Bruno Pereira e Dom Phillips: O que se sabe sobre o assassinato do jornalista e do indigenista


Crime permanece com motivação desconhecida; um novo suspeito de envolvimento na morte da dupla se entregou à polícia nesta quinta-feira, 23, em São Paulo

Por Manoela Bonaldo, Gustavo Queiroz e Bibiana Borba
Atualização:

Um quarto homem suspeito de envolvimento no assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips foi preso nesta quinta-feira, 23, em São Paulo. Gabriel Dantas se entregou à polícia paulista e disse que foi responsável por esconder os pertences da dupla na floresta após Amarildo Oliveira, o “Pelado”, atirar e matá-los. A Polícia Federal e a força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação, ainda não confirmaram se o relato do novo preso condiz com o que se sabe até agora. Amarildo, seu irmão Oseney Oliveira e Jeferson da Silva Lima, moradores do interior do Amazonas, seguem presos na região dos crimes.

Os corpos de Bruno e Dom, após seis dias de perícias, foram liberados pela PF nesta quinta, 23, para as famílias. Natural de Recife (PE), o indigenista será velado na região metropolitana da cidade na manhã desta sexta-feira, 24, e depois terá o corpo cremado. Já o jornalista, que morou no Rio e vivia atualmente em Salvador, será homenageado pelos familiares brasileiros e britânicos em Niterói (RJ) no próximo domingo, 26.

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Nenhum mandante do assassinato dos dois foi identificado até agora pelas autoridades brasileiras. Amarildo, que confessou ter atirado, tem relação com a pesca ilegal para exportação na região e suspeita de envolvimento em outros crimes na região, próxima da fronteira com o Peru e a Colômbia.

Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da manutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista trabalhou na Funai como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia. A Univaja, que com os indígenas organizou muitas das buscas que levaram a encontrar os corpos, afirmou que Bruno sofria perseguição política.

Ainda nesta quinta-feira, 23, indigenistas e outros servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio), representantes de várias etnias indígenas e apoiadores fazem protestos em Brasília, no Rio, São Paulo e outras grandes cidades. Os funcionários da sede da Funai, em Brasília, estão em greve desde a última segunda-feira, 20.

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Quem matou Dom e Bruno?

Em depoimento na noite do dia 14 de junho, o pescador Amarildo Oliveira, conhecido por “Pelado”, confessou ter assassinado Bruno Pereira e Dom Phillips. As informações foram divulgadas pelo superintendente regional da Polícia Federal, Eduardo Alexandre Fontes, em coletiva de imprensa realizada em Manaus no dia 15 de junho.

Pelado estava preso desde o dia 7 de junho por porte de munição de uso restrito e, inicialmente, a Polícia Civil não relacionou seu nome com o desaparecimento de Bruno e Dom.

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Conforme o Estadão apurou, Pelado é suspeito de fazer parte de uma rede criminosa ligada ao tráfico de armas, drogas e comércio ilegal de pirarucus.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips Foto: Wilton Junior/Estadão

Até agora, quem foi preso?

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Até o momento, quatro suspeitos de envolvimento com o crime foram presos. O primeiro foi Amarildo de Oliveira, o Pelado, preso no dia 7 de junho pela Polícia Civil.

O segundo suspeito a ser preso foi Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Pelado, detido pela Polícia Federal no dia 14 de junho.

O terceiro suspeito do assassinato de Bruno e Dom, Jeferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, entregou-se à Polícia Civil no último sábado, 18. Ele é apontado como participante do assassinato de Bruno e Dom.

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Há ainda um quarto homem, suspeito de envolvimento com o caso, que se entregou à Polícia Militar de São Paulo na quinta-feira, 23. Trata-se de Gabriel Pereira Dantas, que em depoimento afirmou ter presenciado o assassinato e participado da ocultação dos pertences de Bruno e Dom. O envolvimento dele com o assassinato de Bruno e Dom ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e a Força Tarefa no Amazonas.

Polícia civil localizou barco usado por Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados na Amazônia Foto: Joao Laet / AFP

Como a perícia do crime está sendo feita?

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Há uma força tarefa com quinze peritos criminais analisando os corpos e outros elementos encontrados no Vale do Javari, como os pertences da dupla e o barco em que viajavam, os quais contribuem para estabelecer as circunstâncias do crime.

Em entrevista ao Estadão, o diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Ricardo Guanaes, que coordena a equipe de perícia, afirma que além de métodos como análise de arcada dentária, impressão papiloscópica, impressão digital e teste de DNA, trabalha-se ainda com um modelo 3D da cena do crime, o que permite testar teorias e estabelecer mais adequadamente a dinâmica dos acontecimentos que causaram a morte de Bruno e Dom.

