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Opinião|Barroso dá aula de indeterminação para camuflar o fato de que Moraes investiga o que e como quiser


Jurisdição xandônica é produto dos experimentos tocados via inquérito-pai, o das Fake News, onipresente e infinito, que Moraes preside desde 2019

Por Carlos Andreazza

Luís Roberto Barroso deu entrevista à Folha. Aula de indeterminação, ou não teria meios de defender-avalizar o colega. Informou-nos de que “vazamento é vazamento”. Não é, não. Alexandre de Moraes não “está investigando um vazamento” – não um de que se possa omitir o complemento.

Está investigando o vazamento de mensagens em que assessores seus articulam como esquentar ordens suas, instrumentalizado o poder de polícia do TSE. O vazamento de mensagens em que é a voz – o delegado – que se ocultava, em proteção ao juiz-total. Ele, Moraes.

Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso em sessão no Supremo Tribunal Federal Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO
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Por que o inquérito sobre esse vazamento está no STF, se o assessor investigado – escolhido por Moraes para a fachada do órgão de combate à desinformação do TSE – não tem foro por prerrogativa de função?

Não há impedimento para a encarnação do estado democrático de direito. Sob o 8 de janeiro permanente: Moraes investiga o que quer; tem a jurisdição que quiser; o Supremo lhe sustentando a liberdade até de censurar em defesa da democracia. Ele é a democracia; e estamos em vigília contra o golpe. A democracia que censura. Justificada.

– Ele [Moraes] não é vítima do crime. A vítima do crime é a administração da Justiça quando há um vazamento ilegal. Ele não é vítima do vazamento.

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Quem é a vítima do que os diálogos vazados revelam? Da forja – “use a criatividade” – de relatórios para lavar encomendas do juiz à alfaiataria? A Justiça no Brasil investiga apenas o vazamento. Não o que expõe. Barroso considera “tempestade fictícia” o que as mensagens evidenciam.

A jurisdição xandônica – o direito de escolher o que e como investigar – é produto dos experimentos tocados via inquérito-pai, o das Fake News, onipresente e infinito, que Moraes preside desde março de 2019. Tudo bem para Barroso.

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– Eu acho que a duração prolongada do inquérito se deve à sucessão de fatos.

Os fatos em sucessão raramente teriam a ver com o argumento fundador do inquérito. O bicho foi instaurado – sob torção do regimento do STF – para apurar notícias fraudulentas, falsas comunicações de crime, denúncias caluniosas, ameaças e outras infrações caluniosas, difamatórias ou injuriosas contra o Supremo e seus ministros. Esse, vago, frouxo, é o seu objeto inicial; em que tudo passaria a caber.

Em defesa da integridade de Dias Toffoli, desonrado pela revelação de que era o amigo do amigo (Lula) do pai de Marcelo Odebrecht, uma reportagem da Crusoé seria censurada. O inquérito tinha um mês. O conceito de honra é elástico quando sob a caneta de um poderoso.

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Não foi a sucessão de fatos o que prolongou o inquérito. O inquérito se tornou permanente porque seu objeto jamais deixou de se expandir-adaptar à volúpia da democracia.

Luís Roberto Barroso deu entrevista à Folha. Aula de indeterminação, ou não teria meios de defender-avalizar o colega. Informou-nos de que “vazamento é vazamento”. Não é, não. Alexandre de Moraes não “está investigando um vazamento” – não um de que se possa omitir o complemento.

Está investigando o vazamento de mensagens em que assessores seus articulam como esquentar ordens suas, instrumentalizado o poder de polícia do TSE. O vazamento de mensagens em que é a voz – o delegado – que se ocultava, em proteção ao juiz-total. Ele, Moraes.

Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso em sessão no Supremo Tribunal Federal Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Por que o inquérito sobre esse vazamento está no STF, se o assessor investigado – escolhido por Moraes para a fachada do órgão de combate à desinformação do TSE – não tem foro por prerrogativa de função?

