Bolsonaro liga Lula ao ‘mal’ e reforça chavão machista em busca de conexão com base; leia análise


Presidente usa discurso em ato político no 7 de Setembro até para comparar primeiras-damas, mas não manda mensagens a eleitores indecisos

Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro recorreu ao arsenal costumeiro para se conectar com os milhares de apoiadores que se aglomeraram no gramado da Esplanada dos Ministérios nesta quarta-feira, dia 7, convocados por ele para os atos do Sete de Setembro. O presidente subiu em um carro de som diante da multidão, cena clássica de comício eleitoral, mas não conseguir falar para além dos bolsonaristas já convertidos.

Sem propor nada de novo a indecisos ou a quem o rejeita, Bolsonaro pediu ajuda a seus apoiadores para convencer eleitores que pensam diferente de que é a melhor opção para o País. E, para isso, emendou uma grosseria às mulheres, ao comparar as “primeiras-damas”. Ao usar a própria esposa de forma eleitoreira, o presidente correu o risco de reforçar o rechaço entre as mulheres, justamente o segmento que, no diagnóstico de seu próprio comitê, impede que a campanha deslanche. Apelou a estereótipos machistas, como a busca de uma “princesa” para o casamento, e de masculinidade, regendo os gritos de “imbrochável”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa em Brasília do desfile de 7 de Setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil nesta quarta-feira.  Foto: Wilton Junior/Estadão
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“Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está à minha frente. Tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, se case com ela, para serem mais felizes ainda”, disse antes de beijar Michelle Bolsonaro.

O alvo da mensagem era Rosângela da Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato líder em intenções de voto. Aliados de Bolsonaro opuseram Janja a Michelle numa espécie de “guerra santa” nos primeiros dias da campanha, espalhando imagens da petista diante de orixás. Michelle é evangélica.

Sem citar o rival, Bolsonaro associou Lula ao mal e afirmou que o País estava “à beira do abismo, atolado em corrupção e desmandos”. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por quase 14 anos no País, quase quebrou a nossa pátria e agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão”, sentenciou, sendo correspondido com gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

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Discurso de presidente no 7 de Setembro mirou bolsonaristas, mas não mandou mensagens para eleitores ainda indecisos  Foto: Wilont Junior / Estadão

Diante da multidão, o presidente lançou mão de um repertório surrado. A economia ficou em segundo plano no discurso do candidato à reeleição. As dificuldades foram atribuídas à pandemia da covid-19 e à guerra da Ucrânia. Pregou um ressurgimento do País e disse que a gasolina brasileira é mais barata do mundo.

Bolsonaro agradeceu a Deus pela “segunda vida”, uma menção à facada que levou na campanha de 2018, e abusou de expressões de viés religioso como “terra prometida” e “liberdade eterna”. Falou contra a liberação das drogas, legalização do aborto e ideologia de gênero. Pregou respeito às polícias e às Forças Armadas, a defesa da família e lealdade ao povo.

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Com “ihuuu” tomado emprestado dos locutores de rodeio, como Cuiabano Lima, que o apresentou como “incorruptível” apesar dos negócios imobiliários sob suspeita do clã, o candidato do PL disse que seu governo “combate a corrupção para valer”. Ignorou os casos de corrupção no governo, como escândalo do MEC, revelado pelo Estadão, e as suspeitas de interferência em inquéritos da Polícia Federal.

Presidente Jair Bolsonaro posa para foto com bandeira que traz mensagem contra aborto e drogas. Foto: AP / AP

Bolsonaro se controlou em relação a um dos alvos preferidos, os ministros do Supremo Tribunal Federal, e não entregou o “recado aos surdos de capa preta” que havia prometido durante a convenção do PL no Maracanãzinho. Prometeu “trazer para as quatro linhas da Constituição os que ousem jogar fora delas” e repetiu a frase que havia insuflado o ginásio no Rio, em junho - “hoje todos sabem o que é o STF” -, deixando um hiato para a reação que sabia, mas as vaias ecoaram mais amenas e por menos tempo. A contestação das urnas eletrônicas ficou para trás.

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Bolsonaro se despiu para faixa presidencial que usava na tribuna de honra, mas não da figura de candidato que jamais deixou de ser. Circulou entre apoiadores, acenou à multidão e deu voz a ícones de sua militância, como o empresário Luciano Hang, alvo de investigações e bloqueios judiciais, e o pastor Silas Mafalaia.