As armas usadas para matar os dois homens, porém, ainda não estão sendo analisadas pelos peritos.

Quem é o mandante do crime?

Ainda não há confirmação da motivação ou quem mandou matar Bruno e Dom. A Polícia Federal divulgou na sexta-feira, 17, que o assassinato do indigenista e do jornalista não teve mandante, sem informar como foi possível chegar a essa conclusão.

A Univaja afirma ter reiteradamente denunciado ameaças de morte e perseguições por parte de facções criminosas que atuam na região.

Um dossiê apresentado à Polícia Federal aponta que o assassinato de um indigenista amigo de Bruno, em 2019, foi um crime de mando encomendado pela rede criminosa de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atua na fronteira com a Colômbia e o Peru.

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Nesta quinta-feira, 16, ativistas protestaram contra a violência na Amazônia e em homenagem ao jornalista britânico e ao indigenista brasileiro

Onde o indigenista e o jornalista foram encontrados?

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados a 3 km do rio Itaquaí, em Atalaia do Norte, em uma área de igarapé. Eles foram identificados após a Polícia Federal levar um dos suspeitos de envolvimento no crime ao local das buscas, onde apontou o ponto da mata em que ocultou os corpos. Dois dias antes, as autoridades disseram ter coletado material biológico próximo ao rio, na mesma região em que também acharam uma mochila com pertences de Dom e Bruno. O barco usado pelo indigenista e pelo jornalista foi identificado neste domingo, 19.

Mobilização ocorreu neste sábado, 18, no vão do MASP em São Paulo. O ato pediu por justiça por Bruno Pereira, Dom Phillips e Maxciel Pereira; e solicitou a saída do presidente da Funai, Marcelo Xavier. O evento foi organizado pelo Sindsef-SP (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de São Paulo) e INA - Indigenistas Associados (Associação de servidores da Funai). Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Após quanto tempo eles foram encontrados?

Os corpos de Dom e Bruno foram encontrados após dez dias de buscas, no dia 15 de junho. A morosidade das autoridades em iniciarem as buscas, porém, foi criticada por entidades indigenistas, organizações internacionais e pelos familiares das vítimas.

Como mataram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Os peritos do Instituto Nacional de Criminalística de Brasília concluíram que o repórter e o indigenista foram assassinados a tiros, com “munição típica de caça”. Bruno foi baleado três vezes e Dom, uma.

Quem foram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Dom Phillips e Bruno Pereira eram profissionais reconhecidos em suas áreas e compartilhavam a paixão pela Amazônia e pela preservação da natureza e dos povos originários da região. Dom era um jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian. O inglês tinha 57 anos e vivia no Brasil desde 2007, onde publicou diversas reportagens sobre política e meio ambiente em veículos como Financial Times, New YorkTimes, Bloomberg e Washington Post.

Bruno Pereira era natural de Recife, tinha 41 anos e ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte - área em que foi visto pela última vez. Ele deixou o cargo em 2016 e, em 2018, voltou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial.

O que Dom Phillips fazia na Amazônia?

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

Um quarto homem suspeito de envolvimento no assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips foi preso nesta quinta-feira, 23, em São Paulo. Gabriel Dantas se entregou à polícia paulista e disse que foi responsável por esconder os pertences da dupla na floresta após Amarildo Oliveira, o “Pelado”, atirar e matá-los. A Polícia Federal e a força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação, ainda não confirmaram se o relato do novo preso condiz com o que se sabe até agora. Amarildo, seu irmão Oseney Oliveira e Jeferson da Silva Lima, moradores do interior do Amazonas, seguem presos na região dos crimes.

Os corpos de Bruno e Dom, após seis dias de perícias, foram liberados pela PF nesta quinta, 23, para as famílias. Natural de Recife (PE), o indigenista será velado na região metropolitana da cidade na manhã desta sexta-feira, 24, e depois terá o corpo cremado. Já o jornalista, que morou no Rio e vivia atualmente em Salvador, será homenageado pelos familiares brasileiros e britânicos em Niterói (RJ) no próximo domingo, 26.

Nenhum mandante do assassinato dos dois foi identificado até agora pelas autoridades brasileiras. Amarildo, que confessou ter atirado, tem relação com a pesca ilegal para exportação na região e suspeita de envolvimento em outros crimes na região, próxima da fronteira com o Peru e a Colômbia.

Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da manutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista trabalhou na Funai como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia. A Univaja, que com os indígenas organizou muitas das buscas que levaram a encontrar os corpos, afirmou que Bruno sofria perseguição política.

