Boulos decide manter postura mais ‘leve’ na campanha para não alimentar fama de ‘radical’


Desde antes do período eleitoral, candidato do PSOL vem tentando desconstruir imagem negativa associada ao seu passado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

Por Zeca Ferreira
Atualização:

Apesar das críticas vindas de apoiadores, a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) pretende manter a estratégia adotada até agora de trabalhar uma postura mais “light” do candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Prefeitura de São Paulo. A intenção é manter os discursos focados na apresentação de propostas para a cidade. Interlocutores do psolista demonstraram preocupação de que, caso o candidato adote um tom mais agressivo contra Pablo Marçal (PRTB) — como desejado por parte da militância —, isso possa reforçar a imagem de radical que uma parcela do eleitorado já tem dele.

Essa apreensão é reforçada por pesquisas qualitativas às quais a campanha teve acesso. Segundo um aliado de Boulos ouvido pela reportagem, esses levantamentos indicam que a pecha de “radical” é o principal motivo citado por eleitores que escolhem não votar no candidato do PSOL. Desde antes do período eleitoral, Boulos vem tentando desconstruir essa imagem negativa, associada ao seu passado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Para isso, ele tem feito ajustes em seu visual, adotando roupas mais alinhadas, e evitado tratar de temas caros ao seu partido, mas que podem reforçar a imagem que ele tenta desconstruir.

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Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, participa de evento no bairro de Campo Limpo no último sábado, 24 de agosto Foto: Werther Santana/Estadão

Um exemplo disso é a questão da Venezuela. Boulos recentemente reconheceu indícios de fraudes na última eleição presidencial do país, contrastando com suas posições anteriores, em que defendia a ditadura de Nicolás Maduro. Ele também ajustou seu discurso em outros temas sensíveis ao PSOL, como a descriminalização das drogas e a ampliação do direito ao aborto legal. Em uma entrevista a uma rádio gospel, o deputado federal afirmou que a descriminalização das drogas não é sua posição e que a legislação sobre o aborto não precisa ser ampliada, mas sim cumprida — recuando em pautas históricas de sua sigla.

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A estratégia adotada por Boulos, de passar de uma postura com forte acento ideológico para uma abordagem mais pragmática, não é inédita entre candidatos de partidos de esquerda. Esse movimento visa ampliar a base eleitoral — mirando o eleitor de centro — e aumentar as chances de viabilidade nas urnas. Um exemplo dessa tática foi a transição do presidente Lula, que, nas eleições gerais de 2002, adotou uma postura mais moderada e pragmática, culminando na chamada “Carta ao Povo Brasileiro”, documento que foi fundamental para sua primeira vitória na corrida presidencial.

Pressão nas redes sociais

O crescimento de Marçal nas pesquisas de intenção de voto acendeu um alerta nos militantes e dirigentes de partidos de esquerda, que passaram a pressionar Boulos, especialmente nas redes sociais, para adotar uma postura mais combativa contra o influenciador. A estratégia de Marçal é baseada em ataques e acusações contra adversários, muitas vezes sem apresentar provas, que depois viralizam nas redes sociais em cortes — vídeos curtos e descontextualizados. Boulos tem sido o principal alvo de Marçal e já conseguiu obter direito de resposta contra o ex-coach na Justiça.

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A pesquisa Datafolha mais recente, divulgada no dia 22, mostra empate técnico entre Boulos, Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na primeira posição. Boulos está com 23%, Marçal tem 21% e Nunes aparece com 19%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Diante das críticas à sua comunicação, Boulos fez um pronunciamento nesta semana convocando seus apoiadores para um “ato contra o bolsonarismo”, marcado para o próximo sábado, 31, na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. A fala do deputado psolista veio após seus apoiadores começarem a comparar sua postura moderada com a estratégia mais agressiva adotada por Tabata Amaral, candidata do PSB, contra Marçal. Tabata tem produzido vídeos cinematográficos que expõem a relação entre membros do partido de Marçal, o PRTB, e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

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“Vi esses dias na rede social gente falando: ‘tem que bater mais forte, pegar mais pesado’. Gente, eleição não é concurso de quem grita mais alto. Que a gente tem coragem de enfrentar a extrema direita, isso não precisa provar para ninguém. Fizemos isso nos últimos anos nesse país. Aliás, não só em rede social, mas na rua, organizados, dando a cara a tapa”, declarou Boulos em seu pronunciamento. Ele acrescentou que Marçal não é o único adversário na campanha e que o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), apoiado formalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também deve ser combatido.

