SÃO PAULO E BRASÍLIA – Após resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para dar mais efetividade ao combate à desinformação no processo eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição, disse que a decisão da Corte foi “censura” e que o País “está partindo para um estado ditatorial”. Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda nesta quinta-feira, 20, Bolsonaro afirmou que, dependendo de quem ganhar as eleições, “vamos ter um ponto final disso”.
Nesta quinta-feira, o TSE aprovou resolução que amplia os poderes do colegiado para determinar a remoção de notícias que considerar falsas e acelera o prazo para que a ordem seja cumprida. Num dos trechos mais polêmicos, o texto aprovado permite à Corte ordenar a exclusão de conteúdos já classificados pelos ministros como fake news que tenham sido replicados em outras redes sociais sem abertura de um novo processo. Além disso, canais que, na avaliação da Corte, divulgarem sistematicamente desinformação poderão ser temporariamente suspensos.
“Censura”, classificou o presidente. De acordo com ele, há três anos, tais inquéritos contra a liberdade de expressão começaram no País, mas Bolsonaro disse que era “alguém no deserto”. “Era ignorado”, declarou. O presidente disse que é preciso que os inquéritos tenham a participação do Ministério Público.
“Estamos partindo para um estado ditatorial”, disse. O candidato do PL pontuou que poucos veículos de imprensa reagiram contra a decisão do TSE e que era preciso ter uma reação mais “contundente”. Ele ainda cita a operação contra empresários bolsonaristas que teriam defendido um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições presidenciais, em agosto deste ano, como ação contra a liberdade de expressão dos cidadãos.
Para o presidente, o País precisa estar em alerta dependendo de quem ganhar as eleições. Na avaliação de Bolsonaro, caso Lula seja eleito, a censura será estabelecida no País. “Se o Lula vier aqui, pergunta o que ele acha disso”, disse o chefe do Executivo ao apresentador. “Após as eleições, depende de quem ganhar, vamos ter um ponto final disso”, afirmou.