Bolsonaristas superam petistas na ‘bancada da juventude’ e reforçam dificuldade do PT em se renovar


Nas dez maiores capitais, bolsonarismo emplaca cinco vereadores eleitos com menos de 30 anos, enquanto petistas são dois

Por Guilherme Caetano

BRASÍLIA - Tradicionalmente associado à juventude, o Partido dos Trabalhadores vem enfrentando dificuldades para renovar suas lideranças, na medida em que vê o seu principal líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aproximar dos 80 anos de idade.

Nas dez maiores capitais, 5,7% dos 35 vereadores eleitos pelo PT no último domingo têm menos de 30 anos. No Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro, sigla arquirrival, a proporção é de 10,6% entre os 47 vereadores eleitos no mesmo número de cidades. Foram consideradas São Paulo, Rio, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia.

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Levantamento feito pelo Estadão identificou dois petistas dessa “bancada da juventude”: Pedro Rousseff (24 anos, de Belo Horizonte), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, e Maíra Cunha, conhecida como “Maíra do MST” (29 anos, no Rio).

Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma, é uma das apostas do PT para renovação no parlamento Foto: Reprodução/Instagram@pedrorousseff

Os bolsonaristas do PL têm cinco nomes nesse ranking, a começar pelo vereador mais votado do Brasil nas eleições municipais, Lucas Pavanato (26 anos, em São Paulo). Entram nessa lista também Thiago Medina (21 anos, Recife), Bella Carmelo (23 anos, Fortaleza), Zoe Martínez (25 anos, em São Paulo), e Gilson Machado Filho (26 anos, também em Recife).

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Pedro Rousseff foi o sexto vereador mais votado de sua cidade colando sua imagem à de sua tia. Assim como os demais candidatos da Geração Z, ele conta com bom engajamento nas redes sociais. Ele é seguido por 126 mil seguidores no Instagram, onde entra de cabeça na disputa ideológica, confrontando nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bruno Engler (PL), candidato bolsonarista à Prefeitura de Belo Horizonte.

Maíra Cunha, por sua vez, sem um sobrenome de tal peso, foi uma aposta do PT para fortalecer a bancada carioca. Ela teve um investimento de R$ 307 mil do diretório nacional e contou com o apoio público de uma diversidade de personalidades e artistas, como Chico Buarque, Bela Gil, Paulo Betti, Lucélia Santos, José de Abreu e Manuela Llerena, o que alavancou sua candidatura.

O PL, por sua vez, tem um “vintão” em cada dez eleitos nessas capitais, o dobro da taxa petista. Junto dos votos, eles carregam poderosas bases digitais de fãs. Lucas Pavanato, por exemplo, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no Instagram. Zoe Martínez é ainda mais famosa: 1,4 milhão. Os dois ganharam proeminência na militância bolsonarista com ataques à esquerda e um papel atuante na guerra cultural que tem na família Bolsonaro a infantaria.

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A bancada bolsonarista também supera a petista em outros números: se os jovens trouxeram 31,3 mil votos ao PT nessas dez cidades, no PL essa quantidade chegou a 276,4 mil votos. E enquanto os “vintões” petistas somam 139,4 mil seguidores no Instagram, os adversários batem 2,8 milhões.

A falta de renovação leva o PT a situações desafiadoras. Em Salvador, capital de um Estado profundamente ligado ao PT e que foi considerado primordial para a vitória de Lula em 2022, o PT elegeu só uma vereadora, Marta Rodrigues, de 65 anos. Em Manaus, a bancada municipal petista contará com o solitário Zé Ricardo, de 60 anos. Em Curitiba, o mais votado do PT foi Angelo Vanhoni, de 69 anos. O partido também com um puxador de votos sexagenário em Goiânia: Professor Edward, de 61 anos.

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São poucas as capitais como São Paulo, em que o bom desempenho de Luna Zarattini (30 anos, 101 mil votos) foi importante para eleger a bancada. Mas se a juventude da vereadora de segundo mandato oxigena o PT paulistano, a média de idade da bancada continua superior à bolsonarista: 49,8, contra 44,6 do PL.