Aposta na polarização

A campanha de Boulos tem tentado emplacar o mote “dois lados da mesma moeda” ao se referir a Marçal e Nunes, destacando que o prefeito tem o apoio formal de Bolsonaro, enquanto Marçal possui forte apelo entre os eleitores do ex-presidente. O entorno de Boulos avalia que o campo da direita entrou em uma espécie de guerra pelo voto bolsonarista e que, a menos que algo extraordinário aconteça, Boulos já tem seu lugar garantido no segundo turno.

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Por isso, afirmam aliados, o crescimento de Marçal não preocupa tanto a campanha do PSOL, pois, segundo eles, “esse seria um problema de Nunes”.

Com base nesse diagnóstico, a campanha do PSOL aposta tanto na polarização quanto na rejeição para vencer a disputa na capital. Um aliado de Boulos chegou a comparar a eleição em São Paulo a um “terceiro turno” das eleições gerais de 2022 ou mesmo a um prelúdio da disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. A estratégia atual do PSOL consiste em posicionar o deputado como o representante de Lula, em oposição ao representante de Bolsonaro, que pode ser tanto Marçal quanto Nunes.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa de comício dos candidatos a prefeito e vice-prefeita, Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), na zona Sul da capital Foto: Werther Santana/Estadão
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Essa tática se baseia na premissa de que o bolsonarismo enfrenta uma elevada taxa de rejeição na capital. Em 2022, tanto Lula quanto o então candidato ao governo do Estado pelo PT, Fernando Haddad, venceram na cidade. Por isso, avaliam aliados de Boulos, é crucial associar tanto Nunes quanto Marçal ao ex-presidente, mesmo que Marçal não conte com o apoio formal de Bolsonaro. Pesquisas recentes também indicam que os eleitores rejeitam mais um candidato apoiado por Bolsonaro do que um apoiado por Lula.

No sábado passado, 24, Lula gravou vídeos ao lado de Boulos para serem usados na campanha e participou de dois comícios com o psolista. No palanque, enfatizou que Boulos não deve ser visto pelos petistas apenas como o candidato do PSOL, mas sim como o candidato do próprio PT. Esta é a primeira vez desde a redemocratização que o PT não lança um candidato próprio à Prefeitura de São Paulo. Em vez disso, optou por apoiar Boulos e indicar a ex-prefeita Marta Suplicy como vice na chapa.

Além disso, o partido de Lula se comprometeu a repassar R$ 30 milhões do fundo eleitoral para a candidatura de Boulos e Marta.

Campanha à moda antiga

Após os comícios com Lula e a convocação para o ato na Praça Roosevelt, a campanha de Boulos passou a enfrentar novos questionamentos. Críticas surgiram sobre a percepção de que a esquerda estaria apegada a formas antiquadas de campanha, como palanques e manifestações de rua, em vez de investir mais intensamente na campanha digital, especialmente nas redes sociais. Em seu pronunciamento na segunda-feira, Boulos admitiu que a direita tem mais facilidade em fazer campanha nas redes.

“Vocês sabem por que muitas vezes a extrema direita, nas redes sociais, sobe mais e faz mais barulho? Porque agem de maneira unificada. O campo democrático, às vezes, tem mais dificuldade de fazer isso. O campo progressista tem maior dificuldade de fazer isso. Então, a ideia é unificar. Unificar o nosso time, o nosso lado, de quem defende a democracia para São Paulo”, disse Boulos, acrescentando que o ato na Praça Roosevelt servirá para transmitir à militância a estratégia que a campanha seguirá nas redes.

Guilherme Boulos, ao lado de sua vice, Marta Suplicy, participa de caminha no centro de Campo Limpo Foto: Werther Santana/Estadão

Questionado sobre o assunto em entrevista no Roda Viva, da TV Cultura, Boulos destacou a importância das redes sociais, mas rejeitou a ideia de que a esquerda esteja presa a métodos ultrapassados de campanha. Na visão do psolista, o contato direto com o eleitor é fundamental no processo eleitoral. Aliados de Boulos compartilham essa percepção e afirmam que a presença nas ruas nunca será ultrapassada ou antiquada.

Do início da campanha, no dia 16, até o dia 27, Boulos foi o segundo candidato com o maior número de agendas divulgadas, totalizando 39 compromissos, em comparação os com 42 de Nunes e 24 de Marçal. No entanto, o psolista foi o candidato com o maior número de eventos de rua, com 20 caminhadas em comércios locais, em contraste com nove do prefeito e três do candidato do PRTB.

A expectativa do entorno de Boulos é que o ato deste sábado sirva para acalmar a militância e também para fornecer orientações e materiais de apoio sobre como os apoiadores do psolista poderão contribuir na disputa eleitoral. Um aliado de Boulos afirma que a intenção é manter uma agenda propositiva, sem permitir que Marçal domine a pauta com temas alheios à cidade. No entanto, ele acrescenta que Boulos responderá ao ex-coach com firmeza, partindo para o enfrentamento quando necessário.

