Interpretação crítica e científica das instituições e do comportamento político

Opinião|Estudo indica que queda no apoio popular à democracia não significa que ela sofrerá retrocessos


Pesquisa sugere que apoio pode ser consequência da efetividade da democracia, particularmente se há diminuição de desigualdade; essa combinação gera demandas por melhores democracias

Por Carlos Pereira

Democracias estariam mais seguras diante de maior apoio popular? Ou, estariam em maior risco de retrocessos quando o apoio dos eleitores é menor?

Há muito que se argumenta que regimes democráticos e seu respectivo apoio popular se reforçariam mutualmente. Que elevados níveis de apoio popular garantiriam que democracias permaneceriam fortes e duráveis. Ao mesmo tempo em que experiências de governança democrática virtuosa gerariam suporte robusto da sociedade em favor da democracia.

Pesquisa mostra que o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Por outro lado, acredita-se que o fortalecimento democrático funcionaria como uma espécie de termostato do apoio popular; ou seja, em vez de uma democracia forte gerar mais apoio popular, o aprofundamento da democracia provocaria uma reação inversa. Entretanto, paradoxalmente, são justamente em momentos de risco de retrocessos democráticos que o suporte popular em favor da democracia aumentaria.

Esse “efeito termostato” supostamente pode ser verificado na série história de pesquisas de opinião sobre o apoio à democracia e à ditadura entre os eleitores brasileiros de 1989 a 2023. O gráfico abaixo mostra a diferença entre o “apoio à democracia” e a soma dos eleitores que responderam “tanto faz” e “apoio à ditadura”. Como pode ser observado, o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil.

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Gráfico: Diferença entre “apoio à democracia”, “tanto faz” e os que “apoiam à ditadura”

 Foto: Datafolha

Entretanto, no artigo “Democracy, Public Support, and Measurement Uncertainty”, que acaba de ser publicado na prestigiosa revista científica American Political Science Review, Yuehong ‘Cassandra’ Tai e seus autores questionam essas crenças. Eles demonstram que a relação entre suporte público e democracia desaparece quando eles levam em consideração o grau de incerteza dos eleitores quanto à solidez da democracia e da sua capacidade de entregar as políticas consistentes com as suas preferências.

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O estudo, realizado em 144 países por cerca de 33 anos (1988 a 2020), indica que o declínio do suporte popular à democracia não sinaliza que a democracia necessariamente sofrerá retrocessos. Tampouco que mudanças no padrão democrático que venham a indicar riscos de retrocessos ativariam respostas tipo termostato de aumento do apoio popular em favor da democracia, como se costumava pensar.

A ausência de uma relação direta entre democracia e seu apoio popular tem implicações substantivas importantes. O estudo sugere que o efeito da democracia no apoio popular pode ser consequência da sua efetividade, particularmente se a democracia é acompanhada de redistribuição e diminuição de desigualdade. Ou seja, é da combinação do suporte democrático com a satisfação em relação à sua performance que surgem demandas por democracias melhores.

Democracias estariam mais seguras diante de maior apoio popular? Ou, estariam em maior risco de retrocessos quando o apoio dos eleitores é menor?

Há muito que se argumenta que regimes democráticos e seu respectivo apoio popular se reforçariam mutualmente. Que elevados níveis de apoio popular garantiriam que democracias permaneceriam fortes e duráveis. Ao mesmo tempo em que experiências de governança democrática virtuosa gerariam suporte robusto da sociedade em favor da democracia.

Pesquisa mostra que o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão

Por outro lado, acredita-se que o fortalecimento democrático funcionaria como uma espécie de termostato do apoio popular; ou seja, em vez de uma democracia forte gerar mais apoio popular, o aprofundamento da democracia provocaria uma reação inversa. Entretanto, paradoxalmente, são justamente em momentos de risco de retrocessos democráticos que o suporte popular em favor da democracia aumentaria.

Esse “efeito termostato” supostamente pode ser verificado na série história de pesquisas de opinião sobre o apoio à democracia e à ditadura entre os eleitores brasileiros de 1989 a 2023. O gráfico abaixo mostra a diferença entre o “apoio à democracia” e a soma dos eleitores que responderam “tanto faz” e “apoio à ditadura”. Como pode ser observado, o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil.

Gráfico: Diferença entre “apoio à democracia”, “tanto faz” e os que “apoiam à ditadura”

 Foto: Datafolha

Entretanto, no artigo “Democracy, Public Support, and Measurement Uncertainty”, que acaba de ser publicado na prestigiosa revista científica American Political Science Review, Yuehong ‘Cassandra’ Tai e seus autores questionam essas crenças. Eles demonstram que a relação entre suporte público e democracia desaparece quando eles levam em consideração o grau de incerteza dos eleitores quanto à solidez da democracia e da sua capacidade de entregar as políticas consistentes com as suas preferências.

