Bolsonaristas ‘fritam’ secretária de Cultura de Tarcísio e pressionam governador por demissão


Publicação de documentário da TV Cultura sobre extrema-direita foi estopim da investida de Mário Frias e Eduardo Bolsonaro contra Marília Marton; aliados do ex-presidente também querem controle da Secretaria de Comunicação

Por Pedro Venceslau e Gustavo Queiroz

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o ex-secretário nacional de Cultura Mário Frias (PL-SP), pressionam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a substituir a secretária de Cultura, Marília Marton, por um nome alinhado ao bolsonarismo.

A pressão pela saída de Marília aumentou após a TV Cultura exibir, em seu canal no YouTube, o documentário “O Autoritarismo Está no Ar – 3 Anos Depois”, que aborda o papel da extrema-direita nos ataques golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. A secretária, porém, não tem ingerência sobre a programação da emissora, controlada pela Fundação Padre Anchieta.

Apesar disso, a exibição do filme gerou críticas de Frias. “A secretária de cultura do Estado de São Paulo parece estar empenhada em deixar que a extrema-esquerda continue utilizando a máquina pública cultural paulista para manter sua agenda”, escreveu o ex-secretário em publicação Twitter.

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As críticas foram amplificadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e André Porciúncula, que foi o número dois da pasta comandada por Frias no governo. Ambos retuitaram críticas à emissora. Depois da repercussão, o documentário foi retirado do ar sob a justificativa de “ajustes técnicos”, mas voltou à plataforma.

A TV Cultura nega interferência política na programação. ”A Fundação Padre Anchieta esclarece que são infundadas as informações que o documentário ‘O Autoritarismo Está no Ar – 3 Anos Depois’ foi retirado do YouTube por questões políticas. O vídeo não foi removido do YouTube. O conteúdo foi privado, passou por ajuste técnico e, conforme previsto, voltou ao ar no mesmo link”, escreveu, em nota.

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Ainda na nota enviada ao Estadão, a TV Cultura afirma que sua gestão, incluindo estrutura administrativa e definições quanto à sua programação, é feita por uma diretoria executiva eleita por unanimidade pelo Conselho Curador e é formada por profissionais com ampla experiência em rádio e televisão.

Desgaste

O episódio, porém, foi usado por bolsonaristas para desgastar Marília no cargo. Seu nome foi contestado desde a transição de governo, quando o grupo tentou emplacar um aliado de Frias no posto. Mas prevaleceu a decisão de Tarcísio, que optou por Marília, considerada no governo estadual um nome técnico da área e com respaldo e trânsito no setor cultural em São Paulo.

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Considerada uma escolha técnica do governador para comandar a Cultura, Marília Marton enfrenta resistência de bolsonaristas, de olho na pasta. Foto: Hélcio Nagamine/Estadão

O governador já havia atendido aos aliados de Bolsonaro ao nomear o Capitão Guilherme Derrite (PL) na Segurança Pública e Sonaira Fernandes (Republicanos) na pasta de Políticas para Mulheres. Ao assumir a pasta da Cultura, Marília fez um gesto ao grupo ao escolher o advogado bolsonarista Pedro Mastrobuono para comandar o Memorial da América Latina. A indicação, porém, não evitou as críticas.

Outro ponto de divergência entre o grupo de Frias e a Secretaria de Cultura comandada por Marília são os programas de fomento na linha da Lei Rouanet, que foi alvo de ataques durante os quatro anos da gestão Bolsonaro. “Estão tentando claramente derrubar a Marília. A TV Cultura não está subordinada a ela, portanto essas críticas foram inadequadas. Isso só a fortalece no cargo. Sou 100% a favor desse mecanismo (de fomento). A Lei Rouanet é um dos melhores mecanismos de fomento”, disse ao Estadão o cineasta Josias Teófilo, autor do filme “Jardim das Aflições”, biografia sobre Olavo de Carvalho.

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Trecho do documentário O Autoritarismo está no Ar, da TV Cultura, que fala sobre os atos golpistas em 8 de janeiro Foto: Reprodução/TV Cultura

Ainda segundo Teófilo, a Lei Rouanet tornou-se uma palavra chave para mobilizar a militância devido ao apoio majoritário de artistas a Lula. “Mário Frias trata os artistas como ladrões”, disse o cineasta.

Em outra frente, os chamados “bolsonaristas raiz” também reclamam da atuação da Secretaria de Comunicação do Palácio dos Bandeirantes. Eles ficaram irritados com um post no Instagram do governo de São Paulo que usou o termo “paulistês” para fazer um neologismo sobre as gírias do Estado, mas assinou o conteúdo com a hashtag “#paulistes”, sem o uso do acento circunflexo, o que fez críticos acreditarem que se tratava de uso de linguagem neutra. A publicação foi apagada pouco tempo depois. No jargão das redes, não é comum o uso de acento em hashtags.