Mais do que as palavras, o campanha vai usufruir das imagens captadas, como o beijo em Michelle e um breve discurso dela, convertida em anteparo e cabo eleitoral do marido, e das cenas da multidão que, para seus apoiadores, serve como “Data povo”, uma forma de questionar a veracidade das pesquisas que lhe colocam fora da liderança nas pesquisas de intenção de voto.

7 de setembro em Brasília; veja fotos

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Desfile 7 de setembro em Brasília

Foto: Wilton Junior/Estadão - 07/09/2022
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Foto: Wilton Junior/Estadão - 07/09/2022

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro recorreu ao arsenal costumeiro para se conectar com os milhares de apoiadores que se aglomeraram no gramado da Esplanada dos Ministérios nesta quarta-feira, dia 7, convocados por ele para os atos do Sete de Setembro. O presidente subiu em um carro de som diante da multidão, cena clássica de comício eleitoral, mas não conseguir falar para além dos bolsonaristas já convertidos.

Sem propor nada de novo a indecisos ou a quem o rejeita, Bolsonaro pediu ajuda a seus apoiadores para convencer eleitores que pensam diferente de que é a melhor opção para o País. E, para isso, emendou uma grosseria às mulheres, ao comparar as “primeiras-damas”. Ao usar a própria esposa de forma eleitoreira, o presidente correu o risco de reforçar o rechaço entre as mulheres, justamente o segmento que, no diagnóstico de seu próprio comitê, impede que a campanha deslanche. Apelou a estereótipos machistas, como a busca de uma “princesa” para o casamento, e de masculinidade, regendo os gritos de “imbrochável”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa em Brasília do desfile de 7 de Setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil nesta quarta-feira.  Foto: Wilton Junior/Estadão

“Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está à minha frente. Tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, se case com ela, para serem mais felizes ainda”, disse antes de beijar Michelle Bolsonaro.

O alvo da mensagem era Rosângela da Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato líder em intenções de voto. Aliados de Bolsonaro opuseram Janja a Michelle numa espécie de “guerra santa” nos primeiros dias da campanha, espalhando imagens da petista diante de orixás. Michelle é evangélica.

Sem citar o rival, Bolsonaro associou Lula ao mal e afirmou que o País estava “à beira do abismo, atolado em corrupção e desmandos”. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por quase 14 anos no País, quase quebrou a nossa pátria e agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão”, sentenciou, sendo correspondido com gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Discurso de presidente no 7 de Setembro mirou bolsonaristas, mas não mandou mensagens para eleitores ainda indecisos  Foto: Wilont Junior / Estadão

Diante da multidão, o presidente lançou mão de um repertório surrado. A economia ficou em segundo plano no discurso do candidato à reeleição. As dificuldades foram atribuídas à pandemia da covid-19 e à guerra da Ucrânia. Pregou um ressurgimento do País e disse que a gasolina brasileira é mais barata do mundo.

Bolsonaro agradeceu a Deus pela “segunda vida”, uma menção à facada que levou na campanha de 2018, e abusou de expressões de viés religioso como “terra prometida” e “liberdade eterna”. Falou contra a liberação das drogas, legalização do aborto e ideologia de gênero. Pregou respeito às polícias e às Forças Armadas, a defesa da família e lealdade ao povo.

Com “ihuuu” tomado emprestado dos locutores de rodeio, como Cuiabano Lima, que o apresentou como “incorruptível” apesar dos negócios imobiliários sob suspeita do clã, o candidato do PL disse que seu governo “combate a corrupção para valer”. Ignorou os casos de corrupção no governo, como escândalo do MEC, revelado pelo Estadão, e as suspeitas de interferência em inquéritos da Polícia Federal.

Presidente Jair Bolsonaro posa para foto com bandeira que traz mensagem contra aborto e drogas. Foto: AP / AP

Bolsonaro se controlou em relação a um dos alvos preferidos, os ministros do Supremo Tribunal Federal, e não entregou o “recado aos surdos de capa preta” que havia prometido durante a convenção do PL no Maracanãzinho. Prometeu “trazer para as quatro linhas da Constituição os que ousem jogar fora delas” e repetiu a frase que havia insuflado o ginásio no Rio, em junho - “hoje todos sabem o que é o STF” -, deixando um hiato para a reação que sabia, mas as vaias ecoaram mais amenas e por menos tempo. A contestação das urnas eletrônicas ficou para trás.

Bolsonaro se despiu para faixa presidencial que usava na tribuna de honra, mas não da figura de candidato que jamais deixou de ser. Circulou entre apoiadores, acenou à multidão e deu voz a ícones de sua militância, como o empresário Luciano Hang, alvo de investigações e bloqueios judiciais, e o pastor Silas Mafalaia.

