Após motociata, Bolsonaro volta a atacar Barroso: 'Quer a volta da fraude eleitoral'


Presidente renovou ataques ao ministro e presidente do TSE após semana conturbada por conflitos com outros poderes

Por Redação
Atualização:

Após uma semana marcada por conflitos com membros da CPI da Covid e ataques às eleições e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste sábado, 10, de uma motociata com apoiadores em Porto Alegre. Assim como aconteceu em atos anteriores, ele não usou máscara. Uma mulher que se manifestava contra o presidente chegou a ser presa. Ao final, Bolsonaro fez um breve discurso aos presentes e nele voltou a atacar a comissão e o ministro do STF, Luís Roberto Barroso.

“O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral”, disse Bolsonaro do alto de um carro de som ao defender o voto impresso nas eleições de 2022. O ministro, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já afirmou que a proposta representa um "risco para o processo eleitoral".

Presidente Jair Bolsonaro participa de motociata com apoiadores em Porto Alegre neste sábado, 10. Foto: Diego Vara/Reuters
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Antes de chegar ao microfone, Bolsonaro conversou rapidamente com a imprensa, mas evitou responder perguntas sobre a CPI da Covid e o escândalo das rachadinhas. O tom agressivo do presidente se fez presente mais uma vez, disparando ataques. Antes de Barroso, o alvo foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto para 2022. "Se aquele de nove dedos tem 60% (de intenção de voto) segundo o Datafolha, vamos fazer o voto impresso e auditável da deputada Bia Kicis (PSL-DF), que está aqui, para ver se ele ganha realmente no primeiro turno", declarou Bolsonaro aproveitando para mais uma vez colocar sob suspeita o sistema eleitoral pelo qual foi eleito deputado federal e presidente.

Sobre as denúncias de pedido de propina para compra da Covaxin, Bolsonaro defendeu os órgãos de controle e negou crime. "Querem imputar em mim um crime de corrupção onde (sic) uma dose sequer de vacina foi comprada." Mais cedo, quando questionado sobre a denúncia de supostas irregularidades na compra do imunizante em entrevista a uma rádio, Bolsonaro afirmou que não pode tomar providência de "qualquer coisa" que chegue até ele.

O presidente também voltou a defender o uso da cloroquina em seu discurso, falando do estado de saúde de um dos senadores da CPI, Otto Alencar (PSD-BA), que foi ontem diagnosticado com a doença. “Tem agora um elemento, um senador da CPI que está com covid, quero saber se ele vai ficar em casa ou se vai tomar cloroquina”, disse Bolsonaro, sem citar o nome do senador. 

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Mulher foi presa por desacato; Eduardo Leite manda apurar caso

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS), que não participou da motociata, informou que o Estado do Rio Grande do Sul irá apurar “com rigor” as condições em que se deu a prisão pela Brigada Militar de uma manifestante de 47 anos contrária ao presidente e à motociata. “O Estado irá apurar com rigor as condições em que se deu o recolhimento de manifestante hoje em Porto Alegre”, escreveu Eduardo Leite, em seu perfil no Twitter. 

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Na mesma rede social, há imagens da prisão da manifestante de oposição pela Brigada Militar. Segundo as pessoas que criticaram a atitude dos policiais no momento da ação, ela estava apenas “batendo panela” junto a um grupo de manifestantes contrários ao presidente que se reuniu próximo ao cruzamento das avenidas João Pessoa e Venâncio Aires. Os policiais ignoraram os pedidos de soltura.

Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP-RS), a manifestante estava agredindo motociclistas com chutes. “Apesar das repetidas tentativas das PMs de afastar a mulher, ela desobedeceu a ordem, desacatou as PMs que a abordaram, tentou chutar um dos motociclistas e manteve as ameaças de agressão”, justificou a SSP-RS.

Também de acordo com a publicação da secretaria, a mulher foi contida por policiais femininas e conduzida até a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), onde assinou um termo circunstanciado por desobediência e foi liberada.

