Brasil Paralelo quer unir a direita conservadora à liberal e lança documentário sobre comunismo


Após polêmicas na eleição de 2022, empresa busca vozes liberais em parte de seu conteúdo, ainda fortemente ancorado na defesa de valores conservadores e tenta se distanciar do bolsonarismo

Por Marcelo Godoy
Atualização: Correção:

Em pouco mais de seis anos, três jovens de Porto Alegre colocaram de pé uma empresa que hoje conta com 200 funcionários e aponta ter 400 mil assinantes e faturado R$ 180 milhões em 2023 – cerca de R$ 30 milhões a mais do que o resultado do ano anterior. A Brasil Paralelo (BP) cresceu produzindo conteúdos onde pontificavam entrevistados ligados ao escritor Olavo de Carvalho, ao bolsonarismo e aos monarquistas. Fazia a defesa explícita de valores conservadores.

Equipe da empresa Brasil Paralelo reunida em sua sede, na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Divulgação/Brasil Paralelo

Agora, a BP, que se anuncia como uma empresa de educação e entretenimento, procura ampliar seu público. E abriu espaço para liberais, como os integrantes do partido Novo e outros personagens da chamada nova direita. São figuras como o cientista político Christian Lohbauer, um dos quatro debatedores do programa Cartas na Mesa, um dos novos produtos do canal. Mas a produtora não abandonou seus temas preferidos. Vai lançar agora um documentário sobre o comunismo.

continua após a publicidade

No dia 14, a BP vai lançar História do Comunismo, um investimento direto de R$ 1 milhão. Com filmagens nas Américas, Ásia e Europa, o programa terá seis episódios e é quase todo baseado em entrevistas com acadêmicos americanos e ingleses, de conservadores como Andrei Znamenski a marxistas como Ronald Suny – a reportagem assistiu aos três primeiros episódios.

Ali estão historiadores como Simon Sebag Montefiore, autor de livros publicados no Brasil, como Stalin, a Corte do Czar Vermelho (Cia das Letras), Victor Sebestyen, autor de Lenin, um retrato íntimo (Globo Livros) e David Priestland, autor de A Bandeira Vermelha, a história do comunismo (Leya) entre outros. Para quem estava habituado com as produções da BP apenas com vozes conservadoras, é possível experimentar um certo estranhamento ao ver, por exemplo, que a maioria das entrevistas com russos traz frases positivas sobre Stalin ou Lenin, refletindo a atual opinião média da população daquele país sobre os dois líderes.

Novo documentário da Brasil Paralelo, História do Comunismo é a principal, aposta da empresa em sua nova fase Foto: Reprodução / Brasil Paralelo
continua após a publicidade

“Queríamos mostrar o que essas pessoas diziam sem que fôssemos acusados de manipular suas falas”, afirmou Lucas Ferrugem, um dos sócios da BP. Nos três episódios, que tratam de Marx, Lenin e Stalin, opiniões distintas são apresentadas sobre uma história e uma memória ainda em disputa. Há ali críticas conservadoras, como a de Znamenski, que compara o marxismo a uma religião laica. Mas também visões à esquerda, como a de Suny. O Terror Vermelho de 1937-1938 é retratado assim como a versão de que Stalin o planejou em razão do risco da guerra com a Alemanha, da mesma forma que o seu papel na luta contra o nazifascismo.

Ferrugem, no entanto, alerta: “Ainda somos anticomunistas.” Isso fica claro na trilha sonora e na estética gráfica dos episódios. A mudança dá sequência a outras. Em 2023, a BP já teve um programa de entrevistas conduzido pelo ex-candidato à Presidência pelo Novo, em 2022, o cientista político Luiz Felipe d’Ávila, que trouxe entrevistados como os economistas Marcos Lisboa, Gesner Oliveira e Marcos Mendes, como também o jurista Ives Gandra Martins. “Eu vejo na Brasil Paralelo uma ação que tenta reunir a direita liberal e a conservadora”, disse d’Ávila.

A aposta da BP apareceu, ainda que de forma limitada, já no conteúdo do primeiro documentário lançado pela empresa em 2023, após o ataque às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, e a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro. Logo em seu começo, A Direita no Brasil anuncia sua intenção de fazer uma autocrítica, um processo descrito como “doloroso”. A baderna em Brasília teria um efeito educativo ao mostrar o que é o extremismo, separando-o da direita, conclui a obra.

continua após a publicidade
Candidato pelo Novo, d'Avila pilotou uma das atrações deste ano da Brasil Paralelo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O processo crítico reflete a preocupação da empresa com sua imagem diante do establishment, algo que então era considerado secundário pela BP em razão do sucesso de seus produtos com o público da BP. A grande preocupação agora seria evitar que esse movimento cause rejeição na audiência mais antiga da plataforma, que segue as produções da empresa e pode ver a abertura aos liberais como uma concessão “à esquerda” criando mais uma polêmica na breve vida da BP.

