SANTIAGO - O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse no domingo, 4, que fará uma reforma ministerial nos próximos dias após os chilenos rejeitarem em referendo a proposta de uma nova Constituição que era defendida pelo governo.
“Fazer frente a estes importantes e urgentes desafios exigirá ajustes rápidos em nossas equipes governamentais”, disse Boric em discurso transmitido em cadeia nacional de televisão logo após o anúncio do resultado da consulta popular.
A possibilidade de uma mudança no governo estava em discussão há algumas semanas, enquanto as pesquisas de intenção de voto já apontavam que a rejeição à nova proposta de Carta Magna ganharia o referendo.
Empossado em março, o governo Boric começou a dar alguns tropeços já nos primeiros dias, especialmente a ministra do Interior, Izkia Siches. O próprio Boric afirmou durante uma reunião do Conselho de Ministros, um mês depois de tomar posse, que o governo havia “decolado com turbulência”.
Entenda o referendo no Chile
Siches, primeira mulher à frente da poderosa pasta, foi um dos maiores ativos de Boric durante a campanha eleitoral, mas, para muitos analistas políticos chilenos, ela acabou se tornando um de seus maiores passivos, especialmente depois de sua viagem conturbada à região da Araucanía - onde há um longo conflito entre o Estado chileno e povos mapuche - e de acusar o governo anterior de realizar deportações irregulares, uma declaração pela qual posteriormente se desculpou.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência (Segpres) e braço direito de Boric, Giorgio Jackson, é outro nome que tem sido criticado - tanto pela oposição como pela ala moderada da base governista - por sua gestão do relacionamento entre o Executivo e o Legislativo.
Outro foco foi o agravamento do conflito com os mapuche, uma das questões mais complexas com as quais Boric tem que lidar e que na semana passada rendeu a primeira baixa em seu gabinete ministerial.
Então titular da pasta de Desenvolvimento Social, Jeannette Vega renunciou um dia após a prisão do líder radical mapuche Héctor Llaitul, depois que uma de suas assessoras entrou em contato com ele em maio. / EFE