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Opinião|Pacote de corte de gastos sangra com boicotes e interdições, longe da fantasia do consenso de Haddad


Lula estimula processo clássico de desidratação do pacotão misterioso bombardeado por seus próprios ministros

Por Carlos Andreazza
Atualização:

Terá havido nesta sexta-feira a última última reunião para ultimar o pacote de corte de gastos do governo Lula. Não sei se houve. Ou melhor: reunião houve. Não sei se conclusiva. Improvavelmente conclusiva. Talvez tenha havido até mais de uma última reunião, da qual – a única certeza – algum ministro saiu declarando que na pasta dele ninguém mexeria.

Processo clássico de desidratação do pacotão misterioso, conforme estimulado pelo presidente. Mantido blindado – sangrando – um conjunto de medidas contra o qual, ao deixar o Planalto, seus colaboradores imediatamente disparam.

Marinho, Lupi, Dias: cada um a seu modo se antecipando para expor Haddad e promover Lula. Que – destacam – continuaria sendo Lula. E, sendo Lula, jamais desvincularia as despesas previdenciárias da forma de aumento do salário mínimo. Não estarão errados.

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Lula e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet Foto: Ricardo Stuckert/PR

Errado tampouco estando aquele que descrer da possibilidade de Lula, sendo Lula, executar o que Haddad e Tebet prometeram: corte de gastos estruturais. Foram eles que prometeram. Para animar o arcabouço natimorto muito louco fiscal, projetaram até montante – algo entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. E então se puseram a correr, no improviso, para ter o que apresentar. Foram eles os especuladores originais.

As mensagens-respostas à especulação que difundiram estão todas postas. Posta a falta de credibilidade. Já não basta prometer. Nem anunciar qualquer coisa. Já não bastará fazer volume somente. O corte – se quiserem bom humor – precisa derivar de alguma reforma de estrutura. Não terão sobrado muitas opções dessa natureza. E natureza é natureza.

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Este é o governo pente-fino. E Lula é Lula. Marinho, Lupi e Dias são Lula. Rui Costa é Lula. Haddad e Tebet são Lula também. Lula cozinha. Assim exerce o poder. E natureza é natureza.

Com o que as urnas trouxeram em 2024, aqui e lá fora, será mais fácil imaginar corte de gastos a valer – desvincular o crescimento dos pisos de saúde e educação do movimento da arrecadação, por exemplo – ou remanejamentos-puxadinhos para abrir espaço fiscal e tentar empurrar a bagaça até 26? (Se será possível enrolar, aí é outra história.)

Foi uma semana de reuniões. Semana de boicotes e interdições. Isso no mundo real. No da fantasia, tivemos o ministro da Fazenda falando em “consenso em torno de um princípio” e anunciando seguidos dias seguintes.

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Amanhã que ainda não chegou. Segundo o Haddad de quarta-feira, “faltariam coisas realmente muito singelas para decidir” na quinta. Foi-se a quinta. Autorizado o cronista a concluir que, não tendo sido tão simples a vida na sexta, o governo pente-fino não terá ainda conseguido reunir piolhos graúdos capazes de somar bilhões.

Terá havido nesta sexta-feira a última última reunião para ultimar o pacote de corte de gastos do governo Lula. Não sei se houve. Ou melhor: reunião houve. Não sei se conclusiva. Improvavelmente conclusiva. Talvez tenha havido até mais de uma última reunião, da qual – a única certeza – algum ministro saiu declarando que na pasta dele ninguém mexeria.

Processo clássico de desidratação do pacotão misterioso, conforme estimulado pelo presidente. Mantido blindado – sangrando – um conjunto de medidas contra o qual, ao deixar o Planalto, seus colaboradores imediatamente disparam.

Marinho, Lupi, Dias: cada um a seu modo se antecipando para expor Haddad e promover Lula. Que – destacam – continuaria sendo Lula. E, sendo Lula, jamais desvincularia as despesas previdenciárias da forma de aumento do salário mínimo. Não estarão errados.

Lula e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet Foto: Ricardo Stuckert/PR

Errado tampouco estando aquele que descrer da possibilidade de Lula, sendo Lula, executar o que Haddad e Tebet prometeram: corte de gastos estruturais. Foram eles que prometeram. Para animar o arcabouço natimorto muito louco fiscal, projetaram até montante – algo entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. E então se puseram a correr, no improviso, para ter o que apresentar. Foram eles os especuladores originais.