Ao longo dos anos, a empresa se envolveu em outros embates, como o travado com a Associação Nacional de História (Anpuh), que viu em documentários da BP, como Brasil, A Última Cruzada, uma prática de negacionismo histórico. Ou com o Google, que incluiu a empresa em um lista em que dizia que ela gastara R$ 3 milhões em impulsionamentos em 2021 e outros R$ 368 mil entre novembro de 2021 e junho de 2022 exclusivamente com anúncios com conteúdos políticos “alinhados e fomentadores das temáticas bolsonaristas”.

continua após a publicidade

Em 2022, a BP foi alvo de ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que suspendeu a monetização de seu canal no YouTube e a proibiu de impulsionar propaganda com “conteúdos político-eleitorais” sob risco de multa de R$ 50 mil. A decisão ocorreu durante a campanha eleitoral. O corregedor do tribunal, ministro Benedito Gonçalves, incluiu o canal da BP em um grupo que, segundo ele, produzia e promovia “conteúdo politicamente alinhado com o discurso de Jair Messias Bolsonaro”.

Em 2023, uma nova polêmica atingiu a empresa: seu envolvimento na distribuição de ingressos para um blockbuster conservador, o filme Som da Liberdade. Quem acessou o site da empresa em setembro se deparou com um banner que anunciava ingressos grátis para a obra, em exibição nos cinemas do País. Ao todo, por meio da BP, mais de cem mil ingressos foram distribuídos no Brasil.

continua após a publicidade

Essa dimensão da empresa dificilmente faria com que ela deixasse de chamar a atenção. Tanto de políticos à direita quanto à esquerda. Nascida em 2016 com um capital de cerca de R$ 100 mil – dos quais R$ 90 mil foram obtidos com financiamento bancário –, logo no primeiro ano de existência ela fecharia com um faturamento de R$ 1,3 milhão. O número cresceria nos anos seguintes de forma exponencial.

Em 2019, seus três sócios iniciais Henrique Viana, Filipe Valerim e Lucas Ferrugem decidiram deixar Porto Alegre e trazer a empresa para São Paulo. Instalaram-se em dois andares – 1,5 mil m² – em um prédio na Avenida Paulista, ao lado da sede da CNN Brasil e em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“Produzimos nosso conteúdo tendo como único comprometimento a busca honesta pela verdade, e não algum tipo de ‘estratégia’ ou posição partidário-política. A missão da Brasil Paralelo é ‘resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros’, e ela permanece intacta, independente do perfil do governo de turno”, afirmou Viana.

continua após a publicidade
O programa semana Cartas na Mesa é outra aposta da Brasil Paralelo para unir liberais e conseradores Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

O ano de 2023 fechou, segundo as contas da empresa, com mais de 400 mil assinantes, metade obtida como resultado de anúncios na internet e metade por venda direta. Um ano antes, sua audiência havia sido de 7 milhões de espectadores únicos mensais. Os downloads de aplicativos da BP nas lojas Android e Apple somam 1,7 milhão.

Seus assinantes estão distribuídos em 90% dos 5.568 municípios do País. Um quadro dentro da empresa registra as capitais com maior número de assinantes por cem mil habitantes – Florianópolis liderava em 2023 – e aquela com maior número em termos absolutos – São Paulo. O mapa mostra uma presença menor de vendas de seus planos – a assinatura básica é de R$ 19 e a mais cara de R$ 59 – no Nordeste e no Norte.

O catálogo da empresa deste ano traz ainda programas ao gosto do público conservador, como o programa Mundo Invertido, que reflete uma prática cara aos conservadores nos EUA: a crítica ao progressismo. Essa aproximação acontece e fica evidente na ênfase dada à chamada pauta de costumes. Exemplo disso foi a estreia recente de um documentário sobre o aborto (Duas Vidas), no qual assume claramente uma posição contrária à sua prática.

O proigrama 'Mundo Invertido', da Brasil Paralelo, trata da pauta de costumes, com críticas a liberais e progressistas Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

Mas é no acervo da BP que estão suas maiores polêmicas. Ele mantém cursos e produções que fizeram sua fortuna, com entrevistas de Olavo de Carvalho, d. Bertrand de Orleans e Bragança, de estudiosos conservadores e políticos bolsonaristas. Nos primeiros episódios de Brasil, A Última Cruzada, são ouvidos o jornalista Percival Puggina, Olavo de Carvalho, d. Bertrand, o olavista e ex-presidente da Biblioteca Nacional Rafael Nogueira, o delegado de polícia Rafael Brodbeck, o padre Cléber Eduardo e José Carlos Sepúlveda, do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, além de outros católicos ultraconservadores.