O estudo, realizado em 144 países por cerca de 33 anos (1988 a 2020), indica que o declínio do suporte popular à democracia não sinaliza que a democracia necessariamente sofrerá retrocessos. Tampouco que mudanças no padrão democrático que venham a indicar riscos de retrocessos ativariam respostas tipo termostato de aumento do apoio popular em favor da democracia, como se costumava pensar.

A ausência de uma relação direta entre democracia e seu apoio popular tem implicações substantivas importantes. O estudo sugere que o efeito da democracia no apoio popular pode ser consequência da sua efetividade, particularmente se a democracia é acompanhada de redistribuição e diminuição de desigualdade. Ou seja, é da combinação do suporte democrático com a satisfação em relação à sua performance que surgem demandas por democracias melhores.

Democracias estariam mais seguras diante de maior apoio popular? Ou, estariam em maior risco de retrocessos quando o apoio dos eleitores é menor?

Há muito que se argumenta que regimes democráticos e seu respectivo apoio popular se reforçariam mutualmente. Que elevados níveis de apoio popular garantiriam que democracias permaneceriam fortes e duráveis. Ao mesmo tempo em que experiências de governança democrática virtuosa gerariam suporte robusto da sociedade em favor da democracia.

Pesquisa mostra que o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão

Por outro lado, acredita-se que o fortalecimento democrático funcionaria como uma espécie de termostato do apoio popular; ou seja, em vez de uma democracia forte gerar mais apoio popular, o aprofundamento da democracia provocaria uma reação inversa. Entretanto, paradoxalmente, são justamente em momentos de risco de retrocessos democráticos que o suporte popular em favor da democracia aumentaria.

Esse “efeito termostato” supostamente pode ser verificado na série história de pesquisas de opinião sobre o apoio à democracia e à ditadura entre os eleitores brasileiros de 1989 a 2023. O gráfico abaixo mostra a diferença entre o “apoio à democracia” e a soma dos eleitores que responderam “tanto faz” e “apoio à ditadura”. Como pode ser observado, o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil.

Gráfico: Diferença entre “apoio à democracia”, “tanto faz” e os que “apoiam à ditadura”

 Foto: Datafolha

Entretanto, no artigo “Democracy, Public Support, and Measurement Uncertainty”, que acaba de ser publicado na prestigiosa revista científica American Political Science Review, Yuehong ‘Cassandra’ Tai e seus autores questionam essas crenças. Eles demonstram que a relação entre suporte público e democracia desaparece quando eles levam em consideração o grau de incerteza dos eleitores quanto à solidez da democracia e da sua capacidade de entregar as políticas consistentes com as suas preferências.

O estudo, realizado em 144 países por cerca de 33 anos (1988 a 2020), indica que o declínio do suporte popular à democracia não sinaliza que a democracia necessariamente sofrerá retrocessos. Tampouco que mudanças no padrão democrático que venham a indicar riscos de retrocessos ativariam respostas tipo termostato de aumento do apoio popular em favor da democracia, como se costumava pensar.

A ausência de uma relação direta entre democracia e seu apoio popular tem implicações substantivas importantes. O estudo sugere que o efeito da democracia no apoio popular pode ser consequência da sua efetividade, particularmente se a democracia é acompanhada de redistribuição e diminuição de desigualdade. Ou seja, é da combinação do suporte democrático com a satisfação em relação à sua performance que surgem demandas por democracias melhores.

Democracias estariam mais seguras diante de maior apoio popular? Ou, estariam em maior risco de retrocessos quando o apoio dos eleitores é menor?

Há muito que se argumenta que regimes democráticos e seu respectivo apoio popular se reforçariam mutualmente. Que elevados níveis de apoio popular garantiriam que democracias permaneceriam fortes e duráveis. Ao mesmo tempo em que experiências de governança democrática virtuosa gerariam suporte robusto da sociedade em favor da democracia.

Pesquisa mostra que o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão

Por outro lado, acredita-se que o fortalecimento democrático funcionaria como uma espécie de termostato do apoio popular; ou seja, em vez de uma democracia forte gerar mais apoio popular, o aprofundamento da democracia provocaria uma reação inversa. Entretanto, paradoxalmente, são justamente em momentos de risco de retrocessos democráticos que o suporte popular em favor da democracia aumentaria.

