Interlocutores políticos e econômicos da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a acionar importantes nomes do PIB brasileiro depois da ampla repercussão do manifesto pela democracia, organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Um dos contatos realizados foi com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que resultou no agendamento de um almoço entre o presidente e banqueiros, na próxima segunda-feira, 8. A data foi sugerida pela própria campanha de Bolsonaro.
Aliados do presidente buscaram dirigentes da Febraban e disseram ter aconselhado Bolsonaro a não ampliar o tensionamento com empresários na proximidade das eleições. Por isso, houve pedido da campanha para que o presidente fosse recebido para uma conversa, o que acelerou o início de uma rodada de encontros da Febraban com presidenciáveis.
No ano passado, quando a entidade decidiu apoiar um manifesto na véspera dos atos de 7 de Setembro, a postura do governo Bolsonaro foi reativa. Na época, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, incendiou a relação ao propor a saída da instituição e do Banco do Brasil da tradicional entidade, o que acabou não acontecendo. Os dois bancos públicos estão na lista dos cinco maiores associados da Febraban.
O cenário político também é outro. A menos de dois meses da eleição, Bolsonaro está atrás nas pesquisas de intenção de voto e se viu diante de uma reação mais robusta do empresariado a seus ataques contra as urnas, com uma nova posição dentro da Fiesp, por exemplo. No ano passado, o então presidente da Fiesp, Paulo Skaf, segurou a publicação do texto.
Bolsonaro chegou a ensaiar uma ida à Fiesp também na próxima semana, mas cancelou a participação após notícias de que ele seria convidado a assinar o manifesto a favor da democracia durante sua visita à entidade. Inicialmente, ele havia agendado a presença na federação industrial para o mesmo dia dos atos que acontecerão na Faculdade de Direito. Alguns conselheiros da campanha também indicaram ao presidente que seria um erro rivalizar com o movimento no mesmo dia.
No almoço com a Febraban estarão presentes presidentes dos principais bancos do país. Há poucos dias, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, atacou banqueiros e disse que a adesão de nomes do setor ao manifesto pró-democracia foi uma reação contrária a Bolsonaro por uma suposta perda de receita pela criação do PIX, que foi iniciada durante o governo de Michel Temer.
Bolsonaro tem sido aconselhado por aliados a levantar bandeira branca na reunião, mas não costuma seguir os pedidos de moderação feitos por parte do seu time que não quer esgarçar a relação com o PIB às vésperas da eleição.
Como informou o Estadão, a Febraban também irá receber o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência pelo PT, nos próximos dias. As tratativas entre a entidade e a campanha do petista estão avançadas para agendar a data da reunião, que contará com os principais banqueiros do País.
Os ex-ministros Aloizio Mercante e Alexandre Padilha são os interlocutores de Lula nas conversas com o presidente da Febraban, Isaac Sidney. Segundo fontes, os dois lados já concordaram em realizar o encontro. Mercadante é presidente da Fundação Perseu Abramo e coordenador do plano de governo de Lula. Padilha tem sido um dos principais canais da campanha petista com o empresariado.
Os outros pré-candidatos ao Planalto também devem receber convites para ir à instituição apresentar suas propostas para o País.