Não há impedimento para a encarnação do estado democrático de direito. Sob o 8 de janeiro permanente: Moraes investiga o que quer; tem a jurisdição que quiser; o Supremo lhe sustentando a liberdade até de censurar em defesa da democracia. Ele é a democracia; e estamos em vigília contra o golpe. A democracia que censura. Justificada.

– Ele [Moraes] não é vítima do crime. A vítima do crime é a administração da Justiça quando há um vazamento ilegal. Ele não é vítima do vazamento.

Quem é a vítima do que os diálogos vazados revelam? Da forja – “use a criatividade” – de relatórios para lavar encomendas do juiz à alfaiataria? A Justiça no Brasil investiga apenas o vazamento. Não o que expõe. Barroso considera “tempestade fictícia” o que as mensagens evidenciam.

A jurisdição xandônica – o direito de escolher o que e como investigar – é produto dos experimentos tocados via inquérito-pai, o das Fake News, onipresente e infinito, que Moraes preside desde março de 2019. Tudo bem para Barroso.

– Eu acho que a duração prolongada do inquérito se deve à sucessão de fatos.

Os fatos em sucessão raramente teriam a ver com o argumento fundador do inquérito. O bicho foi instaurado – sob torção do regimento do STF – para apurar notícias fraudulentas, falsas comunicações de crime, denúncias caluniosas, ameaças e outras infrações caluniosas, difamatórias ou injuriosas contra o Supremo e seus ministros. Esse, vago, frouxo, é o seu objeto inicial; em que tudo passaria a caber.

Em defesa da integridade de Dias Toffoli, desonrado pela revelação de que era o amigo do amigo (Lula) do pai de Marcelo Odebrecht, uma reportagem da Crusoé seria censurada. O inquérito tinha um mês. O conceito de honra é elástico quando sob a caneta de um poderoso.

Não foi a sucessão de fatos o que prolongou o inquérito. O inquérito se tornou permanente porque seu objeto jamais deixou de se expandir-adaptar à volúpia da democracia.

Luís Roberto Barroso deu entrevista à Folha. Aula de indeterminação, ou não teria meios de defender-avalizar o colega. Informou-nos de que “vazamento é vazamento”. Não é, não. Alexandre de Moraes não “está investigando um vazamento” – não um de que se possa omitir o complemento.

Está investigando o vazamento de mensagens em que assessores seus articulam como esquentar ordens suas, instrumentalizado o poder de polícia do TSE. O vazamento de mensagens em que é a voz – o delegado – que se ocultava, em proteção ao juiz-total. Ele, Moraes.

Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso em sessão no Supremo Tribunal Federal Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Por que o inquérito sobre esse vazamento está no STF, se o assessor investigado – escolhido por Moraes para a fachada do órgão de combate à desinformação do TSE – não tem foro por prerrogativa de função?

Não há impedimento para a encarnação do estado democrático de direito. Sob o 8 de janeiro permanente: Moraes investiga o que quer; tem a jurisdição que quiser; o Supremo lhe sustentando a liberdade até de censurar em defesa da democracia. Ele é a democracia; e estamos em vigília contra o golpe. A democracia que censura. Justificada.

– Ele [Moraes] não é vítima do crime. A vítima do crime é a administração da Justiça quando há um vazamento ilegal. Ele não é vítima do vazamento.

Quem é a vítima do que os diálogos vazados revelam? Da forja – “use a criatividade” – de relatórios para lavar encomendas do juiz à alfaiataria? A Justiça no Brasil investiga apenas o vazamento. Não o que expõe. Barroso considera “tempestade fictícia” o que as mensagens evidenciam.

A jurisdição xandônica – o direito de escolher o que e como investigar – é produto dos experimentos tocados via inquérito-pai, o das Fake News, onipresente e infinito, que Moraes preside desde março de 2019. Tudo bem para Barroso.

– Eu acho que a duração prolongada do inquérito se deve à sucessão de fatos.

