BRASÍLIA - O ministro da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou nesta quinta-feira, 4, que o comitê da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff foi "cuidadoso" nas doações recebidas pelo PT, rebatendo a acusação de que houve recebimento de recursos da partir do esquema de corrupção na Petrobrás, investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. "Eu acredito que o trabalho na campanha foi muito cuidadoso", disse.
A doação legal a partir de propina paga a empreiteiras contratadas pela Petrobrás foi denunciada pelo diretor da Toyo Setal, Augusto Mendonça, em delação premiada na Lava Jato. Ele disse em depoimento à Polícia Federal que o esquema envolvendo contratos da estatal incluía doações oficiais a campanhas eleitorais e o pagamento de propina. "Acho que qualquer afirmação tem de ser investigada", considerou Adams. "Vai ser evidentemente apurado e investigado", disse.
O executivo afirmou que ao menos R$ 4 milhões foram repassados ao partido da presidente Dilma Rousseff, entre 2008 e 2011, em troca de um contrato para a empreiteira tocar obras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). O ex-diretor de Serviços Renato Duque indicou para quem deveria ser feito o pagamento da propina, segundo o delator. Duque, que foi libertado ontem da prisão preventiva, é suspeito de integrar o esquema de desvios na estatal. Ele ocupou o cargo de 2003 a 2012 a partir de indicação do próprio PT.
Na Justiça Eleitoral, há registros oficiais de repasses oficiais de empresas do grupo Toyo Setal ao PT que somam R$ 3,4 milhões entre 2008 e 2012. Desse total, R$ 2 milhões foram repassados ao partido do governo em 2010, ano em que Dilma foi eleita pela primeira vez para presidir o País.