Apesar das críticas vindas de apoiadores, a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) pretende manter a estratégia adotada até agora de trabalhar uma postura mais “light” do candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Prefeitura de São Paulo. A intenção é manter os discursos focados na apresentação de propostas para a cidade. Interlocutores do psolista demonstraram preocupação de que, caso o candidato adote um tom mais agressivo contra Pablo Marçal (PRTB) — como desejado por parte da militância —, isso possa reforçar a imagem de radical que uma parcela do eleitorado já tem dele.

Essa apreensão é reforçada por pesquisas qualitativas às quais a campanha teve acesso. Segundo um aliado de Boulos ouvido pela reportagem, esses levantamentos indicam que a pecha de “radical” é o principal motivo citado por eleitores que escolhem não votar no candidato do PSOL. Desde antes do período eleitoral, Boulos vem tentando desconstruir essa imagem negativa, associada ao seu passado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Para isso, ele tem feito ajustes em seu visual, adotando roupas mais alinhadas, e evitado tratar de temas caros ao seu partido, mas que podem reforçar a imagem que ele tenta desconstruir.

Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, participa de evento no bairro de Campo Limpo no último sábado, 24 de agosto Foto: Werther Santana/Estadão

Um exemplo disso é a questão da Venezuela. Boulos recentemente reconheceu indícios de fraudes na última eleição presidencial do país, contrastando com suas posições anteriores, em que defendia a ditadura de Nicolás Maduro. Ele também ajustou seu discurso em outros temas sensíveis ao PSOL, como a descriminalização das drogas e a ampliação do direito ao aborto legal. Em uma entrevista a uma rádio gospel, o deputado federal afirmou que a descriminalização das drogas não é sua posição e que a legislação sobre o aborto não precisa ser ampliada, mas sim cumprida — recuando em pautas históricas de sua sigla.

A estratégia adotada por Boulos, de passar de uma postura com forte acento ideológico para uma abordagem mais pragmática, não é inédita entre candidatos de partidos de esquerda. Esse movimento visa ampliar a base eleitoral — mirando o eleitor de centro — e aumentar as chances de viabilidade nas urnas. Um exemplo dessa tática foi a transição do presidente Lula, que, nas eleições gerais de 2002, adotou uma postura mais moderada e pragmática, culminando na chamada “Carta ao Povo Brasileiro”, documento que foi fundamental para sua primeira vitória na corrida presidencial.

Pressão nas redes sociais

O crescimento de Marçal nas pesquisas de intenção de voto acendeu um alerta nos militantes e dirigentes de partidos de esquerda, que passaram a pressionar Boulos, especialmente nas redes sociais, para adotar uma postura mais combativa contra o influenciador. A estratégia de Marçal é baseada em ataques e acusações contra adversários, muitas vezes sem apresentar provas, que depois viralizam nas redes sociais em cortes — vídeos curtos e descontextualizados. Boulos tem sido o principal alvo de Marçal e já conseguiu obter direito de resposta contra o ex-coach na Justiça.

A pesquisa Datafolha mais recente, divulgada no dia 22, mostra empate técnico entre Boulos, Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na primeira posição. Boulos está com 23%, Marçal tem 21% e Nunes aparece com 19%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Diante das críticas à sua comunicação, Boulos fez um pronunciamento nesta semana convocando seus apoiadores para um “ato contra o bolsonarismo”, marcado para o próximo sábado, 31, na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. A fala do deputado psolista veio após seus apoiadores começarem a comparar sua postura moderada com a estratégia mais agressiva adotada por Tabata Amaral, candidata do PSB, contra Marçal. Tabata tem produzido vídeos cinematográficos que expõem a relação entre membros do partido de Marçal, o PRTB, e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Vi esses dias na rede social gente falando: ‘tem que bater mais forte, pegar mais pesado’. Gente, eleição não é concurso de quem grita mais alto. Que a gente tem coragem de enfrentar a extrema direita, isso não precisa provar para ninguém. Fizemos isso nos últimos anos nesse país. Aliás, não só em rede social, mas na rua, organizados, dando a cara a tapa”, declarou Boulos em seu pronunciamento. Ele acrescentou que Marçal não é o único adversário na campanha e que o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), apoiado formalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também deve ser combatido.