Lucas Pavanato, vereador mais votado do Brasil, é representante da ala mais jovem do PL Foto: @lucaspavanato via Instagram

O assunto gera preocupação dentro do PT e incomoda dirigentes, que defendem que novos quadros têm surgido e aberto espaço nos parlamentos do País. “‘O PT não se renova. Não elege novas lideranças’: A gente cansou de ouvir isso de analistas políticos. Mas será verdade?”, diz Camila Moreno, da executiva nacional do partido, num vídeo publicado nesta quinta-feira, 10, antes de mencionar lideranças eleitas no domingo passado, como Luna, Pedro, Tainá De Paula (41 anos, no Rio) e Luiza Dulci (34 anos, em Belo Horizonte). Camila Jara, que disputou a prefeitura de Campo Grande aos 29 anos e terminou em quarto lugar, também é mencionada.

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No PL, por sua vez, a força digital de Nikolas Ferreira (28 anos e 12 milhões de seguidores no Instagram), deputado federal mais votado do Brasil em 2022, serviu de alavanca para candidatos bolsonaristas escolhidos a dedo. Seu apoio levou o ex-assessor Pablo Almeida (PL), de 29 anos, a se eleger o vereador mais votado da capital mineira, com quase 40 mil votos.

PT tem maior média de idade da Câmara Federal

A dificuldade de renovação se amplia quando considerada a idade média da bancada de deputados federais eleitos pelo PT em 2022: superior a 55,7 anos, a maior de toda a Câmara. O PL, por sua vez, tem idade média de 49,5 anos, atrás de partidos como PDT (54,5), PSDB (53,3), PSB (51,1) e PSD (50,9).

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Em 1983, quando chegou pela primeira vez à Câmara, o novato PT era conhecido pelas jovens lideranças ligadas a movimentos sociais, como Luiz Dulci (27 anos), José Genoino (36), Eduardo Suplicy (41) e Lula (37), então candidato derrotado ao governo de São Paulo no ano anterior.

A idade média dos seis parlamentares da primeira bancada eleita era de 39,7 anos. Então com 52 anos, o mais velho era Plínio de Arruda Sampaio. “Vintões” e “trintões” representavam metade daquela bancada.

Hoje o cenário mudou radicalmente. A parcela com menos de 40 anos encolheu para 13% da bancada em 2023. Os quinquagenários são basicamente um terço, 32%; os sexagenários, 30,8%; e os septagenários, 7%. Sem renovação nas Câmaras Municipais para dar experiência a novos vereadores, o partido de Lula deve enfrentar dificuldades para disputar a Casa com os bolsonaristas. Afinal, o partido de Bolsonaro lança, a cada eleição, candidatos com recordes de seguidores nas redes sociais e de votos nas urnas.

BRASÍLIA - Tradicionalmente associado à juventude, o Partido dos Trabalhadores vem enfrentando dificuldades para renovar suas lideranças, na medida em que vê o seu principal líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aproximar dos 80 anos de idade.

Nas dez maiores capitais, 5,7% dos 35 vereadores eleitos pelo PT no último domingo têm menos de 30 anos. No Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro, sigla arquirrival, a proporção é de 10,6% entre os 47 vereadores eleitos no mesmo número de cidades. Foram consideradas São Paulo, Rio, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia.

Levantamento feito pelo Estadão identificou dois petistas dessa “bancada da juventude”: Pedro Rousseff (24 anos, de Belo Horizonte), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, e Maíra Cunha, conhecida como “Maíra do MST” (29 anos, no Rio).

Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma, é uma das apostas do PT para renovação no parlamento Foto: Reprodução/Instagram@pedrorousseff

Os bolsonaristas do PL têm cinco nomes nesse ranking, a começar pelo vereador mais votado do Brasil nas eleições municipais, Lucas Pavanato (26 anos, em São Paulo). Entram nessa lista também Thiago Medina (21 anos, Recife), Bella Carmelo (23 anos, Fortaleza), Zoe Martínez (25 anos, em São Paulo), e Gilson Machado Filho (26 anos, também em Recife).