Contam a história do Brasil a partir da Reconquista da Península Ibérica e chegam à Proclamação da República com uma visão monarquista da história, como se o regime republicano representasse um período de degradação dos valores que fundaram a Nação. Foi justamente este documentário que professores de história, como Fernando Nicolazzi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, criticaram no debate Uma História Negada? Conversa com historiadoras e historiadores sobre o Brasil Paralelo, promovido pela Anpuh.

Outro tema tratado pela empresa foi a segurança pública no Brasil, alvo do documentário Entre Lobos, distribuído somente para assinantes. De 50 entrevistados, 24 são policiais militares. Há ainda três policiais que eram então candidatos a deputado ligados ao grupo político de Jair Bolsonaro: Guilherme Derrite, Allan Turnowski e Alex Favaro. Também foram entrevistados outras fontes conhecidas por posições próximas do bolsonarismo, como a juíza Ludmila Grillo e a procuradora Flávia Ferrer.

Situação semelhante aconteceu no documentário A Face Oculta do Feminismo, que tinha como uma das entrevistadas que conduziam a narrativa da obra a deputada estadual bolsonarista Ana Campagnolo (PL-SC). Os documentários e programas somam cerca de uma centena de itens no catálogo da empresa. Ela também mantém 60 filmes, quase todos clássicos de Hollywood, como Rocky o lutador e O Patriota. Trata-se de um catálogo modesto em relação à Netflix e outras grandes empresas do streaming.

De fato, a gigante americana tem um total de 238 milhões de assinantes em mais de 190 países – são 42,47 milhões na América Latina – e uma receita global no 3.º trimestre de 2023 de US$ 8,1 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão obtido na América Latina. Mesmo na lista de filmes da BP, essa Netflix da Direita, estão ausentes clássicos do público conservador e cristão, como o espanhol Marcelino Pão e Vinho e o americano A Paixão de Cristo.

O escritor Olavo de Carvalho é uma das principais referências das produções iniciais da Brasil Paralelo Foto: Reprodução/YouTube

A empresa explica que o catálogo de terceiros depende de diversos fatores como orçamento, disponibilidade de direitos, estratégia de mix de produtos, avaliação de conteúdo etc. “Novos títulos são constantemente adicionados ao nosso streaming. Tentamos mudar algo toda semana, e mais de 200 filmes já passaram por nosso catálogo”, informou a empresa por meio de nota.

Mas até ali algo de novo aparece na BP. Quase todos os filmes exibidos são apresentados em conjunto com vídeos produzidos pela empresa que analisam a obra e explicam ao assinante por que assiti-lo. É assim que, meio escondido, quase no fim da lista de filmes, a empresa mantém em catálogo O Jovem Marx. Sobre essa obra, o biógrafo de Marx e pesquisador da Marx-Engels-Gesamtausgabe II, o alemão Michael Heinrich, escreveu: “Ele pode inspirar as pessoas a aprenderem mais sobre a vida e a obra de Marx e Engels.” Eis aí uma surpresa para o público tradicional da BP, ainda maior ainda do que a abertura aos liberais.

Em pouco mais de seis anos, três jovens de Porto Alegre colocaram de pé uma empresa que hoje conta com 200 funcionários e aponta ter 400 mil assinantes e faturado R$ 180 milhões em 2023 – cerca de R$ 30 milhões a mais do que o resultado do ano anterior. A Brasil Paralelo (BP) cresceu produzindo conteúdos onde pontificavam entrevistados ligados ao escritor Olavo de Carvalho, ao bolsonarismo e aos monarquistas. Fazia a defesa explícita de valores conservadores.

Equipe da empresa Brasil Paralelo reunida em sua sede, na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Divulgação/Brasil Paralelo

Agora, a BP, que se anuncia como uma empresa de educação e entretenimento, procura ampliar seu público. E abriu espaço para liberais, como os integrantes do partido Novo e outros personagens da chamada nova direita. São figuras como o cientista político Christian Lohbauer, um dos quatro debatedores do programa Cartas na Mesa, um dos novos produtos do canal. Mas a produtora não abandonou seus temas preferidos. Vai lançar agora um documentário sobre o comunismo.