Aposta na polarização

A campanha de Boulos tem tentado emplacar o mote “dois lados da mesma moeda” ao se referir a Marçal e Nunes, destacando que o prefeito tem o apoio formal de Bolsonaro, enquanto Marçal possui forte apelo entre os eleitores do ex-presidente. O entorno de Boulos avalia que o campo da direita entrou em uma espécie de guerra pelo voto bolsonarista e que, a menos que algo extraordinário aconteça, Boulos já tem seu lugar garantido no segundo turno.

Por isso, afirmam aliados, o crescimento de Marçal não preocupa tanto a campanha do PSOL, pois, segundo eles, “esse seria um problema de Nunes”.

Com base nesse diagnóstico, a campanha do PSOL aposta tanto na polarização quanto na rejeição para vencer a disputa na capital. Um aliado de Boulos chegou a comparar a eleição em São Paulo a um “terceiro turno” das eleições gerais de 2022 ou mesmo a um prelúdio da disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. A estratégia atual do PSOL consiste em posicionar o deputado como o representante de Lula, em oposição ao representante de Bolsonaro, que pode ser tanto Marçal quanto Nunes.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa de comício dos candidatos a prefeito e vice-prefeita, Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), na zona Sul da capital Foto: Werther Santana/Estadão

Essa tática se baseia na premissa de que o bolsonarismo enfrenta uma elevada taxa de rejeição na capital. Em 2022, tanto Lula quanto o então candidato ao governo do Estado pelo PT, Fernando Haddad, venceram na cidade. Por isso, avaliam aliados de Boulos, é crucial associar tanto Nunes quanto Marçal ao ex-presidente, mesmo que Marçal não conte com o apoio formal de Bolsonaro. Pesquisas recentes também indicam que os eleitores rejeitam mais um candidato apoiado por Bolsonaro do que um apoiado por Lula.

No sábado passado, 24, Lula gravou vídeos ao lado de Boulos para serem usados na campanha e participou de dois comícios com o psolista. No palanque, enfatizou que Boulos não deve ser visto pelos petistas apenas como o candidato do PSOL, mas sim como o candidato do próprio PT. Esta é a primeira vez desde a redemocratização que o PT não lança um candidato próprio à Prefeitura de São Paulo. Em vez disso, optou por apoiar Boulos e indicar a ex-prefeita Marta Suplicy como vice na chapa.

Além disso, o partido de Lula se comprometeu a repassar R$ 30 milhões do fundo eleitoral para a candidatura de Boulos e Marta.

Campanha à moda antiga

Após os comícios com Lula e a convocação para o ato na Praça Roosevelt, a campanha de Boulos passou a enfrentar novos questionamentos. Críticas surgiram sobre a percepção de que a esquerda estaria apegada a formas antiquadas de campanha, como palanques e manifestações de rua, em vez de investir mais intensamente na campanha digital, especialmente nas redes sociais. Em seu pronunciamento na segunda-feira, Boulos admitiu que a direita tem mais facilidade em fazer campanha nas redes.

“Vocês sabem por que muitas vezes a extrema direita, nas redes sociais, sobe mais e faz mais barulho? Porque agem de maneira unificada. O campo democrático, às vezes, tem mais dificuldade de fazer isso. O campo progressista tem maior dificuldade de fazer isso. Então, a ideia é unificar. Unificar o nosso time, o nosso lado, de quem defende a democracia para São Paulo”, disse Boulos, acrescentando que o ato na Praça Roosevelt servirá para transmitir à militância a estratégia que a campanha seguirá nas redes.

Guilherme Boulos, ao lado de sua vice, Marta Suplicy, participa de caminha no centro de Campo Limpo Foto: Werther Santana/Estadão

Questionado sobre o assunto em entrevista no Roda Viva, da TV Cultura, Boulos destacou a importância das redes sociais, mas rejeitou a ideia de que a esquerda esteja presa a métodos ultrapassados de campanha. Na visão do psolista, o contato direto com o eleitor é fundamental no processo eleitoral. Aliados de Boulos compartilham essa percepção e afirmam que a presença nas ruas nunca será ultrapassada ou antiquada.

Do início da campanha, no dia 16, até o dia 27, Boulos foi o segundo candidato com o maior número de agendas divulgadas, totalizando 39 compromissos, em comparação os com 42 de Nunes e 24 de Marçal. No entanto, o psolista foi o candidato com o maior número de eventos de rua, com 20 caminhadas em comércios locais, em contraste com nove do prefeito e três do candidato do PRTB.

A expectativa do entorno de Boulos é que o ato deste sábado sirva para acalmar a militância e também para fornecer orientações e materiais de apoio sobre como os apoiadores do psolista poderão contribuir na disputa eleitoral. Um aliado de Boulos afirma que a intenção é manter uma agenda propositiva, sem permitir que Marçal domine a pauta com temas alheios à cidade. No entanto, ele acrescenta que Boulos responderá ao ex-coach com firmeza, partindo para o enfrentamento quando necessário.