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Visita ao Rio Grande do Sul

O presidente chegou ao estacionamento da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) por volta das 9h40. Sem falar com a imprensa, Bolsonaro circulou pelo local cumprimentando o público, sempre sem máscara. Às 10h, ele começou a motociata que percorreu cerca de 72 quilômetros. Apenas no final do passeio, por volta das 12h ele e os apoiadores retornaram ao estacionamento da Fiergs onde foram feitas as manifestações. Após o discurso, o presidente participou de um almoço com empresários gaúchos. O evento foi fechado para a imprensa.

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Bolsonaro está no Rio Grande do Sul desde a tarde de ontem, quando participou de feira em Caxias do Sul. “(Quanto) às pressões que eu enfrento, fiquem tranquilos, meu couro é grosso”, disse ele em discurso aos presentes no evento. A fala repercutiu nas redes sociais também pelo acesso de soluços do presidente durante a fala, como é possível ver no vídeo publicado pelo perfil do Planalto no Twitter (a partir de 2h07). O presidente abriu a sua tradicional live de quinta-feira dizendo que estava “há uma semana” com o ataque e que, por isso, talvez não conseguisse se “expressar adequadamente” na transmissão.

De Caxias do Sul, ele partiu para Bento Gonçalves para um jantar com empresários, e nesta manhã foi até Porto Alegre. O presidente está acompanhado de Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Tarcísio de Freitas, do Ministério da Infraestrutura, e de Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia. O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), membro da CPI da Covid, também estava no palanque junto ao presidente, e o passeio foi transmitido deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS).

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Durante a semana, cresceu a pressão por uma resposta de Bolsonaro aos indícios de corrupção em seu governo, segundo oitivas da CPI da Covid. A cúpula da comissão enviou uma carta ao presidente pedindo para que ele se manifestasse a respeito das acusações, mas o presidente se negou a respondê-la. O chefe do Executivo também fez novos ataques às eleições com urna eletrônica, repetindo acusações sem fundamento de fraudes e ameaçando, inclusive, a não fazê-las em 2022 caso não seja implantado um sistema de voto impresso.  As declarações provocaram fortes reações do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do ministro Barroso.

Bolsonaro faz novo passeio com motociclistas neste sábado, 10, em Porto Alegre; encontro começou pela manhã. Foto: Diego Vara/Reuters

O encontro faz parte de uma série de eventos em que o presidente busca reforçar a relação com a sua base mais fiel. O presidente já participou de passeios em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Chapecó, em Santa Catarina. Após a motociata de São Paulo, estimada em ter custado R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, Bolsonaro foi multado em R$ 552,71 por não ter usado máscara contra o coronavírus no trajeto. Cenas de aglomeração também foram recorrentes em passeios anteriores.

Porto Alegre ainda vive um cenário preocupante da pandemia, apesar de o número de internações ser o menor em cinco meses. A taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade está em 82,85%, segundo dados da prefeitura da capital gaúcha atualizados pela última vez no final da tarde desta sexta, 9. A cidade teve 159.192 casos confirmados da doença e 5.194 óbitos. / EDUARDO AMARAL, ESPECIAL PARA O ESTADÃO, E ERNANI FAGUNDES, DO ESTADÃO

Após uma semana marcada por conflitos com membros da CPI da Covid e ataques às eleições e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste sábado, 10, de uma motociata com apoiadores em Porto Alegre. Assim como aconteceu em atos anteriores, ele não usou máscara. Uma mulher que se manifestava contra o presidente chegou a ser presa. Ao final, Bolsonaro fez um breve discurso aos presentes e nele voltou a atacar a comissão e o ministro do STF, Luís Roberto Barroso.

“O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral”, disse Bolsonaro do alto de um carro de som ao defender o voto impresso nas eleições de 2022. O ministro, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já afirmou que a proposta representa um "risco para o processo eleitoral".