No dia 14, a BP vai lançar História do Comunismo, um investimento direto de R$ 1 milhão. Com filmagens nas Américas, Ásia e Europa, o programa terá seis episódios e é quase todo baseado em entrevistas com acadêmicos americanos e ingleses, de conservadores como Andrei Znamenski a marxistas como Ronald Suny – a reportagem assistiu aos três primeiros episódios.

Ali estão historiadores como Simon Sebag Montefiore, autor de livros publicados no Brasil, como Stalin, a Corte do Czar Vermelho (Cia das Letras), Victor Sebestyen, autor de Lenin, um retrato íntimo (Globo Livros) e David Priestland, autor de A Bandeira Vermelha, a história do comunismo (Leya) entre outros. Para quem estava habituado com as produções da BP apenas com vozes conservadoras, é possível experimentar um certo estranhamento ao ver, por exemplo, que a maioria das entrevistas com russos traz frases positivas sobre Stalin ou Lenin, refletindo a atual opinião média da população daquele país sobre os dois líderes.

Novo documentário da Brasil Paralelo, História do Comunismo é a principal, aposta da empresa em sua nova fase Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

“Queríamos mostrar o que essas pessoas diziam sem que fôssemos acusados de manipular suas falas”, afirmou Lucas Ferrugem, um dos sócios da BP. Nos três episódios, que tratam de Marx, Lenin e Stalin, opiniões distintas são apresentadas sobre uma história e uma memória ainda em disputa. Há ali críticas conservadoras, como a de Znamenski, que compara o marxismo a uma religião laica. Mas também visões à esquerda, como a de Suny. O Terror Vermelho de 1937-1938 é retratado assim como a versão de que Stalin o planejou em razão do risco da guerra com a Alemanha, da mesma forma que o seu papel na luta contra o nazifascismo.

Ferrugem, no entanto, alerta: “Ainda somos anticomunistas.” Isso fica claro na trilha sonora e na estética gráfica dos episódios. A mudança dá sequência a outras. Em 2023, a BP já teve um programa de entrevistas conduzido pelo ex-candidato à Presidência pelo Novo, em 2022, o cientista político Luiz Felipe d’Ávila, que trouxe entrevistados como os economistas Marcos Lisboa, Gesner Oliveira e Marcos Mendes, como também o jurista Ives Gandra Martins. “Eu vejo na Brasil Paralelo uma ação que tenta reunir a direita liberal e a conservadora”, disse d’Ávila.

A aposta da BP apareceu, ainda que de forma limitada, já no conteúdo do primeiro documentário lançado pela empresa em 2023, após o ataque às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, e a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro. Logo em seu começo, A Direita no Brasil anuncia sua intenção de fazer uma autocrítica, um processo descrito como “doloroso”. A baderna em Brasília teria um efeito educativo ao mostrar o que é o extremismo, separando-o da direita, conclui a obra.

Candidato pelo Novo, d'Avila pilotou uma das atrações deste ano da Brasil Paralelo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O processo crítico reflete a preocupação da empresa com sua imagem diante do establishment, algo que então era considerado secundário pela BP em razão do sucesso de seus produtos com o público da BP. A grande preocupação agora seria evitar que esse movimento cause rejeição na audiência mais antiga da plataforma, que segue as produções da empresa e pode ver a abertura aos liberais como uma concessão “à esquerda” criando mais uma polêmica na breve vida da BP.

Ao longo dos anos, a empresa se envolveu em outros embates, como o travado com a Associação Nacional de História (Anpuh), que viu em documentários da BP, como Brasil, A Última Cruzada, uma prática de negacionismo histórico. Ou com o Google, que incluiu a empresa em um lista em que dizia que ela gastara R$ 3 milhões em impulsionamentos em 2021 e outros R$ 368 mil entre novembro de 2021 e junho de 2022 exclusivamente com anúncios com conteúdos políticos “alinhados e fomentadores das temáticas bolsonaristas”.

Em 2022, a BP foi alvo de ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que suspendeu a monetização de seu canal no YouTube e a proibiu de impulsionar propaganda com “conteúdos político-eleitorais” sob risco de multa de R$ 50 mil. A decisão ocorreu durante a campanha eleitoral. O corregedor do tribunal, ministro Benedito Gonçalves, incluiu o canal da BP em um grupo que, segundo ele, produzia e promovia “conteúdo politicamente alinhado com o discurso de Jair Messias Bolsonaro”.

Em 2023, uma nova polêmica atingiu a empresa: seu envolvimento na distribuição de ingressos para um blockbuster conservador, o filme Som da Liberdade. Quem acessou o site da empresa em setembro se deparou com um banner que anunciava ingressos grátis para a obra, em exibição nos cinemas do País. Ao todo, por meio da BP, mais de cem mil ingressos foram distribuídos no Brasil.