As mensagens-respostas à especulação que difundiram estão todas postas. Posta a falta de credibilidade. Já não basta prometer. Nem anunciar qualquer coisa. Já não bastará fazer volume somente. O corte – se quiserem bom humor – precisa derivar de alguma reforma de estrutura. Não terão sobrado muitas opções dessa natureza. E natureza é natureza.

Este é o governo pente-fino. E Lula é Lula. Marinho, Lupi e Dias são Lula. Rui Costa é Lula. Haddad e Tebet são Lula também. Lula cozinha. Assim exerce o poder. E natureza é natureza.

Com o que as urnas trouxeram em 2024, aqui e lá fora, será mais fácil imaginar corte de gastos a valer – desvincular o crescimento dos pisos de saúde e educação do movimento da arrecadação, por exemplo – ou remanejamentos-puxadinhos para abrir espaço fiscal e tentar empurrar a bagaça até 26? (Se será possível enrolar, aí é outra história.)

Foi uma semana de reuniões. Semana de boicotes e interdições. Isso no mundo real. No da fantasia, tivemos o ministro da Fazenda falando em “consenso em torno de um princípio” e anunciando seguidos dias seguintes.

Amanhã que ainda não chegou. Segundo o Haddad de quarta-feira, “faltariam coisas realmente muito singelas para decidir” na quinta. Foi-se a quinta. Autorizado o cronista a concluir que, não tendo sido tão simples a vida na sexta, o governo pente-fino não terá ainda conseguido reunir piolhos graúdos capazes de somar bilhões.

Terá havido nesta sexta-feira a última última reunião para ultimar o pacote de corte de gastos do governo Lula. Não sei se houve. Ou melhor: reunião houve. Não sei se conclusiva. Improvavelmente conclusiva. Talvez tenha havido até mais de uma última reunião, da qual – a única certeza – algum ministro saiu declarando que na pasta dele ninguém mexeria.

Processo clássico de desidratação do pacotão misterioso, conforme estimulado pelo presidente. Mantido blindado – sangrando – um conjunto de medidas contra o qual, ao deixar o Planalto, seus colaboradores imediatamente disparam.

Marinho, Lupi, Dias: cada um a seu modo se antecipando para expor Haddad e promover Lula. Que – destacam – continuaria sendo Lula. E, sendo Lula, jamais desvincularia as despesas previdenciárias da forma de aumento do salário mínimo. Não estarão errados.

Lula e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet Foto: Ricardo Stuckert/PR

Errado tampouco estando aquele que descrer da possibilidade de Lula, sendo Lula, executar o que Haddad e Tebet prometeram: corte de gastos estruturais. Foram eles que prometeram. Para animar o arcabouço natimorto muito louco fiscal, projetaram até montante – algo entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. E então se puseram a correr, no improviso, para ter o que apresentar. Foram eles os especuladores originais.

As mensagens-respostas à especulação que difundiram estão todas postas. Posta a falta de credibilidade. Já não basta prometer. Nem anunciar qualquer coisa. Já não bastará fazer volume somente. O corte – se quiserem bom humor – precisa derivar de alguma reforma de estrutura. Não terão sobrado muitas opções dessa natureza. E natureza é natureza.

Este é o governo pente-fino. E Lula é Lula. Marinho, Lupi e Dias são Lula. Rui Costa é Lula. Haddad e Tebet são Lula também. Lula cozinha. Assim exerce o poder. E natureza é natureza.

Com o que as urnas trouxeram em 2024, aqui e lá fora, será mais fácil imaginar corte de gastos a valer – desvincular o crescimento dos pisos de saúde e educação do movimento da arrecadação, por exemplo – ou remanejamentos-puxadinhos para abrir espaço fiscal e tentar empurrar a bagaça até 26? (Se será possível enrolar, aí é outra história.)

Foi uma semana de reuniões. Semana de boicotes e interdições. Isso no mundo real. No da fantasia, tivemos o ministro da Fazenda falando em “consenso em torno de um princípio” e anunciando seguidos dias seguintes.

Amanhã que ainda não chegou. Segundo o Haddad de quarta-feira, “faltariam coisas realmente muito singelas para decidir” na quinta. Foi-se a quinta. Autorizado o cronista a concluir que, não tendo sido tão simples a vida na sexta, o governo pente-fino não terá ainda conseguido reunir piolhos graúdos capazes de somar bilhões.

Opinião por Carlos Andreazza

Andreazza foi colunista do jornal O Globo e âncora da Rádio CBN Rio, além de ter colaborado com a Rádio BandNews e com o Grupo Jovem Pan. Formado em jornalismo pela PUC-Rio, escreve às segundas e sextas.

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