Presidente Jair Bolsonaro participa de motociata com apoiadores em Porto Alegre neste sábado, 10. Foto: Diego Vara/Reuters

Antes de chegar ao microfone, Bolsonaro conversou rapidamente com a imprensa, mas evitou responder perguntas sobre a CPI da Covid e o escândalo das rachadinhas. O tom agressivo do presidente se fez presente mais uma vez, disparando ataques. Antes de Barroso, o alvo foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto para 2022. "Se aquele de nove dedos tem 60% (de intenção de voto) segundo o Datafolha, vamos fazer o voto impresso e auditável da deputada Bia Kicis (PSL-DF), que está aqui, para ver se ele ganha realmente no primeiro turno", declarou Bolsonaro aproveitando para mais uma vez colocar sob suspeita o sistema eleitoral pelo qual foi eleito deputado federal e presidente.

Sobre as denúncias de pedido de propina para compra da Covaxin, Bolsonaro defendeu os órgãos de controle e negou crime. "Querem imputar em mim um crime de corrupção onde (sic) uma dose sequer de vacina foi comprada." Mais cedo, quando questionado sobre a denúncia de supostas irregularidades na compra do imunizante em entrevista a uma rádio, Bolsonaro afirmou que não pode tomar providência de "qualquer coisa" que chegue até ele.

O presidente também voltou a defender o uso da cloroquina em seu discurso, falando do estado de saúde de um dos senadores da CPI, Otto Alencar (PSD-BA), que foi ontem diagnosticado com a doença. “Tem agora um elemento, um senador da CPI que está com covid, quero saber se ele vai ficar em casa ou se vai tomar cloroquina”, disse Bolsonaro, sem citar o nome do senador. 

Mulher foi presa por desacato; Eduardo Leite manda apurar caso

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS), que não participou da motociata, informou que o Estado do Rio Grande do Sul irá apurar “com rigor” as condições em que se deu a prisão pela Brigada Militar de uma manifestante de 47 anos contrária ao presidente e à motociata. “O Estado irá apurar com rigor as condições em que se deu o recolhimento de manifestante hoje em Porto Alegre”, escreveu Eduardo Leite, em seu perfil no Twitter. 

Na mesma rede social, há imagens da prisão da manifestante de oposição pela Brigada Militar. Segundo as pessoas que criticaram a atitude dos policiais no momento da ação, ela estava apenas “batendo panela” junto a um grupo de manifestantes contrários ao presidente que se reuniu próximo ao cruzamento das avenidas João Pessoa e Venâncio Aires. Os policiais ignoraram os pedidos de soltura.

Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP-RS), a manifestante estava agredindo motociclistas com chutes. “Apesar das repetidas tentativas das PMs de afastar a mulher, ela desobedeceu a ordem, desacatou as PMs que a abordaram, tentou chutar um dos motociclistas e manteve as ameaças de agressão”, justificou a SSP-RS.

Também de acordo com a publicação da secretaria, a mulher foi contida por policiais femininas e conduzida até a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), onde assinou um termo circunstanciado por desobediência e foi liberada.

Visita ao Rio Grande do Sul

O presidente chegou ao estacionamento da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) por volta das 9h40. Sem falar com a imprensa, Bolsonaro circulou pelo local cumprimentando o público, sempre sem máscara. Às 10h, ele começou a motociata que percorreu cerca de 72 quilômetros. Apenas no final do passeio, por volta das 12h ele e os apoiadores retornaram ao estacionamento da Fiergs onde foram feitas as manifestações. Após o discurso, o presidente participou de um almoço com empresários gaúchos. O evento foi fechado para a imprensa.

Bolsonaro está no Rio Grande do Sul desde a tarde de ontem, quando participou de feira em Caxias do Sul. “(Quanto) às pressões que eu enfrento, fiquem tranquilos, meu couro é grosso”, disse ele em discurso aos presentes no evento. A fala repercutiu nas redes sociais também pelo acesso de soluços do presidente durante a fala, como é possível ver no vídeo publicado pelo perfil do Planalto no Twitter (a partir de 2h07). O presidente abriu a sua tradicional live de quinta-feira dizendo que estava “há uma semana” com o ataque e que, por isso, talvez não conseguisse se “expressar adequadamente” na transmissão.