Essa dimensão da empresa dificilmente faria com que ela deixasse de chamar a atenção. Tanto de políticos à direita quanto à esquerda. Nascida em 2016 com um capital de cerca de R$ 100 mil – dos quais R$ 90 mil foram obtidos com financiamento bancário –, logo no primeiro ano de existência ela fecharia com um faturamento de R$ 1,3 milhão. O número cresceria nos anos seguintes de forma exponencial.

Em 2019, seus três sócios iniciais Henrique Viana, Filipe Valerim e Lucas Ferrugem decidiram deixar Porto Alegre e trazer a empresa para São Paulo. Instalaram-se em dois andares – 1,5 mil m² – em um prédio na Avenida Paulista, ao lado da sede da CNN Brasil e em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“Produzimos nosso conteúdo tendo como único comprometimento a busca honesta pela verdade, e não algum tipo de ‘estratégia’ ou posição partidário-política. A missão da Brasil Paralelo é ‘resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros’, e ela permanece intacta, independente do perfil do governo de turno”, afirmou Viana.

O programa semana Cartas na Mesa é outra aposta da Brasil Paralelo para unir liberais e conseradores Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

O ano de 2023 fechou, segundo as contas da empresa, com mais de 400 mil assinantes, metade obtida como resultado de anúncios na internet e metade por venda direta. Um ano antes, sua audiência havia sido de 7 milhões de espectadores únicos mensais. Os downloads de aplicativos da BP nas lojas Android e Apple somam 1,7 milhão.

Seus assinantes estão distribuídos em 90% dos 5.568 municípios do País. Um quadro dentro da empresa registra as capitais com maior número de assinantes por cem mil habitantes – Florianópolis liderava em 2023 – e aquela com maior número em termos absolutos – São Paulo. O mapa mostra uma presença menor de vendas de seus planos – a assinatura básica é de R$ 19 e a mais cara de R$ 59 – no Nordeste e no Norte.

O catálogo da empresa deste ano traz ainda programas ao gosto do público conservador, como o programa Mundo Invertido, que reflete uma prática cara aos conservadores nos EUA: a crítica ao progressismo. Essa aproximação acontece e fica evidente na ênfase dada à chamada pauta de costumes. Exemplo disso foi a estreia recente de um documentário sobre o aborto (Duas Vidas), no qual assume claramente uma posição contrária à sua prática.

O proigrama 'Mundo Invertido', da Brasil Paralelo, trata da pauta de costumes, com críticas a liberais e progressistas Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

Mas é no acervo da BP que estão suas maiores polêmicas. Ele mantém cursos e produções que fizeram sua fortuna, com entrevistas de Olavo de Carvalho, d. Bertrand de Orleans e Bragança, de estudiosos conservadores e políticos bolsonaristas. Nos primeiros episódios de Brasil, A Última Cruzada, são ouvidos o jornalista Percival Puggina, Olavo de Carvalho, d. Bertrand, o olavista e ex-presidente da Biblioteca Nacional Rafael Nogueira, o delegado de polícia Rafael Brodbeck, o padre Cléber Eduardo e José Carlos Sepúlveda, do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, além de outros católicos ultraconservadores.

Contam a história do Brasil a partir da Reconquista da Península Ibérica e chegam à Proclamação da República com uma visão monarquista da história, como se o regime republicano representasse um período de degradação dos valores que fundaram a Nação. Foi justamente este documentário que professores de história, como Fernando Nicolazzi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, criticaram no debate Uma História Negada? Conversa com historiadoras e historiadores sobre o Brasil Paralelo, promovido pela Anpuh.

Outro tema tratado pela empresa foi a segurança pública no Brasil, alvo do documentário Entre Lobos, distribuído somente para assinantes. De 50 entrevistados, 24 são policiais militares. Há ainda três policiais que eram então candidatos a deputado ligados ao grupo político de Jair Bolsonaro: Guilherme Derrite, Allan Turnowski e Alex Favaro. Também foram entrevistados outras fontes conhecidas por posições próximas do bolsonarismo, como a juíza Ludmila Grillo e a procuradora Flávia Ferrer.

Situação semelhante aconteceu no documentário A Face Oculta do Feminismo, que tinha como uma das entrevistadas que conduziam a narrativa da obra a deputada estadual bolsonarista Ana Campagnolo (PL-SC). Os documentários e programas somam cerca de uma centena de itens no catálogo da empresa. Ela também mantém 60 filmes, quase todos clássicos de Hollywood, como Rocky o lutador e O Patriota. Trata-se de um catálogo modesto em relação à Netflix e outras grandes empresas do streaming.

