Brasil envia blindados Guarani para as Filipinas após Alemanha levantar o veto sobre a venda


Alemães haviam embargado a venda em razão de restrições à política de direitos humanos filipina; esta é a primeira venda do blindado após o fracasso das negociações com a Argentina e com a Ucrânia

Por Marcelo Godoy
Atualização:

Os primeiros cinco blindados Guarani vendidos pelo Brasil para as Filipinas chegaram ao porto de Santos e devem embarcar para o país asiático após quase dois meses depois de o Escritório Governamental de Controle de Exportação da Alemanha liberar o embargo que havia sido decretado em fevereiro em razão de supostas violações dos direitos humanos pelo governo filipino.

O blindado Guarani, do Exército brasileiro Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

Ao todo, o Brasil havia acertado a venda de 28 Guaranis produzidos pela IDV (Iveco Defense Vehicles), em Sete Lagoas, em Minas por US$ 47 milhões. Por ter desenvolvido o projeto do blindado por meio do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), o Exército brasileiro tem direito a royalties sobre as vendas. No caso do contrato filipino, eles são de 3% do valor da venda – cerca de US$ 6 milhões.

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Esse valor deve subir caso as Filipinas concretizem sua intenção de adquirir até 114 viaturas com outras configurações – as primeiras unidades enviadas às Filipinas são viaturas blindadas de transporte de pessoal média sobre rodas (VBTP-MSR), mas o Guarani pode ser usado ainda como posto de comando, reconhecimento, ambulância e central de tiro. Caso as novas vendas se concretizem, o negócio com o país asiático pode alcançar cerca de R$ 1 bilhão.

A venda do primeiro lote foi fechada em 2021. O exército filipino havia encomendado carros combate e blindados à empresa israelense Elbit Systems, que escolheu o Guarani como o VBTP-MSR que seria entregue no contrato. Foi só depois que as primeiras cinco unidades estavam prontas que o governo alemão resolveu embargar a venda – ao todo cinco itens do projeto dependiam de fabricantes alemães, conforme revelou a revista Tecnologia & Defesa, entre eles placas de proteção balística antiminas, o sistema de transmissão do motor e os periscópios. A decisão alemã congelou as vendas até que o veto foi retirado sete meses depois.

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Vendas do blindado para Argentina e Ucrânia fracassaram neste ano

Esta é primeira venda neste ano do blindado da Iveco depois do fracasso das negociações com a Argentina e com a Ucrânia – anteriormente ele havia sido vendido para os exércitos do Líbano e de Gana. No caso do país europeu, o veto à venda de 450 unidades da versão ambulância aconteceu depois de manifestação contrária do Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento, do Ministério das Relações Exteriores, em maio. A decisão foi mantida sob sigilo, mas acabou comunicada em junho à Iveco.

O pedido havia sido formulado em 27 de abril pelo adido militar ucraniano, coronel Volodymyr Savchenko, em documento enviado ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho. Os blindados seriam pintados nas cores do serviço de emergência e resgate ucranianos para transportar feridos e civis, a fim de retirá-los em segurança das zonas de combate. O Exército era favorável à venda, um negócio de R$ 3,5 bilhões.

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Em 30 de maio, o chefe do Centro de Doutrina do Exército, general Marcelo Pereira Lima de Carvalho, estabelecera os 110 requisitos operacionais absolutos e uma dezena de requisitos desejáveis para a viatura blindada na versão ambulância. O documento foi homologado pela Portaria 28 do Comando de Operações Terrestres (Coter), assinada pelo general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira. O documento de 16 páginas foi publicado no Boletim do Exército número 24, em 16 de junho.

O infográfico do escritório de Projetos do Exército da viatura ambulância do blindado Guarani Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

Ao mesmo tempo, o Exército negociava com a Argentina a venda de 161 blindados (156 veículos operacionais e 5 para instrução). O negócio estava avaliado em R$ 2 bilhões, mas acabou não saindo do papel em razão das dificuldades econômicas do país vizinho. Os termos do acordo haviam sido definidos pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em janeiro.

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A venda incluía o compromisso de o Brasil transferir tecnologia para a Argentina a fim de aumentar progressivamente a fabricação de peças do veículo naquele país, além de apoio logístico e de treinamento de tripulações e do pessoal técnico do Exército argentino. Atualmente, o motor do veículo – um blindado 6 x 6 – já é produzido na Argentina. O acordo, que previa a transferência de tecnologia, havia ficado parado durante o governo de Jair Bolsonaro.

O blindado produzido pela IDV é parte do programa de modernização do Exército. Cada viatura pode custar atré R$ 10 milhões – só o chassis do blindado custa R$ 6,1 milhões. Em 2014, quando os primeiros 13 Guaranis foram entregues à 15.ª Brigada de Infantaria Mecanizada, em Cascavel (PR), previa-se então que 2.044 deles seriam entregues até 2030 ao Exército.

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Hoje o Exército tem 592 desses blindados distribuídos em quatro brigadas de cavalaria e quatro de infantaria mecanizada. Parte das versões previstas do projeto foi deixada de lado. A versão caça-tanque, por exemplo, foi substituída pela compra de veículos Centauro, da Itália . Redimensionado, o programa da Força Terrestre estima que terá 1.200 Guaranis. Já o prazo final para aquisição dos blindados passou de 2030 para 2037.