Pedro Rousseff foi o sexto vereador mais votado de sua cidade colando sua imagem à de sua tia. Assim como os demais candidatos da Geração Z, ele conta com bom engajamento nas redes sociais. Ele é seguido por 126 mil seguidores no Instagram, onde entra de cabeça na disputa ideológica, confrontando nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bruno Engler (PL), candidato bolsonarista à Prefeitura de Belo Horizonte.

Maíra Cunha, por sua vez, sem um sobrenome de tal peso, foi uma aposta do PT para fortalecer a bancada carioca. Ela teve um investimento de R$ 307 mil do diretório nacional e contou com o apoio público de uma diversidade de personalidades e artistas, como Chico Buarque, Bela Gil, Paulo Betti, Lucélia Santos, José de Abreu e Manuela Llerena, o que alavancou sua candidatura.

O PL, por sua vez, tem um “vintão” em cada dez eleitos nessas capitais, o dobro da taxa petista. Junto dos votos, eles carregam poderosas bases digitais de fãs. Lucas Pavanato, por exemplo, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no Instagram. Zoe Martínez é ainda mais famosa: 1,4 milhão. Os dois ganharam proeminência na militância bolsonarista com ataques à esquerda e um papel atuante na guerra cultural que tem na família Bolsonaro a infantaria.

A bancada bolsonarista também supera a petista em outros números: se os jovens trouxeram 31,3 mil votos ao PT nessas dez cidades, no PL essa quantidade chegou a 276,4 mil votos. E enquanto os “vintões” petistas somam 139,4 mil seguidores no Instagram, os adversários batem 2,8 milhões.

A falta de renovação leva o PT a situações desafiadoras. Em Salvador, capital de um Estado profundamente ligado ao PT e que foi considerado primordial para a vitória de Lula em 2022, o PT elegeu só uma vereadora, Marta Rodrigues, de 65 anos. Em Manaus, a bancada municipal petista contará com o solitário Zé Ricardo, de 60 anos. Em Curitiba, o mais votado do PT foi Angelo Vanhoni, de 69 anos. O partido também com um puxador de votos sexagenário em Goiânia: Professor Edward, de 61 anos.

São poucas as capitais como São Paulo, em que o bom desempenho de Luna Zarattini (30 anos, 101 mil votos) foi importante para eleger a bancada. Mas se a juventude da vereadora de segundo mandato oxigena o PT paulistano, a média de idade da bancada continua superior à bolsonarista: 49,8, contra 44,6 do PL.

Lucas Pavanato, vereador mais votado do Brasil, é representante da ala mais jovem do PL Foto: @lucaspavanato via Instagram

O assunto gera preocupação dentro do PT e incomoda dirigentes, que defendem que novos quadros têm surgido e aberto espaço nos parlamentos do País. “‘O PT não se renova. Não elege novas lideranças’: A gente cansou de ouvir isso de analistas políticos. Mas será verdade?”, diz Camila Moreno, da executiva nacional do partido, num vídeo publicado nesta quinta-feira, 10, antes de mencionar lideranças eleitas no domingo passado, como Luna, Pedro, Tainá De Paula (41 anos, no Rio) e Luiza Dulci (34 anos, em Belo Horizonte). Camila Jara, que disputou a prefeitura de Campo Grande aos 29 anos e terminou em quarto lugar, também é mencionada.

No PL, por sua vez, a força digital de Nikolas Ferreira (28 anos e 12 milhões de seguidores no Instagram), deputado federal mais votado do Brasil em 2022, serviu de alavanca para candidatos bolsonaristas escolhidos a dedo. Seu apoio levou o ex-assessor Pablo Almeida (PL), de 29 anos, a se eleger o vereador mais votado da capital mineira, com quase 40 mil votos.

PT tem maior média de idade da Câmara Federal

A dificuldade de renovação se amplia quando considerada a idade média da bancada de deputados federais eleitos pelo PT em 2022: superior a 55,7 anos, a maior de toda a Câmara. O PL, por sua vez, tem idade média de 49,5 anos, atrás de partidos como PDT (54,5), PSDB (53,3), PSB (51,1) e PSD (50,9).