Ainda nesta quinta-feira, 23, indigenistas e outros servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio), representantes de várias etnias indígenas e apoiadores fazem protestos em Brasília, no Rio, São Paulo e outras grandes cidades. Os funcionários da sede da Funai, em Brasília, estão em greve desde a última segunda-feira, 20.

Quem matou Dom e Bruno?

Em depoimento na noite do dia 14 de junho, o pescador Amarildo Oliveira, conhecido por “Pelado”, confessou ter assassinado Bruno Pereira e Dom Phillips. As informações foram divulgadas pelo superintendente regional da Polícia Federal, Eduardo Alexandre Fontes, em coletiva de imprensa realizada em Manaus no dia 15 de junho.

Pelado estava preso desde o dia 7 de junho por porte de munição de uso restrito e, inicialmente, a Polícia Civil não relacionou seu nome com o desaparecimento de Bruno e Dom.

Conforme o Estadão apurou, Pelado é suspeito de fazer parte de uma rede criminosa ligada ao tráfico de armas, drogas e comércio ilegal de pirarucus.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips Foto: Wilton Junior/Estadão

Até agora, quem foi preso?

Até o momento, quatro suspeitos de envolvimento com o crime foram presos. O primeiro foi Amarildo de Oliveira, o Pelado, preso no dia 7 de junho pela Polícia Civil.

O segundo suspeito a ser preso foi Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Pelado, detido pela Polícia Federal no dia 14 de junho.

O terceiro suspeito do assassinato de Bruno e Dom, Jeferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, entregou-se à Polícia Civil no último sábado, 18. Ele é apontado como participante do assassinato de Bruno e Dom.

Há ainda um quarto homem, suspeito de envolvimento com o caso, que se entregou à Polícia Militar de São Paulo na quinta-feira, 23. Trata-se de Gabriel Pereira Dantas, que em depoimento afirmou ter presenciado o assassinato e participado da ocultação dos pertences de Bruno e Dom. O envolvimento dele com o assassinato de Bruno e Dom ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e a Força Tarefa no Amazonas.

Polícia civil localizou barco usado por Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados na Amazônia Foto: Joao Laet / AFP

Como a perícia do crime está sendo feita?

Há uma força tarefa com quinze peritos criminais analisando os corpos e outros elementos encontrados no Vale do Javari, como os pertences da dupla e o barco em que viajavam, os quais contribuem para estabelecer as circunstâncias do crime.

Em entrevista ao Estadão, o diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Ricardo Guanaes, que coordena a equipe de perícia, afirma que além de métodos como análise de arcada dentária, impressão papiloscópica, impressão digital e teste de DNA, trabalha-se ainda com um modelo 3D da cena do crime, o que permite testar teorias e estabelecer mais adequadamente a dinâmica dos acontecimentos que causaram a morte de Bruno e Dom.

As armas usadas para matar os dois homens, porém, ainda não estão sendo analisadas pelos peritos.

Quem é o mandante do crime?

Ainda não há confirmação da motivação ou quem mandou matar Bruno e Dom. A Polícia Federal divulgou na sexta-feira, 17, que o assassinato do indigenista e do jornalista não teve mandante, sem informar como foi possível chegar a essa conclusão.

A Univaja afirma ter reiteradamente denunciado ameaças de morte e perseguições por parte de facções criminosas que atuam na região.

Um dossiê apresentado à Polícia Federal aponta que o assassinato de um indigenista amigo de Bruno, em 2019, foi um crime de mando encomendado pela rede criminosa de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atua na fronteira com a Colômbia e o Peru.

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Nesta quinta-feira, 16, ativistas protestaram contra a violência na Amazônia e em homenagem ao jornalista britânico e ao indigenista brasileiro

Onde o indigenista e o jornalista foram encontrados?

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados a 3 km do rio Itaquaí, em Atalaia do Norte, em uma área de igarapé. Eles foram identificados após a Polícia Federal levar um dos suspeitos de envolvimento no crime ao local das buscas, onde apontou o ponto da mata em que ocultou os corpos. Dois dias antes, as autoridades disseram ter coletado material biológico próximo ao rio, na mesma região em que também acharam uma mochila com pertences de Dom e Bruno. O barco usado pelo indigenista e pelo jornalista foi identificado neste domingo, 19.

Mobilização ocorreu neste sábado, 18, no vão do MASP em São Paulo. O ato pediu por justiça por Bruno Pereira, Dom Phillips e Maxciel Pereira; e solicitou a saída do presidente da Funai, Marcelo Xavier. O evento foi organizado pelo Sindsef-SP (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de São Paulo) e INA - Indigenistas Associados (Associação de servidores da Funai). Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Após quanto tempo eles foram encontrados?

