Interpretação crítica e científica das instituições e do comportamento político

Opinião|Eleitor quis se livrar de Bolsonaro, mas não deu ‘cheque em branco’ para Lula governar


Voto no candidato do PT, no primeiro turno, não significou necessariamente apoio à legenda e a seus aliados. Mas foi um voto, fundamentalmente, de rejeição ao presidente

Por Carlos Pereira

O efeito coattail (cauda do fraque) em uma eleição presidencial é um fenômeno no qual a influência de um candidato a presidente é tão grande que proporcionaria uma maior votação dos membros de seu partido ou da sua coalizão para outros cargos no Legislativo e/ou no Executivo subnacional. Ou seja, argumenta-se que tais candidatos foram eleitos na “cauda do presidente”.

As origens desse conceito são incertas. Seu primeiro registro é de um discurso do então deputado Abraham Lincoln, em 1848, ironizando o Partido Democrata por criticar os Whigs por se esconderem na cauda do candidato à presidência, Zachary Taylor.

Esse fenômeno aconteceu no Brasil quando Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. A cauda de Bolsonaro foi tão grande que gerou um extraordinário desempenho do seu então partido, PSL, que, tendo apenas um deputado eleito em 2014, elegeu 52 em 2018. Vários governadores também se elegeram na cauda de Bolsonaro, notadamente Witzel (RJ), Zema (MG), Doria (SP), Caiado (GO), entre outros.

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O coattail presidencial, entretanto, não aconteceu com Lula nas eleições de 2022. Mesmo sendo o primeiro colocado no primeiro turno, mostrou que sua cauda foi muito curta. Até nos Estados do Nordeste, em que Lula obteve com folga a grande maioria de votos, o PT só conseguiu ser vitorioso no primeiro turno com Bezerra (RN) e Freitas (CE). Por outro lado, mesmo sendo o segundo colocado, Bolsonaro mostrou que ainda possui uma cauda longa, especialmente com a vitória de vários governadores e senadores bolsonaristas.

No momento em que escrevo essa coluna, ainda não temos um quadro preciso da eleição para a Câmara dos Deputados. Mas de acordo as projeções mais otimistas do DIAP, a federação PT/PCdoB/PV terá no máximo entre 65 a 75 deputados. O mesmo deve ocorrer com o PL, que terá no máximo 70-80 deputados.

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O que explica o paradoxo de Lula ser extremamente popular, mas não conseguir influenciar a corrida eleitoral nos Estados nem no Congresso? E quais as consequências desse paradoxo para um eventual governo Lula?

O voto em Lula, no primeiro turno, não significou necessariamente apoio ao PT e a seus aliados. Mas foi um voto, fundamentalmente, de rejeição a Bolsonaro. Isso sugere que a maioria dos eleitores votou estrategicamente para se livrar de Bolsonaro, mas não deu “cheque em branco” para Lula governar. Preferiu criar restrições governativas para Lula tanto no Congresso como nos Estados, o que pode ser difícil para ele, se for eleito, mas muito bom para a democracia.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai disputar o segundo turno das eleições com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: EVARISTO SA / AFP

O efeito coattail (cauda do fraque) em uma eleição presidencial é um fenômeno no qual a influência de um candidato a presidente é tão grande que proporcionaria uma maior votação dos membros de seu partido ou da sua coalizão para outros cargos no Legislativo e/ou no Executivo subnacional. Ou seja, argumenta-se que tais candidatos foram eleitos na “cauda do presidente”.

As origens desse conceito são incertas. Seu primeiro registro é de um discurso do então deputado Abraham Lincoln, em 1848, ironizando o Partido Democrata por criticar os Whigs por se esconderem na cauda do candidato à presidência, Zachary Taylor.

Esse fenômeno aconteceu no Brasil quando Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. A cauda de Bolsonaro foi tão grande que gerou um extraordinário desempenho do seu então partido, PSL, que, tendo apenas um deputado eleito em 2014, elegeu 52 em 2018. Vários governadores também se elegeram na cauda de Bolsonaro, notadamente Witzel (RJ), Zema (MG), Doria (SP), Caiado (GO), entre outros.

O coattail presidencial, entretanto, não aconteceu com Lula nas eleições de 2022. Mesmo sendo o primeiro colocado no primeiro turno, mostrou que sua cauda foi muito curta. Até nos Estados do Nordeste, em que Lula obteve com folga a grande maioria de votos, o PT só conseguiu ser vitorioso no primeiro turno com Bezerra (RN) e Freitas (CE). Por outro lado, mesmo sendo o segundo colocado, Bolsonaro mostrou que ainda possui uma cauda longa, especialmente com a vitória de vários governadores e senadores bolsonaristas.