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Procurada, as secretarias de Cultura e de Comunicação preferiram não se manifestar sobre as críticas, assim como Frias. A assessoria do ex-presidente Bolsonaro também não comentou o caso. Segundo pessoas próximas, ele preferiu não se envolver na polêmica, mas admite que há uma “irritação” com essas duas áreas – Secom e Cultura – porque a atuação delas não teria o DNA bolsonarista.

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o ex-secretário nacional de Cultura Mário Frias (PL-SP), pressionam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a substituir a secretária de Cultura, Marília Marton, por um nome alinhado ao bolsonarismo.

A pressão pela saída de Marília aumentou após a TV Cultura exibir, em seu canal no YouTube, o documentário “O Autoritarismo Está no Ar – 3 Anos Depois”, que aborda o papel da extrema-direita nos ataques golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. A secretária, porém, não tem ingerência sobre a programação da emissora, controlada pela Fundação Padre Anchieta.

Apesar disso, a exibição do filme gerou críticas de Frias. “A secretária de cultura do Estado de São Paulo parece estar empenhada em deixar que a extrema-esquerda continue utilizando a máquina pública cultural paulista para manter sua agenda”, escreveu o ex-secretário em publicação Twitter.

As críticas foram amplificadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e André Porciúncula, que foi o número dois da pasta comandada por Frias no governo. Ambos retuitaram críticas à emissora. Depois da repercussão, o documentário foi retirado do ar sob a justificativa de “ajustes técnicos”, mas voltou à plataforma.

A TV Cultura nega interferência política na programação. ”A Fundação Padre Anchieta esclarece que são infundadas as informações que o documentário ‘O Autoritarismo Está no Ar – 3 Anos Depois’ foi retirado do YouTube por questões políticas. O vídeo não foi removido do YouTube. O conteúdo foi privado, passou por ajuste técnico e, conforme previsto, voltou ao ar no mesmo link”, escreveu, em nota.

Ainda na nota enviada ao Estadão, a TV Cultura afirma que sua gestão, incluindo estrutura administrativa e definições quanto à sua programação, é feita por uma diretoria executiva eleita por unanimidade pelo Conselho Curador e é formada por profissionais com ampla experiência em rádio e televisão.

Desgaste

O episódio, porém, foi usado por bolsonaristas para desgastar Marília no cargo. Seu nome foi contestado desde a transição de governo, quando o grupo tentou emplacar um aliado de Frias no posto. Mas prevaleceu a decisão de Tarcísio, que optou por Marília, considerada no governo estadual um nome técnico da área e com respaldo e trânsito no setor cultural em São Paulo.

Considerada uma escolha técnica do governador para comandar a Cultura, Marília Marton enfrenta resistência de bolsonaristas, de olho na pasta. Foto: Hélcio Nagamine/Estadão

O governador já havia atendido aos aliados de Bolsonaro ao nomear o Capitão Guilherme Derrite (PL) na Segurança Pública e Sonaira Fernandes (Republicanos) na pasta de Políticas para Mulheres. Ao assumir a pasta da Cultura, Marília fez um gesto ao grupo ao escolher o advogado bolsonarista Pedro Mastrobuono para comandar o Memorial da América Latina. A indicação, porém, não evitou as críticas.

Outro ponto de divergência entre o grupo de Frias e a Secretaria de Cultura comandada por Marília são os programas de fomento na linha da Lei Rouanet, que foi alvo de ataques durante os quatro anos da gestão Bolsonaro. “Estão tentando claramente derrubar a Marília. A TV Cultura não está subordinada a ela, portanto essas críticas foram inadequadas. Isso só a fortalece no cargo. Sou 100% a favor desse mecanismo (de fomento). A Lei Rouanet é um dos melhores mecanismos de fomento”, disse ao Estadão o cineasta Josias Teófilo, autor do filme “Jardim das Aflições”, biografia sobre Olavo de Carvalho.

Trecho do documentário O Autoritarismo está no Ar, da TV Cultura, que fala sobre os atos golpistas em 8 de janeiro Foto: Reprodução/TV Cultura

Ainda segundo Teófilo, a Lei Rouanet tornou-se uma palavra chave para mobilizar a militância devido ao apoio majoritário de artistas a Lula. “Mário Frias trata os artistas como ladrões”, disse o cineasta.

Em outra frente, os chamados “bolsonaristas raiz” também reclamam da atuação da Secretaria de Comunicação do Palácio dos Bandeirantes. Eles ficaram irritados com um post no Instagram do governo de São Paulo que usou o termo “paulistês” para fazer um neologismo sobre as gírias do Estado, mas assinou o conteúdo com a hashtag “#paulistes”, sem o uso do acento circunflexo, o que fez críticos acreditarem que se tratava de uso de linguagem neutra. A publicação foi apagada pouco tempo depois. No jargão das redes, não é comum o uso de acento em hashtags.

Procurada, as secretarias de Cultura e de Comunicação preferiram não se manifestar sobre as críticas, assim como Frias. A assessoria do ex-presidente Bolsonaro também não comentou o caso. Segundo pessoas próximas, ele preferiu não se envolver na polêmica, mas admite que há uma “irritação” com essas duas áreas – Secom e Cultura – porque a atuação delas não teria o DNA bolsonarista.