Os corpos de Dom e Bruno foram encontrados após dez dias de buscas, no dia 15 de junho. A morosidade das autoridades em iniciarem as buscas, porém, foi criticada por entidades indigenistas, organizações internacionais e pelos familiares das vítimas.

Como mataram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Os peritos do Instituto Nacional de Criminalística de Brasília concluíram que o repórter e o indigenista foram assassinados a tiros, com “munição típica de caça”. Bruno foi baleado três vezes e Dom, uma.

Quem foram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Dom Phillips e Bruno Pereira eram profissionais reconhecidos em suas áreas e compartilhavam a paixão pela Amazônia e pela preservação da natureza e dos povos originários da região. Dom era um jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian. O inglês tinha 57 anos e vivia no Brasil desde 2007, onde publicou diversas reportagens sobre política e meio ambiente em veículos como Financial Times, New YorkTimes, Bloomberg e Washington Post.

Bruno Pereira era natural de Recife, tinha 41 anos e ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte - área em que foi visto pela última vez. Ele deixou o cargo em 2016 e, em 2018, voltou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial.

O que Dom Phillips fazia na Amazônia?

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

Um quarto homem suspeito de envolvimento no assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips foi preso nesta quinta-feira, 23, em São Paulo. Gabriel Dantas se entregou à polícia paulista e disse que foi responsável por esconder os pertences da dupla na floresta após Amarildo Oliveira, o “Pelado”, atirar e matá-los. A Polícia Federal e a força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação, ainda não confirmaram se o relato do novo preso condiz com o que se sabe até agora. Amarildo, seu irmão Oseney Oliveira e Jeferson da Silva Lima, moradores do interior do Amazonas, seguem presos na região dos crimes.

Os corpos de Bruno e Dom, após seis dias de perícias, foram liberados pela PF nesta quinta, 23, para as famílias. Natural de Recife (PE), o indigenista será velado na região metropolitana da cidade na manhã desta sexta-feira, 24, e depois terá o corpo cremado. Já o jornalista, que morou no Rio e vivia atualmente em Salvador, será homenageado pelos familiares brasileiros e britânicos em Niterói (RJ) no próximo domingo, 26.

Nenhum mandante do assassinato dos dois foi identificado até agora pelas autoridades brasileiras. Amarildo, que confessou ter atirado, tem relação com a pesca ilegal para exportação na região e suspeita de envolvimento em outros crimes na região, próxima da fronteira com o Peru e a Colômbia.

Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da manutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista trabalhou na Funai como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia. A Univaja, que com os indígenas organizou muitas das buscas que levaram a encontrar os corpos, afirmou que Bruno sofria perseguição política.

Ainda nesta quinta-feira, 23, indigenistas e outros servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio), representantes de várias etnias indígenas e apoiadores fazem protestos em Brasília, no Rio, São Paulo e outras grandes cidades. Os funcionários da sede da Funai, em Brasília, estão em greve desde a última segunda-feira, 20.

Quem matou Dom e Bruno?

Em depoimento na noite do dia 14 de junho, o pescador Amarildo Oliveira, conhecido por “Pelado”, confessou ter assassinado Bruno Pereira e Dom Phillips. As informações foram divulgadas pelo superintendente regional da Polícia Federal, Eduardo Alexandre Fontes, em coletiva de imprensa realizada em Manaus no dia 15 de junho.

Pelado estava preso desde o dia 7 de junho por porte de munição de uso restrito e, inicialmente, a Polícia Civil não relacionou seu nome com o desaparecimento de Bruno e Dom.

Conforme o Estadão apurou, Pelado é suspeito de fazer parte de uma rede criminosa ligada ao tráfico de armas, drogas e comércio ilegal de pirarucus.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips Foto: Wilton Junior/Estadão

Até agora, quem foi preso?

Até o momento, quatro suspeitos de envolvimento com o crime foram presos. O primeiro foi Amarildo de Oliveira, o Pelado, preso no dia 7 de junho pela Polícia Civil.

O segundo suspeito a ser preso foi Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Pelado, detido pela Polícia Federal no dia 14 de junho.

O terceiro suspeito do assassinato de Bruno e Dom, Jeferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, entregou-se à Polícia Civil no último sábado, 18. Ele é apontado como participante do assassinato de Bruno e Dom.

Há ainda um quarto homem, suspeito de envolvimento com o caso, que se entregou à Polícia Militar de São Paulo na quinta-feira, 23. Trata-se de Gabriel Pereira Dantas, que em depoimento afirmou ter presenciado o assassinato e participado da ocultação dos pertences de Bruno e Dom. O envolvimento dele com o assassinato de Bruno e Dom ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e a Força Tarefa no Amazonas.

