Candidato petista contraria esquerda e defende pautas conservadoras em Cuiabá


Em disputa contra candidato do PL em um polo do agro, petista Lúdio Cabral tem se posicionado contra ‘liberação’ das drogas e aborto e afirma que não vai implementar ‘ideologia de gênero’ nas escolas

Por Karina Ferreira
Atualização:

Mesmo não fazendo parte da alçada dos Executivos municipais, pautas como legalização das drogas, aborto e “ideologia de gênero” viraram tema da disputa pela prefeitura de Cuiabá (MT), um dos polos do agronegócio do País. Com acenos ao eleitor cristão e conservador, o candidato petista Lúdio Cabral afirmou em seu programa eleitoral de estreia no segundo turno na capital mato-grossense que é contrário às pautas – mesma posição que seu adversário, Abílio Brunini (PL).

“Eu sou contra o aborto, sou contra a liberação de drogas, e jamais irei implantar em nenhuma escola nada relacionado à ideologia de gênero. Minha criação em uma família cristã, o meu juramento de proteger a vida como médico e a minha vida como pai e esposo provam o que eu digo”, disse o candidato.

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Cabral afirmou na peça eleitoral que foi motivado a deixar clara sua posição sobre os temas porque o adversário político “espalha fake news, mente e tenta confundir” as pessoas com “medo”. O posicionamento foi questionado por Brunini, que em debate eleitoral nesta terça-feira, 23, questionou o petista sobre os motivos para ele permanecer no partido.

Candidato Lúdio Cabral (PT) em peça publicitária de propaganda eleitoral gratuita. Foto: Reprodução/Horário eleitoral

“Se você discorda de todas as coisas do seu partido, por que você ainda continua no PT? São 28 anos dentro desse partido. Se o Lúdio é tão certinho assim, por que ele ainda está no PT?”, disse Brunini, questionando ainda se é possível “servir a dois senhores”. O candidato do PL publicou o trecho do debate em seu perfil no Instagram.

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Questionado pelo Estadão, o petista afirmou saber que as pautas às quais se posicionou são legisladas pelo Congresso Nacional, afirmando que, “em respeito à população de Cuiabá”, tem discutido “os problemas reais da cidade e as propostas concretas para resolvê-los”. Lúdio Cabral responsabilizou o candidato do PL por trazer a temática para o confronto municipal.

“O candidato adversário trouxe a pauta de costumes, que compete ao Legislativo Federal, em uma eleição do Executivo municipal. Fazer isso é desrespeitar a população que sofre com problemas concretos. Ao fazer isso, o candidato adversário despreza o princípio democrático de debate adequado ao contexto eleitoral”, disse em nota.

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Embora o estatuto do partido não determine que os filiados precisem adotar posicionamento favorável aos temas, as pautas em questão são historicamente associadas e defendidas por movimentos progressistas e partidos à esquerda no espectro político. Ao Estadão, Cabral afirmou que “o Partido dos Trabalhadores é um partido plural, e a visão de cada filiado é respeitada. Não há qualquer conflito em relação a isso”.

O candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terminou a primeira etapa do pleito com 39,61% dos votos válidos, ante 28,31% do petista. Segundo o levantamento mais recente do instituto AtlasIntel, divulgado nesta terça-feira, 22, Brunini tem 52,6% das intenções de voto, contra 45,7% em Cabral.

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Além da peça eleitoral, Cabral publicou uma “carta aos cristãos”, em que fala sobre propostas que pretende implementar em parcerias com igrejas, como ampliar o número de salas de aulas em creches, recuperação de dependentes químicos, entre outros.

“Meu compromisso, acima de qualquer interesse particular ou partidário, é fazer que a nossa gestão seja resposta de orações, colocando o nosso coração na fonte certa que é Jesus”, diz trecho da carta publicada em seu perfil no Instagram no último dia 10.