Em 1983, quando chegou pela primeira vez à Câmara, o novato PT era conhecido pelas jovens lideranças ligadas a movimentos sociais, como Luiz Dulci (27 anos), José Genoino (36), Eduardo Suplicy (41) e Lula (37), então candidato derrotado ao governo de São Paulo no ano anterior.

A idade média dos seis parlamentares da primeira bancada eleita era de 39,7 anos. Então com 52 anos, o mais velho era Plínio de Arruda Sampaio. “Vintões” e “trintões” representavam metade daquela bancada.

Hoje o cenário mudou radicalmente. A parcela com menos de 40 anos encolheu para 13% da bancada em 2023. Os quinquagenários são basicamente um terço, 32%; os sexagenários, 30,8%; e os septagenários, 7%. Sem renovação nas Câmaras Municipais para dar experiência a novos vereadores, o partido de Lula deve enfrentar dificuldades para disputar a Casa com os bolsonaristas. Afinal, o partido de Bolsonaro lança, a cada eleição, candidatos com recordes de seguidores nas redes sociais e de votos nas urnas.

BRASÍLIA - Tradicionalmente associado à juventude, o Partido dos Trabalhadores vem enfrentando dificuldades para renovar suas lideranças, na medida em que vê o seu principal líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aproximar dos 80 anos de idade.

Nas dez maiores capitais, 5,7% dos 35 vereadores eleitos pelo PT no último domingo têm menos de 30 anos. No Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro, sigla arquirrival, a proporção é de 10,6% entre os 47 vereadores eleitos no mesmo número de cidades. Foram consideradas São Paulo, Rio, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia.

Levantamento feito pelo Estadão identificou dois petistas dessa “bancada da juventude”: Pedro Rousseff (24 anos, de Belo Horizonte), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, e Maíra Cunha, conhecida como “Maíra do MST” (29 anos, no Rio).

Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma, é uma das apostas do PT para renovação no parlamento Foto: Reprodução/Instagram@pedrorousseff

Os bolsonaristas do PL têm cinco nomes nesse ranking, a começar pelo vereador mais votado do Brasil nas eleições municipais, Lucas Pavanato (26 anos, em São Paulo). Entram nessa lista também Thiago Medina (21 anos, Recife), Bella Carmelo (23 anos, Fortaleza), Zoe Martínez (25 anos, em São Paulo), e Gilson Machado Filho (26 anos, também em Recife).

Pedro Rousseff foi o sexto vereador mais votado de sua cidade colando sua imagem à de sua tia. Assim como os demais candidatos da Geração Z, ele conta com bom engajamento nas redes sociais. Ele é seguido por 126 mil seguidores no Instagram, onde entra de cabeça na disputa ideológica, confrontando nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bruno Engler (PL), candidato bolsonarista à Prefeitura de Belo Horizonte.

Maíra Cunha, por sua vez, sem um sobrenome de tal peso, foi uma aposta do PT para fortalecer a bancada carioca. Ela teve um investimento de R$ 307 mil do diretório nacional e contou com o apoio público de uma diversidade de personalidades e artistas, como Chico Buarque, Bela Gil, Paulo Betti, Lucélia Santos, José de Abreu e Manuela Llerena, o que alavancou sua candidatura.

O PL, por sua vez, tem um “vintão” em cada dez eleitos nessas capitais, o dobro da taxa petista. Junto dos votos, eles carregam poderosas bases digitais de fãs. Lucas Pavanato, por exemplo, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no Instagram. Zoe Martínez é ainda mais famosa: 1,4 milhão. Os dois ganharam proeminência na militância bolsonarista com ataques à esquerda e um papel atuante na guerra cultural que tem na família Bolsonaro a infantaria.

A bancada bolsonarista também supera a petista em outros números: se os jovens trouxeram 31,3 mil votos ao PT nessas dez cidades, no PL essa quantidade chegou a 276,4 mil votos. E enquanto os “vintões” petistas somam 139,4 mil seguidores no Instagram, os adversários batem 2,8 milhões.