Polícia civil localizou barco usado por Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados na Amazônia Foto: Joao Laet / AFP

Como a perícia do crime está sendo feita?

Há uma força tarefa com quinze peritos criminais analisando os corpos e outros elementos encontrados no Vale do Javari, como os pertences da dupla e o barco em que viajavam, os quais contribuem para estabelecer as circunstâncias do crime.

Em entrevista ao Estadão, o diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Ricardo Guanaes, que coordena a equipe de perícia, afirma que além de métodos como análise de arcada dentária, impressão papiloscópica, impressão digital e teste de DNA, trabalha-se ainda com um modelo 3D da cena do crime, o que permite testar teorias e estabelecer mais adequadamente a dinâmica dos acontecimentos que causaram a morte de Bruno e Dom.

As armas usadas para matar os dois homens, porém, ainda não estão sendo analisadas pelos peritos.

Quem é o mandante do crime?

Ainda não há confirmação da motivação ou quem mandou matar Bruno e Dom. A Polícia Federal divulgou na sexta-feira, 17, que o assassinato do indigenista e do jornalista não teve mandante, sem informar como foi possível chegar a essa conclusão.

A Univaja afirma ter reiteradamente denunciado ameaças de morte e perseguições por parte de facções criminosas que atuam na região.

Um dossiê apresentado à Polícia Federal aponta que o assassinato de um indigenista amigo de Bruno, em 2019, foi um crime de mando encomendado pela rede criminosa de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atua na fronteira com a Colômbia e o Peru.

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Nesta quinta-feira, 16, ativistas protestaram contra a violência na Amazônia e em homenagem ao jornalista britânico e ao indigenista brasileiro

Onde o indigenista e o jornalista foram encontrados?

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados a 3 km do rio Itaquaí, em Atalaia do Norte, em uma área de igarapé. Eles foram identificados após a Polícia Federal levar um dos suspeitos de envolvimento no crime ao local das buscas, onde apontou o ponto da mata em que ocultou os corpos. Dois dias antes, as autoridades disseram ter coletado material biológico próximo ao rio, na mesma região em que também acharam uma mochila com pertences de Dom e Bruno. O barco usado pelo indigenista e pelo jornalista foi identificado neste domingo, 19.

Mobilização ocorreu neste sábado, 18, no vão do MASP em São Paulo. O ato pediu por justiça por Bruno Pereira, Dom Phillips e Maxciel Pereira; e solicitou a saída do presidente da Funai, Marcelo Xavier. O evento foi organizado pelo Sindsef-SP (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de São Paulo) e INA - Indigenistas Associados (Associação de servidores da Funai). Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Após quanto tempo eles foram encontrados?

Os corpos de Dom e Bruno foram encontrados após dez dias de buscas, no dia 15 de junho. A morosidade das autoridades em iniciarem as buscas, porém, foi criticada por entidades indigenistas, organizações internacionais e pelos familiares das vítimas.

Como mataram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Os peritos do Instituto Nacional de Criminalística de Brasília concluíram que o repórter e o indigenista foram assassinados a tiros, com “munição típica de caça”. Bruno foi baleado três vezes e Dom, uma.

Quem foram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Dom Phillips e Bruno Pereira eram profissionais reconhecidos em suas áreas e compartilhavam a paixão pela Amazônia e pela preservação da natureza e dos povos originários da região. Dom era um jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian. O inglês tinha 57 anos e vivia no Brasil desde 2007, onde publicou diversas reportagens sobre política e meio ambiente em veículos como Financial Times, New YorkTimes, Bloomberg e Washington Post.

Bruno Pereira era natural de Recife, tinha 41 anos e ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte - área em que foi visto pela última vez. Ele deixou o cargo em 2016 e, em 2018, voltou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial.

O que Dom Phillips fazia na Amazônia?

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

Um quarto homem suspeito de envolvimento no assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips foi preso nesta quinta-feira, 23, em São Paulo. Gabriel Dantas se entregou à polícia paulista e disse que foi responsável por esconder os pertences da dupla na floresta após Amarildo Oliveira, o “Pelado”, atirar e matá-los. A Polícia Federal e a força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação, ainda não confirmaram se o relato do novo preso condiz com o que se sabe até agora. Amarildo, seu irmão Oseney Oliveira e Jeferson da Silva Lima, moradores do interior do Amazonas, seguem presos na região dos crimes.

Os corpos de Bruno e Dom, após seis dias de perícias, foram liberados pela PF nesta quinta, 23, para as famílias. Natural de Recife (PE), o indigenista será velado na região metropolitana da cidade na manhã desta sexta-feira, 24, e depois terá o corpo cremado. Já o jornalista, que morou no Rio e vivia atualmente em Salvador, será homenageado pelos familiares brasileiros e britânicos em Niterói (RJ) no próximo domingo, 26.