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Embora o candidato repita o gesto de “faz o L”, usado na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, já que seu nome possui a mesma inicial que o do presidente, Lula não é uma figura frequente no Instagram de Cabral. O candidato também não adotou o vermelho, a cor do partido, na comunicação da campanha.

Os ministros de Lula, entretanto, bem como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) fizeram parte dos materiais de campanha dele no segundo turno. Apoiam a candidatura de Cabral o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro – pai da vice-prefeita na chapa, Rafaela Fávaro –, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Incoerência mira em ‘não rejeição’, diz especialista

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Apesar de incoerente com o posicionamento histórico do campo progressista, a posição sustentada por Cabral indica uma tentativa de evitar a rejeição do eleitorado, uma vez que a disputa de segundo turno, muitas vezes, tem mais a ver com “não rejeição” do que, de fato, pela escolha de um dos candidatos.

Quem analisa é o cientista político e doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Tiago Valenciano. “O PT precisa voltar a governar capitais e cidades importantes. Não adianta nada você ter um partido com o presidente da República com muita força, ressurgindo em algumas assembleias estaduais, mantendo a sua base de deputados federais, se você não governar município, que é onde o cidadão sente a diferença, faz a coisa acontecer e consegue mudar alguma coisa lá na ponta”, afirmou.

Conforme analisa Valenciano, o resultado das eleições municipais indicou uma tendência do eleitorado por candidatos de direita e centro-direita, o que pode incentivar um cálculo “prático e direto” do candidato, em que o discurso é ajustado para um tom “apaziguador”. “É incoerente? É. Mas é o cálculo da não rejeição do segundo turno”, disse.

Nas redes sociais, usuários comentaram os posicionamentos do candidato afirmando que “enquanto a população estiver sem o básico”, esse tipo de pauta “sempre será um problema para a esquerda”, já que a população do Estado é conservadora. “Se quisermos um dia discutir essas pautas: bora entregar saúde, educação e segurança para a população”, afirmou um internauta.

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Mesmo não fazendo parte da alçada dos Executivos municipais, pautas como legalização das drogas, aborto e “ideologia de gênero” viraram tema da disputa pela prefeitura de Cuiabá (MT), um dos polos do agronegócio do País. Com acenos ao eleitor cristão e conservador, o candidato petista Lúdio Cabral afirmou em seu programa eleitoral de estreia no segundo turno na capital mato-grossense que é contrário às pautas – mesma posição que seu adversário, Abílio Brunini (PL).

“Eu sou contra o aborto, sou contra a liberação de drogas, e jamais irei implantar em nenhuma escola nada relacionado à ideologia de gênero. Minha criação em uma família cristã, o meu juramento de proteger a vida como médico e a minha vida como pai e esposo provam o que eu digo”, disse o candidato.

Cabral afirmou na peça eleitoral que foi motivado a deixar clara sua posição sobre os temas porque o adversário político “espalha fake news, mente e tenta confundir” as pessoas com “medo”. O posicionamento foi questionado por Brunini, que em debate eleitoral nesta terça-feira, 23, questionou o petista sobre os motivos para ele permanecer no partido.

Candidato Lúdio Cabral (PT) em peça publicitária de propaganda eleitoral gratuita. Foto: Reprodução/Horário eleitoral

“Se você discorda de todas as coisas do seu partido, por que você ainda continua no PT? São 28 anos dentro desse partido. Se o Lúdio é tão certinho assim, por que ele ainda está no PT?”, disse Brunini, questionando ainda se é possível “servir a dois senhores”. O candidato do PL publicou o trecho do debate em seu perfil no Instagram.

Questionado pelo Estadão, o petista afirmou saber que as pautas às quais se posicionou são legisladas pelo Congresso Nacional, afirmando que, “em respeito à população de Cuiabá”, tem discutido “os problemas reais da cidade e as propostas concretas para resolvê-los”. Lúdio Cabral responsabilizou o candidato do PL por trazer a temática para o confronto municipal.

