O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira, 6, que as denúncias sobre a compra de imóveis com dinheiro em espécie por seus familiares “não têm base” e foram feitas para prejudicá-lo eleitoralmente. Repetindo o argumento dado dias atrás por um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL), o chefe do Executivo se defendeu dizendo que consta nas escrituras o termo “pago em moeda corrente”, que, segundo ele, não necessariamente significa cédulas de dinheiro vivo.
“Foi uma covardia soltar isso a um mês das eleições. Como não tem nada contra mim, ficam ao redor dos meus familiares”, afirmou, em entrevista à Jovem Pan. “Moeda corrente não é dinheiro vivo”, argumentou. Ele voltou a dizer que não há corrupção em seu governo.
Escrituras de compra e venda de imóveis por membros da família Bolsonaro, obtidas pelo Estadão, trazem a expressão “moeda corrente do País contada e achada certa”. Essa expressão, segundo funcionários de cartórios, significa pagamento em dinheiro vivo. A prática não é ilegal, mas é vista com desconfiança por órgãos de controle e investigação, como o Ministério Público.
“A matéria fala em 12 parentes, minha mãe que já faleceu, um ex-cunhado… a pergunta que eu faço: qual o relacionamento que eu tenho com essas pessoas? O que eu tenho que responder por elas?”, questionou o presidente. O caso foi revelado originalmente pelo site UOL, que identificou a compra com dinheiro vivo de metade dos imóveis da família.
O presidente disse temer que a Polícia Federal deflagre uma operação de busca e apreensão na casa de seus familiares para apurar as suspeitas de lavagem de dinheiro. Ele usou como exemplo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado em conversa no WhatsApp. “Tenho quase certeza que vão fazer busca e apreensão na casa de parentes meus para dar aquele ar de ‘olha, a família de corruptos’”, afirmou.
Decreto sobre armas de fogo
Bolsonaro criticou a decisão do ministro Edson Fachin, do STF, que restringiu a compra de armas de fogo por cidadãos comuns, até então autorizada por decretos do governo. O magistrado alegou que o risco de violência política embasou a sua decisão, que diz respeito a ações que estavam suspensas desde o ano passado na Corte após pedido de vistas do ministro Nunes Marques.
“Inventaram a violência política para pegar os decretos que estão com pedidos de vistas do ministro Nunes Marques e dar uma canetada para dizer que não tem mais arma no Brasil”, afirmou Bolsonaro. O presidente afirmou que Fachin tem de se manter “dentro das quatro linhas da Constituição” e prometeu que, se reeleito, “resolve o problema dos decretos”.