Boulos ‘salva’ PT de vexame em cenário onde direita ganha força e Lula vai a duelo com Bolsonaro


Candidato do PSOL chega à segunda etapa da eleição em disputa apertada com prefeito; presidente afirma a aliados que agora entrará na campanha

Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – A passagem de Guilherme Boulos (PSOL) para o segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo serviu para livrar o PT do vexame diante de um cenário adverso enfrentado pelo partido em outras eleições no País. Embora pesquisas de intenção de voto indiquem que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem mais chances de vencer o confronto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados que se empenhará pela vitória de Boulos no próximo dia 27, quando os eleitores voltarão às urnas.

Lula foi cobrado por dirigentes do PT a ajudar candidatos do partido e aliados que foram para o segundo turno. Os petistas perderam a eleição em Teresina, única capital que esperavam vencer com folga nesta primeira rodada da disputa.

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O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, é a aposta de Lula para conquistar a 'joia da coroa', de olho na disputa de 2026.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além de conseguir emplacar Boulos, do PSOL, no segundo turno, o PT passou para a próxima etapa da eleição em apenas quatro capitais: Porto Alegre, Fortaleza, Natal e Cuiabá. Em todas elas, vai enfrentar candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (PSD), e do Recife, João Campos (PSB), foram reeleitos no primeiro turno com o apoio de Lula, mas a vitória de nenhum dos dois pode ser atribuída à aliança com o PT. Tanto é assim que nem Paes nem Campos aceitaram ter vices petistas em suas chapas.

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“Às vezes, tentam diminuir o tamanho do governo. Mas o fato é que lideranças de partidos que compõem a frente ampla do governo Lula derrotaram ícones da direita”, argumentou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Bolsonaro foi derrotado em seu condomínio, no Rio, com a vitória de Eduardo Paes (contra Alexandre Ramagem, do PL), e João Campos derrotou o sanfoneiro de Bolsonaro no Recife”, emendou ele, numa referência a Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo.

Em 2020, o PT elegeu 183 prefeitos e hoje, após trocas partidárias, tem 265, número que consta de documento produzido no mês passado pelo Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) da sigla. Esperava conquistar aproximadamente 350 prefeituras, mas os resultados obtidos até agora indicam que o partido encolheu nos municípios, ficando no comando de 248 cidades. No ABC paulista, seu berço político, só irá para o segundo turno em Diadema e Mauá, que já administrava.

A campanha de Boulos tentará reconstruir uma frente ampla pela democracia, contra o avanço do bolsonarismo, sob o argumento de que Nunes e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado, fazem parte do mesmo projeto do ex-presidente, apesar do racha nas fileiras da direita.

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“Do lado de lá tem alguém que possui relação com o crime organizado”, afirmou Boulos na noite deste domingo, 6, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o seu passaporte para o segundo turno, dando o tom de como será a nova etapa da eleição. “Do lado de lá tem um vice indicado por Bolsonaro que acredita que quem mora nos Jardins e na periferia deve ser tratado de forma diferente”, completou ele, numa referência ao coronel Mello Araújo (PL), que comandou a Rota e é vice na chapa de Nunes.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que apoiará Boulos a partir de agora. Tabata obteve 9,93% dos votos válidos (o equivalente a 601.118) e ficou em quarto lugar. Nos últimos debates, ela criticou Boulos, insinuando que ele havia passado por uma metamorfose na campanha. Em conversas reservadas, a deputada afirmou, depois, que votaria no “menos pior” no segundo turno.

A deputada Tabata Amaral (PSB) apoiará Boulos na segunda rodada da eleição. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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O apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) será procurado por Boulos, em busca de apoio. Datena ficou em quinto lugar, com apenas 1,84% dos votos (112.344). O PSDB, que administrou a capital paulista três vezes, também não conseguiu nenhuma cadeira na Câmara Municipal. Em 2020, além de eleger Bruno Covas, o partido fez oito vereadores. Mas houve uma debandada após o anúncio da candidatura de Datena.

Na prática, o PSDB sucumbiu em São Paulo. Mesmo na ruína, porém, o partido continua dividido. A cúpula nacional da legenda anunciou aval a Nunes, mas nem todos concordam com essa posição na seção paulistana.

