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‘Vovô’, ‘Brutus’, ‘Man’: quem são os chefões do tráfico que levou brasileiras à prisão na Alemanha


Na Operação Colateral, que prendeu 17 investigados nesta terça, 18, sob acusação de envio de 126 quilos da droga para a Europa, agentes da PF identificaram o ‘nível hierárquico superior’ da quadrilha que trocava etiquetas de bagagens no Aeroporto de Guarulhos

Por Pepita Ortega
Atualização:
Operação Colateral foi aberta na manhã desta terça, 18, e prendeu 17 investigados. Foto: Polícia Federal

A cúpula da quadrilha que traficava cocaína a partir do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, trocando etiquetas de bagagens e até usando passageiros fantasmas, foi o principal alvo da segunda etapa da Operação Colateral, aberta nesta terça-feira, 18. A Polícia Federal identificou seis investigados, a quem é atribuído ‘nível hierárquico superior’ no esquema: ‘Vovô’, ‘Brutus’, ‘Charles’, ‘Man’, ‘Bahia’ e Carolina.

Os investigados dividiam tarefas, segundo a PF. Alguns eram responsáveis pela logística do tráfico, outros são apontados como ‘mentores intelectuais do crime’ e há até quem é classificado, pela própria quadrilha, como ‘chefão do esquema’ no caso que levou duas brasileiras, as goianas Kátyna Baía e Jeanne Paolini, a ficarem 38 dias presas injustamente na Alemanha, sob acusação de tráfico de cocaína para o país europeu.

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Ao longo das investigações, a PF descortinou os métodos de ação da quadrilha, identificando, por exemplo, que o grupo usava a senha ‘futebol’ para tratar da remessa de drogas para o exterior. Os achados se deram a partir da análise de diálogos entre investigados, encontrados em celulares apreendidos na primeira etapa ostensiva da investigação.

A PF destaca que o grupo sob suspeita está ligado não só à remessa de 40 quilos de cocaína que culminou na prisão das brasileiras na Alemanha. A investigação mostra que o grupo foi responsável também pelo tráfico de 43 quilos de cocaína para Lisboa, no dia 23 de outubro de 2022, além de outra partida de 43 quilos de cocaína para Paris, no dia 3 de março último, somando nessas três operações envio de 126 quilos da droga para a Europa sempre seguindo a mesma estratégia - troca de etiquetas de bagagens no aeroporto de Guarulhos.

As diligências cumpridas nesta terça-feira, 18, inclusive com a prisão de 17 alvos da investigação miraram, em especial, o núcleo dos ‘recrutadores, planejadores e dos mandantes’ do tráfico.

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Veja quem é quem no esquema de tráfico de drogas com a troca de etiquetas de malas no Aeroporto de Guarulhos

‘Vovô’

De acordo com a PF, Gleison Rodrigues dos Santos, o Vovô, tem envolvimento direto com a remessa de 43 quilos de cocaína a Portugal, em outubro de 2022. Os agentes interceptaram diálogos dele com Carolina que o ‘implicam diretamente’ no tráfico que culminou na prisão das brasileiras na Alemanha, em março passado.

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Em uma conversa, Vovô diz que ‘vai começar a jogar’ com Carolina - como mostrou o Estadão, a quadrilha usava a expressão ‘futebol’ como senha para o despacho de bagagens.

Segundo os investigadores, é Vovô quem ‘inicia a combinação para o envio da droga à Europa, convocando Carolina que, por sua vez, vai recrutar funcionários do aeroporto. O papel de Gleison é fazer o contato direto com os responsáveis pelo pagamento. Ele seria intermediário entre os donos da droga e os funcionários do aeroporto cooptados e pagaria os envolvidos no esquema, diz a PF.

Em interrogatório, uma das investigadas apontou Vovô como ‘chefão do esquema no caso da Alemanha’, de 4 de março, quando Jeanne Cristina Paolini Pinho e Katyna Baía de Oliveira foram detidas.

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A PF sustentou à Justiça que há indícios de que Vovô e a quadrilha ligada a ele vêm ' atuando há meses, talvez anos, no tráfico internacional de drogas através do aeroporto de Guarulhos’.

Para os investigadores, a diferença é que Gleison agora parece ter uma ‘posição hierárquica superior’ no grupo.