Nenhum mandante do assassinato dos dois foi identificado até agora pelas autoridades brasileiras. Amarildo, que confessou ter atirado, tem relação com a pesca ilegal para exportação na região e suspeita de envolvimento em outros crimes na região, próxima da fronteira com o Peru e a Colômbia.

Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da manutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista trabalhou na Funai como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia. A Univaja, que com os indígenas organizou muitas das buscas que levaram a encontrar os corpos, afirmou que Bruno sofria perseguição política.

Ainda nesta quinta-feira, 23, indigenistas e outros servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio), representantes de várias etnias indígenas e apoiadores fazem protestos em Brasília, no Rio, São Paulo e outras grandes cidades. Os funcionários da sede da Funai, em Brasília, estão em greve desde a última segunda-feira, 20.

Quem matou Dom e Bruno?

Em depoimento na noite do dia 14 de junho, o pescador Amarildo Oliveira, conhecido por “Pelado”, confessou ter assassinado Bruno Pereira e Dom Phillips. As informações foram divulgadas pelo superintendente regional da Polícia Federal, Eduardo Alexandre Fontes, em coletiva de imprensa realizada em Manaus no dia 15 de junho.

Pelado estava preso desde o dia 7 de junho por porte de munição de uso restrito e, inicialmente, a Polícia Civil não relacionou seu nome com o desaparecimento de Bruno e Dom.

Conforme o Estadão apurou, Pelado é suspeito de fazer parte de uma rede criminosa ligada ao tráfico de armas, drogas e comércio ilegal de pirarucus.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips Foto: Wilton Junior/Estadão

Até agora, quem foi preso?

Até o momento, quatro suspeitos de envolvimento com o crime foram presos. O primeiro foi Amarildo de Oliveira, o Pelado, preso no dia 7 de junho pela Polícia Civil.

O segundo suspeito a ser preso foi Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Pelado, detido pela Polícia Federal no dia 14 de junho.

O terceiro suspeito do assassinato de Bruno e Dom, Jeferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, entregou-se à Polícia Civil no último sábado, 18. Ele é apontado como participante do assassinato de Bruno e Dom.

Há ainda um quarto homem, suspeito de envolvimento com o caso, que se entregou à Polícia Militar de São Paulo na quinta-feira, 23. Trata-se de Gabriel Pereira Dantas, que em depoimento afirmou ter presenciado o assassinato e participado da ocultação dos pertences de Bruno e Dom. O envolvimento dele com o assassinato de Bruno e Dom ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e a Força Tarefa no Amazonas.

Polícia civil localizou barco usado por Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados na Amazônia Foto: Joao Laet / AFP

Como a perícia do crime está sendo feita?

Há uma força tarefa com quinze peritos criminais analisando os corpos e outros elementos encontrados no Vale do Javari, como os pertences da dupla e o barco em que viajavam, os quais contribuem para estabelecer as circunstâncias do crime.

Em entrevista ao Estadão, o diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Ricardo Guanaes, que coordena a equipe de perícia, afirma que além de métodos como análise de arcada dentária, impressão papiloscópica, impressão digital e teste de DNA, trabalha-se ainda com um modelo 3D da cena do crime, o que permite testar teorias e estabelecer mais adequadamente a dinâmica dos acontecimentos que causaram a morte de Bruno e Dom.

As armas usadas para matar os dois homens, porém, ainda não estão sendo analisadas pelos peritos.

Quem é o mandante do crime?

Ainda não há confirmação da motivação ou quem mandou matar Bruno e Dom. A Polícia Federal divulgou na sexta-feira, 17, que o assassinato do indigenista e do jornalista não teve mandante, sem informar como foi possível chegar a essa conclusão.

A Univaja afirma ter reiteradamente denunciado ameaças de morte e perseguições por parte de facções criminosas que atuam na região.

Um dossiê apresentado à Polícia Federal aponta que o assassinato de um indigenista amigo de Bruno, em 2019, foi um crime de mando encomendado pela rede criminosa de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atua na fronteira com a Colômbia e o Peru.

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Nesta quinta-feira, 16, ativistas protestaram contra a violência na Amazônia e em homenagem ao jornalista britânico e ao indigenista brasileiro

Onde o indigenista e o jornalista foram encontrados?