“Entre os candidatos que disputam essa etapa final, não tenho dúvida de que Nunes é quem melhor pode administrar a principal capital brasileira, gerando um ambiente de tranquilidade política e social necessária para o desenvolvimento do município, contribuindo, assim, com todo o País”, observou o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do Instituto Teotônio Vilela, sem querer entrar na polêmica entre tucanos.

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A conquista da capital paulista pela esquerda é fundamental para o jogo do PT em 2026. Apesar de não haver ligação automática entre as eleições municipais e a presidencial, se Boulos ganhar a Prefeitura Lula terá a “joia da coroa” para impulsionar seu plano de reeleição, daqui a dois anos, em um Estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como “escudeiro” de Bolsonaro.

No primeiro turno, o presidente evitou participar da maioria das campanhas porque não queria que o governo ficasse associado a eventuais derrotas. Preferiu esperar a próxima etapa para observar melhor o cenário.

Agora, diante da vantagem de candidatos apoiados por Bolsonaro em várias capitais, incluindo as do Nordeste – antigo cinturão vermelho –, Lula disse a interlocutores que atuará como cabo eleitoral onde concorrentes do PT e de partidos aliados tiverem chance de vitória. Mas a prioridade será São Paulo.

BRASÍLIA – A passagem de Guilherme Boulos (PSOL) para o segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo serviu para livrar o PT do vexame diante de um cenário adverso enfrentado pelo partido em outras eleições no País. Embora pesquisas de intenção de voto indiquem que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem mais chances de vencer o confronto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados que se empenhará pela vitória de Boulos no próximo dia 27, quando os eleitores voltarão às urnas.

Lula foi cobrado por dirigentes do PT a ajudar candidatos do partido e aliados que foram para o segundo turno. Os petistas perderam a eleição em Teresina, única capital que esperavam vencer com folga nesta primeira rodada da disputa.

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, é a aposta de Lula para conquistar a 'joia da coroa', de olho na disputa de 2026.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além de conseguir emplacar Boulos, do PSOL, no segundo turno, o PT passou para a próxima etapa da eleição em apenas quatro capitais: Porto Alegre, Fortaleza, Natal e Cuiabá. Em todas elas, vai enfrentar candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (PSD), e do Recife, João Campos (PSB), foram reeleitos no primeiro turno com o apoio de Lula, mas a vitória de nenhum dos dois pode ser atribuída à aliança com o PT. Tanto é assim que nem Paes nem Campos aceitaram ter vices petistas em suas chapas.

“Às vezes, tentam diminuir o tamanho do governo. Mas o fato é que lideranças de partidos que compõem a frente ampla do governo Lula derrotaram ícones da direita”, argumentou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Bolsonaro foi derrotado em seu condomínio, no Rio, com a vitória de Eduardo Paes (contra Alexandre Ramagem, do PL), e João Campos derrotou o sanfoneiro de Bolsonaro no Recife”, emendou ele, numa referência a Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo.

Em 2020, o PT elegeu 183 prefeitos e hoje, após trocas partidárias, tem 265, número que consta de documento produzido no mês passado pelo Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) da sigla. Esperava conquistar aproximadamente 350 prefeituras, mas os resultados obtidos até agora indicam que o partido encolheu nos municípios, ficando no comando de 248 cidades. No ABC paulista, seu berço político, só irá para o segundo turno em Diadema e Mauá, que já administrava.

A campanha de Boulos tentará reconstruir uma frente ampla pela democracia, contra o avanço do bolsonarismo, sob o argumento de que Nunes e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado, fazem parte do mesmo projeto do ex-presidente, apesar do racha nas fileiras da direita.

“Do lado de lá tem alguém que possui relação com o crime organizado”, afirmou Boulos na noite deste domingo, 6, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o seu passaporte para o segundo turno, dando o tom de como será a nova etapa da eleição. “Do lado de lá tem um vice indicado por Bolsonaro que acredita que quem mora nos Jardins e na periferia deve ser tratado de forma diferente”, completou ele, numa referência ao coronel Mello Araújo (PL), que comandou a Rota e é vice na chapa de Nunes.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que apoiará Boulos a partir de agora. Tabata obteve 9,93% dos votos válidos (o equivalente a 601.118) e ficou em quarto lugar. Nos últimos debates, ela criticou Boulos, insinuando que ele havia passado por uma metamorfose na campanha. Em conversas reservadas, a deputada afirmou, depois, que votaria no “menos pior” no segundo turno.