A Polícia argumentou que a prisão de Vovô seria ‘imprescindível para estancar o tráfico que assola o aeroporto internacional’ e daria ‘alguma paz de espírito e sensação de justiça’ a Jeanne e Katyna. Ainda de acordo com a corporação, Vovô tem antecedentes por tráfico de drogas e associação ao tráfico de drogas.

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‘Charles’

A Polícia Federal diz que Charles Couto Santos tem ‘forte envolvimento com o tráfico de drogas’ e também teria atuado no crime do dia 4 de março, que gerou a prisão ilegal das goianas na Alemanha.

Os investigadores suspeitam, com base nas mensagens recuperadas, que Charles ocuparia uma posição semelhante ou até superior à de Vovô na quadrilha, ‘uma vez que determinaria o quanto cada participante do tráfico receberia por sua atuação no crime’.

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Em um diálogo, Carolina cobra Charles sobre o pagamento referente a uma mala que não chegou ao seu destino. Segundo a PF, a investigada queria receber pelo menos metade do valor, por ter realizado a sua função de entrada da bagagem.

A resposta de Charles: “É como eu falei pra você, mano, os caras geralmente não pagam quando cai o bagulho, tá entendendo? Não paga, paga nada, tá entendendo?”

Para a PF, o conteúdo desse diálogo é ‘forte indicativo’ de que Charles ‘atuaria intermediando os serviços entre os funcionários do aeroporto’.

‘Bahia’

Outro investigado da Operação Colateral é Eubert Costa Ferreira Nunes, o Bahia, que, segundo a PF, tem ‘profunda ligação com o narcotráfico internacional’. Ele seria o responsável pela logística no envio da droga para a Europa e trabalhava no Aeroporto de Guarulhos, dizem os investigadores

A corporação identificou um áudio em que ele diz a Carolina que ‘está tudo certo e combinado entre os participantes do tráfico na área externa (pública) do aeroporto, e aqueles que atuam na área interna (restrita)’.

Segundo a PF, a gravação sugere que ele tem ligação com o crime que resultou na prisão de Jeanne e Katyna.

‘Brutus’

Fernando Reis de Araújo, o ‘Brutus’, foi apontada por uma investigada como um dos líderes do esquema. Ele foi identificado após a repercussão do caso de Jeanne e Katyna. Segundo a PF, as provas mostram que ele tem ‘como única fonte de renda o tráfico internacional de drogas’.

Os investigadores dizem que ‘Brutus’ participou em ‘diversos casos de despachos de malas recheadas com cocaína, além de negociar o serviço de tráfico, aliciar outros envolvidos, realizar pagamentos e, ceder celulares para a comunicação entre os membros do grupo encarregados de atuar dentro do aeroporto’.

“Brutus ocupa posição de destaque na hierarquia do grupo criminoso”, diz a PF.

A corporação assinala que ‘Brutus’ é ‘cuidadoso’. Trocava de celular constantemente para dificultar o rastreamento dos investigadores. A cada novo número, ele usava um codinome. Foi identificado porque, apesar de trocar de número, uma das imagens usadas em todos eles fazia alusão ao Palmeiras. Os investigadores cruzaram tais imagens.

‘Brutus’ é parceiro de ‘Vovô’, aponta a corporação. A investigação diz que a droga viria de ‘Vovô’, passaria por ‘Brutus’ e chegaria a Carolina ‘responsável por fazer a mala entrar no aeroporto e aliciar todo o resto dos envolvidos até o final do percurso, ou seja, até a mala ser despachada’.

A PF transcreve diálogos indicando que ‘Brutus’ ainda buscava outras fontes de cocaína, de modo que não trabalhava com as demandas só de ‘Vovô’. Segundo os agentes, ele é ‘responsável pelos pagamentos efetivos’, inclusive discriminando ‘quanto cada membro do grupo receberá pelo tráfico de acordo com o risco assumido’.

‘Man’

Matheus Luiz Melo da Silva, o ‘Man’, tinha atuação intensa na organização. Diálogo de abril de 2022 interceptado pela PF indica a atuação do investigado. Na conversa, ele confirma os horários de expediente de Carolina, uma vez que ela receberia as malas com drogas que iriam clandestinamente até a área restrita e de lá para o exterior.

Segundo os investigadores, ‘Man’ desempenha funções de organização de logística nos envios da cocaína à Europa, funcionando como ‘meio campo’ entre os donos da droga e Carolina, responsável pelo seu recebimento no balcão de check-in’.