No momento em que escrevo essa coluna, ainda não temos um quadro preciso da eleição para a Câmara dos Deputados. Mas de acordo as projeções mais otimistas do DIAP, a federação PT/PCdoB/PV terá no máximo entre 65 a 75 deputados. O mesmo deve ocorrer com o PL, que terá no máximo 70-80 deputados.

O que explica o paradoxo de Lula ser extremamente popular, mas não conseguir influenciar a corrida eleitoral nos Estados nem no Congresso? E quais as consequências desse paradoxo para um eventual governo Lula?

O voto em Lula, no primeiro turno, não significou necessariamente apoio ao PT e a seus aliados. Mas foi um voto, fundamentalmente, de rejeição a Bolsonaro. Isso sugere que a maioria dos eleitores votou estrategicamente para se livrar de Bolsonaro, mas não deu “cheque em branco” para Lula governar. Preferiu criar restrições governativas para Lula tanto no Congresso como nos Estados, o que pode ser difícil para ele, se for eleito, mas muito bom para a democracia.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai disputar o segundo turno das eleições com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: EVARISTO SA / AFP

O efeito coattail (cauda do fraque) em uma eleição presidencial é um fenômeno no qual a influência de um candidato a presidente é tão grande que proporcionaria uma maior votação dos membros de seu partido ou da sua coalizão para outros cargos no Legislativo e/ou no Executivo subnacional. Ou seja, argumenta-se que tais candidatos foram eleitos na “cauda do presidente”.

As origens desse conceito são incertas. Seu primeiro registro é de um discurso do então deputado Abraham Lincoln, em 1848, ironizando o Partido Democrata por criticar os Whigs por se esconderem na cauda do candidato à presidência, Zachary Taylor.

Esse fenômeno aconteceu no Brasil quando Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. A cauda de Bolsonaro foi tão grande que gerou um extraordinário desempenho do seu então partido, PSL, que, tendo apenas um deputado eleito em 2014, elegeu 52 em 2018. Vários governadores também se elegeram na cauda de Bolsonaro, notadamente Witzel (RJ), Zema (MG), Doria (SP), Caiado (GO), entre outros.

O coattail presidencial, entretanto, não aconteceu com Lula nas eleições de 2022. Mesmo sendo o primeiro colocado no primeiro turno, mostrou que sua cauda foi muito curta. Até nos Estados do Nordeste, em que Lula obteve com folga a grande maioria de votos, o PT só conseguiu ser vitorioso no primeiro turno com Bezerra (RN) e Freitas (CE). Por outro lado, mesmo sendo o segundo colocado, Bolsonaro mostrou que ainda possui uma cauda longa, especialmente com a vitória de vários governadores e senadores bolsonaristas.

No momento em que escrevo essa coluna, ainda não temos um quadro preciso da eleição para a Câmara dos Deputados. Mas de acordo as projeções mais otimistas do DIAP, a federação PT/PCdoB/PV terá no máximo entre 65 a 75 deputados. O mesmo deve ocorrer com o PL, que terá no máximo 70-80 deputados.

O que explica o paradoxo de Lula ser extremamente popular, mas não conseguir influenciar a corrida eleitoral nos Estados nem no Congresso? E quais as consequências desse paradoxo para um eventual governo Lula?

O voto em Lula, no primeiro turno, não significou necessariamente apoio ao PT e a seus aliados. Mas foi um voto, fundamentalmente, de rejeição a Bolsonaro. Isso sugere que a maioria dos eleitores votou estrategicamente para se livrar de Bolsonaro, mas não deu “cheque em branco” para Lula governar. Preferiu criar restrições governativas para Lula tanto no Congresso como nos Estados, o que pode ser difícil para ele, se for eleito, mas muito bom para a democracia.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai disputar o segundo turno das eleições com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: EVARISTO SA / AFP

O efeito coattail (cauda do fraque) em uma eleição presidencial é um fenômeno no qual a influência de um candidato a presidente é tão grande que proporcionaria uma maior votação dos membros de seu partido ou da sua coalizão para outros cargos no Legislativo e/ou no Executivo subnacional. Ou seja, argumenta-se que tais candidatos foram eleitos na “cauda do presidente”.

As origens desse conceito são incertas. Seu primeiro registro é de um discurso do então deputado Abraham Lincoln, em 1848, ironizando o Partido Democrata por criticar os Whigs por se esconderem na cauda do candidato à presidência, Zachary Taylor.

Esse fenômeno aconteceu no Brasil quando Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. A cauda de Bolsonaro foi tão grande que gerou um extraordinário desempenho do seu então partido, PSL, que, tendo apenas um deputado eleito em 2014, elegeu 52 em 2018. Vários governadores também se elegeram na cauda de Bolsonaro, notadamente Witzel (RJ), Zema (MG), Doria (SP), Caiado (GO), entre outros.