“O candidato adversário trouxe a pauta de costumes, que compete ao Legislativo Federal, em uma eleição do Executivo municipal. Fazer isso é desrespeitar a população que sofre com problemas concretos. Ao fazer isso, o candidato adversário despreza o princípio democrático de debate adequado ao contexto eleitoral”, disse em nota.

Embora o estatuto do partido não determine que os filiados precisem adotar posicionamento favorável aos temas, as pautas em questão são historicamente associadas e defendidas por movimentos progressistas e partidos à esquerda no espectro político. Ao Estadão, Cabral afirmou que “o Partido dos Trabalhadores é um partido plural, e a visão de cada filiado é respeitada. Não há qualquer conflito em relação a isso”.

O candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terminou a primeira etapa do pleito com 39,61% dos votos válidos, ante 28,31% do petista. Segundo o levantamento mais recente do instituto AtlasIntel, divulgado nesta terça-feira, 22, Brunini tem 52,6% das intenções de voto, contra 45,7% em Cabral.

Além da peça eleitoral, Cabral publicou uma “carta aos cristãos”, em que fala sobre propostas que pretende implementar em parcerias com igrejas, como ampliar o número de salas de aulas em creches, recuperação de dependentes químicos, entre outros.

“Meu compromisso, acima de qualquer interesse particular ou partidário, é fazer que a nossa gestão seja resposta de orações, colocando o nosso coração na fonte certa que é Jesus”, diz trecho da carta publicada em seu perfil no Instagram no último dia 10.

Embora o candidato repita o gesto de “faz o L”, usado na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, já que seu nome possui a mesma inicial que o do presidente, Lula não é uma figura frequente no Instagram de Cabral. O candidato também não adotou o vermelho, a cor do partido, na comunicação da campanha.

Os ministros de Lula, entretanto, bem como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) fizeram parte dos materiais de campanha dele no segundo turno. Apoiam a candidatura de Cabral o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro – pai da vice-prefeita na chapa, Rafaela Fávaro –, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Incoerência mira em ‘não rejeição’, diz especialista

Apesar de incoerente com o posicionamento histórico do campo progressista, a posição sustentada por Cabral indica uma tentativa de evitar a rejeição do eleitorado, uma vez que a disputa de segundo turno, muitas vezes, tem mais a ver com “não rejeição” do que, de fato, pela escolha de um dos candidatos.

Quem analisa é o cientista político e doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Tiago Valenciano. “O PT precisa voltar a governar capitais e cidades importantes. Não adianta nada você ter um partido com o presidente da República com muita força, ressurgindo em algumas assembleias estaduais, mantendo a sua base de deputados federais, se você não governar município, que é onde o cidadão sente a diferença, faz a coisa acontecer e consegue mudar alguma coisa lá na ponta”, afirmou.

Conforme analisa Valenciano, o resultado das eleições municipais indicou uma tendência do eleitorado por candidatos de direita e centro-direita, o que pode incentivar um cálculo “prático e direto” do candidato, em que o discurso é ajustado para um tom “apaziguador”. “É incoerente? É. Mas é o cálculo da não rejeição do segundo turno”, disse.

Nas redes sociais, usuários comentaram os posicionamentos do candidato afirmando que “enquanto a população estiver sem o básico”, esse tipo de pauta “sempre será um problema para a esquerda”, já que a população do Estado é conservadora. “Se quisermos um dia discutir essas pautas: bora entregar saúde, educação e segurança para a população”, afirmou um internauta.

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Mesmo não fazendo parte da alçada dos Executivos municipais, pautas como legalização das drogas, aborto e “ideologia de gênero” viraram tema da disputa pela prefeitura de Cuiabá (MT), um dos polos do agronegócio do País. Com acenos ao eleitor cristão e conservador, o candidato petista Lúdio Cabral afirmou em seu programa eleitoral de estreia no segundo turno na capital mato-grossense que é contrário às pautas – mesma posição que seu adversário, Abílio Brunini (PL).

