Bolsonaro se refugia em ‘cercadinho’ da Flórida e vira alvo dos democratas


Investigado no Brasil, Bolsonaro vive recluso nos EUA; apoiadores visitam condomínio e deputados americanos tentam cassar visto

Por Luciana Rosa, especial para o Estadão

KISSIMMEE (EUA) - Jair Bolsonaro deixou o Brasil antes mesmo de deixar a Presidência da República para se refugiar num condomínio de alto padrão na Flórida, nos Estados Unidos. Vivendo a rotina tranquila do Encore Resort at Reunion, localizado em uma área nobre da cidade de Kissimmee, na região de Orlando, o ex-presidente passou na sexta-feira passada à condição de investigado pelos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. A implicação formal de Bolsonaro nos ataques às sedes dos Poderes deverá ampliar a pressão de parlamentares americanos que tentam impedir a permanência do ex-presidente em solo americano.

No cotidiano de Kissimmee, contudo, Bolsonaro tem vivido uma realidade que, em alguns momentos, lembra o antigo “cercadinho” do Palácio da Alvorada. Hospedado desde o fim de dezembro na ampla casa de paredes cinza pertencente ao ex-lutador de MMA e campeão do UFC José Aldo, o ex-presidente tem circulado pouco nas imediações do condomínio. A presença de Bolsonaro no local pode ser percebida mais pela movimentação de apoiadores, moradores e imprensa.

Desde que deixou o Brasil, no último dia 30 de dezembro, Bolsonaro está hospedado na casa pertencente ao ex-lutador de MMA e campeão da UFC, José Aldo. Foto: Luciana Rosa
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Na primeira semana que passou em Kissimmee, no entanto, o ex-presidente foi visto caminhando tranquilamente por seu bairro, indo ao supermercado e até fazendo uma “boquinha” no restaurante especializado em frango frito que fica perto do condomínio.

‘DE BOA’. Após os atos criminosos do dia 8 e a internação, na manhã seguinte, no Hospital Advent Health, o clima tranquilo do local foi interrompido por um acampamento de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Os jornalistas fazem plantão na porta do condomínio e aguardam qualquer movimentação do ex-presidente.

Os profissionais costumam se proteger do sol forte da Flórida embaixo de uma árvore. Moradores e visitantes evitam entrevistas e preferem não se identificar quando falam. Um dos atuais vizinhos de Bolsonaro, vestindo uma camiseta do Vasco, disse que a movimentação não incomoda, pois “Bolsonaro é de boa” e “muito querido” no local.

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Outros brasileiros ouvidos pela reportagem disseram que o ex-presidente é bem-vindo no condomínio. Um deles disse acreditar que Bolsonaro deveria voltar ao Brasil só se for “para pôr ordem no galinheiro”.

O visto com o qual Bolsonaro ingressou nos Estados Unidos, o diplomático, expirou no dia 1.º de janeiro, quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como novo presidente. Os planos iniciais de Bolsonaro eram de permanecer um mês no país como turista.

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Uma comissão de parlamentares brasileiros e americanos, entre os quais estão nomes como os democratas Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, contudo, quer acelerar a volta do ex-presidente. Eles assinaram na quarta-feira passada uma carta conjunta, pedindo que seja decretada ilegal a permanência de Bolsonaro em nos Estados Unidos.

Ex-presidente Jair Bolsonaro recebe apoadores e assina autógrafos nos Estados Unidos. Foto: Skyler Swisher/Orlando Sentinel via AP

CAPITÓLIO

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Na inédita declaração conjunta, na qual condenam o que chamam de “atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita que agem em conluio para atacar as democracias do Brasil e dos Estados Unidos”, o grupo faz um paralelo entre os ataques ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, e as ações de agora contra os três Poderes, em Brasília.

O Washington Brazil Office (WBO ) foi responsável pela articulação da iniciativa entre os parlamentares dos dois países. Segundo Paulo Abrão, um dos membros do instituto independente, a manifestação “pede uma investigação se ele cometeu crime dentro do território americano”.