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados a 3 km do rio Itaquaí, em Atalaia do Norte, em uma área de igarapé. Eles foram identificados após a Polícia Federal levar um dos suspeitos de envolvimento no crime ao local das buscas, onde apontou o ponto da mata em que ocultou os corpos. Dois dias antes, as autoridades disseram ter coletado material biológico próximo ao rio, na mesma região em que também acharam uma mochila com pertences de Dom e Bruno. O barco usado pelo indigenista e pelo jornalista foi identificado neste domingo, 19.

Mobilização ocorreu neste sábado, 18, no vão do MASP em São Paulo. O ato pediu por justiça por Bruno Pereira, Dom Phillips e Maxciel Pereira; e solicitou a saída do presidente da Funai, Marcelo Xavier. O evento foi organizado pelo Sindsef-SP (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de São Paulo) e INA - Indigenistas Associados (Associação de servidores da Funai). Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Após quanto tempo eles foram encontrados?

Os corpos de Dom e Bruno foram encontrados após dez dias de buscas, no dia 15 de junho. A morosidade das autoridades em iniciarem as buscas, porém, foi criticada por entidades indigenistas, organizações internacionais e pelos familiares das vítimas.

Como mataram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Os peritos do Instituto Nacional de Criminalística de Brasília concluíram que o repórter e o indigenista foram assassinados a tiros, com “munição típica de caça”. Bruno foi baleado três vezes e Dom, uma.

Quem foram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Dom Phillips e Bruno Pereira eram profissionais reconhecidos em suas áreas e compartilhavam a paixão pela Amazônia e pela preservação da natureza e dos povos originários da região. Dom era um jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian. O inglês tinha 57 anos e vivia no Brasil desde 2007, onde publicou diversas reportagens sobre política e meio ambiente em veículos como Financial Times, New YorkTimes, Bloomberg e Washington Post.

Bruno Pereira era natural de Recife, tinha 41 anos e ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte - área em que foi visto pela última vez. Ele deixou o cargo em 2016 e, em 2018, voltou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial.

O que Dom Phillips fazia na Amazônia?

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

Um quarto homem suspeito de envolvimento no assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips foi preso nesta quinta-feira, 23, em São Paulo. Gabriel Dantas se entregou à polícia paulista e disse que foi responsável por esconder os pertences da dupla na floresta após Amarildo Oliveira, o “Pelado”, atirar e matá-los. A Polícia Federal e a força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação, ainda não confirmaram se o relato do novo preso condiz com o que se sabe até agora. Amarildo, seu irmão Oseney Oliveira e Jeferson da Silva Lima, moradores do interior do Amazonas, seguem presos na região dos crimes.

Os corpos de Bruno e Dom, após seis dias de perícias, foram liberados pela PF nesta quinta, 23, para as famílias. Natural de Recife (PE), o indigenista será velado na região metropolitana da cidade na manhã desta sexta-feira, 24, e depois terá o corpo cremado. Já o jornalista, que morou no Rio e vivia atualmente em Salvador, será homenageado pelos familiares brasileiros e britânicos em Niterói (RJ) no próximo domingo, 26.

Nenhum mandante do assassinato dos dois foi identificado até agora pelas autoridades brasileiras. Amarildo, que confessou ter atirado, tem relação com a pesca ilegal para exportação na região e suspeita de envolvimento em outros crimes na região, próxima da fronteira com o Peru e a Colômbia.

Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da manutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista trabalhou na Funai como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia. A Univaja, que com os indígenas organizou muitas das buscas que levaram a encontrar os corpos, afirmou que Bruno sofria perseguição política.

Ainda nesta quinta-feira, 23, indigenistas e outros servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio), representantes de várias etnias indígenas e apoiadores fazem protestos em Brasília, no Rio, São Paulo e outras grandes cidades. Os funcionários da sede da Funai, em Brasília, estão em greve desde a última segunda-feira, 20.

Quem matou Dom e Bruno?

Em depoimento na noite do dia 14 de junho, o pescador Amarildo Oliveira, conhecido por “Pelado”, confessou ter assassinado Bruno Pereira e Dom Phillips. As informações foram divulgadas pelo superintendente regional da Polícia Federal, Eduardo Alexandre Fontes, em coletiva de imprensa realizada em Manaus no dia 15 de junho.

Pelado estava preso desde o dia 7 de junho por porte de munição de uso restrito e, inicialmente, a Polícia Civil não relacionou seu nome com o desaparecimento de Bruno e Dom.

Conforme o Estadão apurou, Pelado é suspeito de fazer parte de uma rede criminosa ligada ao tráfico de armas, drogas e comércio ilegal de pirarucus.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips Foto: Wilton Junior/Estadão

Até agora, quem foi preso?

Até o momento, quatro suspeitos de envolvimento com o crime foram presos. O primeiro foi Amarildo de Oliveira, o Pelado, preso no dia 7 de junho pela Polícia Civil.