A deputada Tabata Amaral (PSB) apoiará Boulos na segunda rodada da eleição. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) será procurado por Boulos, em busca de apoio. Datena ficou em quinto lugar, com apenas 1,84% dos votos (112.344). O PSDB, que administrou a capital paulista três vezes, também não conseguiu nenhuma cadeira na Câmara Municipal. Em 2020, além de eleger Bruno Covas, o partido fez oito vereadores. Mas houve uma debandada após o anúncio da candidatura de Datena.

Na prática, o PSDB sucumbiu em São Paulo. Mesmo na ruína, porém, o partido continua dividido. A cúpula nacional da legenda anunciou aval a Nunes, mas nem todos concordam com essa posição na seção paulistana.

“Entre os candidatos que disputam essa etapa final, não tenho dúvida de que Nunes é quem melhor pode administrar a principal capital brasileira, gerando um ambiente de tranquilidade política e social necessária para o desenvolvimento do município, contribuindo, assim, com todo o País”, observou o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do Instituto Teotônio Vilela, sem querer entrar na polêmica entre tucanos.

A conquista da capital paulista pela esquerda é fundamental para o jogo do PT em 2026. Apesar de não haver ligação automática entre as eleições municipais e a presidencial, se Boulos ganhar a Prefeitura Lula terá a “joia da coroa” para impulsionar seu plano de reeleição, daqui a dois anos, em um Estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como “escudeiro” de Bolsonaro.

No primeiro turno, o presidente evitou participar da maioria das campanhas porque não queria que o governo ficasse associado a eventuais derrotas. Preferiu esperar a próxima etapa para observar melhor o cenário.

Agora, diante da vantagem de candidatos apoiados por Bolsonaro em várias capitais, incluindo as do Nordeste – antigo cinturão vermelho –, Lula disse a interlocutores que atuará como cabo eleitoral onde concorrentes do PT e de partidos aliados tiverem chance de vitória. Mas a prioridade será São Paulo.

BRASÍLIA – A passagem de Guilherme Boulos (PSOL) para o segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo serviu para livrar o PT do vexame diante de um cenário adverso enfrentado pelo partido em outras eleições no País. Embora pesquisas de intenção de voto indiquem que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem mais chances de vencer o confronto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados que se empenhará pela vitória de Boulos no próximo dia 27, quando os eleitores voltarão às urnas.

Lula foi cobrado por dirigentes do PT a ajudar candidatos do partido e aliados que foram para o segundo turno. Os petistas perderam a eleição em Teresina, única capital que esperavam vencer com folga nesta primeira rodada da disputa.

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, é a aposta de Lula para conquistar a 'joia da coroa', de olho na disputa de 2026.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além de conseguir emplacar Boulos, do PSOL, no segundo turno, o PT passou para a próxima etapa da eleição em apenas quatro capitais: Porto Alegre, Fortaleza, Natal e Cuiabá. Em todas elas, vai enfrentar candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (PSD), e do Recife, João Campos (PSB), foram reeleitos no primeiro turno com o apoio de Lula, mas a vitória de nenhum dos dois pode ser atribuída à aliança com o PT. Tanto é assim que nem Paes nem Campos aceitaram ter vices petistas em suas chapas.

“Às vezes, tentam diminuir o tamanho do governo. Mas o fato é que lideranças de partidos que compõem a frente ampla do governo Lula derrotaram ícones da direita”, argumentou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Bolsonaro foi derrotado em seu condomínio, no Rio, com a vitória de Eduardo Paes (contra Alexandre Ramagem, do PL), e João Campos derrotou o sanfoneiro de Bolsonaro no Recife”, emendou ele, numa referência a Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo.

Em 2020, o PT elegeu 183 prefeitos e hoje, após trocas partidárias, tem 265, número que consta de documento produzido no mês passado pelo Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) da sigla. Esperava conquistar aproximadamente 350 prefeituras, mas os resultados obtidos até agora indicam que o partido encolheu nos municípios, ficando no comando de 248 cidades. No ABC paulista, seu berço político, só irá para o segundo turno em Diadema e Mauá, que já administrava.