De Caxias do Sul, ele partiu para Bento Gonçalves para um jantar com empresários, e nesta manhã foi até Porto Alegre. O presidente está acompanhado de Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Tarcísio de Freitas, do Ministério da Infraestrutura, e de Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia. O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), membro da CPI da Covid, também estava no palanque junto ao presidente, e o passeio foi transmitido deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS).

Durante a semana, cresceu a pressão por uma resposta de Bolsonaro aos indícios de corrupção em seu governo, segundo oitivas da CPI da Covid. A cúpula da comissão enviou uma carta ao presidente pedindo para que ele se manifestasse a respeito das acusações, mas o presidente se negou a respondê-la. O chefe do Executivo também fez novos ataques às eleições com urna eletrônica, repetindo acusações sem fundamento de fraudes e ameaçando, inclusive, a não fazê-las em 2022 caso não seja implantado um sistema de voto impresso.  As declarações provocaram fortes reações do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do ministro Barroso.

Bolsonaro faz novo passeio com motociclistas neste sábado, 10, em Porto Alegre; encontro começou pela manhã. Foto: Diego Vara/Reuters

O encontro faz parte de uma série de eventos em que o presidente busca reforçar a relação com a sua base mais fiel. O presidente já participou de passeios em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Chapecó, em Santa Catarina. Após a motociata de São Paulo, estimada em ter custado R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, Bolsonaro foi multado em R$ 552,71 por não ter usado máscara contra o coronavírus no trajeto. Cenas de aglomeração também foram recorrentes em passeios anteriores.

Porto Alegre ainda vive um cenário preocupante da pandemia, apesar de o número de internações ser o menor em cinco meses. A taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade está em 82,85%, segundo dados da prefeitura da capital gaúcha atualizados pela última vez no final da tarde desta sexta, 9. A cidade teve 159.192 casos confirmados da doença e 5.194 óbitos. / EDUARDO AMARAL, ESPECIAL PARA O ESTADÃO, E ERNANI FAGUNDES, DO ESTADÃO

Após uma semana marcada por conflitos com membros da CPI da Covid e ataques às eleições e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste sábado, 10, de uma motociata com apoiadores em Porto Alegre. Assim como aconteceu em atos anteriores, ele não usou máscara. Uma mulher que se manifestava contra o presidente chegou a ser presa. Ao final, Bolsonaro fez um breve discurso aos presentes e nele voltou a atacar a comissão e o ministro do STF, Luís Roberto Barroso.

“O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral”, disse Bolsonaro do alto de um carro de som ao defender o voto impresso nas eleições de 2022. O ministro, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já afirmou que a proposta representa um "risco para o processo eleitoral".

Presidente Jair Bolsonaro participa de motociata com apoiadores em Porto Alegre neste sábado, 10. Foto: Diego Vara/Reuters

Antes de chegar ao microfone, Bolsonaro conversou rapidamente com a imprensa, mas evitou responder perguntas sobre a CPI da Covid e o escândalo das rachadinhas. O tom agressivo do presidente se fez presente mais uma vez, disparando ataques. Antes de Barroso, o alvo foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto para 2022. "Se aquele de nove dedos tem 60% (de intenção de voto) segundo o Datafolha, vamos fazer o voto impresso e auditável da deputada Bia Kicis (PSL-DF), que está aqui, para ver se ele ganha realmente no primeiro turno", declarou Bolsonaro aproveitando para mais uma vez colocar sob suspeita o sistema eleitoral pelo qual foi eleito deputado federal e presidente.

Sobre as denúncias de pedido de propina para compra da Covaxin, Bolsonaro defendeu os órgãos de controle e negou crime. "Querem imputar em mim um crime de corrupção onde (sic) uma dose sequer de vacina foi comprada." Mais cedo, quando questionado sobre a denúncia de supostas irregularidades na compra do imunizante em entrevista a uma rádio, Bolsonaro afirmou que não pode tomar providência de "qualquer coisa" que chegue até ele.