Os primeiros cinco blindados Guarani vendidos pelo Brasil para as Filipinas chegaram ao porto de Santos e devem embarcar para o país asiático após quase dois meses depois de o Escritório Governamental de Controle de Exportação da Alemanha liberar o embargo que havia sido decretado em fevereiro em razão de supostas violações dos direitos humanos pelo governo filipino.

O blindado Guarani, do Exército brasileiro Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

Ao todo, o Brasil havia acertado a venda de 28 Guaranis produzidos pela IDV (Iveco Defense Vehicles), em Sete Lagoas, em Minas por US$ 47 milhões. Por ter desenvolvido o projeto do blindado por meio do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), o Exército brasileiro tem direito a royalties sobre as vendas. No caso do contrato filipino, eles são de 3% do valor da venda – cerca de US$ 6 milhões.

Esse valor deve subir caso as Filipinas concretizem sua intenção de adquirir até 114 viaturas com outras configurações – as primeiras unidades enviadas às Filipinas são viaturas blindadas de transporte de pessoal média sobre rodas (VBTP-MSR), mas o Guarani pode ser usado ainda como posto de comando, reconhecimento, ambulância e central de tiro. Caso as novas vendas se concretizem, o negócio com o país asiático pode alcançar cerca de R$ 1 bilhão.

A venda do primeiro lote foi fechada em 2021. O exército filipino havia encomendado carros combate e blindados à empresa israelense Elbit Systems, que escolheu o Guarani como o VBTP-MSR que seria entregue no contrato. Foi só depois que as primeiras cinco unidades estavam prontas que o governo alemão resolveu embargar a venda – ao todo cinco itens do projeto dependiam de fabricantes alemães, conforme revelou a revista Tecnologia & Defesa, entre eles placas de proteção balística antiminas, o sistema de transmissão do motor e os periscópios. A decisão alemã congelou as vendas até que o veto foi retirado sete meses depois.

Vendas do blindado para Argentina e Ucrânia fracassaram neste ano

Esta é primeira venda neste ano do blindado da Iveco depois do fracasso das negociações com a Argentina e com a Ucrânia – anteriormente ele havia sido vendido para os exércitos do Líbano e de Gana. No caso do país europeu, o veto à venda de 450 unidades da versão ambulância aconteceu depois de manifestação contrária do Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento, do Ministério das Relações Exteriores, em maio. A decisão foi mantida sob sigilo, mas acabou comunicada em junho à Iveco.

O pedido havia sido formulado em 27 de abril pelo adido militar ucraniano, coronel Volodymyr Savchenko, em documento enviado ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho. Os blindados seriam pintados nas cores do serviço de emergência e resgate ucranianos para transportar feridos e civis, a fim de retirá-los em segurança das zonas de combate. O Exército era favorável à venda, um negócio de R$ 3,5 bilhões.

Em 30 de maio, o chefe do Centro de Doutrina do Exército, general Marcelo Pereira Lima de Carvalho, estabelecera os 110 requisitos operacionais absolutos e uma dezena de requisitos desejáveis para a viatura blindada na versão ambulância. O documento foi homologado pela Portaria 28 do Comando de Operações Terrestres (Coter), assinada pelo general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira. O documento de 16 páginas foi publicado no Boletim do Exército número 24, em 16 de junho.

O infográfico do escritório de Projetos do Exército da viatura ambulância do blindado Guarani Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

Ao mesmo tempo, o Exército negociava com a Argentina a venda de 161 blindados (156 veículos operacionais e 5 para instrução). O negócio estava avaliado em R$ 2 bilhões, mas acabou não saindo do papel em razão das dificuldades econômicas do país vizinho. Os termos do acordo haviam sido definidos pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em janeiro.

A venda incluía o compromisso de o Brasil transferir tecnologia para a Argentina a fim de aumentar progressivamente a fabricação de peças do veículo naquele país, além de apoio logístico e de treinamento de tripulações e do pessoal técnico do Exército argentino. Atualmente, o motor do veículo – um blindado 6 x 6 – já é produzido na Argentina. O acordo, que previa a transferência de tecnologia, havia ficado parado durante o governo de Jair Bolsonaro.

O blindado produzido pela IDV é parte do programa de modernização do Exército. Cada viatura pode custar atré R$ 10 milhões – só o chassis do blindado custa R$ 6,1 milhões. Em 2014, quando os primeiros 13 Guaranis foram entregues à 15.ª Brigada de Infantaria Mecanizada, em Cascavel (PR), previa-se então que 2.044 deles seriam entregues até 2030 ao Exército.

Hoje o Exército tem 592 desses blindados distribuídos em quatro brigadas de cavalaria e quatro de infantaria mecanizada. Parte das versões previstas do projeto foi deixada de lado. A versão caça-tanque, por exemplo, foi substituída pela compra de veículos Centauro, da Itália . Redimensionado, o programa da Força Terrestre estima que terá 1.200 Guaranis. Já o prazo final para aquisição dos blindados passou de 2030 para 2037.