“Eu sou contra o aborto, sou contra a liberação de drogas, e jamais irei implantar em nenhuma escola nada relacionado à ideologia de gênero. Minha criação em uma família cristã, o meu juramento de proteger a vida como médico e a minha vida como pai e esposo provam o que eu digo”, disse o candidato.

Cabral afirmou na peça eleitoral que foi motivado a deixar clara sua posição sobre os temas porque o adversário político “espalha fake news, mente e tenta confundir” as pessoas com “medo”. O posicionamento foi questionado por Brunini, que em debate eleitoral nesta terça-feira, 23, questionou o petista sobre os motivos para ele permanecer no partido.

Candidato Lúdio Cabral (PT) em peça publicitária de propaganda eleitoral gratuita. Foto: Reprodução/Horário eleitoral

“Se você discorda de todas as coisas do seu partido, por que você ainda continua no PT? São 28 anos dentro desse partido. Se o Lúdio é tão certinho assim, por que ele ainda está no PT?”, disse Brunini, questionando ainda se é possível “servir a dois senhores”. O candidato do PL publicou o trecho do debate em seu perfil no Instagram.

Questionado pelo Estadão, o petista afirmou saber que as pautas às quais se posicionou são legisladas pelo Congresso Nacional, afirmando que, “em respeito à população de Cuiabá”, tem discutido “os problemas reais da cidade e as propostas concretas para resolvê-los”. Lúdio Cabral responsabilizou o candidato do PL por trazer a temática para o confronto municipal.

“O candidato adversário trouxe a pauta de costumes, que compete ao Legislativo Federal, em uma eleição do Executivo municipal. Fazer isso é desrespeitar a população que sofre com problemas concretos. Ao fazer isso, o candidato adversário despreza o princípio democrático de debate adequado ao contexto eleitoral”, disse em nota.

Embora o estatuto do partido não determine que os filiados precisem adotar posicionamento favorável aos temas, as pautas em questão são historicamente associadas e defendidas por movimentos progressistas e partidos à esquerda no espectro político. Ao Estadão, Cabral afirmou que “o Partido dos Trabalhadores é um partido plural, e a visão de cada filiado é respeitada. Não há qualquer conflito em relação a isso”.

O candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terminou a primeira etapa do pleito com 39,61% dos votos válidos, ante 28,31% do petista. Segundo o levantamento mais recente do instituto AtlasIntel, divulgado nesta terça-feira, 22, Brunini tem 52,6% das intenções de voto, contra 45,7% em Cabral.

Além da peça eleitoral, Cabral publicou uma “carta aos cristãos”, em que fala sobre propostas que pretende implementar em parcerias com igrejas, como ampliar o número de salas de aulas em creches, recuperação de dependentes químicos, entre outros.

“Meu compromisso, acima de qualquer interesse particular ou partidário, é fazer que a nossa gestão seja resposta de orações, colocando o nosso coração na fonte certa que é Jesus”, diz trecho da carta publicada em seu perfil no Instagram no último dia 10.

Embora o candidato repita o gesto de “faz o L”, usado na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, já que seu nome possui a mesma inicial que o do presidente, Lula não é uma figura frequente no Instagram de Cabral. O candidato também não adotou o vermelho, a cor do partido, na comunicação da campanha.

Os ministros de Lula, entretanto, bem como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) fizeram parte dos materiais de campanha dele no segundo turno. Apoiam a candidatura de Cabral o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro – pai da vice-prefeita na chapa, Rafaela Fávaro –, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Incoerência mira em ‘não rejeição’, diz especialista

Apesar de incoerente com o posicionamento histórico do campo progressista, a posição sustentada por Cabral indica uma tentativa de evitar a rejeição do eleitorado, uma vez que a disputa de segundo turno, muitas vezes, tem mais a ver com “não rejeição” do que, de fato, pela escolha de um dos candidatos.