A campanha de Boulos tentará reconstruir uma frente ampla pela democracia, contra o avanço do bolsonarismo, sob o argumento de que Nunes e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado, fazem parte do mesmo projeto do ex-presidente, apesar do racha nas fileiras da direita.

“Do lado de lá tem alguém que possui relação com o crime organizado”, afirmou Boulos na noite deste domingo, 6, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o seu passaporte para o segundo turno, dando o tom de como será a nova etapa da eleição. “Do lado de lá tem um vice indicado por Bolsonaro que acredita que quem mora nos Jardins e na periferia deve ser tratado de forma diferente”, completou ele, numa referência ao coronel Mello Araújo (PL), que comandou a Rota e é vice na chapa de Nunes.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que apoiará Boulos a partir de agora. Tabata obteve 9,93% dos votos válidos (o equivalente a 601.118) e ficou em quarto lugar. Nos últimos debates, ela criticou Boulos, insinuando que ele havia passado por uma metamorfose na campanha. Em conversas reservadas, a deputada afirmou, depois, que votaria no “menos pior” no segundo turno.

A deputada Tabata Amaral (PSB) apoiará Boulos na segunda rodada da eleição. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) será procurado por Boulos, em busca de apoio. Datena ficou em quinto lugar, com apenas 1,84% dos votos (112.344). O PSDB, que administrou a capital paulista três vezes, também não conseguiu nenhuma cadeira na Câmara Municipal. Em 2020, além de eleger Bruno Covas, o partido fez oito vereadores. Mas houve uma debandada após o anúncio da candidatura de Datena.

Na prática, o PSDB sucumbiu em São Paulo. Mesmo na ruína, porém, o partido continua dividido. A cúpula nacional da legenda anunciou aval a Nunes, mas nem todos concordam com essa posição na seção paulistana.

“Entre os candidatos que disputam essa etapa final, não tenho dúvida de que Nunes é quem melhor pode administrar a principal capital brasileira, gerando um ambiente de tranquilidade política e social necessária para o desenvolvimento do município, contribuindo, assim, com todo o País”, observou o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do Instituto Teotônio Vilela, sem querer entrar na polêmica entre tucanos.

A conquista da capital paulista pela esquerda é fundamental para o jogo do PT em 2026. Apesar de não haver ligação automática entre as eleições municipais e a presidencial, se Boulos ganhar a Prefeitura Lula terá a “joia da coroa” para impulsionar seu plano de reeleição, daqui a dois anos, em um Estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como “escudeiro” de Bolsonaro.

No primeiro turno, o presidente evitou participar da maioria das campanhas porque não queria que o governo ficasse associado a eventuais derrotas. Preferiu esperar a próxima etapa para observar melhor o cenário.

Agora, diante da vantagem de candidatos apoiados por Bolsonaro em várias capitais, incluindo as do Nordeste – antigo cinturão vermelho –, Lula disse a interlocutores que atuará como cabo eleitoral onde concorrentes do PT e de partidos aliados tiverem chance de vitória. Mas a prioridade será São Paulo.

BRASÍLIA – A passagem de Guilherme Boulos (PSOL) para o segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo serviu para livrar o PT do vexame diante de um cenário adverso enfrentado pelo partido em outras eleições no País. Embora pesquisas de intenção de voto indiquem que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem mais chances de vencer o confronto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados que se empenhará pela vitória de Boulos no próximo dia 27, quando os eleitores voltarão às urnas.

Lula foi cobrado por dirigentes do PT a ajudar candidatos do partido e aliados que foram para o segundo turno. Os petistas perderam a eleição em Teresina, única capital que esperavam vencer com folga nesta primeira rodada da disputa.

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, é a aposta de Lula para conquistar a 'joia da coroa', de olho na disputa de 2026.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além de conseguir emplacar Boulos, do PSOL, no segundo turno, o PT passou para a próxima etapa da eleição em apenas quatro capitais: Porto Alegre, Fortaleza, Natal e Cuiabá. Em todas elas, vai enfrentar candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (PSD), e do Recife, João Campos (PSB), foram reeleitos no primeiro turno com o apoio de Lula, mas a vitória de nenhum dos dois pode ser atribuída à aliança com o PT. Tanto é assim que nem Paes nem Campos aceitaram ter vices petistas em suas chapas.

