Bolsonaro fez do 7 de Setembro uma afronta explícita à legislação eleitoral; leia análise


Um evento oficial de Estado, viabilizado com recursos públicos, foi abertamente transformado em grandes atos de campanha do presidente

Por Flávia Pellegrino

O bicentenário da Independência do Brasil transformou-se em um grande comício da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Mais uma vez, o presidente da República usurpou eventos e elementos de caráter nacional e tradicionalmente agregadores da população brasileira para fabricar uma grande celebração de sua própria figura e de sua postura antirrepublicana e hostil a princípios, práticas e instituições democráticas.

Apesar do tom pretensamente moderado, as graves ofensivas contra os demais poderes da República (em especial o Judiciário), às instituições democráticas, ao sistema eleitoral e a seus adversários políticos seguiram sendo marca dos discursos de Bolsonaro neste 7 de Setembro. Os ataques mais francos e diretos, desta vez, ficaram a cargo de seus apoiadores, em uma aparente estratégia de conferir à população ali presente o anseio e o apelo por ações mais drásticas de ruptura do estado democrático de direito.

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Se, por um lado, houve um evidente cuidado em tentar lapidar a retórica invariavelmente radicalizada de Jair Bolsonaro, por outro, estivemos diante de uma afronta explícita à legislação eleitoral. Um evento oficial de Estado, viabilizado com recursos públicos, foi abertamente transformado em grandes atos de campanha do presidente às vésperas do pleito nacional. Abusos de poderes político e econômico parecem ser indiscutíveis e devem ser devidamente contestados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o Desfile Cívico-Militar em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil, em Brasília Foto: Wilton Júnior/Estadão

Independentemente da importância que a data carrega, da liturgia do cargo que ocupa ou mesmo dos limites impostos pela legislação eleitoral, Bolsonaro fez do 7 de setembro de 2022 mais um episódio lamentável para a democracia brasileira.

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Felizmente, não houve tentativas efetivas de ruptura ou episódios de violência, como se temia, no entanto, mais um passo foi dado no processo de deterioração do ambiente democrático em curso no país. Que, daqui em diante, o Brasil possa proclamar a independência também de projetos e governos autoritários que ameaçam as conquistas civilizatórias logradas nos últimos duzentos anos.

*É JORNALISTA, MESTRE EM CIÊNCIA POLÍTICA E COORDENADORA-EXECUTIVA DO PACTO PELA DEMOCRACIA

O bicentenário da Independência do Brasil transformou-se em um grande comício da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Mais uma vez, o presidente da República usurpou eventos e elementos de caráter nacional e tradicionalmente agregadores da população brasileira para fabricar uma grande celebração de sua própria figura e de sua postura antirrepublicana e hostil a princípios, práticas e instituições democráticas.

Apesar do tom pretensamente moderado, as graves ofensivas contra os demais poderes da República (em especial o Judiciário), às instituições democráticas, ao sistema eleitoral e a seus adversários políticos seguiram sendo marca dos discursos de Bolsonaro neste 7 de Setembro. Os ataques mais francos e diretos, desta vez, ficaram a cargo de seus apoiadores, em uma aparente estratégia de conferir à população ali presente o anseio e o apelo por ações mais drásticas de ruptura do estado democrático de direito.

Se, por um lado, houve um evidente cuidado em tentar lapidar a retórica invariavelmente radicalizada de Jair Bolsonaro, por outro, estivemos diante de uma afronta explícita à legislação eleitoral. Um evento oficial de Estado, viabilizado com recursos públicos, foi abertamente transformado em grandes atos de campanha do presidente às vésperas do pleito nacional. Abusos de poderes político e econômico parecem ser indiscutíveis e devem ser devidamente contestados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o Desfile Cívico-Militar em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil, em Brasília Foto: Wilton Júnior/Estadão

Independentemente da importância que a data carrega, da liturgia do cargo que ocupa ou mesmo dos limites impostos pela legislação eleitoral, Bolsonaro fez do 7 de setembro de 2022 mais um episódio lamentável para a democracia brasileira.

Felizmente, não houve tentativas efetivas de ruptura ou episódios de violência, como se temia, no entanto, mais um passo foi dado no processo de deterioração do ambiente democrático em curso no país. Que, daqui em diante, o Brasil possa proclamar a independência também de projetos e governos autoritários que ameaçam as conquistas civilizatórias logradas nos últimos duzentos anos.

*É JORNALISTA, MESTRE EM CIÊNCIA POLÍTICA E COORDENADORA-EXECUTIVA DO PACTO PELA DEMOCRACIA

O bicentenário da Independência do Brasil transformou-se em um grande comício da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Mais uma vez, o presidente da República usurpou eventos e elementos de caráter nacional e tradicionalmente agregadores da população brasileira para fabricar uma grande celebração de sua própria figura e de sua postura antirrepublicana e hostil a princípios, práticas e instituições democráticas.

Apesar do tom pretensamente moderado, as graves ofensivas contra os demais poderes da República (em especial o Judiciário), às instituições democráticas, ao sistema eleitoral e a seus adversários políticos seguiram sendo marca dos discursos de Bolsonaro neste 7 de Setembro. Os ataques mais francos e diretos, desta vez, ficaram a cargo de seus apoiadores, em uma aparente estratégia de conferir à população ali presente o anseio e o apelo por ações mais drásticas de ruptura do estado democrático de direito.

Se, por um lado, houve um evidente cuidado em tentar lapidar a retórica invariavelmente radicalizada de Jair Bolsonaro, por outro, estivemos diante de uma afronta explícita à legislação eleitoral. Um evento oficial de Estado, viabilizado com recursos públicos, foi abertamente transformado em grandes atos de campanha do presidente às vésperas do pleito nacional. Abusos de poderes político e econômico parecem ser indiscutíveis e devem ser devidamente contestados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o Desfile Cívico-Militar em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil, em Brasília Foto: Wilton Júnior/Estadão

Independentemente da importância que a data carrega, da liturgia do cargo que ocupa ou mesmo dos limites impostos pela legislação eleitoral, Bolsonaro fez do 7 de setembro de 2022 mais um episódio lamentável para a democracia brasileira.

Felizmente, não houve tentativas efetivas de ruptura ou episódios de violência, como se temia, no entanto, mais um passo foi dado no processo de deterioração do ambiente democrático em curso no país. Que, daqui em diante, o Brasil possa proclamar a independência também de projetos e governos autoritários que ameaçam as conquistas civilizatórias logradas nos últimos duzentos anos.

*É JORNALISTA, MESTRE EM CIÊNCIA POLÍTICA E COORDENADORA-EXECUTIVA DO PACTO PELA DEMOCRACIA

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