O segundo suspeito a ser preso foi Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Pelado, detido pela Polícia Federal no dia 14 de junho.

O terceiro suspeito do assassinato de Bruno e Dom, Jeferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, entregou-se à Polícia Civil no último sábado, 18. Ele é apontado como participante do assassinato de Bruno e Dom.

Há ainda um quarto homem, suspeito de envolvimento com o caso, que se entregou à Polícia Militar de São Paulo na quinta-feira, 23. Trata-se de Gabriel Pereira Dantas, que em depoimento afirmou ter presenciado o assassinato e participado da ocultação dos pertences de Bruno e Dom. O envolvimento dele com o assassinato de Bruno e Dom ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e a Força Tarefa no Amazonas.

Polícia civil localizou barco usado por Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados na Amazônia Foto: Joao Laet / AFP

Como a perícia do crime está sendo feita?

Há uma força tarefa com quinze peritos criminais analisando os corpos e outros elementos encontrados no Vale do Javari, como os pertences da dupla e o barco em que viajavam, os quais contribuem para estabelecer as circunstâncias do crime.

Em entrevista ao Estadão, o diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Ricardo Guanaes, que coordena a equipe de perícia, afirma que além de métodos como análise de arcada dentária, impressão papiloscópica, impressão digital e teste de DNA, trabalha-se ainda com um modelo 3D da cena do crime, o que permite testar teorias e estabelecer mais adequadamente a dinâmica dos acontecimentos que causaram a morte de Bruno e Dom.

As armas usadas para matar os dois homens, porém, ainda não estão sendo analisadas pelos peritos.

Quem é o mandante do crime?

Ainda não há confirmação da motivação ou quem mandou matar Bruno e Dom. A Polícia Federal divulgou na sexta-feira, 17, que o assassinato do indigenista e do jornalista não teve mandante, sem informar como foi possível chegar a essa conclusão.

A Univaja afirma ter reiteradamente denunciado ameaças de morte e perseguições por parte de facções criminosas que atuam na região.

Um dossiê apresentado à Polícia Federal aponta que o assassinato de um indigenista amigo de Bruno, em 2019, foi um crime de mando encomendado pela rede criminosa de narcotraficantes, pescadores ilegais e garimpeiros que atua na fronteira com a Colômbia e o Peru.

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Nesta quinta-feira, 16, ativistas protestaram contra a violência na Amazônia e em homenagem ao jornalista britânico e ao indigenista brasileiro

Onde o indigenista e o jornalista foram encontrados?

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados a 3 km do rio Itaquaí, em Atalaia do Norte, em uma área de igarapé. Eles foram identificados após a Polícia Federal levar um dos suspeitos de envolvimento no crime ao local das buscas, onde apontou o ponto da mata em que ocultou os corpos. Dois dias antes, as autoridades disseram ter coletado material biológico próximo ao rio, na mesma região em que também acharam uma mochila com pertences de Dom e Bruno. O barco usado pelo indigenista e pelo jornalista foi identificado neste domingo, 19.

Mobilização ocorreu neste sábado, 18, no vão do MASP em São Paulo. O ato pediu por justiça por Bruno Pereira, Dom Phillips e Maxciel Pereira; e solicitou a saída do presidente da Funai, Marcelo Xavier. O evento foi organizado pelo Sindsef-SP (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de São Paulo) e INA - Indigenistas Associados (Associação de servidores da Funai). Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Após quanto tempo eles foram encontrados?

Os corpos de Dom e Bruno foram encontrados após dez dias de buscas, no dia 15 de junho. A morosidade das autoridades em iniciarem as buscas, porém, foi criticada por entidades indigenistas, organizações internacionais e pelos familiares das vítimas.

Como mataram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Os peritos do Instituto Nacional de Criminalística de Brasília concluíram que o repórter e o indigenista foram assassinados a tiros, com “munição típica de caça”. Bruno foi baleado três vezes e Dom, uma.

Quem foram Bruno Pereira e Dom Phillips?

Dom Phillips e Bruno Pereira eram profissionais reconhecidos em suas áreas e compartilhavam a paixão pela Amazônia e pela preservação da natureza e dos povos originários da região. Dom era um jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian. O inglês tinha 57 anos e vivia no Brasil desde 2007, onde publicou diversas reportagens sobre política e meio ambiente em veículos como Financial Times, New YorkTimes, Bloomberg e Washington Post.

Bruno Pereira era natural de Recife, tinha 41 anos e ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte - área em que foi visto pela última vez. Ele deixou o cargo em 2016 e, em 2018, voltou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial.

O que Dom Phillips fazia na Amazônia?

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

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