A Polícia Federal acusou nesta sexta-feira a Caixa Econômica Federal (CEF) de dificultar as investigação a respeito da violação da conta bancária do caseiro Francenildo Santos Costa, que acusou, em entrevista ao Estado, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de freqüentar uma mansão alugada em Brasília por lobistas de Ribeirão Preto. Em comunicado transmitido pela assessoria da PF, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, responsável pelo inquérito, disse que não aceitará manobras para proteger eventuais dirigentes da Caixa envolvidos no episódio. ?A polícia não compactua com a tentativa de transferir responsabilidades exclusivamente a pessoas de menor importância na cadeia de comando e que, portanto, não possuem o poder decisório?, avisou o delegado. Sob coação Diante das dificuldades, a PF vai intimar novamente o presidente da CEF, Jorge Mattoso, que faltou ao depoimento convocado para quinta-feira. Se ele não aparecer mais uma vez, poderá ser levado a depor sob coação policial. Um dos episódios que mais irritaram os policiais ocorreu nesta sexta-feira. A PF pediu à Caixa o computador usado para tirar o extrato da conta do caseiro - documento repassado à imprensa com o objetivo de desacreditar o depoimento de Francenildo. O delegado ficou surpreso ao ser informado pela CEF que a máquina, um laptop deixado à disposição de um gerente, não estava em Brasília. No meio da tarde, a PF chegou a divulgar que o computador tinha sumido, sugerindo que a Caixa estava empenhada numa operação para eliminar provas. Logo em seguida, o banco informou que o laptop estava em São Paulo, para onde o gerente tinha viajado. Máquina A máquina foi localizada, lacrada na presença de policiais federais e remetida para São Paulo. As providências foram insuficientes para satisfazer a PF, que agora quer saber se os arquivos e registros contidos no laptop foram alterados no período em que ele esteve fora de Brasília. Os dois suspeitos pela violação identificados pela sindicância interna da CEF foram ouvidos nesta sexta-feira pelos policiais. Por ter dúvidas da responsabilidade dos dois funcionários, a PF recuou da intenção de divulgar seus nomes. A precaução foi adotada, conforme explicou a assessoria da PF, para preservar o direito constitucional à intimidade, ao contraditório e à ampla defesa. Também chegou à PF a versão não confirmada de que a sindicância da Caixa já chegou ao nome do dirigente, ocupante de um alto posto na instituição, que determinou aos dois subordinados a retirada do extrato da conta do caseiro. O gesto pode custar ao dirigente processos por vários crimes, além da demissão a bem do serviço público.