Em uma conversa com Carolina, ‘Man’ diz atuar no tráfico internacional de drogas desde o aeroporto de Guarulhos há pelo menos quatro anos. De acordo com a PF, é ‘seguro dizer que ele vive do crime’.

Os investigadores identificaram conversas de ‘Man’ com Carolina, a partir das quais descobriu que o termo ‘futebol’ era usado pela quadrilha para se referir ao tráfico. Em um diálogo, ‘Man’ diz que ‘vai agilizar para fazer acontecer o futebol’.

Carolina

Carolina Helena Pennacchiotti foi alvo da primeira etapa da Operação Colateral, quando teve o celular apreendido. A PF a considera autora intelectual das operações do tráfico, entre outubro de 2022 e março último. “No primeiro evento participou ativamente de toda a organização, embora sem condutas materiais executivas, mas no segundo evento participou tanto intelectualmente, quanto materialmente.”

De acordo com os investigadores, Carolina ainda teria aliciado Tamiris Zacharias, ex-funcionária da Gol, para auxiliá-la nas empreitadas criminosas. Nessa linha, a corporação diz que Carolina é o ‘efetivo elo entre o núcleo dos mandantes, que atua fora do aeroporto, e o núcleo dos executores, que atua no aeroporto, mais precisamente, na área externa (área pública)’.

Segundo o despacho do juiz Márcio Augusto de Melo Matos, da 6.ª Vara Federal de Guarulhos, Carolina já foi alvo de mandado de prisão preventiva. O magistrado argumentou a ‘necessidade de manutenção da custódia cautelar como medida indispensável para a identificação de todos os envolvidos nas operações de tráfico’.

Operação Colateral foi aberta na manhã desta terça, 18, e prendeu 17 investigados. Foto: Polícia Federal

A cúpula da quadrilha que traficava cocaína a partir do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, trocando etiquetas de bagagens e até usando passageiros fantasmas, foi o principal alvo da segunda etapa da Operação Colateral, aberta nesta terça-feira, 18. A Polícia Federal identificou seis investigados, a quem é atribuído ‘nível hierárquico superior’ no esquema: ‘Vovô’, ‘Brutus’, ‘Charles’, ‘Man’, ‘Bahia’ e Carolina.

Os investigados dividiam tarefas, segundo a PF. Alguns eram responsáveis pela logística do tráfico, outros são apontados como ‘mentores intelectuais do crime’ e há até quem é classificado, pela própria quadrilha, como ‘chefão do esquema’ no caso que levou duas brasileiras, as goianas Kátyna Baía e Jeanne Paolini, a ficarem 38 dias presas injustamente na Alemanha, sob acusação de tráfico de cocaína para o país europeu.

Ao longo das investigações, a PF descortinou os métodos de ação da quadrilha, identificando, por exemplo, que o grupo usava a senha ‘futebol’ para tratar da remessa de drogas para o exterior. Os achados se deram a partir da análise de diálogos entre investigados, encontrados em celulares apreendidos na primeira etapa ostensiva da investigação.

A PF destaca que o grupo sob suspeita está ligado não só à remessa de 40 quilos de cocaína que culminou na prisão das brasileiras na Alemanha. A investigação mostra que o grupo foi responsável também pelo tráfico de 43 quilos de cocaína para Lisboa, no dia 23 de outubro de 2022, além de outra partida de 43 quilos de cocaína para Paris, no dia 3 de março último, somando nessas três operações envio de 126 quilos da droga para a Europa sempre seguindo a mesma estratégia - troca de etiquetas de bagagens no aeroporto de Guarulhos.

As diligências cumpridas nesta terça-feira, 18, inclusive com a prisão de 17 alvos da investigação miraram, em especial, o núcleo dos ‘recrutadores, planejadores e dos mandantes’ do tráfico.

Veja quem é quem no esquema de tráfico de drogas com a troca de etiquetas de malas no Aeroporto de Guarulhos

‘Vovô’

De acordo com a PF, Gleison Rodrigues dos Santos, o Vovô, tem envolvimento direto com a remessa de 43 quilos de cocaína a Portugal, em outubro de 2022. Os agentes interceptaram diálogos dele com Carolina que o ‘implicam diretamente’ no tráfico que culminou na prisão das brasileiras na Alemanha, em março passado.