De fato, a gigante americana tem um total de 238 milhões de assinantes em mais de 190 países – são 42,47 milhões na América Latina – e uma receita global no 3.º trimestre de 2023 de US$ 8,1 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão obtido na América Latina. Mesmo na lista de filmes da BP, essa Netflix da Direita, estão ausentes clássicos do público conservador e cristão, como o espanhol Marcelino Pão e Vinho e o americano A Paixão de Cristo.

O escritor Olavo de Carvalho é uma das principais referências das produções iniciais da Brasil Paralelo Foto: Reprodução/YouTube

A empresa explica que o catálogo de terceiros depende de diversos fatores como orçamento, disponibilidade de direitos, estratégia de mix de produtos, avaliação de conteúdo etc. “Novos títulos são constantemente adicionados ao nosso streaming. Tentamos mudar algo toda semana, e mais de 200 filmes já passaram por nosso catálogo”, informou a empresa por meio de nota.

Mas até ali algo de novo aparece na BP. Quase todos os filmes exibidos são apresentados em conjunto com vídeos produzidos pela empresa que analisam a obra e explicam ao assinante por que assiti-lo. É assim que, meio escondido, quase no fim da lista de filmes, a empresa mantém em catálogo O Jovem Marx. Sobre essa obra, o biógrafo de Marx e pesquisador da Marx-Engels-Gesamtausgabe II, o alemão Michael Heinrich, escreveu: “Ele pode inspirar as pessoas a aprenderem mais sobre a vida e a obra de Marx e Engels.” Eis aí uma surpresa para o público tradicional da BP, ainda maior ainda do que a abertura aos liberais.

Em pouco mais de seis anos, três jovens de Porto Alegre colocaram de pé uma empresa que hoje conta com 200 funcionários e aponta ter 400 mil assinantes e faturado R$ 180 milhões em 2023 – cerca de R$ 30 milhões a mais do que o resultado do ano anterior. A Brasil Paralelo (BP) cresceu produzindo conteúdos onde pontificavam entrevistados ligados ao escritor Olavo de Carvalho, ao bolsonarismo e aos monarquistas. Fazia a defesa explícita de valores conservadores.

Equipe da empresa Brasil Paralelo reunida em sua sede, na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Divulgação/Brasil Paralelo

Agora, a BP, que se anuncia como uma empresa de educação e entretenimento, procura ampliar seu público. E abriu espaço para liberais, como os integrantes do partido Novo e outros personagens da chamada nova direita. São figuras como o cientista político Christian Lohbauer, um dos quatro debatedores do programa Cartas na Mesa, um dos novos produtos do canal. Mas a produtora não abandonou seus temas preferidos. Vai lançar agora um documentário sobre o comunismo.

No dia 14, a BP vai lançar História do Comunismo, um investimento direto de R$ 1 milhão. Com filmagens nas Américas, Ásia e Europa, o programa terá seis episódios e é quase todo baseado em entrevistas com acadêmicos americanos e ingleses, de conservadores como Andrei Znamenski a marxistas como Ronald Suny – a reportagem assistiu aos três primeiros episódios.

Ali estão historiadores como Simon Sebag Montefiore, autor de livros publicados no Brasil, como Stalin, a Corte do Czar Vermelho (Cia das Letras), Victor Sebestyen, autor de Lenin, um retrato íntimo (Globo Livros) e David Priestland, autor de A Bandeira Vermelha, a história do comunismo (Leya) entre outros. Para quem estava habituado com as produções da BP apenas com vozes conservadoras, é possível experimentar um certo estranhamento ao ver, por exemplo, que a maioria das entrevistas com russos traz frases positivas sobre Stalin ou Lenin, refletindo a atual opinião média da população daquele país sobre os dois líderes.

Novo documentário da Brasil Paralelo, História do Comunismo é a principal, aposta da empresa em sua nova fase Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

“Queríamos mostrar o que essas pessoas diziam sem que fôssemos acusados de manipular suas falas”, afirmou Lucas Ferrugem, um dos sócios da BP. Nos três episódios, que tratam de Marx, Lenin e Stalin, opiniões distintas são apresentadas sobre uma história e uma memória ainda em disputa. Há ali críticas conservadoras, como a de Znamenski, que compara o marxismo a uma religião laica. Mas também visões à esquerda, como a de Suny. O Terror Vermelho de 1937-1938 é retratado assim como a versão de que Stalin o planejou em razão do risco da guerra com a Alemanha, da mesma forma que o seu papel na luta contra o nazifascismo.

