BRASÍLIA - A segurança dos Tribunais Superiores e da Praça dos Três Poderes na capital federal será reforçada no próximo domingo, 30, quando acontecerá o segundo turno da eleição presidencial. Serão destacados policiais para acompanharem juízes eleitorais e o ministros das Cortes, que têm sido alvo de ameaças. As forças de segurança também já trabalham para proteger os locais que guardam as urnas eletrônicas.
As áreas de prédios sensíveis, como o do Supremo Tribunal Federal, e o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), principais alvos dos discursos de ataques às instituições, serão cercadas por grades e terão a proteção da Polícia Militar, além das equipes de segurança dos próprios prédios. O setor central de Brasília, que concentra o Congresso, o Palácio do Planalto e os ministérios da Justiça e Segurança Pública e das Relações Exteriores também deverá ficar com o acesso restrito. Na tarde desta sexta-feira, 28, o acesso de veículos à Praça dos Três Poderes já foi bloqueado.
De acordo com o governo do DF, todos os 610 locais de votação e os 20 juntas de apuração dos votos terão aumento no policiamento. Equipes da Polícia Militar, do Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Civil atuarão para evitar tumultos e distúrbios civis, com folgas canceladas dos profissionais de segurança, com todo o efetivo de prontidão caso necessário.
A eleição presidencial ocorre em meio a uma série de ataques às instituições feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores. Na semana que antecedeu o segundo turno, o presidente moveu uma batalha contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque alegou estar sendo injustiçado por suposto desequilíbrio na veiculação das propagandas eleitorais de rádio.
Antes disso, no último domingo, 23, o ex-presidente do PTB Roberto Jefferson fez disparos de fuzil e lançou granadas na direção de policiais que cumpriram uma ordem de prisão contra ele. Apoiador de Bolsonaro, Jefferson compartilha do discurso do presidente de que a Justiça Eleitoral estaria armando um complô contra Bolsonaro. Na semana passada, ele fez xingamentos machistas contra a ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia.
Apoiadores do petista Luiz Inácio Lula da Silva se reunirão na área da Torre de TV de Brasília a partir das 17 horas do domingo para acompanhar a apuração. Já os bolsonaristas estarão na Esplanada dos Ministérios. Assim como a Esplanada, o local destinado aos petistas também fica na área central de Brasília, mas com um extensão bem menor do que o local onde os apoiadores de Bolsonaro vão ficar. Bolsonaristas também convocaram atos para o sábado, 29, mas a Secretaria disse que não foi procurada por eles. Mesmo assim, a área será monitorada pelas forças de segurança.
O secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, afirmou que o número do efetivo que trabalhará no dia da eleição não será divulgado por questões de segurança, mas ressaltou que todos os agentes estarão de prontidão caso precisem ser acionados. “Todo efetivo que não estiver de serviço nesse dia permanecerá de sobreaviso”, disse ao Estadão. Segundo a CNN, no primeiro turno atuaram 11,5 mil profissionais, número quatro vezes maior do que o empregado na eleição de 2018. Ele não descarta tumultos após a divulgação do resultado. “Estamos atentos pois poderá haver manifestações após a divulgação do resultado”, disse.
Em mais de uma ocasião, Bolsonaro disse que não reconheceria o resultado da eleição caso ele perca. Hoje, as pesquisas de intenção de voto indicam que Lula é o favorito para ganhar a eleição. A exemplo do que aconteceu no primeiro turno, Bolsonaro vai votar de manhã no Rio e irá para Brasília para acompanhar o resultado.
O trânsito de carros e pedestres na Esplanada será permitido, mas, de acordo com a Secretaria, há também a possibilidade de restringir o acesso às sedes do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. “O acesso à Praça dos Três Poderes pode ser restrito, caso haja detectado possibilidade e movimentação de público para o local. A população será avisada previamente por meio dos canais oficiais do Governo do Distrito Federal e imprensa”, disse a pasta por meio de nota.
Além da Polícia Militar, a segurança contará com efetivos da Polícia Civil e de unidades especiais como Choque, Cavalaria, Operações Aéreas, Policiamento com Cães e unidades de operações especiais - Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar (Bope) e Divisão de Operações Especiais (DOE).
Equipes do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), do Departamento de Estradas e Rodagem do DF (DER-DF), da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar farão o monitoramento de ruas, avenidas e rodovias.
Boca de urna
O ministro da Justiça, Anderson Torres, disse nesta sexta-feira, 28, que o foco da atuação das forças de segurança no segundo turno será o combate à boca de urna e à compra de votos. Ele informou que no dia da votação estarão nas ruas 500 mil policiais em todo o País.
No primeiro turno, foram registrados 456 casos de boca de urna. Já as ocorrências de compra de votos ficou em 95 casos. No dia da primeira votação em 2 de outubro também foram apreendidos R$ 10 milhões em espécie por suspeita de compra de voto. (COM BROADCAST)