Em uma conversa, Vovô diz que ‘vai começar a jogar’ com Carolina - como mostrou o Estadão, a quadrilha usava a expressão ‘futebol’ como senha para o despacho de bagagens.

Segundo os investigadores, é Vovô quem ‘inicia a combinação para o envio da droga à Europa, convocando Carolina que, por sua vez, vai recrutar funcionários do aeroporto. O papel de Gleison é fazer o contato direto com os responsáveis pelo pagamento. Ele seria intermediário entre os donos da droga e os funcionários do aeroporto cooptados e pagaria os envolvidos no esquema, diz a PF.

Em interrogatório, uma das investigadas apontou Vovô como ‘chefão do esquema no caso da Alemanha’, de 4 de março, quando Jeanne Cristina Paolini Pinho e Katyna Baía de Oliveira foram detidas.

A PF sustentou à Justiça que há indícios de que Vovô e a quadrilha ligada a ele vêm ' atuando há meses, talvez anos, no tráfico internacional de drogas através do aeroporto de Guarulhos’.

Para os investigadores, a diferença é que Gleison agora parece ter uma ‘posição hierárquica superior’ no grupo.

A Polícia argumentou que a prisão de Vovô seria ‘imprescindível para estancar o tráfico que assola o aeroporto internacional’ e daria ‘alguma paz de espírito e sensação de justiça’ a Jeanne e Katyna. Ainda de acordo com a corporação, Vovô tem antecedentes por tráfico de drogas e associação ao tráfico de drogas.

‘Charles’

A Polícia Federal diz que Charles Couto Santos tem ‘forte envolvimento com o tráfico de drogas’ e também teria atuado no crime do dia 4 de março, que gerou a prisão ilegal das goianas na Alemanha.

Os investigadores suspeitam, com base nas mensagens recuperadas, que Charles ocuparia uma posição semelhante ou até superior à de Vovô na quadrilha, ‘uma vez que determinaria o quanto cada participante do tráfico receberia por sua atuação no crime’.

Em um diálogo, Carolina cobra Charles sobre o pagamento referente a uma mala que não chegou ao seu destino. Segundo a PF, a investigada queria receber pelo menos metade do valor, por ter realizado a sua função de entrada da bagagem.

A resposta de Charles: “É como eu falei pra você, mano, os caras geralmente não pagam quando cai o bagulho, tá entendendo? Não paga, paga nada, tá entendendo?”

Para a PF, o conteúdo desse diálogo é ‘forte indicativo’ de que Charles ‘atuaria intermediando os serviços entre os funcionários do aeroporto’.

‘Bahia’

Outro investigado da Operação Colateral é Eubert Costa Ferreira Nunes, o Bahia, que, segundo a PF, tem ‘profunda ligação com o narcotráfico internacional’. Ele seria o responsável pela logística no envio da droga para a Europa e trabalhava no Aeroporto de Guarulhos, dizem os investigadores

A corporação identificou um áudio em que ele diz a Carolina que ‘está tudo certo e combinado entre os participantes do tráfico na área externa (pública) do aeroporto, e aqueles que atuam na área interna (restrita)’.

Segundo a PF, a gravação sugere que ele tem ligação com o crime que resultou na prisão de Jeanne e Katyna.

‘Brutus’

Fernando Reis de Araújo, o ‘Brutus’, foi apontada por uma investigada como um dos líderes do esquema. Ele foi identificado após a repercussão do caso de Jeanne e Katyna. Segundo a PF, as provas mostram que ele tem ‘como única fonte de renda o tráfico internacional de drogas’.

Os investigadores dizem que ‘Brutus’ participou em ‘diversos casos de despachos de malas recheadas com cocaína, além de negociar o serviço de tráfico, aliciar outros envolvidos, realizar pagamentos e, ceder celulares para a comunicação entre os membros do grupo encarregados de atuar dentro do aeroporto’.

“Brutus ocupa posição de destaque na hierarquia do grupo criminoso”, diz a PF.

A corporação assinala que ‘Brutus’ é ‘cuidadoso’. Trocava de celular constantemente para dificultar o rastreamento dos investigadores. A cada novo número, ele usava um codinome. Foi identificado porque, apesar de trocar de número, uma das imagens usadas em todos eles fazia alusão ao Palmeiras. Os investigadores cruzaram tais imagens.

