Análises da informação e do discurso, para além da espuma

Opinião|A Las Vegas brasileira vem aí


O Congresso aprovou a legalização de terreno sobre o qual o crime organizado se expandirá, a ampliação da superfície sobre a qual o crime organizado se lavará

Por Carlos Andreazza

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas cantado pela promessa inflada dos dinheiros fáceis, sob a sempre ardilosa miragem do olho grande, tocado pelo lobby vendedor de uma Las Vegas para cada Estado e de receitas bilionárias para os Tesouros.

A Fazenda também se encantou, a regulamentação do bicho concebida todinha tendo as possibilidades de arrecadação como norte. Fernando Haddad e seus raspadores de tacho de olhos crescidos para aquelas projeções tremendas — os bilhões que viriam compor para lhe fechar a farsa da meta fiscal.

A gula subestimou a complexidade do mundo real. Que se impõe. E de repente todos preocupados com as consequências dos estímulos ao consumo de apostas sobre a vida das gentes.

continua após a publicidade
Telespectadores de futebol fazendo aposta em bets no smartphone Foto: Foto: Seventyfour/Adobe Stock

O Congresso aprovou o troço empilhando votações simbólicas, apressadamente. Governo e Parlamento ignoraram o impacto do vício sobre a saúde da população e no endividamento das famílias. E agora vem o ministro falar em controle de CPF e “sistema de alerta sobre pessoas que revelarem dependência do jogo” — conceito decerto a ser formulado sob o uso extremado do Direito Xandônico.

Liberaram uma oferta agressiva — e então correm para tipificar potenciais dependentes e lhes tutelar os gastos.

continua após a publicidade

Sonhando com os bilhões em impostos que bicheiros, milicianos e traficantes pagarão em suas porções empreendedoras do entretenimento, o Estado brasileiro já garantiu, na prática, a abertura de janela para a corrida de lavação das granas sujas — conforme ilustra a multiplicação dessas bets entre nós. Proliferação cuja conta não fecha; não para fins de um negócio lucrativo.

O negócio é outro. Mas talvez tenhamos a nossa Las Vegas — quem sabe várias.

continua após a publicidade

Nessas horas, ante o chamado inapelável do futuro em que nossa vocação turística se expressará, nunca se reflete sobre quem seriam os proprietários dessas Las Vegas — a serem erguidas em solo que não é deserto, tendo o jogo uma história de sangue neste país.

A legalização do jogo acabará com o jogo ilegal? Ou prestará serviços à ilegalidade?

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas embutindo no texto o contrabando dos cassinos virtuais — porque é a legalização completa do jogo o que se pretende, afinal. Aprovada essa lei como se inexistisse o mundo real e o jogo — porque é de jogo que se trata — não tivesse dono no Brasil.

continua após a publicidade

Tem. E, na prática, o Congresso aprovou a legalização de terreno sobre o qual o crime organizado se expandirá. Aprovou a ampliação da superfície sobre a qual o crime organizado se lavará. Esse mercado tem senhores. Assim continuará, por dentro e por fora. Mas teremos a nossa Las Vegas.

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas cantado pela promessa inflada dos dinheiros fáceis, sob a sempre ardilosa miragem do olho grande, tocado pelo lobby vendedor de uma Las Vegas para cada Estado e de receitas bilionárias para os Tesouros.

A Fazenda também se encantou, a regulamentação do bicho concebida todinha tendo as possibilidades de arrecadação como norte. Fernando Haddad e seus raspadores de tacho de olhos crescidos para aquelas projeções tremendas — os bilhões que viriam compor para lhe fechar a farsa da meta fiscal.

A gula subestimou a complexidade do mundo real. Que se impõe. E de repente todos preocupados com as consequências dos estímulos ao consumo de apostas sobre a vida das gentes.

Telespectadores de futebol fazendo aposta em bets no smartphone Foto: Foto: Seventyfour/Adobe Stock

O Congresso aprovou o troço empilhando votações simbólicas, apressadamente. Governo e Parlamento ignoraram o impacto do vício sobre a saúde da população e no endividamento das famílias. E agora vem o ministro falar em controle de CPF e “sistema de alerta sobre pessoas que revelarem dependência do jogo” — conceito decerto a ser formulado sob o uso extremado do Direito Xandônico.

Liberaram uma oferta agressiva — e então correm para tipificar potenciais dependentes e lhes tutelar os gastos.

Sonhando com os bilhões em impostos que bicheiros, milicianos e traficantes pagarão em suas porções empreendedoras do entretenimento, o Estado brasileiro já garantiu, na prática, a abertura de janela para a corrida de lavação das granas sujas — conforme ilustra a multiplicação dessas bets entre nós. Proliferação cuja conta não fecha; não para fins de um negócio lucrativo.

O negócio é outro. Mas talvez tenhamos a nossa Las Vegas — quem sabe várias.

Nessas horas, ante o chamado inapelável do futuro em que nossa vocação turística se expressará, nunca se reflete sobre quem seriam os proprietários dessas Las Vegas — a serem erguidas em solo que não é deserto, tendo o jogo uma história de sangue neste país.

A legalização do jogo acabará com o jogo ilegal? Ou prestará serviços à ilegalidade?

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas embutindo no texto o contrabando dos cassinos virtuais — porque é a legalização completa do jogo o que se pretende, afinal. Aprovada essa lei como se inexistisse o mundo real e o jogo — porque é de jogo que se trata — não tivesse dono no Brasil.

Tem. E, na prática, o Congresso aprovou a legalização de terreno sobre o qual o crime organizado se expandirá. Aprovou a ampliação da superfície sobre a qual o crime organizado se lavará. Esse mercado tem senhores. Assim continuará, por dentro e por fora. Mas teremos a nossa Las Vegas.