O presidente também voltou a defender o uso da cloroquina em seu discurso, falando do estado de saúde de um dos senadores da CPI, Otto Alencar (PSD-BA), que foi ontem diagnosticado com a doença. “Tem agora um elemento, um senador da CPI que está com covid, quero saber se ele vai ficar em casa ou se vai tomar cloroquina”, disse Bolsonaro, sem citar o nome do senador. 

Mulher foi presa por desacato; Eduardo Leite manda apurar caso

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS), que não participou da motociata, informou que o Estado do Rio Grande do Sul irá apurar “com rigor” as condições em que se deu a prisão pela Brigada Militar de uma manifestante de 47 anos contrária ao presidente e à motociata. “O Estado irá apurar com rigor as condições em que se deu o recolhimento de manifestante hoje em Porto Alegre”, escreveu Eduardo Leite, em seu perfil no Twitter. 

Na mesma rede social, há imagens da prisão da manifestante de oposição pela Brigada Militar. Segundo as pessoas que criticaram a atitude dos policiais no momento da ação, ela estava apenas “batendo panela” junto a um grupo de manifestantes contrários ao presidente que se reuniu próximo ao cruzamento das avenidas João Pessoa e Venâncio Aires. Os policiais ignoraram os pedidos de soltura.

Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP-RS), a manifestante estava agredindo motociclistas com chutes. “Apesar das repetidas tentativas das PMs de afastar a mulher, ela desobedeceu a ordem, desacatou as PMs que a abordaram, tentou chutar um dos motociclistas e manteve as ameaças de agressão”, justificou a SSP-RS.

Também de acordo com a publicação da secretaria, a mulher foi contida por policiais femininas e conduzida até a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), onde assinou um termo circunstanciado por desobediência e foi liberada.

Visita ao Rio Grande do Sul

O presidente chegou ao estacionamento da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) por volta das 9h40. Sem falar com a imprensa, Bolsonaro circulou pelo local cumprimentando o público, sempre sem máscara. Às 10h, ele começou a motociata que percorreu cerca de 72 quilômetros. Apenas no final do passeio, por volta das 12h ele e os apoiadores retornaram ao estacionamento da Fiergs onde foram feitas as manifestações. Após o discurso, o presidente participou de um almoço com empresários gaúchos. O evento foi fechado para a imprensa.

Bolsonaro está no Rio Grande do Sul desde a tarde de ontem, quando participou de feira em Caxias do Sul. “(Quanto) às pressões que eu enfrento, fiquem tranquilos, meu couro é grosso”, disse ele em discurso aos presentes no evento. A fala repercutiu nas redes sociais também pelo acesso de soluços do presidente durante a fala, como é possível ver no vídeo publicado pelo perfil do Planalto no Twitter (a partir de 2h07). O presidente abriu a sua tradicional live de quinta-feira dizendo que estava “há uma semana” com o ataque e que, por isso, talvez não conseguisse se “expressar adequadamente” na transmissão.

De Caxias do Sul, ele partiu para Bento Gonçalves para um jantar com empresários, e nesta manhã foi até Porto Alegre. O presidente está acompanhado de Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Tarcísio de Freitas, do Ministério da Infraestrutura, e de Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia. O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), membro da CPI da Covid, também estava no palanque junto ao presidente, e o passeio foi transmitido deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS).

Durante a semana, cresceu a pressão por uma resposta de Bolsonaro aos indícios de corrupção em seu governo, segundo oitivas da CPI da Covid. A cúpula da comissão enviou uma carta ao presidente pedindo para que ele se manifestasse a respeito das acusações, mas o presidente se negou a respondê-la. O chefe do Executivo também fez novos ataques às eleições com urna eletrônica, repetindo acusações sem fundamento de fraudes e ameaçando, inclusive, a não fazê-las em 2022 caso não seja implantado um sistema de voto impresso.  As declarações provocaram fortes reações do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do ministro Barroso.