Esse “efeito termostato” supostamente pode ser verificado na série história de pesquisas de opinião sobre o apoio à democracia e à ditadura entre os eleitores brasileiros de 1989 a 2023. O gráfico abaixo mostra a diferença entre o “apoio à democracia” e a soma dos eleitores que responderam “tanto faz” e “apoio à ditadura”. Como pode ser observado, o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil.

Gráfico: Diferença entre “apoio à democracia”, “tanto faz” e os que “apoiam à ditadura”

 Foto: Datafolha

Entretanto, no artigo “Democracy, Public Support, and Measurement Uncertainty”, que acaba de ser publicado na prestigiosa revista científica American Political Science Review, Yuehong ‘Cassandra’ Tai e seus autores questionam essas crenças. Eles demonstram que a relação entre suporte público e democracia desaparece quando eles levam em consideração o grau de incerteza dos eleitores quanto à solidez da democracia e da sua capacidade de entregar as políticas consistentes com as suas preferências.

O estudo, realizado em 144 países por cerca de 33 anos (1988 a 2020), indica que o declínio do suporte popular à democracia não sinaliza que a democracia necessariamente sofrerá retrocessos. Tampouco que mudanças no padrão democrático que venham a indicar riscos de retrocessos ativariam respostas tipo termostato de aumento do apoio popular em favor da democracia, como se costumava pensar.

A ausência de uma relação direta entre democracia e seu apoio popular tem implicações substantivas importantes. O estudo sugere que o efeito da democracia no apoio popular pode ser consequência da sua efetividade, particularmente se a democracia é acompanhada de redistribuição e diminuição de desigualdade. Ou seja, é da combinação do suporte democrático com a satisfação em relação à sua performance que surgem demandas por democracias melhores.

Democracias estariam mais seguras diante de maior apoio popular? Ou, estariam em maior risco de retrocessos quando o apoio dos eleitores é menor?

Há muito que se argumenta que regimes democráticos e seu respectivo apoio popular se reforçariam mutualmente. Que elevados níveis de apoio popular garantiriam que democracias permaneceriam fortes e duráveis. Ao mesmo tempo em que experiências de governança democrática virtuosa gerariam suporte robusto da sociedade em favor da democracia.

Pesquisa mostra que o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão

Por outro lado, acredita-se que o fortalecimento democrático funcionaria como uma espécie de termostato do apoio popular; ou seja, em vez de uma democracia forte gerar mais apoio popular, o aprofundamento da democracia provocaria uma reação inversa. Entretanto, paradoxalmente, são justamente em momentos de risco de retrocessos democráticos que o suporte popular em favor da democracia aumentaria.

Esse “efeito termostato” supostamente pode ser verificado na série história de pesquisas de opinião sobre o apoio à democracia e à ditadura entre os eleitores brasileiros de 1989 a 2023. O gráfico abaixo mostra a diferença entre o “apoio à democracia” e a soma dos eleitores que responderam “tanto faz” e “apoio à ditadura”. Como pode ser observado, o apoio à democracia foi muito maior durante os anos do governo Bolsonaro e alcançou o seu ápice um pouco antes das eleições de 2022, quando existia a percepção de grande temor de retrocessos democráticos no Brasil.

Gráfico: Diferença entre “apoio à democracia”, “tanto faz” e os que “apoiam à ditadura”

 Foto: Datafolha

Entretanto, no artigo “Democracy, Public Support, and Measurement Uncertainty”, que acaba de ser publicado na prestigiosa revista científica American Political Science Review, Yuehong ‘Cassandra’ Tai e seus autores questionam essas crenças. Eles demonstram que a relação entre suporte público e democracia desaparece quando eles levam em consideração o grau de incerteza dos eleitores quanto à solidez da democracia e da sua capacidade de entregar as políticas consistentes com as suas preferências.

O estudo, realizado em 144 países por cerca de 33 anos (1988 a 2020), indica que o declínio do suporte popular à democracia não sinaliza que a democracia necessariamente sofrerá retrocessos. Tampouco que mudanças no padrão democrático que venham a indicar riscos de retrocessos ativariam respostas tipo termostato de aumento do apoio popular em favor da democracia, como se costumava pensar.

A ausência de uma relação direta entre democracia e seu apoio popular tem implicações substantivas importantes. O estudo sugere que o efeito da democracia no apoio popular pode ser consequência da sua efetividade, particularmente se a democracia é acompanhada de redistribuição e diminuição de desigualdade. Ou seja, é da combinação do suporte democrático com a satisfação em relação à sua performance que surgem demandas por democracias melhores.

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Opinião por Carlos Pereira

Cientista político e professor titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV EBAPE) e sênior fellow do CEBRI.

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