As disputas de 2º turno nas eleições municipais, realizadas neste domingo, 27, representaram em sua maioria vitórias dos governadores. Correligionários ou nomes apoiados pelos chefes dos Executivos estaduais venceram em 35, ou 70%, das 50 cidades onde o respectivo governador havia declarado preferência por um candidato.
Entre as 15 capitais que voltaram às urnas, a proporção de vitórias dos governadores foi um pouco menor: foram 9 vitórias de aliados, ou 60% das capitais. É o caso de São Paulo, onde Ricardo Nunes (MDB) conseguiu se eleger com o apoio de Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Belém, onde Igor Normando (MDB), aliado do governador paraense Helder Barbalho (MDB), também triunfou.
“Agradeço ao líder maior, sem o qual essa vitória não seria possível. Meu amigo que me deu a mão na hora mais difícil”, disse Nunes sobre Tarcísio em seu discurso após a confirmação da vitória.
Algumas das disputas deste domingo opuseram apostas dos governadores contra nomes endossados por lideranças nacionais. Em Goiânia, o governador Ronaldo Caiado (União) travou disputa direta com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno entre Sandro Mabel (União) e Fred Rodrigues (PL). Mabel, aliado de Caiado, saiu vitorioso.
Em Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD) foi eleito com o apoio do governador Ratinho Júnior (PSD) e, apesar de estar coligado com o PL de Jair Bolsonaro, teve de lidar com acenos de Bolsonaro à sua adversário Cristina Graeml (PMB), que terminou derrotada. Em Olinda (PE), a candidata apoiada pela governadora Raquel Lyra (PSDB), Mirella Almeida (PSD), derrotou o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Vinicius Castello (PT).
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“Os governadores, quando apresentam candidatos como uma parceria, fazem uma forte sinalização para o eleitor de que existirão recursos e energia conjunta em prol das cidades”, disse o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “O fato de o governador estender o apoio a um candidato tem uma força simbólica enorme, mais até, como vimos nessa eleição, do que as figuras nacionais, como Lula e Bolsonaro”.
O Estadão mostrou que, no primeiro turno, partidos dos governadores lideraram a lista de siglas com mais vitórias em 17 Estados, com um domínio local que chegou a 63% dos municípios.
O alinhamento entre prefeitos e seus respectivos governadores é visto como uma via de mão dupla: para os gestores municipais, estar do lado do governo estadual é visto como garantia de acesso facilitado a dinheiro para investimentos; para os governadores, a relação se traduz em força política, com a atuação de cabos eleitorais espalhados pelos rincões do País.