‘Brutus’ é parceiro de ‘Vovô’, aponta a corporação. A investigação diz que a droga viria de ‘Vovô’, passaria por ‘Brutus’ e chegaria a Carolina ‘responsável por fazer a mala entrar no aeroporto e aliciar todo o resto dos envolvidos até o final do percurso, ou seja, até a mala ser despachada’.

A PF transcreve diálogos indicando que ‘Brutus’ ainda buscava outras fontes de cocaína, de modo que não trabalhava com as demandas só de ‘Vovô’. Segundo os agentes, ele é ‘responsável pelos pagamentos efetivos’, inclusive discriminando ‘quanto cada membro do grupo receberá pelo tráfico de acordo com o risco assumido’.

‘Man’

Matheus Luiz Melo da Silva, o ‘Man’, tinha atuação intensa na organização. Diálogo de abril de 2022 interceptado pela PF indica a atuação do investigado. Na conversa, ele confirma os horários de expediente de Carolina, uma vez que ela receberia as malas com drogas que iriam clandestinamente até a área restrita e de lá para o exterior.

Segundo os investigadores, ‘Man’ desempenha funções de organização de logística nos envios da cocaína à Europa, funcionando como ‘meio campo’ entre os donos da droga e Carolina, responsável pelo seu recebimento no balcão de check-in’.

Em uma conversa com Carolina, ‘Man’ diz atuar no tráfico internacional de drogas desde o aeroporto de Guarulhos há pelo menos quatro anos. De acordo com a PF, é ‘seguro dizer que ele vive do crime’.

Os investigadores identificaram conversas de ‘Man’ com Carolina, a partir das quais descobriu que o termo ‘futebol’ era usado pela quadrilha para se referir ao tráfico. Em um diálogo, ‘Man’ diz que ‘vai agilizar para fazer acontecer o futebol’.

Carolina

Carolina Helena Pennacchiotti foi alvo da primeira etapa da Operação Colateral, quando teve o celular apreendido. A PF a considera autora intelectual das operações do tráfico, entre outubro de 2022 e março último. “No primeiro evento participou ativamente de toda a organização, embora sem condutas materiais executivas, mas no segundo evento participou tanto intelectualmente, quanto materialmente.”

De acordo com os investigadores, Carolina ainda teria aliciado Tamiris Zacharias, ex-funcionária da Gol, para auxiliá-la nas empreitadas criminosas. Nessa linha, a corporação diz que Carolina é o ‘efetivo elo entre o núcleo dos mandantes, que atua fora do aeroporto, e o núcleo dos executores, que atua no aeroporto, mais precisamente, na área externa (área pública)’.

Segundo o despacho do juiz Márcio Augusto de Melo Matos, da 6.ª Vara Federal de Guarulhos, Carolina já foi alvo de mandado de prisão preventiva. O magistrado argumentou a ‘necessidade de manutenção da custódia cautelar como medida indispensável para a identificação de todos os envolvidos nas operações de tráfico’.

Operação Colateral foi aberta na manhã desta terça, 18, e prendeu 17 investigados. Foto: Polícia Federal

A cúpula da quadrilha que traficava cocaína a partir do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, trocando etiquetas de bagagens e até usando passageiros fantasmas, foi o principal alvo da segunda etapa da Operação Colateral, aberta nesta terça-feira, 18. A Polícia Federal identificou seis investigados, a quem é atribuído ‘nível hierárquico superior’ no esquema: ‘Vovô’, ‘Brutus’, ‘Charles’, ‘Man’, ‘Bahia’ e Carolina.

Os investigados dividiam tarefas, segundo a PF. Alguns eram responsáveis pela logística do tráfico, outros são apontados como ‘mentores intelectuais do crime’ e há até quem é classificado, pela própria quadrilha, como ‘chefão do esquema’ no caso que levou duas brasileiras, as goianas Kátyna Baía e Jeanne Paolini, a ficarem 38 dias presas injustamente na Alemanha, sob acusação de tráfico de cocaína para o país europeu.

Ao longo das investigações, a PF descortinou os métodos de ação da quadrilha, identificando, por exemplo, que o grupo usava a senha ‘futebol’ para tratar da remessa de drogas para o exterior. Os achados se deram a partir da análise de diálogos entre investigados, encontrados em celulares apreendidos na primeira etapa ostensiva da investigação.

