NOVA YORK, ESPECIAL PARA O ESTADÃO – O ex-presidente Jair Bolsonaro foi internado, nos Estados Unidos, com dores abdominais, nesta segunda-feira, 9. A informação foi confirmada inicialmente pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, em postagem em rede social. “Meus queridos, venho informar que o meu marido Jair Bolsonaro se encontra em observação no hospital em razão de um desconforto abdominal decorrente das sequelas da facada que levou em 2018″.
A ex-primeira dama pede orações pela saúde de Bolsonaro e também pelo Brasil - o ex-presidente já passou por quatro cirurgias para correção da hérnia incisional. O hospital onde Bolsonaro está internado é próximo da cidade de Kissimmee, na Flórida, onde o Bolsonaro está hospedado desde o dia 30 de dezembro quando deixou o Brasil. O ex-presidente está na casa de José Aldo, lutador profissional de MMA brasileiro aposentado e campeão do UFC.
Mais tarde, Bolsonaro confirmou a internação em uma postagem no Twitter. Ele citou as cirurgias pelas quais passou desde que sofreu atentado em Juiz de Fora (MG) ainda na campanha eleitoral de 2018 e agradeu as mensagens de apoio que recebeu.
A internação ocorre um dia depois de atos golpistas em Brasília. Bolsonaristas radicais invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e também a sede do Supremo Tribunal Federal. Houve extenso dano aos prédios, cujo inventário ainda está sendo feito, segundo informações divulgadas na tarde desta segunda-feira pelo ministro da Justiça, Flavio Dino.
O ex-presidente se pronunciou sobre os atos extremados seis horas após o início dos tumultos. Também de Orlando, onde está hospedado, o político publicou em uma rede social que as manifestações radicais fugiam à regra.
Bolsonaro se defendeu de ser responsável por incentivar as ações golpistas, que pediam intervenção federal e a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais cedo, Lula disse que seu antecessor também é responsável pelos atos de vandalismo que se espalharam por Brasília.
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Bolsonaro comparou os atos violentos de ontem a protestos “realizados pela esquerda em 2013 e 2017″”. Nos dois protestos usados como comparação pelo ex-presidente não houve invasões das sedes dos três Poderes nem depredações na dimensão como a que ocorreu neste domingo.
“Ao longo do meu mandato, sempre estive dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis, a democracia, a transparência e a nossa sagrada liberdade”, escreveu o ex-presidente. “No mais, repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do executivo do Brasil”, completou Bolsonaro.
Nesta segunda, o senador Renan Calheiros (MDB) pediu ao STF para que Bolsonaro seja extraditado. A solicitação será analisada pelo ministro Alexandre de Morais. Calheiros quer que Bolsonaro retorne dos Estados Unidos e se apresente no Brasil para esclarecer sua relação com os atos ocorridos em Brasília em até 72 horas para que seja preso em caso de se recusar a cumprir a determinação.