Apesar das críticas vindas de apoiadores, a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) pretende manter a estratégia adotada até agora de trabalhar uma postura mais “light” do candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Prefeitura de São Paulo. A intenção é manter os discursos focados na apresentação de propostas para a cidade. Interlocutores do psolista demonstraram preocupação de que, caso o candidato adote um tom mais agressivo contra Pablo Marçal (PRTB) — como desejado por parte da militância —, isso possa reforçar a imagem de radical que uma parcela do eleitorado já tem dele.

Essa apreensão é reforçada por pesquisas qualitativas às quais a campanha teve acesso. Segundo um aliado de Boulos ouvido pela reportagem, esses levantamentos indicam que a pecha de “radical” é o principal motivo citado por eleitores que escolhem não votar no candidato do PSOL. Desde antes do período eleitoral, Boulos vem tentando desconstruir essa imagem negativa, associada ao seu passado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Para isso, ele tem feito ajustes em seu visual, adotando roupas mais alinhadas, e evitado tratar de temas caros ao seu partido, mas que podem reforçar a imagem que ele tenta desconstruir.

Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, participa de evento no bairro de Campo Limpo no último sábado, 24 de agosto Foto: Werther Santana/Estadão

Um exemplo disso é a questão da Venezuela. Boulos recentemente reconheceu indícios de fraudes na última eleição presidencial do país, contrastando com suas posições anteriores, em que defendia a ditadura de Nicolás Maduro. Ele também ajustou seu discurso em outros temas sensíveis ao PSOL, como a descriminalização das drogas e a ampliação do direito ao aborto legal. Em uma entrevista a uma rádio gospel, o deputado federal afirmou que a descriminalização das drogas não é sua posição e que a legislação sobre o aborto não precisa ser ampliada, mas sim cumprida — recuando em pautas históricas de sua sigla.

A estratégia adotada por Boulos, de passar de uma postura com forte acento ideológico para uma abordagem mais pragmática, não é inédita entre candidatos de partidos de esquerda. Esse movimento visa ampliar a base eleitoral — mirando o eleitor de centro — e aumentar as chances de viabilidade nas urnas. Um exemplo dessa tática foi a transição do presidente Lula, que, nas eleições gerais de 2002, adotou uma postura mais moderada e pragmática, culminando na chamada “Carta ao Povo Brasileiro”, documento que foi fundamental para sua primeira vitória na corrida presidencial.

Pressão nas redes sociais

O crescimento de Marçal nas pesquisas de intenção de voto acendeu um alerta nos militantes e dirigentes de partidos de esquerda, que passaram a pressionar Boulos, especialmente nas redes sociais, para adotar uma postura mais combativa contra o influenciador. A estratégia de Marçal é baseada em ataques e acusações contra adversários, muitas vezes sem apresentar provas, que depois viralizam nas redes sociais em cortes — vídeos curtos e descontextualizados. Boulos tem sido o principal alvo de Marçal e já conseguiu obter direito de resposta contra o ex-coach na Justiça.

A pesquisa Datafolha mais recente, divulgada no dia 22, mostra empate técnico entre Boulos, Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na primeira posição. Boulos está com 23%, Marçal tem 21% e Nunes aparece com 19%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Diante das críticas à sua comunicação, Boulos fez um pronunciamento nesta semana convocando seus apoiadores para um “ato contra o bolsonarismo”, marcado para o próximo sábado, 31, na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. A fala do deputado psolista veio após seus apoiadores começarem a comparar sua postura moderada com a estratégia mais agressiva adotada por Tabata Amaral, candidata do PSB, contra Marçal. Tabata tem produzido vídeos cinematográficos que expõem a relação entre membros do partido de Marçal, o PRTB, e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Vi esses dias na rede social gente falando: ‘tem que bater mais forte, pegar mais pesado’. Gente, eleição não é concurso de quem grita mais alto. Que a gente tem coragem de enfrentar a extrema direita, isso não precisa provar para ninguém. Fizemos isso nos últimos anos nesse país. Aliás, não só em rede social, mas na rua, organizados, dando a cara a tapa”, declarou Boulos em seu pronunciamento. Ele acrescentou que Marçal não é o único adversário na campanha e que o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), apoiado formalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também deve ser combatido.

Aposta na polarização

A campanha de Boulos tem tentado emplacar o mote “dois lados da mesma moeda” ao se referir a Marçal e Nunes, destacando que o prefeito tem o apoio formal de Bolsonaro, enquanto Marçal possui forte apelo entre os eleitores do ex-presidente. O entorno de Boulos avalia que o campo da direita entrou em uma espécie de guerra pelo voto bolsonarista e que, a menos que algo extraordinário aconteça, Boulos já tem seu lugar garantido no segundo turno.

