrogante, numa atitude dramática. Uma criatura de sobrecenho carregado, enfática, ameaçadora. Surpreendeu-se com a criatura “simples e natural”. E ainda completa: “Esse homem extraordinário tinha por certo direito de se mostrar orgulhoso e altivo diante dos outros homens, pela obra que estava realizando e mesmo pelo que já havia realizado”. Durante a conversa, disse que a obra de restauração da Itália apenas começara. E Rodrigo constatara a considerável diferença entre a Itália que vira quinze anos antes e a daquela data – 1930. “Ordem, disciplina, respeito” respirava-se em Roma.

Dizia-se não haver liberdade de pensamento e de crítica em relação ao governo. E aduz: “Mas, santo Deus! Que importa isso se a liberdade que conta, a de se agir individualmente dentro das normas legais, estava assegurada? E, principalmente, que importa o cerceamento do direito de apreciação dos atos do governo, quando esses atos visam o bem público e efetivamente o realizam?”.

Ainda há quem pense assim nos dias de hoje. Por isso é que a democracia é plantinha frágil, mirrada e tendente a expirar...

Personagens que passam à História como figuras perversas, envoltas em uma aura negativa, nem sempre causaram tal impressão aos contemporâneos. Eram pessoas providas de alguns atributos que contribuíram para que viessem a exercer influência e galgar o poder. Pense-se em Adolf Hitler e Mussolini, hoje considerados tiranos malévolos, mas que fruíram da confiança popular, sem a qual não chegariam à inequívoca liderança na Alemanha e na Itália.

Depoimentos de quem os conheceu atestam certo magnetismo que seduzia os circunstantes. Rodrigo Octávio, cuja vida pública o levou a inúmeros contatos com poderosos, narra com emoção “a satisfação de ser recebido pelo Duce”. Este recebia os visitantes no palácio construído no ponto mais evidente da Roma antiga, próximo às ruínas do Fórum e na base do Capitólio. Um “sóbrio e soturno edifício quadrado, de puro estilo veneziano, índice sugestivo da vida misteriosa e torva da velha cidade dos Doges, uma das joias arquitetônicas da Cidade Eterna, tão opulenta delas”.

O edifício pertencia ao Império austro-húngaro e, depois da I Grande Guerra, foi confiscado pelo governo italiano. Mussolini o converteu em espaço de recepções. Recebia os convidados na sala dos Mapa Mundi, de grandes dimensões, em cujos muros laterais, de grande altura, são desenhadas as duas faces do Globo terrestre, em magníficos mosaicos.

Foi levado a conhecer Benito Mussolini pelo Embaixador do Brasil junto ao Quirinal, Oscar de Teffé. Assim que ambos adentraram, Mussolini veio ao encontro deles, modestamente vestido num costume escuro, estendendo as mãos, risonho e afável, na simplicidade cordial da acolhida, “na mais flagrante, na mais radical contradição entre o cenário e o personagem”.

Conduziu os convidados à mesa e os fez sentar. E conversou, com simpatia, surpreso porque Rodrigo Octávio falava bem o italiano. Comportamento próprio a brasileiros, encantados com a pompa, o brasileiro respondeu que havia estudado o idioma especialmente para falar com ele, Mussolini. Pois com o Duce, em Roma, não se podia falar senão em italiano.

Relata uma conversação interessante. O ditador mostrou-se interessado em coisas do Brasil e referiu-se à doutrina de Monroe. Pediu explicações sobre sua significação e efeitos. Rodrigo Octávio confessa haver conseguido “exprimir-lhe toda minha admiração por sua obra de reconstrução material e espiritual da Itália”.

Terminada a audiência, o Duce os acompanhou até à porta, junto da qual ainda se deteve tratando com o Embaixador Teffé de assuntos de interesse das relações Itália-Brasil. Extasiou-se Rodrigo Octávio com “o tom de intimidade e de afeto com que ele se entretinha com o Embaixador do Brasil”. Mais emocionado ainda, ao receber, na mesma tarde, em seu hotel, um retrato de Mussolini, com dedicatória e autógrafo, em que assinalava “a viva cordialitá com que presenteara o brasileiro”.

Ao se recordar desse episódio, Rodrigo Octávio evidencia a sua admiração quanto à pessoa do poderoso Condotiere. Já àquele tempo, a mídia mundial o retratava como se fosse um espetaculoso arrogante, numa atitude dramática. Uma criatura de sobrecenho carregado, enfática, ameaçadora. Surpreendeu-se com a criatura “simples e natural”. E ainda completa: “Esse homem extraordinário tinha por certo direito de se mostrar orgulhoso e altivo diante dos outros homens, pela obra que estava realizando e mesmo pelo que já havia realizado”. Durante a conversa, disse que a obra de restauração da Itália apenas começara. E Rodrigo constatara a considerável diferença entre a Itália que vira quinze anos antes e a daquela data – 1930. “Ordem, disciplina, respeito” respirava-se em Roma.

