Em seu segundo discurso do dia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ‘quadrilheiro’ e disse que ele deve ser extirpado da vida púbica. A milhares de apoiadores que lotavam a Orla de Copacabana, Bolsonaro ainda defendeu empresários investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e voltou a dizer que, caso reeleito, todos terão de agir dentro das quatro linhas da Constituição.
Ao citar Lula de forma indireta, Bolsonaro procurou relacioná-lo a ditaduras de esquerda da América Latina, como Venezuela, Cuba e Nicarágua. “O que todos esses chefes de Estado têm em comum? São amigos do quadrilheiro de nove dedos que disputa a eleição no Brasil. Esse tipo de gente tem de ser extirpado da vida pública”, afirmou, em referência a Lula.
“Não adianta a esquerda nos atacar. Não estamos do lado da Venezuela, tampouco do lado da Nicarágua, que prende padre, furta as feiras e fecha as rádios e televisões católicas”, disse. Antes, chegou a dizer: “Não sou muito bem educado, falo palavrões, mas não sou ladrão”.
A uma militância fiel, Bolsonaro ainda disse que esquerdistas têm a cabeça vazia, mas que ele governa para os 215 milhões de brasileiros. Em seguida, afirmou que o “conhecimento liberará” e “fará ganharmos altura”. A menos de um mês da eleição, o presidente está estacionado nas pesquisas de voto e perde em todos os cenários de segundo turno.
Repetindo o discurso realizado na manhã desta quarta, 7, em Brasília, o presidente afirmou também no Rio que, se reeleito, todos terão de jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Bolsonaro não mencionou o nome de nenhum ministro do Supremo nem comentou as vaias direcionadas à Corte.
Em fala direcionada ao público evangélico, disse que seu governo não aceita a legalização das drogas, respeita crianças em sala de aula, é contra o aborto e não admite levar avante a ideologia de gênero. “Os nossos filhos são o nosso patrimônio e a escola é lugar do garoto buscar conhecimento. Educação quem dá é pai e mãe”, afirmou.
Em aceno aos eleitores do Nordeste e aos mais pobres - que votam majoritariamente em Lula, segundo as pesquisas -, o presidente disse que deu dignidade aos assentados titulando terras a eles, que levou água para os “nossos irmãos nordestinos” com a transposição do Rio São Francisco e que os números da economia brasileira causam inveja ao mundo”. “O nosso governo trata o povo com respeito. Repito: três anos e meio sem corrupção. Isso não é virtude, isso é obrigação.”
Bolsonaro chegou à cerimônia em comemoração ao Bicentenário da Independência na capital fluminense por volta das 15h depois de participar de uma motociata pelas ruas da cidade, mas apenas acompanhou as festividades pelo Bicentenário da Independência do palco oficial. O discurso foi feito de um caminhão de som ao lado de apoiadores.
7 de setembro no Rio; veja fotos
Brasília
Pela manhã, em Brasília, o presidente acompanhou o desfile cívico-militar e, em seguida, discursou para apoiadores na Esplanada dos Ministérios. As falas seguiram os motes da campanha à reeleição e, desta vez, contiveram ataques velados ao Supremo Tribunal Federal. “A voz do povo é a voz de Deus”, disse Bolsonaro enquanto a multidão de apoiadores vaiava a Suprema Corte brasileira.
“Hoje todos sabem que é o Poder Executivo, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal. Todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”, disse ele. “Todos nós mudamos. Todos nós nos aperfeiçoamos e podemos ser melhores no futuro.”
“Com a reeleição, traremos para as quatro linhas todos os que ousam ficar fora delas”, disse o presidente da República, que no entanto evitou atacar frontalmente a Corte e os ministros. Durante o breve discurso, Bolsonaro também repetiu bordões, como a suposta luta do bem contra o mal e pediu a seus apoiadores que busquem votos. “Vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós”, disse.
Bolsonaro também fez críticas ao PT, afirmando que o partido quase quebrou o País nos quase 14 anos que comandou a Presidência e, mais uma vez, apelou a termos machistas para se dirigir às mulheres. Ao usar a própria esposa, Michelle Bolsonaro, de forma eleitoreira, o presidente correu o risco de reforçar o rechaço entre as mulheres, justamente o segmento que, no diagnóstico de seu próprio comitê, impede que a campanha deslanche. Apelou a estereótipos machistas, como a busca de uma “princesa” para o casamento, e de masculinidade, regendo os gritos de “imbrochável”.