Mais um ministro do novo governo Lula se envolve em um escândalo. Desta vez, trata-se do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, do União Brasil, que não declarou ao Tribunal Superior Eleitoral, quando concorreu a deputado federal nas eleições de 2022, um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões correspondente a 12 cavalos de raça (Quarto de Milha) adquiridos em leilão.
O ministro já havia utilizado o avião da FAB e recebido diárias para participar de eventos privados em São Paulo relacionados a cavalos sem qualquer relação com o ministério das comunicações, mas alegou se tratar de agenda “urgente”.
Escândalos envolvendo ministros não é algo incomum no presidencialismo multipartidário, notadamente quando o presidente gerencia mal a sua coalizão.
Quando o presidente monta coalizões com um número grande de partidos que são ideologicamente heterogêneos e não compartilha poder e recursos de forma proporcional levando em consideração o peso político de cada um dos partidos no parlamento, é esperado maiores problemas de coordenação, descontentamentos, seguidos de animosidades crescentes entre parceiros de coalizão.
O governo Lula 3 comete novamente erros similares aos seus governos anteriores na montagem da sua coalizão. Mesmo com uma fragmentação partidária menor, montou uma coalizão de 14 partidos, dez dos quais ocupam pelo menos um ministério. Mesmo com um número tão alto de parceiros, a sua coalizão alcança apenas 282 cadeiras na Câmara dos Deputados. Ideologicamente falando, a coalizão é muito heterogênea, com partidos de extrema-esquerda, esquerda, centro e direita. O PT continua sendo o partido sobre recompensado (com 10 ministérios), enquanto alguns dos seus parceiros com relevante representação no Congresso vêm sendo sub recompensados, notadamente o União Brasil (2 ministérios), MDB (3 ministérios) e PSD (3 ministérios).
Diante das escolhas feitas por Lula, não é surpresa a existência de disputas entre aliados ou mesmo de “fogo amigo” com denúncias e exposição de malfeitos, pois as insatisfações crescentes entre os parceiros de coalizão que se sentem sub recompensados e desprestigiados tendem a gerar baixos incentivos para que eles cooperem entre si e com o próprio governo. A estratégia dominante é a maximização dos ganhos de curto prazo. Portanto, escândalos de toda a sorte tendem a emergir como uma tentativa de reequilíbrio da coalizão.
Se Lula não fizer ajustes urgentes na sua estratégia de gerência de coalizão, não é apenas seu ministro que corre o risco de cair do cavalo, mas seu próprio governo.