Mesmo antes da declaração conjunta, no dia seguinte aos atos golpistas no Brasil, cinco congressistas americanos se posicionaram contra a presença de Bolsonaro nos Estados Unidos. O deputado democrata Joaquin Castro escreveu: “Bolsonaro não deve ter refúgio na Flórida, onde ele está se escondendo da responsabilidade de seus crimes”. Alexandria Ocasio-Cortez disse que há “movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil”.

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INTERNAÇÃO

Bolsonaro deu entrada no Hospital Advent Health há uma semana ao sentir dores no local onde levou uma facada durante a campanha presidencial de 2018. Tratada com sigilo, sua internação levantou rumores e desconfianças. Como já havia feito outras vezes, o ex-presidente postou nas redes sociais uma foto em que aparece deitado no leito.

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Um ex-militar que visitou o ex-presidente para lhe desejar melhoras não conseguiu ser atendido. O ex-oficial do Exército, que preferiu não se identificar, contou ao Estadão a conversa que teve com os seguranças. “Fisicamente o cara falou que ele está bem, o problema é emocionalmente. É muita pressão, né?”

Durante os dias 11 e 12 de janeiro, quando a reportagem acompanhou a movimentação no condomínio em Kissimmee, um luxuoso carro preto permanecia pronto para ser usado por Bolsonaro. A expectativa é que o veículo leve o ex-presidente nos próximos dias para o aeroporto.

Bolsonaro avisou o comando do PL – seu partido – que voltará dos Estados Unidos assim que superar a crise de obstrução intestinal.

O Estadão não conseguiu contato com Bolsonaro ou algum representante do ex-presidente. O advogado Frederick Wassef foi procurado, mas até a conclusão desta edição não havia atendido à reportagem.

KISSIMMEE (EUA) - Jair Bolsonaro deixou o Brasil antes mesmo de deixar a Presidência da República para se refugiar num condomínio de alto padrão na Flórida, nos Estados Unidos. Vivendo a rotina tranquila do Encore Resort at Reunion, localizado em uma área nobre da cidade de Kissimmee, na região de Orlando, o ex-presidente passou na sexta-feira passada à condição de investigado pelos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. A implicação formal de Bolsonaro nos ataques às sedes dos Poderes deverá ampliar a pressão de parlamentares americanos que tentam impedir a permanência do ex-presidente em solo americano.

No cotidiano de Kissimmee, contudo, Bolsonaro tem vivido uma realidade que, em alguns momentos, lembra o antigo “cercadinho” do Palácio da Alvorada. Hospedado desde o fim de dezembro na ampla casa de paredes cinza pertencente ao ex-lutador de MMA e campeão do UFC José Aldo, o ex-presidente tem circulado pouco nas imediações do condomínio. A presença de Bolsonaro no local pode ser percebida mais pela movimentação de apoiadores, moradores e imprensa.

Desde que deixou o Brasil, no último dia 30 de dezembro, Bolsonaro está hospedado na casa pertencente ao ex-lutador de MMA e campeão da UFC, José Aldo. Foto: Luciana Rosa

Na primeira semana que passou em Kissimmee, no entanto, o ex-presidente foi visto caminhando tranquilamente por seu bairro, indo ao supermercado e até fazendo uma “boquinha” no restaurante especializado em frango frito que fica perto do condomínio.

‘DE BOA’. Após os atos criminosos do dia 8 e a internação, na manhã seguinte, no Hospital Advent Health, o clima tranquilo do local foi interrompido por um acampamento de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Os jornalistas fazem plantão na porta do condomínio e aguardam qualquer movimentação do ex-presidente.

Os profissionais costumam se proteger do sol forte da Flórida embaixo de uma árvore. Moradores e visitantes evitam entrevistas e preferem não se identificar quando falam. Um dos atuais vizinhos de Bolsonaro, vestindo uma camiseta do Vasco, disse que a movimentação não incomoda, pois “Bolsonaro é de boa” e “muito querido” no local.

Outros brasileiros ouvidos pela reportagem disseram que o ex-presidente é bem-vindo no condomínio. Um deles disse acreditar que Bolsonaro deveria voltar ao Brasil só se for “para pôr ordem no galinheiro”.

O visto com o qual Bolsonaro ingressou nos Estados Unidos, o diplomático, expirou no dia 1.º de janeiro, quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como novo presidente. Os planos iniciais de Bolsonaro eram de permanecer um mês no país como turista.