Os fatos em sucessão raramente teriam a ver com o argumento fundador do inquérito. O bicho foi instaurado – sob torção do regimento do STF – para apurar notícias fraudulentas, falsas comunicações de crime, denúncias caluniosas, ameaças e outras infrações caluniosas, difamatórias ou injuriosas contra o Supremo e seus ministros. Esse, vago, frouxo, é o seu objeto inicial; em que tudo passaria a caber.

Em defesa da integridade de Dias Toffoli, desonrado pela revelação de que era o amigo do amigo (Lula) do pai de Marcelo Odebrecht, uma reportagem da Crusoé seria censurada. O inquérito tinha um mês. O conceito de honra é elástico quando sob a caneta de um poderoso.

Não foi a sucessão de fatos o que prolongou o inquérito. O inquérito se tornou permanente porque seu objeto jamais deixou de se expandir-adaptar à volúpia da democracia.

Luís Roberto Barroso deu entrevista à Folha. Aula de indeterminação, ou não teria meios de defender-avalizar o colega. Informou-nos de que “vazamento é vazamento”. Não é, não. Alexandre de Moraes não “está investigando um vazamento” – não um de que se possa omitir o complemento.

Está investigando o vazamento de mensagens em que assessores seus articulam como esquentar ordens suas, instrumentalizado o poder de polícia do TSE. O vazamento de mensagens em que é a voz – o delegado – que se ocultava, em proteção ao juiz-total. Ele, Moraes.

Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso em sessão no Supremo Tribunal Federal Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Por que o inquérito sobre esse vazamento está no STF, se o assessor investigado – escolhido por Moraes para a fachada do órgão de combate à desinformação do TSE – não tem foro por prerrogativa de função?

Não há impedimento para a encarnação do estado democrático de direito. Sob o 8 de janeiro permanente: Moraes investiga o que quer; tem a jurisdição que quiser; o Supremo lhe sustentando a liberdade até de censurar em defesa da democracia. Ele é a democracia; e estamos em vigília contra o golpe. A democracia que censura. Justificada.

– Ele [Moraes] não é vítima do crime. A vítima do crime é a administração da Justiça quando há um vazamento ilegal. Ele não é vítima do vazamento.

Quem é a vítima do que os diálogos vazados revelam? Da forja – “use a criatividade” – de relatórios para lavar encomendas do juiz à alfaiataria? A Justiça no Brasil investiga apenas o vazamento. Não o que expõe. Barroso considera “tempestade fictícia” o que as mensagens evidenciam.

A jurisdição xandônica – o direito de escolher o que e como investigar – é produto dos experimentos tocados via inquérito-pai, o das Fake News, onipresente e infinito, que Moraes preside desde março de 2019. Tudo bem para Barroso.

– Eu acho que a duração prolongada do inquérito se deve à sucessão de fatos.

Os fatos em sucessão raramente teriam a ver com o argumento fundador do inquérito. O bicho foi instaurado – sob torção do regimento do STF – para apurar notícias fraudulentas, falsas comunicações de crime, denúncias caluniosas, ameaças e outras infrações caluniosas, difamatórias ou injuriosas contra o Supremo e seus ministros. Esse, vago, frouxo, é o seu objeto inicial; em que tudo passaria a caber.

Em defesa da integridade de Dias Toffoli, desonrado pela revelação de que era o amigo do amigo (Lula) do pai de Marcelo Odebrecht, uma reportagem da Crusoé seria censurada. O inquérito tinha um mês. O conceito de honra é elástico quando sob a caneta de um poderoso.

Não foi a sucessão de fatos o que prolongou o inquérito. O inquérito se tornou permanente porque seu objeto jamais deixou de se expandir-adaptar à volúpia da democracia.

Opinião por Carlos Andreazza

Andreazza foi colunista do jornal O Globo e âncora da Rádio CBN Rio, além de ter colaborado com a Rádio BandNews e com o Grupo Jovem Pan. Formado em jornalismo pela PUC-Rio, escreve às segundas e sextas.

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