Ferrugem, no entanto, alerta: “Ainda somos anticomunistas.” Isso fica claro na trilha sonora e na estética gráfica dos episódios. A mudança dá sequência a outras. Em 2023, a BP já teve um programa de entrevistas conduzido pelo ex-candidato à Presidência pelo Novo, em 2022, o cientista político Luiz Felipe d’Ávila, que trouxe entrevistados como os economistas Marcos Lisboa, Gesner Oliveira e Marcos Mendes, como também o jurista Ives Gandra Martins. “Eu vejo na Brasil Paralelo uma ação que tenta reunir a direita liberal e a conservadora”, disse d’Ávila.

A aposta da BP apareceu, ainda que de forma limitada, já no conteúdo do primeiro documentário lançado pela empresa em 2023, após o ataque às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, e a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro. Logo em seu começo, A Direita no Brasil anuncia sua intenção de fazer uma autocrítica, um processo descrito como “doloroso”. A baderna em Brasília teria um efeito educativo ao mostrar o que é o extremismo, separando-o da direita, conclui a obra.

Candidato pelo Novo, d'Avila pilotou uma das atrações deste ano da Brasil Paralelo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O processo crítico reflete a preocupação da empresa com sua imagem diante do establishment, algo que então era considerado secundário pela BP em razão do sucesso de seus produtos com o público da BP. A grande preocupação agora seria evitar que esse movimento cause rejeição na audiência mais antiga da plataforma, que segue as produções da empresa e pode ver a abertura aos liberais como uma concessão “à esquerda” criando mais uma polêmica na breve vida da BP.

Ao longo dos anos, a empresa se envolveu em outros embates, como o travado com a Associação Nacional de História (Anpuh), que viu em documentários da BP, como Brasil, A Última Cruzada, uma prática de negacionismo histórico. Ou com o Google, que incluiu a empresa em um lista em que dizia que ela gastara R$ 3 milhões em impulsionamentos em 2021 e outros R$ 368 mil entre novembro de 2021 e junho de 2022 exclusivamente com anúncios com conteúdos políticos “alinhados e fomentadores das temáticas bolsonaristas”.

Em 2022, a BP foi alvo de ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que suspendeu a monetização de seu canal no YouTube e a proibiu de impulsionar propaganda com “conteúdos político-eleitorais” sob risco de multa de R$ 50 mil. A decisão ocorreu durante a campanha eleitoral. O corregedor do tribunal, ministro Benedito Gonçalves, incluiu o canal da BP em um grupo que, segundo ele, produzia e promovia “conteúdo politicamente alinhado com o discurso de Jair Messias Bolsonaro”.

Em 2023, uma nova polêmica atingiu a empresa: seu envolvimento na distribuição de ingressos para um blockbuster conservador, o filme Som da Liberdade. Quem acessou o site da empresa em setembro se deparou com um banner que anunciava ingressos grátis para a obra, em exibição nos cinemas do País. Ao todo, por meio da BP, mais de cem mil ingressos foram distribuídos no Brasil.

Essa dimensão da empresa dificilmente faria com que ela deixasse de chamar a atenção. Tanto de políticos à direita quanto à esquerda. Nascida em 2016 com um capital de cerca de R$ 100 mil – dos quais R$ 90 mil foram obtidos com financiamento bancário –, logo no primeiro ano de existência ela fecharia com um faturamento de R$ 1,3 milhão. O número cresceria nos anos seguintes de forma exponencial.

Em 2019, seus três sócios iniciais Henrique Viana, Filipe Valerim e Lucas Ferrugem decidiram deixar Porto Alegre e trazer a empresa para São Paulo. Instalaram-se em dois andares – 1,5 mil m² – em um prédio na Avenida Paulista, ao lado da sede da CNN Brasil e em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“Produzimos nosso conteúdo tendo como único comprometimento a busca honesta pela verdade, e não algum tipo de ‘estratégia’ ou posição partidário-política. A missão da Brasil Paralelo é ‘resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros’, e ela permanece intacta, independente do perfil do governo de turno”, afirmou Viana.

O programa semana Cartas na Mesa é outra aposta da Brasil Paralelo para unir liberais e conseradores Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

O ano de 2023 fechou, segundo as contas da empresa, com mais de 400 mil assinantes, metade obtida como resultado de anúncios na internet e metade por venda direta. Um ano antes, sua audiência havia sido de 7 milhões de espectadores únicos mensais. Os downloads de aplicativos da BP nas lojas Android e Apple somam 1,7 milhão.