Quem analisa é o cientista político e doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Tiago Valenciano. “O PT precisa voltar a governar capitais e cidades importantes. Não adianta nada você ter um partido com o presidente da República com muita força, ressurgindo em algumas assembleias estaduais, mantendo a sua base de deputados federais, se você não governar município, que é onde o cidadão sente a diferença, faz a coisa acontecer e consegue mudar alguma coisa lá na ponta”, afirmou.

Conforme analisa Valenciano, o resultado das eleições municipais indicou uma tendência do eleitorado por candidatos de direita e centro-direita, o que pode incentivar um cálculo “prático e direto” do candidato, em que o discurso é ajustado para um tom “apaziguador”. “É incoerente? É. Mas é o cálculo da não rejeição do segundo turno”, disse.

Nas redes sociais, usuários comentaram os posicionamentos do candidato afirmando que “enquanto a população estiver sem o básico”, esse tipo de pauta “sempre será um problema para a esquerda”, já que a população do Estado é conservadora. “Se quisermos um dia discutir essas pautas: bora entregar saúde, educação e segurança para a população”, afirmou um internauta.

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Mesmo não fazendo parte da alçada dos Executivos municipais, pautas como legalização das drogas, aborto e “ideologia de gênero” viraram tema da disputa pela prefeitura de Cuiabá (MT), um dos polos do agronegócio do País. Com acenos ao eleitor cristão e conservador, o candidato petista Lúdio Cabral afirmou em seu programa eleitoral de estreia no segundo turno na capital mato-grossense que é contrário às pautas – mesma posição que seu adversário, Abílio Brunini (PL).

“Eu sou contra o aborto, sou contra a liberação de drogas, e jamais irei implantar em nenhuma escola nada relacionado à ideologia de gênero. Minha criação em uma família cristã, o meu juramento de proteger a vida como médico e a minha vida como pai e esposo provam o que eu digo”, disse o candidato.

Cabral afirmou na peça eleitoral que foi motivado a deixar clara sua posição sobre os temas porque o adversário político “espalha fake news, mente e tenta confundir” as pessoas com “medo”. O posicionamento foi questionado por Brunini, que em debate eleitoral nesta terça-feira, 23, questionou o petista sobre os motivos para ele permanecer no partido.

Candidato Lúdio Cabral (PT) em peça publicitária de propaganda eleitoral gratuita. Foto: Reprodução/Horário eleitoral

“Se você discorda de todas as coisas do seu partido, por que você ainda continua no PT? São 28 anos dentro desse partido. Se o Lúdio é tão certinho assim, por que ele ainda está no PT?”, disse Brunini, questionando ainda se é possível “servir a dois senhores”. O candidato do PL publicou o trecho do debate em seu perfil no Instagram.

Questionado pelo Estadão, o petista afirmou saber que as pautas às quais se posicionou são legisladas pelo Congresso Nacional, afirmando que, “em respeito à população de Cuiabá”, tem discutido “os problemas reais da cidade e as propostas concretas para resolvê-los”. Lúdio Cabral responsabilizou o candidato do PL por trazer a temática para o confronto municipal.

“O candidato adversário trouxe a pauta de costumes, que compete ao Legislativo Federal, em uma eleição do Executivo municipal. Fazer isso é desrespeitar a população que sofre com problemas concretos. Ao fazer isso, o candidato adversário despreza o princípio democrático de debate adequado ao contexto eleitoral”, disse em nota.

Embora o estatuto do partido não determine que os filiados precisem adotar posicionamento favorável aos temas, as pautas em questão são historicamente associadas e defendidas por movimentos progressistas e partidos à esquerda no espectro político. Ao Estadão, Cabral afirmou que “o Partido dos Trabalhadores é um partido plural, e a visão de cada filiado é respeitada. Não há qualquer conflito em relação a isso”.

O candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terminou a primeira etapa do pleito com 39,61% dos votos válidos, ante 28,31% do petista. Segundo o levantamento mais recente do instituto AtlasIntel, divulgado nesta terça-feira, 22, Brunini tem 52,6% das intenções de voto, contra 45,7% em Cabral.

Além da peça eleitoral, Cabral publicou uma “carta aos cristãos”, em que fala sobre propostas que pretende implementar em parcerias com igrejas, como ampliar o número de salas de aulas em creches, recuperação de dependentes químicos, entre outros.

“Meu compromisso, acima de qualquer interesse particular ou partidário, é fazer que a nossa gestão seja resposta de orações, colocando o nosso coração na fonte certa que é Jesus”, diz trecho da carta publicada em seu perfil no Instagram no último dia 10.

Embora o candidato repita o gesto de “faz o L”, usado na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, já que seu nome possui a mesma inicial que o do presidente, Lula não é uma figura frequente no Instagram de Cabral. O candidato também não adotou o vermelho, a cor do partido, na comunicação da campanha.

Os ministros de Lula, entretanto, bem como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) fizeram parte dos materiais de campanha dele no segundo turno. Apoiam a candidatura de Cabral o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro – pai da vice-prefeita na chapa, Rafaela Fávaro –, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Incoerência mira em ‘não rejeição’, diz especialista

Apesar de incoerente com o posicionamento histórico do campo progressista, a posição sustentada por Cabral indica uma tentativa de evitar a rejeição do eleitorado, uma vez que a disputa de segundo turno, muitas vezes, tem mais a ver com “não rejeição” do que, de fato, pela escolha de um dos candidatos.

Quem analisa é o cientista político e doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Tiago Valenciano. “O PT precisa voltar a governar capitais e cidades importantes. Não adianta nada você ter um partido com o presidente da República com muita força, ressurgindo em algumas assembleias estaduais, mantendo a sua base de deputados federais, se você não governar município, que é onde o cidadão sente a diferença, faz a coisa acontecer e consegue mudar alguma coisa lá na ponta”, afirmou.

Conforme analisa Valenciano, o resultado das eleições municipais indicou uma tendência do eleitorado por candidatos de direita e centro-direita, o que pode incentivar um cálculo “prático e direto” do candidato, em que o discurso é ajustado para um tom “apaziguador”. “É incoerente? É. Mas é o cálculo da não rejeição do segundo turno”, disse.

Nas redes sociais, usuários comentaram os posicionamentos do candidato afirmando que “enquanto a população estiver sem o básico”, esse tipo de pauta “sempre será um problema para a esquerda”, já que a população do Estado é conservadora. “Se quisermos um dia discutir essas pautas: bora entregar saúde, educação e segurança para a população”, afirmou um internauta.

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Mesmo não fazendo parte da alçada dos Executivos municipais, pautas como legalização das drogas, aborto e “ideologia de gênero” viraram tema da disputa pela prefeitura de Cuiabá (MT), um dos polos do agronegócio do País. Com acenos ao eleitor cristão e conservador, o candidato petista Lúdio Cabral afirmou em seu programa eleitoral de estreia no segundo turno na capital mato-grossense que é contrário às pautas – mesma posição que seu adversário, Abílio Brunini (PL).

“Eu sou contra o aborto, sou contra a liberação de drogas, e jamais irei implantar em nenhuma escola nada relacionado à ideologia de gênero. Minha criação em uma família cristã, o meu juramento de proteger a vida como médico e a minha vida como pai e esposo provam o que eu digo”, disse o candidato.

Cabral afirmou na peça eleitoral que foi motivado a deixar clara sua posição sobre os temas porque o adversário político “espalha fake news, mente e tenta confundir” as pessoas com “medo”. O posicionamento foi questionado por Brunini, que em debate eleitoral nesta terça-feira, 23, questionou o petista sobre os motivos para ele permanecer no partido.