Dizia-se não haver liberdade de pensamento e de crítica em relação ao governo. E aduz: “Mas, santo Deus! Que importa isso se a liberdade que conta, a de se agir individualmente dentro das normas legais, estava assegurada? E, principalmente, que importa o cerceamento do direito de apreciação dos atos do governo, quando esses atos visam o bem público e efetivamente o realizam?”.

Ainda há quem pense assim nos dias de hoje. Por isso é que a democracia é plantinha frágil, mirrada e tendente a expirar...

Personagens que passam à História como figuras perversas, envoltas em uma aura negativa, nem sempre causaram tal impressão aos contemporâneos. Eram pessoas providas de alguns atributos que contribuíram para que viessem a exercer influência e galgar o poder. Pense-se em Adolf Hitler e Mussolini, hoje considerados tiranos malévolos, mas que fruíram da confiança popular, sem a qual não chegariam à inequívoca liderança na Alemanha e na Itália.

Depoimentos de quem os conheceu atestam certo magnetismo que seduzia os circunstantes. Rodrigo Octávio, cuja vida pública o levou a inúmeros contatos com poderosos, narra com emoção “a satisfação de ser recebido pelo Duce”. Este recebia os visitantes no palácio construído no ponto mais evidente da Roma antiga, próximo às ruínas do Fórum e na base do Capitólio. Um “sóbrio e soturno edifício quadrado, de puro estilo veneziano, índice sugestivo da vida misteriosa e torva da velha cidade dos Doges, uma das joias arquitetônicas da Cidade Eterna, tão opulenta delas”.

O edifício pertencia ao Império austro-húngaro e, depois da I Grande Guerra, foi confiscado pelo governo italiano. Mussolini o converteu em espaço de recepções. Recebia os convidados na sala dos Mapa Mundi, de grandes dimensões, em cujos muros laterais, de grande altura, são desenhadas as duas faces do Globo terrestre, em magníficos mosaicos.

Foi levado a conhecer Benito Mussolini pelo Embaixador do Brasil junto ao Quirinal, Oscar de Teffé. Assim que ambos adentraram, Mussolini veio ao encontro deles, modestamente vestido num costume escuro, estendendo as mãos, risonho e afável, na simplicidade cordial da acolhida, “na mais flagrante, na mais radical contradição entre o cenário e o personagem”.

Conduziu os convidados à mesa e os fez sentar. E conversou, com simpatia, surpreso porque Rodrigo Octávio falava bem o italiano. Comportamento próprio a brasileiros, encantados com a pompa, o brasileiro respondeu que havia estudado o idioma especialmente para falar com ele, Mussolini. Pois com o Duce, em Roma, não se podia falar senão em italiano.

Relata uma conversação interessante. O ditador mostrou-se interessado em coisas do Brasil e referiu-se à doutrina de Monroe. Pediu explicações sobre sua significação e efeitos. Rodrigo Octávio confessa haver conseguido “exprimir-lhe toda minha admiração por sua obra de reconstrução material e espiritual da Itália”.

Terminada a audiência, o Duce os acompanhou até à porta, junto da qual ainda se deteve tratando com o Embaixador Teffé de assuntos de interesse das relações Itália-Brasil. Extasiou-se Rodrigo Octávio com “o tom de intimidade e de afeto com que ele se entretinha com o Embaixador do Brasil”. Mais emocionado ainda, ao receber, na mesma tarde, em seu hotel, um retrato de Mussolini, com dedicatória e autógrafo, em que assinalava “a viva cordialitá com que presenteara o brasileiro”.

Ao se recordar desse episódio, Rodrigo Octávio evidencia a sua admiração quanto à pessoa do poderoso Condotiere. Já àquele tempo, a mídia mundial o retratava como se fosse um espetaculoso arrogante, numa atitude dramática. Uma criatura de sobrecenho carregado, enfática, ameaçadora. Surpreendeu-se com a criatura “simples e natural”. E ainda completa: “Esse homem extraordinário tinha por certo direito de se mostrar orgulhoso e altivo diante dos outros homens, pela obra que estava realizando e mesmo pelo que já havia realizado”. Durante a conversa, disse que a obra de restauração da Itália apenas começara. E Rodrigo constatara a considerável diferença entre a Itália que vira quinze anos antes e a daquela data – 1930. “Ordem, disciplina, respeito” respirava-se em Roma.

Dizia-se não haver liberdade de pensamento e de crítica em relação ao governo. E aduz: “Mas, santo Deus! Que importa isso se a liberdade que conta, a de se agir individualmente dentro das normas legais, estava assegurada? E, principalmente, que importa o cerceamento do direito de apreciação dos atos do governo, quando esses atos visam o bem público e efetivamente o realizam?”.

Ainda há quem pense assim nos dias de hoje. Por isso é que a democracia é plantinha frágil, mirrada e tendente a expirar...

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