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas cantado pela promessa inflada dos dinheiros fáceis, sob a sempre ardilosa miragem do olho grande, tocado pelo lobby vendedor de uma Las Vegas para cada Estado e de receitas bilionárias para os Tesouros.

A Fazenda também se encantou, a regulamentação do bicho concebida todinha tendo as possibilidades de arrecadação como norte. Fernando Haddad e seus raspadores de tacho de olhos crescidos para aquelas projeções tremendas — os bilhões que viriam compor para lhe fechar a farsa da meta fiscal.

A gula subestimou a complexidade do mundo real. Que se impõe. E de repente todos preocupados com as consequências dos estímulos ao consumo de apostas sobre a vida das gentes.

Telespectadores de futebol fazendo aposta em bets no smartphone Foto: Foto: Seventyfour/Adobe Stock

O Congresso aprovou o troço empilhando votações simbólicas, apressadamente. Governo e Parlamento ignoraram o impacto do vício sobre a saúde da população e no endividamento das famílias. E agora vem o ministro falar em controle de CPF e “sistema de alerta sobre pessoas que revelarem dependência do jogo” — conceito decerto a ser formulado sob o uso extremado do Direito Xandônico.

Liberaram uma oferta agressiva — e então correm para tipificar potenciais dependentes e lhes tutelar os gastos.

Sonhando com os bilhões em impostos que bicheiros, milicianos e traficantes pagarão em suas porções empreendedoras do entretenimento, o Estado brasileiro já garantiu, na prática, a abertura de janela para a corrida de lavação das granas sujas — conforme ilustra a multiplicação dessas bets entre nós. Proliferação cuja conta não fecha; não para fins de um negócio lucrativo.

O negócio é outro. Mas talvez tenhamos a nossa Las Vegas — quem sabe várias.

Nessas horas, ante o chamado inapelável do futuro em que nossa vocação turística se expressará, nunca se reflete sobre quem seriam os proprietários dessas Las Vegas — a serem erguidas em solo que não é deserto, tendo o jogo uma história de sangue neste país.

A legalização do jogo acabará com o jogo ilegal? Ou prestará serviços à ilegalidade?

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas embutindo no texto o contrabando dos cassinos virtuais — porque é a legalização completa do jogo o que se pretende, afinal. Aprovada essa lei como se inexistisse o mundo real e o jogo — porque é de jogo que se trata — não tivesse dono no Brasil.

Tem. E, na prática, o Congresso aprovou a legalização de terreno sobre o qual o crime organizado se expandirá. Aprovou a ampliação da superfície sobre a qual o crime organizado se lavará. Esse mercado tem senhores. Assim continuará, por dentro e por fora. Mas teremos a nossa Las Vegas.

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas cantado pela promessa inflada dos dinheiros fáceis, sob a sempre ardilosa miragem do olho grande, tocado pelo lobby vendedor de uma Las Vegas para cada Estado e de receitas bilionárias para os Tesouros.

A Fazenda também se encantou, a regulamentação do bicho concebida todinha tendo as possibilidades de arrecadação como norte. Fernando Haddad e seus raspadores de tacho de olhos crescidos para aquelas projeções tremendas — os bilhões que viriam compor para lhe fechar a farsa da meta fiscal.

A gula subestimou a complexidade do mundo real. Que se impõe. E de repente todos preocupados com as consequências dos estímulos ao consumo de apostas sobre a vida das gentes.

Telespectadores de futebol fazendo aposta em bets no smartphone Foto: Foto: Seventyfour/Adobe Stock

O Congresso aprovou o troço empilhando votações simbólicas, apressadamente. Governo e Parlamento ignoraram o impacto do vício sobre a saúde da população e no endividamento das famílias. E agora vem o ministro falar em controle de CPF e “sistema de alerta sobre pessoas que revelarem dependência do jogo” — conceito decerto a ser formulado sob o uso extremado do Direito Xandônico.

Liberaram uma oferta agressiva — e então correm para tipificar potenciais dependentes e lhes tutelar os gastos.

Sonhando com os bilhões em impostos que bicheiros, milicianos e traficantes pagarão em suas porções empreendedoras do entretenimento, o Estado brasileiro já garantiu, na prática, a abertura de janela para a corrida de lavação das granas sujas — conforme ilustra a multiplicação dessas bets entre nós. Proliferação cuja conta não fecha; não para fins de um negócio lucrativo.

O negócio é outro. Mas talvez tenhamos a nossa Las Vegas — quem sabe várias.

Nessas horas, ante o chamado inapelável do futuro em que nossa vocação turística se expressará, nunca se reflete sobre quem seriam os proprietários dessas Las Vegas — a serem erguidas em solo que não é deserto, tendo o jogo uma história de sangue neste país.

A legalização do jogo acabará com o jogo ilegal? Ou prestará serviços à ilegalidade?

O Congresso aprovou o projeto de legalização das apostas esportivas embutindo no texto o contrabando dos cassinos virtuais — porque é a legalização completa do jogo o que se pretende, afinal. Aprovada essa lei como se inexistisse o mundo real e o jogo — porque é de jogo que se trata — não tivesse dono no Brasil.

Tem. E, na prática, o Congresso aprovou a legalização de terreno sobre o qual o crime organizado se expandirá. Aprovou a ampliação da superfície sobre a qual o crime organizado se lavará. Esse mercado tem senhores. Assim continuará, por dentro e por fora. Mas teremos a nossa Las Vegas.

Opinião por Carlos Andreazza

Andreazza foi colunista do jornal O Globo e âncora da Rádio CBN Rio, além de ter colaborado com a Rádio BandNews e com o Grupo Jovem Pan. Formado em jornalismo pela PUC-Rio, escreve às segundas e sextas.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.