Candidato Lúdio Cabral (PT) em peça publicitária de propaganda eleitoral gratuita. Foto: Reprodução/Horário eleitoral

“Se você discorda de todas as coisas do seu partido, por que você ainda continua no PT? São 28 anos dentro desse partido. Se o Lúdio é tão certinho assim, por que ele ainda está no PT?”, disse Brunini, questionando ainda se é possível “servir a dois senhores”. O candidato do PL publicou o trecho do debate em seu perfil no Instagram.

Questionado pelo Estadão, o petista afirmou saber que as pautas às quais se posicionou são legisladas pelo Congresso Nacional, afirmando que, “em respeito à população de Cuiabá”, tem discutido “os problemas reais da cidade e as propostas concretas para resolvê-los”. Lúdio Cabral responsabilizou o candidato do PL por trazer a temática para o confronto municipal.

“O candidato adversário trouxe a pauta de costumes, que compete ao Legislativo Federal, em uma eleição do Executivo municipal. Fazer isso é desrespeitar a população que sofre com problemas concretos. Ao fazer isso, o candidato adversário despreza o princípio democrático de debate adequado ao contexto eleitoral”, disse em nota.

Embora o estatuto do partido não determine que os filiados precisem adotar posicionamento favorável aos temas, as pautas em questão são historicamente associadas e defendidas por movimentos progressistas e partidos à esquerda no espectro político. Ao Estadão, Cabral afirmou que “o Partido dos Trabalhadores é um partido plural, e a visão de cada filiado é respeitada. Não há qualquer conflito em relação a isso”.

O candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terminou a primeira etapa do pleito com 39,61% dos votos válidos, ante 28,31% do petista. Segundo o levantamento mais recente do instituto AtlasIntel, divulgado nesta terça-feira, 22, Brunini tem 52,6% das intenções de voto, contra 45,7% em Cabral.

Além da peça eleitoral, Cabral publicou uma “carta aos cristãos”, em que fala sobre propostas que pretende implementar em parcerias com igrejas, como ampliar o número de salas de aulas em creches, recuperação de dependentes químicos, entre outros.

“Meu compromisso, acima de qualquer interesse particular ou partidário, é fazer que a nossa gestão seja resposta de orações, colocando o nosso coração na fonte certa que é Jesus”, diz trecho da carta publicada em seu perfil no Instagram no último dia 10.

Embora o candidato repita o gesto de “faz o L”, usado na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, já que seu nome possui a mesma inicial que o do presidente, Lula não é uma figura frequente no Instagram de Cabral. O candidato também não adotou o vermelho, a cor do partido, na comunicação da campanha.

Os ministros de Lula, entretanto, bem como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) fizeram parte dos materiais de campanha dele no segundo turno. Apoiam a candidatura de Cabral o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro – pai da vice-prefeita na chapa, Rafaela Fávaro –, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Incoerência mira em ‘não rejeição’, diz especialista

Apesar de incoerente com o posicionamento histórico do campo progressista, a posição sustentada por Cabral indica uma tentativa de evitar a rejeição do eleitorado, uma vez que a disputa de segundo turno, muitas vezes, tem mais a ver com “não rejeição” do que, de fato, pela escolha de um dos candidatos.

Quem analisa é o cientista político e doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Tiago Valenciano. “O PT precisa voltar a governar capitais e cidades importantes. Não adianta nada você ter um partido com o presidente da República com muita força, ressurgindo em algumas assembleias estaduais, mantendo a sua base de deputados federais, se você não governar município, que é onde o cidadão sente a diferença, faz a coisa acontecer e consegue mudar alguma coisa lá na ponta”, afirmou.

Conforme analisa Valenciano, o resultado das eleições municipais indicou uma tendência do eleitorado por candidatos de direita e centro-direita, o que pode incentivar um cálculo “prático e direto” do candidato, em que o discurso é ajustado para um tom “apaziguador”. “É incoerente? É. Mas é o cálculo da não rejeição do segundo turno”, disse.

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