A falta de renovação leva o PT a situações desafiadoras. Em Salvador, capital de um Estado profundamente ligado ao PT e que foi considerado primordial para a vitória de Lula em 2022, o PT elegeu só uma vereadora, Marta Rodrigues, de 65 anos. Em Manaus, a bancada municipal petista contará com o solitário Zé Ricardo, de 60 anos. Em Curitiba, o mais votado do PT foi Angelo Vanhoni, de 69 anos. O partido também com um puxador de votos sexagenário em Goiânia: Professor Edward, de 61 anos.

São poucas as capitais como São Paulo, em que o bom desempenho de Luna Zarattini (30 anos, 101 mil votos) foi importante para eleger a bancada. Mas se a juventude da vereadora de segundo mandato oxigena o PT paulistano, a média de idade da bancada continua superior à bolsonarista: 49,8, contra 44,6 do PL.

Lucas Pavanato, vereador mais votado do Brasil, é representante da ala mais jovem do PL Foto: @lucaspavanato via Instagram

O assunto gera preocupação dentro do PT e incomoda dirigentes, que defendem que novos quadros têm surgido e aberto espaço nos parlamentos do País. “‘O PT não se renova. Não elege novas lideranças’: A gente cansou de ouvir isso de analistas políticos. Mas será verdade?”, diz Camila Moreno, da executiva nacional do partido, num vídeo publicado nesta quinta-feira, 10, antes de mencionar lideranças eleitas no domingo passado, como Luna, Pedro, Tainá De Paula (41 anos, no Rio) e Luiza Dulci (34 anos, em Belo Horizonte). Camila Jara, que disputou a prefeitura de Campo Grande aos 29 anos e terminou em quarto lugar, também é mencionada.

No PL, por sua vez, a força digital de Nikolas Ferreira (28 anos e 12 milhões de seguidores no Instagram), deputado federal mais votado do Brasil em 2022, serviu de alavanca para candidatos bolsonaristas escolhidos a dedo. Seu apoio levou o ex-assessor Pablo Almeida (PL), de 29 anos, a se eleger o vereador mais votado da capital mineira, com quase 40 mil votos.

PT tem maior média de idade da Câmara Federal

A dificuldade de renovação se amplia quando considerada a idade média da bancada de deputados federais eleitos pelo PT em 2022: superior a 55,7 anos, a maior de toda a Câmara. O PL, por sua vez, tem idade média de 49,5 anos, atrás de partidos como PDT (54,5), PSDB (53,3), PSB (51,1) e PSD (50,9).

Em 1983, quando chegou pela primeira vez à Câmara, o novato PT era conhecido pelas jovens lideranças ligadas a movimentos sociais, como Luiz Dulci (27 anos), José Genoino (36), Eduardo Suplicy (41) e Lula (37), então candidato derrotado ao governo de São Paulo no ano anterior.

A idade média dos seis parlamentares da primeira bancada eleita era de 39,7 anos. Então com 52 anos, o mais velho era Plínio de Arruda Sampaio. “Vintões” e “trintões” representavam metade daquela bancada.

Hoje o cenário mudou radicalmente. A parcela com menos de 40 anos encolheu para 13% da bancada em 2023. Os quinquagenários são basicamente um terço, 32%; os sexagenários, 30,8%; e os septagenários, 7%. Sem renovação nas Câmaras Municipais para dar experiência a novos vereadores, o partido de Lula deve enfrentar dificuldades para disputar a Casa com os bolsonaristas. Afinal, o partido de Bolsonaro lança, a cada eleição, candidatos com recordes de seguidores nas redes sociais e de votos nas urnas.

BRASÍLIA - Tradicionalmente associado à juventude, o Partido dos Trabalhadores vem enfrentando dificuldades para renovar suas lideranças, na medida em que vê o seu principal líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aproximar dos 80 anos de idade.

Nas dez maiores capitais, 5,7% dos 35 vereadores eleitos pelo PT no último domingo têm menos de 30 anos. No Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro, sigla arquirrival, a proporção é de 10,6% entre os 47 vereadores eleitos no mesmo número de cidades. Foram consideradas São Paulo, Rio, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia.

Levantamento feito pelo Estadão identificou dois petistas dessa “bancada da juventude”: Pedro Rousseff (24 anos, de Belo Horizonte), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, e Maíra Cunha, conhecida como “Maíra do MST” (29 anos, no Rio).

Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma, é uma das apostas do PT para renovação no parlamento Foto: Reprodução/Instagram@pedrorousseff

Os bolsonaristas do PL têm cinco nomes nesse ranking, a começar pelo vereador mais votado do Brasil nas eleições municipais, Lucas Pavanato (26 anos, em São Paulo). Entram nessa lista também Thiago Medina (21 anos, Recife), Bella Carmelo (23 anos, Fortaleza), Zoe Martínez (25 anos, em São Paulo), e Gilson Machado Filho (26 anos, também em Recife).

Pedro Rousseff foi o sexto vereador mais votado de sua cidade colando sua imagem à de sua tia. Assim como os demais candidatos da Geração Z, ele conta com bom engajamento nas redes sociais. Ele é seguido por 126 mil seguidores no Instagram, onde entra de cabeça na disputa ideológica, confrontando nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bruno Engler (PL), candidato bolsonarista à Prefeitura de Belo Horizonte.

Maíra Cunha, por sua vez, sem um sobrenome de tal peso, foi uma aposta do PT para fortalecer a bancada carioca. Ela teve um investimento de R$ 307 mil do diretório nacional e contou com o apoio público de uma diversidade de personalidades e artistas, como Chico Buarque, Bela Gil, Paulo Betti, Lucélia Santos, José de Abreu e Manuela Llerena, o que alavancou sua candidatura.

O PL, por sua vez, tem um “vintão” em cada dez eleitos nessas capitais, o dobro da taxa petista. Junto dos votos, eles carregam poderosas bases digitais de fãs. Lucas Pavanato, por exemplo, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no Instagram. Zoe Martínez é ainda mais famosa: 1,4 milhão. Os dois ganharam proeminência na militância bolsonarista com ataques à esquerda e um papel atuante na guerra cultural que tem na família Bolsonaro a infantaria.

A bancada bolsonarista também supera a petista em outros números: se os jovens trouxeram 31,3 mil votos ao PT nessas dez cidades, no PL essa quantidade chegou a 276,4 mil votos. E enquanto os “vintões” petistas somam 139,4 mil seguidores no Instagram, os adversários batem 2,8 milhões.

A falta de renovação leva o PT a situações desafiadoras. Em Salvador, capital de um Estado profundamente ligado ao PT e que foi considerado primordial para a vitória de Lula em 2022, o PT elegeu só uma vereadora, Marta Rodrigues, de 65 anos. Em Manaus, a bancada municipal petista contará com o solitário Zé Ricardo, de 60 anos. Em Curitiba, o mais votado do PT foi Angelo Vanhoni, de 69 anos. O partido também com um puxador de votos sexagenário em Goiânia: Professor Edward, de 61 anos.

São poucas as capitais como São Paulo, em que o bom desempenho de Luna Zarattini (30 anos, 101 mil votos) foi importante para eleger a bancada. Mas se a juventude da vereadora de segundo mandato oxigena o PT paulistano, a média de idade da bancada continua superior à bolsonarista: 49,8, contra 44,6 do PL.

Lucas Pavanato, vereador mais votado do Brasil, é representante da ala mais jovem do PL Foto: @lucaspavanato via Instagram

O assunto gera preocupação dentro do PT e incomoda dirigentes, que defendem que novos quadros têm surgido e aberto espaço nos parlamentos do País. “‘O PT não se renova. Não elege novas lideranças’: A gente cansou de ouvir isso de analistas políticos. Mas será verdade?”, diz Camila Moreno, da executiva nacional do partido, num vídeo publicado nesta quinta-feira, 10, antes de mencionar lideranças eleitas no domingo passado, como Luna, Pedro, Tainá De Paula (41 anos, no Rio) e Luiza Dulci (34 anos, em Belo Horizonte). Camila Jara, que disputou a prefeitura de Campo Grande aos 29 anos e terminou em quarto lugar, também é mencionada.