O coattail presidencial, entretanto, não aconteceu com Lula nas eleições de 2022. Mesmo sendo o primeiro colocado no primeiro turno, mostrou que sua cauda foi muito curta. Até nos Estados do Nordeste, em que Lula obteve com folga a grande maioria de votos, o PT só conseguiu ser vitorioso no primeiro turno com Bezerra (RN) e Freitas (CE). Por outro lado, mesmo sendo o segundo colocado, Bolsonaro mostrou que ainda possui uma cauda longa, especialmente com a vitória de vários governadores e senadores bolsonaristas.

No momento em que escrevo essa coluna, ainda não temos um quadro preciso da eleição para a Câmara dos Deputados. Mas de acordo as projeções mais otimistas do DIAP, a federação PT/PCdoB/PV terá no máximo entre 65 a 75 deputados. O mesmo deve ocorrer com o PL, que terá no máximo 70-80 deputados.

O que explica o paradoxo de Lula ser extremamente popular, mas não conseguir influenciar a corrida eleitoral nos Estados nem no Congresso? E quais as consequências desse paradoxo para um eventual governo Lula?

O voto em Lula, no primeiro turno, não significou necessariamente apoio ao PT e a seus aliados. Mas foi um voto, fundamentalmente, de rejeição a Bolsonaro. Isso sugere que a maioria dos eleitores votou estrategicamente para se livrar de Bolsonaro, mas não deu “cheque em branco” para Lula governar. Preferiu criar restrições governativas para Lula tanto no Congresso como nos Estados, o que pode ser difícil para ele, se for eleito, mas muito bom para a democracia.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai disputar o segundo turno das eleições com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: EVARISTO SA / AFP

O efeito coattail (cauda do fraque) em uma eleição presidencial é um fenômeno no qual a influência de um candidato a presidente é tão grande que proporcionaria uma maior votação dos membros de seu partido ou da sua coalizão para outros cargos no Legislativo e/ou no Executivo subnacional. Ou seja, argumenta-se que tais candidatos foram eleitos na “cauda do presidente”.

As origens desse conceito são incertas. Seu primeiro registro é de um discurso do então deputado Abraham Lincoln, em 1848, ironizando o Partido Democrata por criticar os Whigs por se esconderem na cauda do candidato à presidência, Zachary Taylor.

Esse fenômeno aconteceu no Brasil quando Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. A cauda de Bolsonaro foi tão grande que gerou um extraordinário desempenho do seu então partido, PSL, que, tendo apenas um deputado eleito em 2014, elegeu 52 em 2018. Vários governadores também se elegeram na cauda de Bolsonaro, notadamente Witzel (RJ), Zema (MG), Doria (SP), Caiado (GO), entre outros.

O coattail presidencial, entretanto, não aconteceu com Lula nas eleições de 2022. Mesmo sendo o primeiro colocado no primeiro turno, mostrou que sua cauda foi muito curta. Até nos Estados do Nordeste, em que Lula obteve com folga a grande maioria de votos, o PT só conseguiu ser vitorioso no primeiro turno com Bezerra (RN) e Freitas (CE). Por outro lado, mesmo sendo o segundo colocado, Bolsonaro mostrou que ainda possui uma cauda longa, especialmente com a vitória de vários governadores e senadores bolsonaristas.

No momento em que escrevo essa coluna, ainda não temos um quadro preciso da eleição para a Câmara dos Deputados. Mas de acordo as projeções mais otimistas do DIAP, a federação PT/PCdoB/PV terá no máximo entre 65 a 75 deputados. O mesmo deve ocorrer com o PL, que terá no máximo 70-80 deputados.

O que explica o paradoxo de Lula ser extremamente popular, mas não conseguir influenciar a corrida eleitoral nos Estados nem no Congresso? E quais as consequências desse paradoxo para um eventual governo Lula?

O voto em Lula, no primeiro turno, não significou necessariamente apoio ao PT e a seus aliados. Mas foi um voto, fundamentalmente, de rejeição a Bolsonaro. Isso sugere que a maioria dos eleitores votou estrategicamente para se livrar de Bolsonaro, mas não deu “cheque em branco” para Lula governar. Preferiu criar restrições governativas para Lula tanto no Congresso como nos Estados, o que pode ser difícil para ele, se for eleito, mas muito bom para a democracia.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai disputar o segundo turno das eleições com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: EVARISTO SA / AFP
Opinião por Carlos Pereira

Cientista político e professor titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV EBAPE) e sênior fellow do CEBRI.

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