Mais do que as palavras, o campanha vai usufruir das imagens captadas, como o beijo em Michelle e um breve discurso dela, convertida em anteparo e cabo eleitoral do marido, e das cenas da multidão que, para seus apoiadores, serve como “Data povo”, uma forma de questionar a veracidade das pesquisas que lhe colocam fora da liderança nas pesquisas de intenção de voto.

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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro recorreu ao arsenal costumeiro para se conectar com os milhares de apoiadores que se aglomeraram no gramado da Esplanada dos Ministérios nesta quarta-feira, dia 7, convocados por ele para os atos do Sete de Setembro. O presidente subiu em um carro de som diante da multidão, cena clássica de comício eleitoral, mas não conseguir falar para além dos bolsonaristas já convertidos.

Sem propor nada de novo a indecisos ou a quem o rejeita, Bolsonaro pediu ajuda a seus apoiadores para convencer eleitores que pensam diferente de que é a melhor opção para o País. E, para isso, emendou uma grosseria às mulheres, ao comparar as “primeiras-damas”. Ao usar a própria esposa de forma eleitoreira, o presidente correu o risco de reforçar o rechaço entre as mulheres, justamente o segmento que, no diagnóstico de seu próprio comitê, impede que a campanha deslanche. Apelou a estereótipos machistas, como a busca de uma “princesa” para o casamento, e de masculinidade, regendo os gritos de “imbrochável”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa em Brasília do desfile de 7 de Setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil nesta quarta-feira.  Foto: Wilton Junior/Estadão

“Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está à minha frente. Tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, se case com ela, para serem mais felizes ainda”, disse antes de beijar Michelle Bolsonaro.

O alvo da mensagem era Rosângela da Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato líder em intenções de voto. Aliados de Bolsonaro opuseram Janja a Michelle numa espécie de “guerra santa” nos primeiros dias da campanha, espalhando imagens da petista diante de orixás. Michelle é evangélica.

Sem citar o rival, Bolsonaro associou Lula ao mal e afirmou que o País estava “à beira do abismo, atolado em corrupção e desmandos”. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por quase 14 anos no País, quase quebrou a nossa pátria e agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão”, sentenciou, sendo correspondido com gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Discurso de presidente no 7 de Setembro mirou bolsonaristas, mas não mandou mensagens para eleitores ainda indecisos  Foto: Wilont Junior / Estadão

Diante da multidão, o presidente lançou mão de um repertório surrado. A economia ficou em segundo plano no discurso do candidato à reeleição. As dificuldades foram atribuídas à pandemia da covid-19 e à guerra da Ucrânia. Pregou um ressurgimento do País e disse que a gasolina brasileira é mais barata do mundo.

Bolsonaro agradeceu a Deus pela “segunda vida”, uma menção à facada que levou na campanha de 2018, e abusou de expressões de viés religioso como “terra prometida” e “liberdade eterna”. Falou contra a liberação das drogas, legalização do aborto e ideologia de gênero. Pregou respeito às polícias e às Forças Armadas, a defesa da família e lealdade ao povo.

Com “ihuuu” tomado emprestado dos locutores de rodeio, como Cuiabano Lima, que o apresentou como “incorruptível” apesar dos negócios imobiliários sob suspeita do clã, o candidato do PL disse que seu governo “combate a corrupção para valer”. Ignorou os casos de corrupção no governo, como escândalo do MEC, revelado pelo Estadão, e as suspeitas de interferência em inquéritos da Polícia Federal.

Presidente Jair Bolsonaro posa para foto com bandeira que traz mensagem contra aborto e drogas. Foto: AP / AP

Bolsonaro se controlou em relação a um dos alvos preferidos, os ministros do Supremo Tribunal Federal, e não entregou o “recado aos surdos de capa preta” que havia prometido durante a convenção do PL no Maracanãzinho. Prometeu “trazer para as quatro linhas da Constituição os que ousem jogar fora delas” e repetiu a frase que havia insuflado o ginásio no Rio, em junho - “hoje todos sabem o que é o STF” -, deixando um hiato para a reação que sabia, mas as vaias ecoaram mais amenas e por menos tempo. A contestação das urnas eletrônicas ficou para trás.

Bolsonaro se despiu para faixa presidencial que usava na tribuna de honra, mas não da figura de candidato que jamais deixou de ser. Circulou entre apoiadores, acenou à multidão e deu voz a ícones de sua militância, como o empresário Luciano Hang, alvo de investigações e bloqueios judiciais, e o pastor Silas Mafalaia.