Por isso, afirmam aliados, o crescimento de Marçal não preocupa tanto a campanha do PSOL, pois, segundo eles, “esse seria um problema de Nunes”.

Com base nesse diagnóstico, a campanha do PSOL aposta tanto na polarização quanto na rejeição para vencer a disputa na capital. Um aliado de Boulos chegou a comparar a eleição em São Paulo a um “terceiro turno” das eleições gerais de 2022 ou mesmo a um prelúdio da disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. A estratégia atual do PSOL consiste em posicionar o deputado como o representante de Lula, em oposição ao representante de Bolsonaro, que pode ser tanto Marçal quanto Nunes.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa de comício dos candidatos a prefeito e vice-prefeita, Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), na zona Sul da capital Foto: Werther Santana/Estadão

Essa tática se baseia na premissa de que o bolsonarismo enfrenta uma elevada taxa de rejeição na capital. Em 2022, tanto Lula quanto o então candidato ao governo do Estado pelo PT, Fernando Haddad, venceram na cidade. Por isso, avaliam aliados de Boulos, é crucial associar tanto Nunes quanto Marçal ao ex-presidente, mesmo que Marçal não conte com o apoio formal de Bolsonaro. Pesquisas recentes também indicam que os eleitores rejeitam mais um candidato apoiado por Bolsonaro do que um apoiado por Lula.

No sábado passado, 24, Lula gravou vídeos ao lado de Boulos para serem usados na campanha e participou de dois comícios com o psolista. No palanque, enfatizou que Boulos não deve ser visto pelos petistas apenas como o candidato do PSOL, mas sim como o candidato do próprio PT. Esta é a primeira vez desde a redemocratização que o PT não lança um candidato próprio à Prefeitura de São Paulo. Em vez disso, optou por apoiar Boulos e indicar a ex-prefeita Marta Suplicy como vice na chapa.

Além disso, o partido de Lula se comprometeu a repassar R$ 30 milhões do fundo eleitoral para a candidatura de Boulos e Marta.

Campanha à moda antiga

Após os comícios com Lula e a convocação para o ato na Praça Roosevelt, a campanha de Boulos passou a enfrentar novos questionamentos. Críticas surgiram sobre a percepção de que a esquerda estaria apegada a formas antiquadas de campanha, como palanques e manifestações de rua, em vez de investir mais intensamente na campanha digital, especialmente nas redes sociais. Em seu pronunciamento na segunda-feira, Boulos admitiu que a direita tem mais facilidade em fazer campanha nas redes.

“Vocês sabem por que muitas vezes a extrema direita, nas redes sociais, sobe mais e faz mais barulho? Porque agem de maneira unificada. O campo democrático, às vezes, tem mais dificuldade de fazer isso. O campo progressista tem maior dificuldade de fazer isso. Então, a ideia é unificar. Unificar o nosso time, o nosso lado, de quem defende a democracia para São Paulo”, disse Boulos, acrescentando que o ato na Praça Roosevelt servirá para transmitir à militância a estratégia que a campanha seguirá nas redes.

Guilherme Boulos, ao lado de sua vice, Marta Suplicy, participa de caminha no centro de Campo Limpo Foto: Werther Santana/Estadão

Questionado sobre o assunto em entrevista no Roda Viva, da TV Cultura, Boulos destacou a importância das redes sociais, mas rejeitou a ideia de que a esquerda esteja presa a métodos ultrapassados de campanha. Na visão do psolista, o contato direto com o eleitor é fundamental no processo eleitoral. Aliados de Boulos compartilham essa percepção e afirmam que a presença nas ruas nunca será ultrapassada ou antiquada.

Do início da campanha, no dia 16, até o dia 27, Boulos foi o segundo candidato com o maior número de agendas divulgadas, totalizando 39 compromissos, em comparação os com 42 de Nunes e 24 de Marçal. No entanto, o psolista foi o candidato com o maior número de eventos de rua, com 20 caminhadas em comércios locais, em contraste com nove do prefeito e três do candidato do PRTB.

A expectativa do entorno de Boulos é que o ato deste sábado sirva para acalmar a militância e também para fornecer orientações e materiais de apoio sobre como os apoiadores do psolista poderão contribuir na disputa eleitoral. Um aliado de Boulos afirma que a intenção é manter uma agenda propositiva, sem permitir que Marçal domine a pauta com temas alheios à cidade. No entanto, ele acrescenta que Boulos responderá ao ex-coach com firmeza, partindo para o enfrentamento quando necessário.