No PL, por sua vez, a força digital de Nikolas Ferreira (28 anos e 12 milhões de seguidores no Instagram), deputado federal mais votado do Brasil em 2022, serviu de alavanca para candidatos bolsonaristas escolhidos a dedo. Seu apoio levou o ex-assessor Pablo Almeida (PL), de 29 anos, a se eleger o vereador mais votado da capital mineira, com quase 40 mil votos.

PT tem maior média de idade da Câmara Federal

A dificuldade de renovação se amplia quando considerada a idade média da bancada de deputados federais eleitos pelo PT em 2022: superior a 55,7 anos, a maior de toda a Câmara. O PL, por sua vez, tem idade média de 49,5 anos, atrás de partidos como PDT (54,5), PSDB (53,3), PSB (51,1) e PSD (50,9).

Em 1983, quando chegou pela primeira vez à Câmara, o novato PT era conhecido pelas jovens lideranças ligadas a movimentos sociais, como Luiz Dulci (27 anos), José Genoino (36), Eduardo Suplicy (41) e Lula (37), então candidato derrotado ao governo de São Paulo no ano anterior.

A idade média dos seis parlamentares da primeira bancada eleita era de 39,7 anos. Então com 52 anos, o mais velho era Plínio de Arruda Sampaio. “Vintões” e “trintões” representavam metade daquela bancada.

Hoje o cenário mudou radicalmente. A parcela com menos de 40 anos encolheu para 13% da bancada em 2023. Os quinquagenários são basicamente um terço, 32%; os sexagenários, 30,8%; e os septagenários, 7%. Sem renovação nas Câmaras Municipais para dar experiência a novos vereadores, o partido de Lula deve enfrentar dificuldades para disputar a Casa com os bolsonaristas. Afinal, o partido de Bolsonaro lança, a cada eleição, candidatos com recordes de seguidores nas redes sociais e de votos nas urnas.

BRASÍLIA - Tradicionalmente associado à juventude, o Partido dos Trabalhadores vem enfrentando dificuldades para renovar suas lideranças, na medida em que vê o seu principal líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aproximar dos 80 anos de idade.

Nas dez maiores capitais, 5,7% dos 35 vereadores eleitos pelo PT no último domingo têm menos de 30 anos. No Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro, sigla arquirrival, a proporção é de 10,6% entre os 47 vereadores eleitos no mesmo número de cidades. Foram consideradas São Paulo, Rio, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia.

Levantamento feito pelo Estadão identificou dois petistas dessa “bancada da juventude”: Pedro Rousseff (24 anos, de Belo Horizonte), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, e Maíra Cunha, conhecida como “Maíra do MST” (29 anos, no Rio).

Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma, é uma das apostas do PT para renovação no parlamento Foto: Reprodução/Instagram@pedrorousseff

Os bolsonaristas do PL têm cinco nomes nesse ranking, a começar pelo vereador mais votado do Brasil nas eleições municipais, Lucas Pavanato (26 anos, em São Paulo). Entram nessa lista também Thiago Medina (21 anos, Recife), Bella Carmelo (23 anos, Fortaleza), Zoe Martínez (25 anos, em São Paulo), e Gilson Machado Filho (26 anos, também em Recife).

Pedro Rousseff foi o sexto vereador mais votado de sua cidade colando sua imagem à de sua tia. Assim como os demais candidatos da Geração Z, ele conta com bom engajamento nas redes sociais. Ele é seguido por 126 mil seguidores no Instagram, onde entra de cabeça na disputa ideológica, confrontando nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bruno Engler (PL), candidato bolsonarista à Prefeitura de Belo Horizonte.

Maíra Cunha, por sua vez, sem um sobrenome de tal peso, foi uma aposta do PT para fortalecer a bancada carioca. Ela teve um investimento de R$ 307 mil do diretório nacional e contou com o apoio público de uma diversidade de personalidades e artistas, como Chico Buarque, Bela Gil, Paulo Betti, Lucélia Santos, José de Abreu e Manuela Llerena, o que alavancou sua candidatura.

O PL, por sua vez, tem um “vintão” em cada dez eleitos nessas capitais, o dobro da taxa petista. Junto dos votos, eles carregam poderosas bases digitais de fãs. Lucas Pavanato, por exemplo, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no Instagram. Zoe Martínez é ainda mais famosa: 1,4 milhão. Os dois ganharam proeminência na militância bolsonarista com ataques à esquerda e um papel atuante na guerra cultural que tem na família Bolsonaro a infantaria.