Seus assinantes estão distribuídos em 90% dos 5.568 municípios do País. Um quadro dentro da empresa registra as capitais com maior número de assinantes por cem mil habitantes – Florianópolis liderava em 2023 – e aquela com maior número em termos absolutos – São Paulo. O mapa mostra uma presença menor de vendas de seus planos – a assinatura básica é de R$ 19 e a mais cara de R$ 59 – no Nordeste e no Norte.

O catálogo da empresa deste ano traz ainda programas ao gosto do público conservador, como o programa Mundo Invertido, que reflete uma prática cara aos conservadores nos EUA: a crítica ao progressismo. Essa aproximação acontece e fica evidente na ênfase dada à chamada pauta de costumes. Exemplo disso foi a estreia recente de um documentário sobre o aborto (Duas Vidas), no qual assume claramente uma posição contrária à sua prática.

O proigrama 'Mundo Invertido', da Brasil Paralelo, trata da pauta de costumes, com críticas a liberais e progressistas Foto: Reprodução / Brasil Paralelo

Mas é no acervo da BP que estão suas maiores polêmicas. Ele mantém cursos e produções que fizeram sua fortuna, com entrevistas de Olavo de Carvalho, d. Bertrand de Orleans e Bragança, de estudiosos conservadores e políticos bolsonaristas. Nos primeiros episódios de Brasil, A Última Cruzada, são ouvidos o jornalista Percival Puggina, Olavo de Carvalho, d. Bertrand, o olavista e ex-presidente da Biblioteca Nacional Rafael Nogueira, o delegado de polícia Rafael Brodbeck, o padre Cléber Eduardo e José Carlos Sepúlveda, do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, além de outros católicos ultraconservadores.

Contam a história do Brasil a partir da Reconquista da Península Ibérica e chegam à Proclamação da República com uma visão monarquista da história, como se o regime republicano representasse um período de degradação dos valores que fundaram a Nação. Foi justamente este documentário que professores de história, como Fernando Nicolazzi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, criticaram no debate Uma História Negada? Conversa com historiadoras e historiadores sobre o Brasil Paralelo, promovido pela Anpuh.

Outro tema tratado pela empresa foi a segurança pública no Brasil, alvo do documentário Entre Lobos, distribuído somente para assinantes. De 50 entrevistados, 24 são policiais militares. Há ainda três policiais que eram então candidatos a deputado ligados ao grupo político de Jair Bolsonaro: Guilherme Derrite, Allan Turnowski e Alex Favaro. Também foram entrevistados outras fontes conhecidas por posições próximas do bolsonarismo, como a juíza Ludmila Grillo e a procuradora Flávia Ferrer.

Situação semelhante aconteceu no documentário A Face Oculta do Feminismo, que tinha como uma das entrevistadas que conduziam a narrativa da obra a deputada estadual bolsonarista Ana Campagnolo (PL-SC). Os documentários e programas somam cerca de uma centena de itens no catálogo da empresa. Ela também mantém 60 filmes, quase todos clássicos de Hollywood, como Rocky o lutador e O Patriota. Trata-se de um catálogo modesto em relação à Netflix e outras grandes empresas do streaming.

De fato, a gigante americana tem um total de 238 milhões de assinantes em mais de 190 países – são 42,47 milhões na América Latina – e uma receita global no 3.º trimestre de 2023 de US$ 8,1 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão obtido na América Latina. Mesmo na lista de filmes da BP, essa Netflix da Direita, estão ausentes clássicos do público conservador e cristão, como o espanhol Marcelino Pão e Vinho e o americano A Paixão de Cristo.

O escritor Olavo de Carvalho é uma das principais referências das produções iniciais da Brasil Paralelo Foto: Reprodução/YouTube

A empresa explica que o catálogo de terceiros depende de diversos fatores como orçamento, disponibilidade de direitos, estratégia de mix de produtos, avaliação de conteúdo etc. “Novos títulos são constantemente adicionados ao nosso streaming. Tentamos mudar algo toda semana, e mais de 200 filmes já passaram por nosso catálogo”, informou a empresa por meio de nota.

Mas até ali algo de novo aparece na BP. Quase todos os filmes exibidos são apresentados em conjunto com vídeos produzidos pela empresa que analisam a obra e explicam ao assinante por que assiti-lo. É assim que, meio escondido, quase no fim da lista de filmes, a empresa mantém em catálogo O Jovem Marx. Sobre essa obra, o biógrafo de Marx e pesquisador da Marx-Engels-Gesamtausgabe II, o alemão Michael Heinrich, escreveu: “Ele pode inspirar as pessoas a aprenderem mais sobre a vida e a obra de Marx e Engels.” Eis aí uma surpresa para o público tradicional da BP, ainda maior ainda do que a abertura aos liberais.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.