A PF destaca que o grupo sob suspeita está ligado não só à remessa de 40 quilos de cocaína que culminou na prisão das brasileiras na Alemanha. A investigação mostra que o grupo foi responsável também pelo tráfico de 43 quilos de cocaína para Lisboa, no dia 23 de outubro de 2022, além de outra partida de 43 quilos de cocaína para Paris, no dia 3 de março último, somando nessas três operações envio de 126 quilos da droga para a Europa sempre seguindo a mesma estratégia - troca de etiquetas de bagagens no aeroporto de Guarulhos.

As diligências cumpridas nesta terça-feira, 18, inclusive com a prisão de 17 alvos da investigação miraram, em especial, o núcleo dos ‘recrutadores, planejadores e dos mandantes’ do tráfico.

Veja quem é quem no esquema de tráfico de drogas com a troca de etiquetas de malas no Aeroporto de Guarulhos

‘Vovô’

De acordo com a PF, Gleison Rodrigues dos Santos, o Vovô, tem envolvimento direto com a remessa de 43 quilos de cocaína a Portugal, em outubro de 2022. Os agentes interceptaram diálogos dele com Carolina que o ‘implicam diretamente’ no tráfico que culminou na prisão das brasileiras na Alemanha, em março passado.

Em uma conversa, Vovô diz que ‘vai começar a jogar’ com Carolina - como mostrou o Estadão, a quadrilha usava a expressão ‘futebol’ como senha para o despacho de bagagens.

Segundo os investigadores, é Vovô quem ‘inicia a combinação para o envio da droga à Europa, convocando Carolina que, por sua vez, vai recrutar funcionários do aeroporto. O papel de Gleison é fazer o contato direto com os responsáveis pelo pagamento. Ele seria intermediário entre os donos da droga e os funcionários do aeroporto cooptados e pagaria os envolvidos no esquema, diz a PF.

Em interrogatório, uma das investigadas apontou Vovô como ‘chefão do esquema no caso da Alemanha’, de 4 de março, quando Jeanne Cristina Paolini Pinho e Katyna Baía de Oliveira foram detidas.

A PF sustentou à Justiça que há indícios de que Vovô e a quadrilha ligada a ele vêm ' atuando há meses, talvez anos, no tráfico internacional de drogas através do aeroporto de Guarulhos’.

Para os investigadores, a diferença é que Gleison agora parece ter uma ‘posição hierárquica superior’ no grupo.

A Polícia argumentou que a prisão de Vovô seria ‘imprescindível para estancar o tráfico que assola o aeroporto internacional’ e daria ‘alguma paz de espírito e sensação de justiça’ a Jeanne e Katyna. Ainda de acordo com a corporação, Vovô tem antecedentes por tráfico de drogas e associação ao tráfico de drogas.

‘Charles’

A Polícia Federal diz que Charles Couto Santos tem ‘forte envolvimento com o tráfico de drogas’ e também teria atuado no crime do dia 4 de março, que gerou a prisão ilegal das goianas na Alemanha.

Os investigadores suspeitam, com base nas mensagens recuperadas, que Charles ocuparia uma posição semelhante ou até superior à de Vovô na quadrilha, ‘uma vez que determinaria o quanto cada participante do tráfico receberia por sua atuação no crime’.

Em um diálogo, Carolina cobra Charles sobre o pagamento referente a uma mala que não chegou ao seu destino. Segundo a PF, a investigada queria receber pelo menos metade do valor, por ter realizado a sua função de entrada da bagagem.

A resposta de Charles: “É como eu falei pra você, mano, os caras geralmente não pagam quando cai o bagulho, tá entendendo? Não paga, paga nada, tá entendendo?”

Para a PF, o conteúdo desse diálogo é ‘forte indicativo’ de que Charles ‘atuaria intermediando os serviços entre os funcionários do aeroporto’.

‘Bahia’

Outro investigado da Operação Colateral é Eubert Costa Ferreira Nunes, o Bahia, que, segundo a PF, tem ‘profunda ligação com o narcotráfico internacional’. Ele seria o responsável pela logística no envio da droga para a Europa e trabalhava no Aeroporto de Guarulhos, dizem os investigadores

A corporação identificou um áudio em que ele diz a Carolina que ‘está tudo certo e combinado entre os participantes do tráfico na área externa (pública) do aeroporto, e aqueles que atuam na área interna (restrita)’.