A bancada bolsonarista também supera a petista em outros números: se os jovens trouxeram 31,3 mil votos ao PT nessas dez cidades, no PL essa quantidade chegou a 276,4 mil votos. E enquanto os “vintões” petistas somam 139,4 mil seguidores no Instagram, os adversários batem 2,8 milhões.

A falta de renovação leva o PT a situações desafiadoras. Em Salvador, capital de um Estado profundamente ligado ao PT e que foi considerado primordial para a vitória de Lula em 2022, o PT elegeu só uma vereadora, Marta Rodrigues, de 65 anos. Em Manaus, a bancada municipal petista contará com o solitário Zé Ricardo, de 60 anos. Em Curitiba, o mais votado do PT foi Angelo Vanhoni, de 69 anos. O partido também com um puxador de votos sexagenário em Goiânia: Professor Edward, de 61 anos.

São poucas as capitais como São Paulo, em que o bom desempenho de Luna Zarattini (30 anos, 101 mil votos) foi importante para eleger a bancada. Mas se a juventude da vereadora de segundo mandato oxigena o PT paulistano, a média de idade da bancada continua superior à bolsonarista: 49,8, contra 44,6 do PL.

Lucas Pavanato, vereador mais votado do Brasil, é representante da ala mais jovem do PL Foto: @lucaspavanato via Instagram

O assunto gera preocupação dentro do PT e incomoda dirigentes, que defendem que novos quadros têm surgido e aberto espaço nos parlamentos do País. “‘O PT não se renova. Não elege novas lideranças’: A gente cansou de ouvir isso de analistas políticos. Mas será verdade?”, diz Camila Moreno, da executiva nacional do partido, num vídeo publicado nesta quinta-feira, 10, antes de mencionar lideranças eleitas no domingo passado, como Luna, Pedro, Tainá De Paula (41 anos, no Rio) e Luiza Dulci (34 anos, em Belo Horizonte). Camila Jara, que disputou a prefeitura de Campo Grande aos 29 anos e terminou em quarto lugar, também é mencionada.

No PL, por sua vez, a força digital de Nikolas Ferreira (28 anos e 12 milhões de seguidores no Instagram), deputado federal mais votado do Brasil em 2022, serviu de alavanca para candidatos bolsonaristas escolhidos a dedo. Seu apoio levou o ex-assessor Pablo Almeida (PL), de 29 anos, a se eleger o vereador mais votado da capital mineira, com quase 40 mil votos.

PT tem maior média de idade da Câmara Federal

A dificuldade de renovação se amplia quando considerada a idade média da bancada de deputados federais eleitos pelo PT em 2022: superior a 55,7 anos, a maior de toda a Câmara. O PL, por sua vez, tem idade média de 49,5 anos, atrás de partidos como PDT (54,5), PSDB (53,3), PSB (51,1) e PSD (50,9).

Em 1983, quando chegou pela primeira vez à Câmara, o novato PT era conhecido pelas jovens lideranças ligadas a movimentos sociais, como Luiz Dulci (27 anos), José Genoino (36), Eduardo Suplicy (41) e Lula (37), então candidato derrotado ao governo de São Paulo no ano anterior.

A idade média dos seis parlamentares da primeira bancada eleita era de 39,7 anos. Então com 52 anos, o mais velho era Plínio de Arruda Sampaio. “Vintões” e “trintões” representavam metade daquela bancada.

Hoje o cenário mudou radicalmente. A parcela com menos de 40 anos encolheu para 13% da bancada em 2023. Os quinquagenários são basicamente um terço, 32%; os sexagenários, 30,8%; e os septagenários, 7%. Sem renovação nas Câmaras Municipais para dar experiência a novos vereadores, o partido de Lula deve enfrentar dificuldades para disputar a Casa com os bolsonaristas. Afinal, o partido de Bolsonaro lança, a cada eleição, candidatos com recordes de seguidores nas redes sociais e de votos nas urnas.

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