Bolsonaro faz novo passeio com motociclistas neste sábado, 10, em Porto Alegre; encontro começou pela manhã. Foto: Diego Vara/Reuters

O encontro faz parte de uma série de eventos em que o presidente busca reforçar a relação com a sua base mais fiel. O presidente já participou de passeios em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Chapecó, em Santa Catarina. Após a motociata de São Paulo, estimada em ter custado R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, Bolsonaro foi multado em R$ 552,71 por não ter usado máscara contra o coronavírus no trajeto. Cenas de aglomeração também foram recorrentes em passeios anteriores.

Porto Alegre ainda vive um cenário preocupante da pandemia, apesar de o número de internações ser o menor em cinco meses. A taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade está em 82,85%, segundo dados da prefeitura da capital gaúcha atualizados pela última vez no final da tarde desta sexta, 9. A cidade teve 159.192 casos confirmados da doença e 5.194 óbitos. / EDUARDO AMARAL, ESPECIAL PARA O ESTADÃO, E ERNANI FAGUNDES, DO ESTADÃO

Após uma semana marcada por conflitos com membros da CPI da Covid e ataques às eleições e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste sábado, 10, de uma motociata com apoiadores em Porto Alegre. Assim como aconteceu em atos anteriores, ele não usou máscara. Uma mulher que se manifestava contra o presidente chegou a ser presa. Ao final, Bolsonaro fez um breve discurso aos presentes e nele voltou a atacar a comissão e o ministro do STF, Luís Roberto Barroso.

“O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral”, disse Bolsonaro do alto de um carro de som ao defender o voto impresso nas eleições de 2022. O ministro, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já afirmou que a proposta representa um "risco para o processo eleitoral".

Presidente Jair Bolsonaro participa de motociata com apoiadores em Porto Alegre neste sábado, 10. Foto: Diego Vara/Reuters

Antes de chegar ao microfone, Bolsonaro conversou rapidamente com a imprensa, mas evitou responder perguntas sobre a CPI da Covid e o escândalo das rachadinhas. O tom agressivo do presidente se fez presente mais uma vez, disparando ataques. Antes de Barroso, o alvo foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto para 2022. "Se aquele de nove dedos tem 60% (de intenção de voto) segundo o Datafolha, vamos fazer o voto impresso e auditável da deputada Bia Kicis (PSL-DF), que está aqui, para ver se ele ganha realmente no primeiro turno", declarou Bolsonaro aproveitando para mais uma vez colocar sob suspeita o sistema eleitoral pelo qual foi eleito deputado federal e presidente.

Sobre as denúncias de pedido de propina para compra da Covaxin, Bolsonaro defendeu os órgãos de controle e negou crime. "Querem imputar em mim um crime de corrupção onde (sic) uma dose sequer de vacina foi comprada." Mais cedo, quando questionado sobre a denúncia de supostas irregularidades na compra do imunizante em entrevista a uma rádio, Bolsonaro afirmou que não pode tomar providência de "qualquer coisa" que chegue até ele.

O presidente também voltou a defender o uso da cloroquina em seu discurso, falando do estado de saúde de um dos senadores da CPI, Otto Alencar (PSD-BA), que foi ontem diagnosticado com a doença. “Tem agora um elemento, um senador da CPI que está com covid, quero saber se ele vai ficar em casa ou se vai tomar cloroquina”, disse Bolsonaro, sem citar o nome do senador. 

Mulher foi presa por desacato; Eduardo Leite manda apurar caso

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS), que não participou da motociata, informou que o Estado do Rio Grande do Sul irá apurar “com rigor” as condições em que se deu a prisão pela Brigada Militar de uma manifestante de 47 anos contrária ao presidente e à motociata. “O Estado irá apurar com rigor as condições em que se deu o recolhimento de manifestante hoje em Porto Alegre”, escreveu Eduardo Leite, em seu perfil no Twitter. 

