SÃO PAULO E BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as urnas eletrônicas e a ameaçar as eleições de 2022. Mesmo após ser derrotado em votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso no plenário da Câmara, Bolsonaro reforçou as acusações de que as eleições poderão ser realizadas sob o “manto da desconfiança” por não acatar sua ideia. “Quero eleições limpas, transparentes”, reiterou o chefe do Executivo nesta quinta-feira, 12.
“Nós não podemos terminar as eleições do ano que vem sob o voto da desconfiança”, afirmou Bolsonaro, em declaração à Rádio Jovem Pan Maringá, do Paraná. O presidente repetiu as críticas e acusações contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de que teria articulado com lideranças políticas a rejeição da pauta no Legislativo. Segundo o mandatário, é “obrigação fazer a vontade da maioria da população”.
Apesar de ter garantido ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que respeitaria a decisão do plenário, Bolsonaro afirmou que vai continuar com sua “luta”, “mas com menos expressão agora”. O chefe do Executivo reiterou, no entanto, que continua jogando “dentro das quatro linhas da Constituição”: “Eu quero, se perder a eleição, entregar a faixa e cumprimentar, desejar sorte, e ir cuidar da minha vida. Agora, da forma como está, parece que estão conduzindo para eleger aquele cara que até pouco tempo estava preso”.
Como faz reiteradamente, insistiu que “só Deus me tira daqui”, ao se referir ao cargo de chefe do Executivo. O presidente também afirmou que ainda avalia se vai participar de um movimento favorável ao voto impresso previsto para dia 7 de setembro.
Bolsonaro já tinha afirmado que, se o Barroso continuasse sendo "insensível" às suas demandas com relação ao voto impresso, ele poderia comparecer a uma manifestação na Avenida Paulista, onde seria dado um “último recado” ao ministro. Para ele, não só o parlamento, como também ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE deveriam "ouvir a população".
Militares. Após os comentários dados à rádio, o presidente participou de uma solenidade de promoção de oficiais-generais promovidos. A cerimônia foi realizada no Clube do Exército, em Brasília.
Bolsonaro afirmou que, “brevemente”, o Brasil, “voltará ao patamar da paz, tranquilidade e progresso”. Segundo o presidente, a confiança nos militares faz com que se tenha certeza de que o Brasil está no “caminho certo”.
“Temos um governo que acredita em Deus, respeita seus militares, defende a família e deve lealdade a seu povo”, comentou o chefe do Executivo. Bolsonaro declarou que se o Brasil vive momentos difíceis, em grande parte a situação é confortada pela união do País aos “princípios e valores dos seus militares”.
Governadores. O presidente voltou a acusar os governadores de onerar o preço dos combustíveis e de insumos como o gás de cozinha. Bolsonaro afirmou que, apesar de ter zerado o imposto do gás de cozinha, o ICMS, que é decidido por dirigentes estaduais, continua a encarecer o produto, e sugeriu a seus apoiadores que cobrem seus prefeitos e governadores sobre o tema. “Não quero responsabilizar ninguém, eu quero mostrar a verdade”, disse.
Ao voltar a defender que donos de postos de combustíveis sejam obrigados a mostrar na nota fiscal os impostos federais, estaduais e municipais, o presidente disse que dessa forma a população saberá quem é “o verdadeiro vilão da história" e quem "onerou o preço dos combustíveis”.
Para tratar do tema, Bolsonaro afirmou ter conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar zerar a tributação federal do diesel: “Pretendo zerar o preço do imposto federal do diesel para o ano que vem”.
Para possibilitar a redução, Bolsonaro afirmou que, por lei, o governo deve diminuir subsídios “para o final do ano, agora devemos reduzir aproximadamente R$ 15 bilhões de subsídio” disse, e sugeriu: “O que geralmente é feito com esse dinheiro? Vai para o Tesouro. Quando vai para o Tesouro, não vai para nós porque tem o teto de gastos, então é dinheiro que vai para abater dívidas”, disse. “O que conversei com Paulo Guedes e com o secretário da Receita? Falei, vamos pegar esses R$ 15 bilhões, vamos abater dos R$ 19 bilhões que nós arrecadamos de PIS/Cofins do Diesel”.