Uma comissão de parlamentares brasileiros e americanos, entre os quais estão nomes como os democratas Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, contudo, quer acelerar a volta do ex-presidente. Eles assinaram na quarta-feira passada uma carta conjunta, pedindo que seja decretada ilegal a permanência de Bolsonaro em nos Estados Unidos.

Ex-presidente Jair Bolsonaro recebe apoadores e assina autógrafos nos Estados Unidos. Foto: Skyler Swisher/Orlando Sentinel via AP

CAPITÓLIO

Na inédita declaração conjunta, na qual condenam o que chamam de “atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita que agem em conluio para atacar as democracias do Brasil e dos Estados Unidos”, o grupo faz um paralelo entre os ataques ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, e as ações de agora contra os três Poderes, em Brasília.

O Washington Brazil Office (WBO ) foi responsável pela articulação da iniciativa entre os parlamentares dos dois países. Segundo Paulo Abrão, um dos membros do instituto independente, a manifestação “pede uma investigação se ele cometeu crime dentro do território americano”.

Mesmo antes da declaração conjunta, no dia seguinte aos atos golpistas no Brasil, cinco congressistas americanos se posicionaram contra a presença de Bolsonaro nos Estados Unidos. O deputado democrata Joaquin Castro escreveu: “Bolsonaro não deve ter refúgio na Flórida, onde ele está se escondendo da responsabilidade de seus crimes”. Alexandria Ocasio-Cortez disse que há “movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil”.

INTERNAÇÃO

Bolsonaro deu entrada no Hospital Advent Health há uma semana ao sentir dores no local onde levou uma facada durante a campanha presidencial de 2018. Tratada com sigilo, sua internação levantou rumores e desconfianças. Como já havia feito outras vezes, o ex-presidente postou nas redes sociais uma foto em que aparece deitado no leito.

Um ex-militar que visitou o ex-presidente para lhe desejar melhoras não conseguiu ser atendido. O ex-oficial do Exército, que preferiu não se identificar, contou ao Estadão a conversa que teve com os seguranças. “Fisicamente o cara falou que ele está bem, o problema é emocionalmente. É muita pressão, né?”

Durante os dias 11 e 12 de janeiro, quando a reportagem acompanhou a movimentação no condomínio em Kissimmee, um luxuoso carro preto permanecia pronto para ser usado por Bolsonaro. A expectativa é que o veículo leve o ex-presidente nos próximos dias para o aeroporto.

Bolsonaro avisou o comando do PL – seu partido – que voltará dos Estados Unidos assim que superar a crise de obstrução intestinal.

O Estadão não conseguiu contato com Bolsonaro ou algum representante do ex-presidente. O advogado Frederick Wassef foi procurado, mas até a conclusão desta edição não havia atendido à reportagem.

KISSIMMEE (EUA) - Jair Bolsonaro deixou o Brasil antes mesmo de deixar a Presidência da República para se refugiar num condomínio de alto padrão na Flórida, nos Estados Unidos. Vivendo a rotina tranquila do Encore Resort at Reunion, localizado em uma área nobre da cidade de Kissimmee, na região de Orlando, o ex-presidente passou na sexta-feira passada à condição de investigado pelos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. A implicação formal de Bolsonaro nos ataques às sedes dos Poderes deverá ampliar a pressão de parlamentares americanos que tentam impedir a permanência do ex-presidente em solo americano.

No cotidiano de Kissimmee, contudo, Bolsonaro tem vivido uma realidade que, em alguns momentos, lembra o antigo “cercadinho” do Palácio da Alvorada. Hospedado desde o fim de dezembro na ampla casa de paredes cinza pertencente ao ex-lutador de MMA e campeão do UFC José Aldo, o ex-presidente tem circulado pouco nas imediações do condomínio. A presença de Bolsonaro no local pode ser percebida mais pela movimentação de apoiadores, moradores e imprensa.