Na mesma rede social, há imagens da prisão da manifestante de oposição pela Brigada Militar. Segundo as pessoas que criticaram a atitude dos policiais no momento da ação, ela estava apenas “batendo panela” junto a um grupo de manifestantes contrários ao presidente que se reuniu próximo ao cruzamento das avenidas João Pessoa e Venâncio Aires. Os policiais ignoraram os pedidos de soltura.

Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP-RS), a manifestante estava agredindo motociclistas com chutes. “Apesar das repetidas tentativas das PMs de afastar a mulher, ela desobedeceu a ordem, desacatou as PMs que a abordaram, tentou chutar um dos motociclistas e manteve as ameaças de agressão”, justificou a SSP-RS.

Também de acordo com a publicação da secretaria, a mulher foi contida por policiais femininas e conduzida até a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), onde assinou um termo circunstanciado por desobediência e foi liberada.

Visita ao Rio Grande do Sul

O presidente chegou ao estacionamento da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) por volta das 9h40. Sem falar com a imprensa, Bolsonaro circulou pelo local cumprimentando o público, sempre sem máscara. Às 10h, ele começou a motociata que percorreu cerca de 72 quilômetros. Apenas no final do passeio, por volta das 12h ele e os apoiadores retornaram ao estacionamento da Fiergs onde foram feitas as manifestações. Após o discurso, o presidente participou de um almoço com empresários gaúchos. O evento foi fechado para a imprensa.

Bolsonaro está no Rio Grande do Sul desde a tarde de ontem, quando participou de feira em Caxias do Sul. “(Quanto) às pressões que eu enfrento, fiquem tranquilos, meu couro é grosso”, disse ele em discurso aos presentes no evento. A fala repercutiu nas redes sociais também pelo acesso de soluços do presidente durante a fala, como é possível ver no vídeo publicado pelo perfil do Planalto no Twitter (a partir de 2h07). O presidente abriu a sua tradicional live de quinta-feira dizendo que estava “há uma semana” com o ataque e que, por isso, talvez não conseguisse se “expressar adequadamente” na transmissão.

De Caxias do Sul, ele partiu para Bento Gonçalves para um jantar com empresários, e nesta manhã foi até Porto Alegre. O presidente está acompanhado de Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Tarcísio de Freitas, do Ministério da Infraestrutura, e de Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia. O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), membro da CPI da Covid, também estava no palanque junto ao presidente, e o passeio foi transmitido deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS).

Durante a semana, cresceu a pressão por uma resposta de Bolsonaro aos indícios de corrupção em seu governo, segundo oitivas da CPI da Covid. A cúpula da comissão enviou uma carta ao presidente pedindo para que ele se manifestasse a respeito das acusações, mas o presidente se negou a respondê-la. O chefe do Executivo também fez novos ataques às eleições com urna eletrônica, repetindo acusações sem fundamento de fraudes e ameaçando, inclusive, a não fazê-las em 2022 caso não seja implantado um sistema de voto impresso.  As declarações provocaram fortes reações do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do ministro Barroso.

Bolsonaro faz novo passeio com motociclistas neste sábado, 10, em Porto Alegre; encontro começou pela manhã. Foto: Diego Vara/Reuters

O encontro faz parte de uma série de eventos em que o presidente busca reforçar a relação com a sua base mais fiel. O presidente já participou de passeios em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Chapecó, em Santa Catarina. Após a motociata de São Paulo, estimada em ter custado R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, Bolsonaro foi multado em R$ 552,71 por não ter usado máscara contra o coronavírus no trajeto. Cenas de aglomeração também foram recorrentes em passeios anteriores.

Porto Alegre ainda vive um cenário preocupante da pandemia, apesar de o número de internações ser o menor em cinco meses. A taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade está em 82,85%, segundo dados da prefeitura da capital gaúcha atualizados pela última vez no final da tarde desta sexta, 9. A cidade teve 159.192 casos confirmados da doença e 5.194 óbitos. / EDUARDO AMARAL, ESPECIAL PARA O ESTADÃO, E ERNANI FAGUNDES, DO ESTADÃO

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