Mais do que as palavras, o campanha vai usufruir das imagens captadas, como o beijo em Michelle e um breve discurso dela, convertida em anteparo e cabo eleitoral do marido, e das cenas da multidão que, para seus apoiadores, serve como “Data povo”, uma forma de questionar a veracidade das pesquisas que lhe colocam fora da liderança nas pesquisas de intenção de voto.

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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro recorreu ao arsenal costumeiro para se conectar com os milhares de apoiadores que se aglomeraram no gramado da Esplanada dos Ministérios nesta quarta-feira, dia 7, convocados por ele para os atos do Sete de Setembro. O presidente subiu em um carro de som diante da multidão, cena clássica de comício eleitoral, mas não conseguir falar para além dos bolsonaristas já convertidos.

Sem propor nada de novo a indecisos ou a quem o rejeita, Bolsonaro pediu ajuda a seus apoiadores para convencer eleitores que pensam diferente de que é a melhor opção para o País. E, para isso, emendou uma grosseria às mulheres, ao comparar as “primeiras-damas”. Ao usar a própria esposa de forma eleitoreira, o presidente correu o risco de reforçar o rechaço entre as mulheres, justamente o segmento que, no diagnóstico de seu próprio comitê, impede que a campanha deslanche. Apelou a estereótipos machistas, como a busca de uma “princesa” para o casamento, e de masculinidade, regendo os gritos de “imbrochável”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa em Brasília do desfile de 7 de Setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil nesta quarta-feira.  Foto: Wilton Junior/Estadão

“Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está à minha frente. Tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, se case com ela, para serem mais felizes ainda”, disse antes de beijar Michelle Bolsonaro.

O alvo da mensagem era Rosângela da Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato líder em intenções de voto. Aliados de Bolsonaro opuseram Janja a Michelle numa espécie de “guerra santa” nos primeiros dias da campanha, espalhando imagens da petista diante de orixás. Michelle é evangélica.

Sem citar o rival, Bolsonaro associou Lula ao mal e afirmou que o País estava “à beira do abismo, atolado em corrupção e desmandos”. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por quase 14 anos no País, quase quebrou a nossa pátria e agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão”, sentenciou, sendo correspondido com gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Discurso de presidente no 7 de Setembro mirou bolsonaristas, mas não mandou mensagens para eleitores ainda indecisos  Foto: Wilont Junior / Estadão

Diante da multidão, o presidente lançou mão de um repertório surrado. A economia ficou em segundo plano no discurso do candidato à reeleição. As dificuldades foram atribuídas à pandemia da covid-19 e à guerra da Ucrânia. Pregou um ressurgimento do País e disse que a gasolina brasileira é mais barata do mundo.

Bolsonaro agradeceu a Deus pela “segunda vida”, uma menção à facada que levou na campanha de 2018, e abusou de expressões de viés religioso como “terra prometida” e “liberdade eterna”. Falou contra a liberação das drogas, legalização do aborto e ideologia de gênero. Pregou respeito às polícias e às Forças Armadas, a defesa da família e lealdade ao povo.

Com “ihuuu” tomado emprestado dos locutores de rodeio, como Cuiabano Lima, que o apresentou como “incorruptível” apesar dos negócios imobiliários sob suspeita do clã, o candidato do PL disse que seu governo “combate a corrupção para valer”. Ignorou os casos de corrupção no governo, como escândalo do MEC, revelado pelo Estadão, e as suspeitas de interferência em inquéritos da Polícia Federal.

Presidente Jair Bolsonaro posa para foto com bandeira que traz mensagem contra aborto e drogas. Foto: AP / AP

Bolsonaro se controlou em relação a um dos alvos preferidos, os ministros do Supremo Tribunal Federal, e não entregou o “recado aos surdos de capa preta” que havia prometido durante a convenção do PL no Maracanãzinho. Prometeu “trazer para as quatro linhas da Constituição os que ousem jogar fora delas” e repetiu a frase que havia insuflado o ginásio no Rio, em junho - “hoje todos sabem o que é o STF” -, deixando um hiato para a reação que sabia, mas as vaias ecoaram mais amenas e por menos tempo. A contestação das urnas eletrônicas ficou para trás.

Bolsonaro se despiu para faixa presidencial que usava na tribuna de honra, mas não da figura de candidato que jamais deixou de ser. Circulou entre apoiadores, acenou à multidão e deu voz a ícones de sua militância, como o empresário Luciano Hang, alvo de investigações e bloqueios judiciais, e o pastor Silas Mafalaia.