Desde que deixou o Brasil, no último dia 30 de dezembro, Bolsonaro está hospedado na casa pertencente ao ex-lutador de MMA e campeão da UFC, José Aldo. Foto: Luciana Rosa

Na primeira semana que passou em Kissimmee, no entanto, o ex-presidente foi visto caminhando tranquilamente por seu bairro, indo ao supermercado e até fazendo uma “boquinha” no restaurante especializado em frango frito que fica perto do condomínio.

‘DE BOA’. Após os atos criminosos do dia 8 e a internação, na manhã seguinte, no Hospital Advent Health, o clima tranquilo do local foi interrompido por um acampamento de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Os jornalistas fazem plantão na porta do condomínio e aguardam qualquer movimentação do ex-presidente.

Os profissionais costumam se proteger do sol forte da Flórida embaixo de uma árvore. Moradores e visitantes evitam entrevistas e preferem não se identificar quando falam. Um dos atuais vizinhos de Bolsonaro, vestindo uma camiseta do Vasco, disse que a movimentação não incomoda, pois “Bolsonaro é de boa” e “muito querido” no local.

Outros brasileiros ouvidos pela reportagem disseram que o ex-presidente é bem-vindo no condomínio. Um deles disse acreditar que Bolsonaro deveria voltar ao Brasil só se for “para pôr ordem no galinheiro”.

O visto com o qual Bolsonaro ingressou nos Estados Unidos, o diplomático, expirou no dia 1.º de janeiro, quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como novo presidente. Os planos iniciais de Bolsonaro eram de permanecer um mês no país como turista.

Uma comissão de parlamentares brasileiros e americanos, entre os quais estão nomes como os democratas Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, contudo, quer acelerar a volta do ex-presidente. Eles assinaram na quarta-feira passada uma carta conjunta, pedindo que seja decretada ilegal a permanência de Bolsonaro em nos Estados Unidos.

Ex-presidente Jair Bolsonaro recebe apoadores e assina autógrafos nos Estados Unidos. Foto: Skyler Swisher/Orlando Sentinel via AP

CAPITÓLIO

Na inédita declaração conjunta, na qual condenam o que chamam de “atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita que agem em conluio para atacar as democracias do Brasil e dos Estados Unidos”, o grupo faz um paralelo entre os ataques ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, e as ações de agora contra os três Poderes, em Brasília.

O Washington Brazil Office (WBO ) foi responsável pela articulação da iniciativa entre os parlamentares dos dois países. Segundo Paulo Abrão, um dos membros do instituto independente, a manifestação “pede uma investigação se ele cometeu crime dentro do território americano”.

Mesmo antes da declaração conjunta, no dia seguinte aos atos golpistas no Brasil, cinco congressistas americanos se posicionaram contra a presença de Bolsonaro nos Estados Unidos. O deputado democrata Joaquin Castro escreveu: “Bolsonaro não deve ter refúgio na Flórida, onde ele está se escondendo da responsabilidade de seus crimes”. Alexandria Ocasio-Cortez disse que há “movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil”.

INTERNAÇÃO

Bolsonaro deu entrada no Hospital Advent Health há uma semana ao sentir dores no local onde levou uma facada durante a campanha presidencial de 2018. Tratada com sigilo, sua internação levantou rumores e desconfianças. Como já havia feito outras vezes, o ex-presidente postou nas redes sociais uma foto em que aparece deitado no leito.

Um ex-militar que visitou o ex-presidente para lhe desejar melhoras não conseguiu ser atendido. O ex-oficial do Exército, que preferiu não se identificar, contou ao Estadão a conversa que teve com os seguranças. “Fisicamente o cara falou que ele está bem, o problema é emocionalmente. É muita pressão, né?”

Durante os dias 11 e 12 de janeiro, quando a reportagem acompanhou a movimentação no condomínio em Kissimmee, um luxuoso carro preto permanecia pronto para ser usado por Bolsonaro. A expectativa é que o veículo leve o ex-presidente nos próximos dias para o aeroporto.

Bolsonaro avisou o comando do PL – seu partido – que voltará dos Estados Unidos assim que superar a crise de obstrução intestinal.

O Estadão não conseguiu contato com Bolsonaro ou algum representante do ex-presidente. O advogado Frederick Wassef foi procurado, mas até a conclusão desta edição não havia atendido à reportagem.

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