Apesar das críticas vindas de apoiadores, a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) pretende manter a estratégia adotada até agora de trabalhar uma postura mais “light” do candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Prefeitura de São Paulo. A intenção é manter os discursos focados na apresentação de propostas para a cidade. Interlocutores do psolista demonstraram preocupação de que, caso o candidato adote um tom mais agressivo contra Pablo Marçal (PRTB) — como desejado por parte da militância —, isso possa reforçar a imagem de radical que uma parcela do eleitorado já tem dele.

Essa apreensão é reforçada por pesquisas qualitativas às quais a campanha teve acesso. Segundo um aliado de Boulos ouvido pela reportagem, esses levantamentos indicam que a pecha de “radical” é o principal motivo citado por eleitores que escolhem não votar no candidato do PSOL. Desde antes do período eleitoral, Boulos vem tentando desconstruir essa imagem negativa, associada ao seu passado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Para isso, ele tem feito ajustes em seu visual, adotando roupas mais alinhadas, e evitado tratar de temas caros ao seu partido, mas que podem reforçar a imagem que ele tenta desconstruir.

Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, participa de evento no bairro de Campo Limpo no último sábado, 24 de agosto Foto: Werther Santana/Estadão

Um exemplo disso é a questão da Venezuela. Boulos recentemente reconheceu indícios de fraudes na última eleição presidencial do país, contrastando com suas posições anteriores, em que defendia a ditadura de Nicolás Maduro. Ele também ajustou seu discurso em outros temas sensíveis ao PSOL, como a descriminalização das drogas e a ampliação do direito ao aborto legal. Em uma entrevista a uma rádio gospel, o deputado federal afirmou que a descriminalização das drogas não é sua posição e que a legislação sobre o aborto não precisa ser ampliada, mas sim cumprida — recuando em pautas históricas de sua sigla.

A estratégia adotada por Boulos, de passar de uma postura com forte acento ideológico para uma abordagem mais pragmática, não é inédita entre candidatos de partidos de esquerda. Esse movimento visa ampliar a base eleitoral — mirando o eleitor de centro — e aumentar as chances de viabilidade nas urnas. Um exemplo dessa tática foi a transição do presidente Lula, que, nas eleições gerais de 2002, adotou uma postura mais moderada e pragmática, culminando na chamada “Carta ao Povo Brasileiro”, documento que foi fundamental para sua primeira vitória na corrida presidencial.

Pressão nas redes sociais

O crescimento de Marçal nas pesquisas de intenção de voto acendeu um alerta nos militantes e dirigentes de partidos de esquerda, que passaram a pressionar Boulos, especialmente nas redes sociais, para adotar uma postura mais combativa contra o influenciador. A estratégia de Marçal é baseada em ataques e acusações contra adversários, muitas vezes sem apresentar provas, que depois viralizam nas redes sociais em cortes — vídeos curtos e descontextualizados. Boulos tem sido o principal alvo de Marçal e já conseguiu obter direito de resposta contra o ex-coach na Justiça.

A pesquisa Datafolha mais recente, divulgada no dia 22, mostra empate técnico entre Boulos, Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na primeira posição. Boulos está com 23%, Marçal tem 21% e Nunes aparece com 19%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Diante das críticas à sua comunicação, Boulos fez um pronunciamento nesta semana convocando seus apoiadores para um “ato contra o bolsonarismo”, marcado para o próximo sábado, 31, na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. A fala do deputado psolista veio após seus apoiadores começarem a comparar sua postura moderada com a estratégia mais agressiva adotada por Tabata Amaral, candidata do PSB, contra Marçal. Tabata tem produzido vídeos cinematográficos que expõem a relação entre membros do partido de Marçal, o PRTB, e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Vi esses dias na rede social gente falando: ‘tem que bater mais forte, pegar mais pesado’. Gente, eleição não é concurso de quem grita mais alto. Que a gente tem coragem de enfrentar a extrema direita, isso não precisa provar para ninguém. Fizemos isso nos últimos anos nesse país. Aliás, não só em rede social, mas na rua, organizados, dando a cara a tapa”, declarou Boulos em seu pronunciamento. Ele acrescentou que Marçal não é o único adversário na campanha e que o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), apoiado formalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também deve ser combatido.

Aposta na polarização

A campanha de Boulos tem tentado emplacar o mote “dois lados da mesma moeda” ao se referir a Marçal e Nunes, destacando que o prefeito tem o apoio formal de Bolsonaro, enquanto Marçal possui forte apelo entre os eleitores do ex-presidente. O entorno de Boulos avalia que o campo da direita entrou em uma espécie de guerra pelo voto bolsonarista e que, a menos que algo extraordinário aconteça, Boulos já tem seu lugar garantido no segundo turno.