Segundo a PF, a gravação sugere que ele tem ligação com o crime que resultou na prisão de Jeanne e Katyna.

‘Brutus’

Fernando Reis de Araújo, o ‘Brutus’, foi apontada por uma investigada como um dos líderes do esquema. Ele foi identificado após a repercussão do caso de Jeanne e Katyna. Segundo a PF, as provas mostram que ele tem ‘como única fonte de renda o tráfico internacional de drogas’.

Os investigadores dizem que ‘Brutus’ participou em ‘diversos casos de despachos de malas recheadas com cocaína, além de negociar o serviço de tráfico, aliciar outros envolvidos, realizar pagamentos e, ceder celulares para a comunicação entre os membros do grupo encarregados de atuar dentro do aeroporto’.

“Brutus ocupa posição de destaque na hierarquia do grupo criminoso”, diz a PF.

A corporação assinala que ‘Brutus’ é ‘cuidadoso’. Trocava de celular constantemente para dificultar o rastreamento dos investigadores. A cada novo número, ele usava um codinome. Foi identificado porque, apesar de trocar de número, uma das imagens usadas em todos eles fazia alusão ao Palmeiras. Os investigadores cruzaram tais imagens.

‘Brutus’ é parceiro de ‘Vovô’, aponta a corporação. A investigação diz que a droga viria de ‘Vovô’, passaria por ‘Brutus’ e chegaria a Carolina ‘responsável por fazer a mala entrar no aeroporto e aliciar todo o resto dos envolvidos até o final do percurso, ou seja, até a mala ser despachada’.

A PF transcreve diálogos indicando que ‘Brutus’ ainda buscava outras fontes de cocaína, de modo que não trabalhava com as demandas só de ‘Vovô’. Segundo os agentes, ele é ‘responsável pelos pagamentos efetivos’, inclusive discriminando ‘quanto cada membro do grupo receberá pelo tráfico de acordo com o risco assumido’.

‘Man’

Matheus Luiz Melo da Silva, o ‘Man’, tinha atuação intensa na organização. Diálogo de abril de 2022 interceptado pela PF indica a atuação do investigado. Na conversa, ele confirma os horários de expediente de Carolina, uma vez que ela receberia as malas com drogas que iriam clandestinamente até a área restrita e de lá para o exterior.

Segundo os investigadores, ‘Man’ desempenha funções de organização de logística nos envios da cocaína à Europa, funcionando como ‘meio campo’ entre os donos da droga e Carolina, responsável pelo seu recebimento no balcão de check-in’.

Em uma conversa com Carolina, ‘Man’ diz atuar no tráfico internacional de drogas desde o aeroporto de Guarulhos há pelo menos quatro anos. De acordo com a PF, é ‘seguro dizer que ele vive do crime’.

Os investigadores identificaram conversas de ‘Man’ com Carolina, a partir das quais descobriu que o termo ‘futebol’ era usado pela quadrilha para se referir ao tráfico. Em um diálogo, ‘Man’ diz que ‘vai agilizar para fazer acontecer o futebol’.

Carolina

Carolina Helena Pennacchiotti foi alvo da primeira etapa da Operação Colateral, quando teve o celular apreendido. A PF a considera autora intelectual das operações do tráfico, entre outubro de 2022 e março último. “No primeiro evento participou ativamente de toda a organização, embora sem condutas materiais executivas, mas no segundo evento participou tanto intelectualmente, quanto materialmente.”

De acordo com os investigadores, Carolina ainda teria aliciado Tamiris Zacharias, ex-funcionária da Gol, para auxiliá-la nas empreitadas criminosas. Nessa linha, a corporação diz que Carolina é o ‘efetivo elo entre o núcleo dos mandantes, que atua fora do aeroporto, e o núcleo dos executores, que atua no aeroporto, mais precisamente, na área externa (área pública)’.

Segundo o despacho do juiz Márcio Augusto de Melo Matos, da 6.ª Vara Federal de Guarulhos, Carolina já foi alvo de mandado de prisão preventiva. O magistrado argumentou a ‘necessidade de manutenção da custódia cautelar como medida indispensável para a identificação de todos os envolvidos nas operações de tráfico’.

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