Os primeiros cinco blindados Guarani vendidos pelo Brasil para as Filipinas chegaram ao porto de Santos e devem embarcar para o país asiático após quase dois meses depois de o Escritório Governamental de Controle de Exportação da Alemanha liberar o embargo que havia sido decretado em fevereiro em razão de supostas violações dos direitos humanos pelo governo filipino.

O blindado Guarani, do Exército brasileiro Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

Ao todo, o Brasil havia acertado a venda de 28 Guaranis produzidos pela IDV (Iveco Defense Vehicles), em Sete Lagoas, em Minas por US$ 47 milhões. Por ter desenvolvido o projeto do blindado por meio do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), o Exército brasileiro tem direito a royalties sobre as vendas. No caso do contrato filipino, eles são de 3% do valor da venda – cerca de US$ 6 milhões.

Esse valor deve subir caso as Filipinas concretizem sua intenção de adquirir até 114 viaturas com outras configurações – as primeiras unidades enviadas às Filipinas são viaturas blindadas de transporte de pessoal média sobre rodas (VBTP-MSR), mas o Guarani pode ser usado ainda como posto de comando, reconhecimento, ambulância e central de tiro. Caso as novas vendas se concretizem, o negócio com o país asiático pode alcançar cerca de R$ 1 bilhão.

A venda do primeiro lote foi fechada em 2021. O exército filipino havia encomendado carros combate e blindados à empresa israelense Elbit Systems, que escolheu o Guarani como o VBTP-MSR que seria entregue no contrato. Foi só depois que as primeiras cinco unidades estavam prontas que o governo alemão resolveu embargar a venda – ao todo cinco itens do projeto dependiam de fabricantes alemães, conforme revelou a revista Tecnologia & Defesa, entre eles placas de proteção balística antiminas, o sistema de transmissão do motor e os periscópios. A decisão alemã congelou as vendas até que o veto foi retirado sete meses depois.

Vendas do blindado para Argentina e Ucrânia fracassaram neste ano

Esta é primeira venda neste ano do blindado da Iveco depois do fracasso das negociações com a Argentina e com a Ucrânia – anteriormente ele havia sido vendido para os exércitos do Líbano e de Gana. No caso do país europeu, o veto à venda de 450 unidades da versão ambulância aconteceu depois de manifestação contrária do Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento, do Ministério das Relações Exteriores, em maio. A decisão foi mantida sob sigilo, mas acabou comunicada em junho à Iveco.

O pedido havia sido formulado em 27 de abril pelo adido militar ucraniano, coronel Volodymyr Savchenko, em documento enviado ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho. Os blindados seriam pintados nas cores do serviço de emergência e resgate ucranianos para transportar feridos e civis, a fim de retirá-los em segurança das zonas de combate. O Exército era favorável à venda, um negócio de R$ 3,5 bilhões.

Em 30 de maio, o chefe do Centro de Doutrina do Exército, general Marcelo Pereira Lima de Carvalho, estabelecera os 110 requisitos operacionais absolutos e uma dezena de requisitos desejáveis para a viatura blindada na versão ambulância. O documento foi homologado pela Portaria 28 do Comando de Operações Terrestres (Coter), assinada pelo general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira. O documento de 16 páginas foi publicado no Boletim do Exército número 24, em 16 de junho.

O infográfico do escritório de Projetos do Exército da viatura ambulância do blindado Guarani Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

Ao mesmo tempo, o Exército negociava com a Argentina a venda de 161 blindados (156 veículos operacionais e 5 para instrução). O negócio estava avaliado em R$ 2 bilhões, mas acabou não saindo do papel em razão das dificuldades econômicas do país vizinho. Os termos do acordo haviam sido definidos pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández em janeiro.

A venda incluía o compromisso de o Brasil transferir tecnologia para a Argentina a fim de aumentar progressivamente a fabricação de peças do veículo naquele país, além de apoio logístico e de treinamento de tripulações e do pessoal técnico do Exército argentino. Atualmente, o motor do veículo – um blindado 6 x 6 – já é produzido na Argentina. O acordo, que previa a transferência de tecnologia, havia ficado parado durante o governo de Jair Bolsonaro.

O blindado produzido pela IDV é parte do programa de modernização do Exército. Cada viatura pode custar atré R$ 10 milhões – só o chassis do blindado custa R$ 6,1 milhões. Em 2014, quando os primeiros 13 Guaranis foram entregues à 15.ª Brigada de Infantaria Mecanizada, em Cascavel (PR), previa-se então que 2.044 deles seriam entregues até 2030 ao Exército.

Hoje o Exército tem 592 desses blindados distribuídos em quatro brigadas de cavalaria e quatro de infantaria mecanizada. Parte das versões previstas do projeto foi deixada de lado. A versão caça-tanque, por exemplo, foi substituída pela compra de veículos Centauro, da Itália . Redimensionado, o programa da Força Terrestre estima que terá 1.200 Guaranis. Já o prazo final para aquisição dos blindados passou de 2030 para 2037.

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