Por isso, afirmam aliados, o crescimento de Marçal não preocupa tanto a campanha do PSOL, pois, segundo eles, “esse seria um problema de Nunes”.

Com base nesse diagnóstico, a campanha do PSOL aposta tanto na polarização quanto na rejeição para vencer a disputa na capital. Um aliado de Boulos chegou a comparar a eleição em São Paulo a um “terceiro turno” das eleições gerais de 2022 ou mesmo a um prelúdio da disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. A estratégia atual do PSOL consiste em posicionar o deputado como o representante de Lula, em oposição ao representante de Bolsonaro, que pode ser tanto Marçal quanto Nunes.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa de comício dos candidatos a prefeito e vice-prefeita, Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT), na zona Sul da capital Foto: Werther Santana/Estadão

Essa tática se baseia na premissa de que o bolsonarismo enfrenta uma elevada taxa de rejeição na capital. Em 2022, tanto Lula quanto o então candidato ao governo do Estado pelo PT, Fernando Haddad, venceram na cidade. Por isso, avaliam aliados de Boulos, é crucial associar tanto Nunes quanto Marçal ao ex-presidente, mesmo que Marçal não conte com o apoio formal de Bolsonaro. Pesquisas recentes também indicam que os eleitores rejeitam mais um candidato apoiado por Bolsonaro do que um apoiado por Lula.

No sábado passado, 24, Lula gravou vídeos ao lado de Boulos para serem usados na campanha e participou de dois comícios com o psolista. No palanque, enfatizou que Boulos não deve ser visto pelos petistas apenas como o candidato do PSOL, mas sim como o candidato do próprio PT. Esta é a primeira vez desde a redemocratização que o PT não lança um candidato próprio à Prefeitura de São Paulo. Em vez disso, optou por apoiar Boulos e indicar a ex-prefeita Marta Suplicy como vice na chapa.

Além disso, o partido de Lula se comprometeu a repassar R$ 30 milhões do fundo eleitoral para a candidatura de Boulos e Marta.

Campanha à moda antiga

Após os comícios com Lula e a convocação para o ato na Praça Roosevelt, a campanha de Boulos passou a enfrentar novos questionamentos. Críticas surgiram sobre a percepção de que a esquerda estaria apegada a formas antiquadas de campanha, como palanques e manifestações de rua, em vez de investir mais intensamente na campanha digital, especialmente nas redes sociais. Em seu pronunciamento na segunda-feira, Boulos admitiu que a direita tem mais facilidade em fazer campanha nas redes.

“Vocês sabem por que muitas vezes a extrema direita, nas redes sociais, sobe mais e faz mais barulho? Porque agem de maneira unificada. O campo democrático, às vezes, tem mais dificuldade de fazer isso. O campo progressista tem maior dificuldade de fazer isso. Então, a ideia é unificar. Unificar o nosso time, o nosso lado, de quem defende a democracia para São Paulo”, disse Boulos, acrescentando que o ato na Praça Roosevelt servirá para transmitir à militância a estratégia que a campanha seguirá nas redes.

Guilherme Boulos, ao lado de sua vice, Marta Suplicy, participa de caminha no centro de Campo Limpo Foto: Werther Santana/Estadão

Questionado sobre o assunto em entrevista no Roda Viva, da TV Cultura, Boulos destacou a importância das redes sociais, mas rejeitou a ideia de que a esquerda esteja presa a métodos ultrapassados de campanha. Na visão do psolista, o contato direto com o eleitor é fundamental no processo eleitoral. Aliados de Boulos compartilham essa percepção e afirmam que a presença nas ruas nunca será ultrapassada ou antiquada.

Do início da campanha, no dia 16, até o dia 27, Boulos foi o segundo candidato com o maior número de agendas divulgadas, totalizando 39 compromissos, em comparação os com 42 de Nunes e 24 de Marçal. No entanto, o psolista foi o candidato com o maior número de eventos de rua, com 20 caminhadas em comércios locais, em contraste com nove do prefeito e três do candidato do PRTB.

A expectativa do entorno de Boulos é que o ato deste sábado sirva para acalmar a militância e também para fornecer orientações e materiais de apoio sobre como os apoiadores do psolista poderão contribuir na disputa eleitoral. Um aliado de Boulos afirma que a intenção é manter uma agenda propositiva, sem permitir que Marçal domine a pauta com temas alheios à cidade. No entanto, ele acrescenta que Boulos responderá ao ex-coach com firmeza, partindo para o enfrentamento quando necessário.

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