“Às vezes, tentam diminuir o tamanho do governo. Mas o fato é que lideranças de partidos que compõem a frente ampla do governo Lula derrotaram ícones da direita”, argumentou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Bolsonaro foi derrotado em seu condomínio, no Rio, com a vitória de Eduardo Paes (contra Alexandre Ramagem, do PL), e João Campos derrotou o sanfoneiro de Bolsonaro no Recife”, emendou ele, numa referência a Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo.

Em 2020, o PT elegeu 183 prefeitos e hoje, após trocas partidárias, tem 265, número que consta de documento produzido no mês passado pelo Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) da sigla. Esperava conquistar aproximadamente 350 prefeituras, mas os resultados obtidos até agora indicam que o partido encolheu nos municípios, ficando no comando de 248 cidades. No ABC paulista, seu berço político, só irá para o segundo turno em Diadema e Mauá, que já administrava.

A campanha de Boulos tentará reconstruir uma frente ampla pela democracia, contra o avanço do bolsonarismo, sob o argumento de que Nunes e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado, fazem parte do mesmo projeto do ex-presidente, apesar do racha nas fileiras da direita.

“Do lado de lá tem alguém que possui relação com o crime organizado”, afirmou Boulos na noite deste domingo, 6, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o seu passaporte para o segundo turno, dando o tom de como será a nova etapa da eleição. “Do lado de lá tem um vice indicado por Bolsonaro que acredita que quem mora nos Jardins e na periferia deve ser tratado de forma diferente”, completou ele, numa referência ao coronel Mello Araújo (PL), que comandou a Rota e é vice na chapa de Nunes.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que apoiará Boulos a partir de agora. Tabata obteve 9,93% dos votos válidos (o equivalente a 601.118) e ficou em quarto lugar. Nos últimos debates, ela criticou Boulos, insinuando que ele havia passado por uma metamorfose na campanha. Em conversas reservadas, a deputada afirmou, depois, que votaria no “menos pior” no segundo turno.

A deputada Tabata Amaral (PSB) apoiará Boulos na segunda rodada da eleição. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) será procurado por Boulos, em busca de apoio. Datena ficou em quinto lugar, com apenas 1,84% dos votos (112.344). O PSDB, que administrou a capital paulista três vezes, também não conseguiu nenhuma cadeira na Câmara Municipal. Em 2020, além de eleger Bruno Covas, o partido fez oito vereadores. Mas houve uma debandada após o anúncio da candidatura de Datena.

Na prática, o PSDB sucumbiu em São Paulo. Mesmo na ruína, porém, o partido continua dividido. A cúpula nacional da legenda anunciou aval a Nunes, mas nem todos concordam com essa posição na seção paulistana.

“Entre os candidatos que disputam essa etapa final, não tenho dúvida de que Nunes é quem melhor pode administrar a principal capital brasileira, gerando um ambiente de tranquilidade política e social necessária para o desenvolvimento do município, contribuindo, assim, com todo o País”, observou o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente do Instituto Teotônio Vilela, sem querer entrar na polêmica entre tucanos.

A conquista da capital paulista pela esquerda é fundamental para o jogo do PT em 2026. Apesar de não haver ligação automática entre as eleições municipais e a presidencial, se Boulos ganhar a Prefeitura Lula terá a “joia da coroa” para impulsionar seu plano de reeleição, daqui a dois anos, em um Estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como “escudeiro” de Bolsonaro.

No primeiro turno, o presidente evitou participar da maioria das campanhas porque não queria que o governo ficasse associado a eventuais derrotas. Preferiu esperar a próxima etapa para observar melhor o cenário.

Agora, diante da vantagem de candidatos apoiados por Bolsonaro em várias capitais, incluindo as do Nordeste – antigo cinturão vermelho –, Lula disse a interlocutores que atuará como cabo eleitoral onde concorrentes do PT e de partidos aliados tiverem chance de vitória. Mas a prioridade será São Paulo.

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