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o ex-secretário nacional de Cultura Mário Frias (PL-SP), pressionam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a substituir a secretária de Cultura, Marília Marton, por um nome alinhado ao bolsonarismo.

A pressão pela saída de Marília aumentou após a TV Cultura exibir, em seu canal no YouTube, o documentário “O Autoritarismo Está no Ar – 3 Anos Depois”, que aborda o papel da extrema-direita nos ataques golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. A secretária, porém, não tem ingerência sobre a programação da emissora, controlada pela Fundação Padre Anchieta.

Apesar disso, a exibição do filme gerou críticas de Frias. “A secretária de cultura do Estado de São Paulo parece estar empenhada em deixar que a extrema-esquerda continue utilizando a máquina pública cultural paulista para manter sua agenda”, escreveu o ex-secretário em publicação Twitter.

As críticas foram amplificadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e André Porciúncula, que foi o número dois da pasta comandada por Frias no governo. Ambos retuitaram críticas à emissora. Depois da repercussão, o documentário foi retirado do ar sob a justificativa de “ajustes técnicos”, mas voltou à plataforma.

A TV Cultura nega interferência política na programação. ”A Fundação Padre Anchieta esclarece que são infundadas as informações que o documentário ‘O Autoritarismo Está no Ar – 3 Anos Depois’ foi retirado do YouTube por questões políticas. O vídeo não foi removido do YouTube. O conteúdo foi privado, passou por ajuste técnico e, conforme previsto, voltou ao ar no mesmo link”, escreveu, em nota.

Ainda na nota enviada ao Estadão, a TV Cultura afirma que sua gestão, incluindo estrutura administrativa e definições quanto à sua programação, é feita por uma diretoria executiva eleita por unanimidade pelo Conselho Curador e é formada por profissionais com ampla experiência em rádio e televisão.

Desgaste

O episódio, porém, foi usado por bolsonaristas para desgastar Marília no cargo. Seu nome foi contestado desde a transição de governo, quando o grupo tentou emplacar um aliado de Frias no posto. Mas prevaleceu a decisão de Tarcísio, que optou por Marília, considerada no governo estadual um nome técnico da área e com respaldo e trânsito no setor cultural em São Paulo.

Considerada uma escolha técnica do governador para comandar a Cultura, Marília Marton enfrenta resistência de bolsonaristas, de olho na pasta. Foto: Hélcio Nagamine/Estadão

O governador já havia atendido aos aliados de Bolsonaro ao nomear o Capitão Guilherme Derrite (PL) na Segurança Pública e Sonaira Fernandes (Republicanos) na pasta de Políticas para Mulheres. Ao assumir a pasta da Cultura, Marília fez um gesto ao grupo ao escolher o advogado bolsonarista Pedro Mastrobuono para comandar o Memorial da América Latina. A indicação, porém, não evitou as críticas.

Outro ponto de divergência entre o grupo de Frias e a Secretaria de Cultura comandada por Marília são os programas de fomento na linha da Lei Rouanet, que foi alvo de ataques durante os quatro anos da gestão Bolsonaro. “Estão tentando claramente derrubar a Marília. A TV Cultura não está subordinada a ela, portanto essas críticas foram inadequadas. Isso só a fortalece no cargo. Sou 100% a favor desse mecanismo (de fomento). A Lei Rouanet é um dos melhores mecanismos de fomento”, disse ao Estadão o cineasta Josias Teófilo, autor do filme “Jardim das Aflições”, biografia sobre Olavo de Carvalho.

Trecho do documentário O Autoritarismo está no Ar, da TV Cultura, que fala sobre os atos golpistas em 8 de janeiro Foto: Reprodução/TV Cultura

Ainda segundo Teófilo, a Lei Rouanet tornou-se uma palavra chave para mobilizar a militância devido ao apoio majoritário de artistas a Lula. “Mário Frias trata os artistas como ladrões”, disse o cineasta.

Em outra frente, os chamados “bolsonaristas raiz” também reclamam da atuação da Secretaria de Comunicação do Palácio dos Bandeirantes. Eles ficaram irritados com um post no Instagram do governo de São Paulo que usou o termo “paulistês” para fazer um neologismo sobre as gírias do Estado, mas assinou o conteúdo com a hashtag “#paulistes”, sem o uso do acento circunflexo, o que fez críticos acreditarem que se tratava de uso de linguagem neutra. A publicação foi apagada pouco tempo depois. No jargão das redes, não é comum o uso de acento em hashtags.

Procurada, as secretarias de Cultura e de Comunicação preferiram não se manifestar sobre as críticas, assim como Frias. A assessoria do ex-presidente Bolsonaro também não comentou o caso. Segundo pessoas próximas, ele preferiu não se envolver na polêmica, mas admite que há uma “irritação” com essas duas áreas – Secom e Cultura – porque a atuação delas não teria o DNA bolsonarista.

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