BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro assinou a nomeação do comandante do Exército escolhido pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O ato com a nomeação do general Júlio César de Arruda a partir da próxima sexta-feira, 30, foi publicado na edição desta quarta-feira, 28, do “Diário Oficial da União”.
A definição da data coincide com o aumento da pressão de autoridades responsáveis pela segurança pública para acabar com a aglomeração de bolsonaristas no entorno do Quartel-General do Exército, em Brasília.
Como mostrou o Estadão, a expectativa no entorno de Lula é que, com a troca no comando, mude o tratamento dado aos manifestantes extremistas, já que o acampamento, em área militar, passou a ser classificado por futuros ministros já indicados como “incubadora” de terroristas e de atos violentos.
A nomeação definitiva deverá ser assinada por Lula, quando o presidente eleito assumir, a partir do domingo, 1º. A cerimônia pública de passagem de comando ocorrerá às 10h30 de sexta-feira, dia 30, no Clube Militar.
O nome de César de Arruda já havia sido anunciado pelo futuro ministro da Defesa de Lula, José Múcio Monteiro. Múcio também já anunciou os nomes dos futuros comandantes da Marinha, almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno.
“Não há viés político, não há intranquilidade. A interinidade durará poucas horas. Muda o comandante, os comandados serão os mesmos”, disse Múcio.
Damasceno deve assumir o comando na segunda-feira (2), de acordo com Múcio, em data combinada com o atual comandante, brigadeiro Baptista Junior.
O futuro ministro da Defesa ainda não informou quando Olsen começará no posto. Ele disse que a passagem do comando da Força Naval poderia ocorrer de forma antecipada nesta quinta-feira, dia 29, mas a decisão é incerta. Há uma indisposição a ser contornada com a Marinha. Oficiais-generais do Alto Comando da Marinha dizem que o atual comandante-geral, Almir Garnier Santos, acertara internamente a entrega do cargo no dia 5 de janeiro. Segundo um almirante de quatro estrelas, ele não mudou a data.
Como o Estadão mostrou, os atuais comandantes-gerais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica haviam sinalizado a intenção de deixar o cargo antecipadamente, à revelia da equipe de Lula. O ato foi visto como gesto político hostil ao petista. Poderia, segundo oficiais que aconselharam os comandantes a desistir da saída conjunta antes da hora, ser visto como uma insubordinação no fim da carreira.
As datas de troca de comando começaram, então, a ser negociadas por Múcio com os atuais e futuros comandantes, em acordo também com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que se despede do ministério nesta quinta-feira, dia 29. Mas persiste o impasse na Marinha.