Mais do que as palavras, o campanha vai usufruir das imagens captadas, como o beijo em Michelle e um breve discurso dela, convertida em anteparo e cabo eleitoral do marido, e das cenas da multidão que, para seus apoiadores, serve como “Data povo”, uma forma de questionar a veracidade das pesquisas que lhe colocam fora da liderança nas pesquisas de intenção de voto.

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Sem propor nada de novo a indecisos ou a quem o rejeita, Bolsonaro pediu ajuda a seus apoiadores para convencer eleitores que pensam diferente de que é a melhor opção para o País. E, para isso, emendou uma grosseria às mulheres, ao comparar as “primeiras-damas”. Ao usar a própria esposa de forma eleitoreira, o presidente correu o risco de reforçar o rechaço entre as mulheres, justamente o segmento que, no diagnóstico de seu próprio comitê, impede que a campanha deslanche. Apelou a estereótipos machistas, como a busca de uma “princesa” para o casamento, e de masculinidade, regendo os gritos de “imbrochável”.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa em Brasília do desfile de 7 de Setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil nesta quarta-feira.  Foto: Wilton Junior/Estadão

“Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está à minha frente. Tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, se case com ela, para serem mais felizes ainda”, disse antes de beijar Michelle Bolsonaro.

O alvo da mensagem era Rosângela da Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato líder em intenções de voto. Aliados de Bolsonaro opuseram Janja a Michelle numa espécie de “guerra santa” nos primeiros dias da campanha, espalhando imagens da petista diante de orixás. Michelle é evangélica.

Sem citar o rival, Bolsonaro associou Lula ao mal e afirmou que o País estava “à beira do abismo, atolado em corrupção e desmandos”. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por quase 14 anos no País, quase quebrou a nossa pátria e agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão”, sentenciou, sendo correspondido com gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Discurso de presidente no 7 de Setembro mirou bolsonaristas, mas não mandou mensagens para eleitores ainda indecisos  Foto: Wilont Junior / Estadão

Diante da multidão, o presidente lançou mão de um repertório surrado. A economia ficou em segundo plano no discurso do candidato à reeleição. As dificuldades foram atribuídas à pandemia da covid-19 e à guerra da Ucrânia. Pregou um ressurgimento do País e disse que a gasolina brasileira é mais barata do mundo.

Bolsonaro agradeceu a Deus pela “segunda vida”, uma menção à facada que levou na campanha de 2018, e abusou de expressões de viés religioso como “terra prometida” e “liberdade eterna”. Falou contra a liberação das drogas, legalização do aborto e ideologia de gênero. Pregou respeito às polícias e às Forças Armadas, a defesa da família e lealdade ao povo.

Com “ihuuu” tomado emprestado dos locutores de rodeio, como Cuiabano Lima, que o apresentou como “incorruptível” apesar dos negócios imobiliários sob suspeita do clã, o candidato do PL disse que seu governo “combate a corrupção para valer”. Ignorou os casos de corrupção no governo, como escândalo do MEC, revelado pelo Estadão, e as suspeitas de interferência em inquéritos da Polícia Federal.

Presidente Jair Bolsonaro posa para foto com bandeira que traz mensagem contra aborto e drogas. Foto: AP / AP

Bolsonaro se controlou em relação a um dos alvos preferidos, os ministros do Supremo Tribunal Federal, e não entregou o “recado aos surdos de capa preta” que havia prometido durante a convenção do PL no Maracanãzinho. Prometeu “trazer para as quatro linhas da Constituição os que ousem jogar fora delas” e repetiu a frase que havia insuflado o ginásio no Rio, em junho - “hoje todos sabem o que é o STF” -, deixando um hiato para a reação que sabia, mas as vaias ecoaram mais amenas e por menos tempo. A contestação das urnas eletrônicas ficou para trás.

Bolsonaro se despiu para faixa presidencial que usava na tribuna de honra, mas não da figura de candidato que jamais deixou de ser. Circulou entre apoiadores, acenou à multidão e deu voz a ícones de sua militância, como o empresário Luciano Hang, alvo de investigações e bloqueios judiciais, e o pastor Silas Mafalaia.

Mais do que as palavras, o campanha vai usufruir das imagens captadas, como o beijo em Michelle e um breve discurso dela, convertida em anteparo e cabo eleitoral do marido, e das cenas da multidão que, para seus apoiadores, serve como “Data povo”, uma forma de questionar a veracidade das pesquisas que lhe colocam fora da liderança nas pesquisas de intenção de voto.

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