Interpretação crítica e científica das instituições e do comportamento político

Opinião|Por que Lula recuou do confronto com o Banco Central?


Presidencialismo multipartidário reduz os graus de liberdade para que presidentes se comportem de forma populista

Por Carlos Pereira

As forças do mercado levaram rapidamente o presidente Lula a recuar da sua sanha populista de confronto com o Banco Central. Mas o que a maioria das pessoas não percebe é que o próprio sistema presidencialista multipartidário brasileiro cria enormes constrangimentos que reduzem os graus de liberdade de qualquer governante de desviar de uma crença que se torna dominante.

É economicamente e politicamente proibitivo desviar do equilíbrio macroeconômico que emergiu do Plano Real. Atores políticos, agentes econômicos e cidadãos desenvolveram fortes preferências pela estabilidade macroeconômica. Os anos intermináveis de hiperinflação e os seguidos planos que frustraram as expectativas de domá-la de forma sustentável geraram uma verdadeira aversão na sociedade ao descontrole dos preços.

Presidente vinha atacando sistematicamente a postura do Banco Central, mas recuou e reforçou que seu governo irá controlar despesas Foto: Wilton Junior/Estadão
continua após a publicidade

O Plano Real foi um choque tão virtuoso no jogo político que foi capaz de se desdobrar em uma série de instituições que amarraram as mãos dos governos, mesmo daqueles que não tinham muito apreço pelo controle inflacionário, levando-os, inclusive, a implementar políticas de inclusão social, mas com responsabilidade.

O sistema político brasileiro, formado por inúmeros pontos de veto partidários e institucionais, não é eficiente. Não oferece respostas rápidas a problemas prementes. Por isso, gera uma sensação de mal-estar generalizado que, em situações extremas, pode levar até a estágios de cinismo cívico seguido de alheamento das pessoas com a política e as suas próprias instituições.

continua após a publicidade

Mas, por outro lado, esse sistema tem uma virtude imanente de gerar custos quase que intransponíveis para que o governante não desvie da crença dominante. Governos que se atrevem a desviar e a colocar tal crença em risco são punidos eleitoralmente e/ou pelas organizações de controle.

Foi assim, por exemplo, com a ex-presidente Dilma Rousseff. Seu governo negligenciou os pilares do Plano Real ao aumentar de forma irresponsável os gastos públicos, interferir de forma indevida em vários mercados (como preços de combustíveis e de eletricidade), empreender contabilidade criativa e dar continuidade a uma gerência de coalizão monopolista que concentrava poderes e recursos no seu próprio partido.

continua após a publicidade

O impeachment da ex-presidente foi a solução encontrada para lidar com as negligências que levaram o Brasil a uma rápida deterioração de sua economia. O mais interessante, entretanto, foi perceber que o sistema levou o governo seguinte a se mover rapidamente para restaurar políticas consistentes com a crença dominante de inclusão social responsável que haviam sido então negligenciadas.

As forças do mercado levaram rapidamente o presidente Lula a recuar da sua sanha populista de confronto com o Banco Central. Mas o que a maioria das pessoas não percebe é que o próprio sistema presidencialista multipartidário brasileiro cria enormes constrangimentos que reduzem os graus de liberdade de qualquer governante de desviar de uma crença que se torna dominante.

É economicamente e politicamente proibitivo desviar do equilíbrio macroeconômico que emergiu do Plano Real. Atores políticos, agentes econômicos e cidadãos desenvolveram fortes preferências pela estabilidade macroeconômica. Os anos intermináveis de hiperinflação e os seguidos planos que frustraram as expectativas de domá-la de forma sustentável geraram uma verdadeira aversão na sociedade ao descontrole dos preços.

Presidente vinha atacando sistematicamente a postura do Banco Central, mas recuou e reforçou que seu governo irá controlar despesas Foto: Wilton Junior/Estadão

O Plano Real foi um choque tão virtuoso no jogo político que foi capaz de se desdobrar em uma série de instituições que amarraram as mãos dos governos, mesmo daqueles que não tinham muito apreço pelo controle inflacionário, levando-os, inclusive, a implementar políticas de inclusão social, mas com responsabilidade.

O sistema político brasileiro, formado por inúmeros pontos de veto partidários e institucionais, não é eficiente. Não oferece respostas rápidas a problemas prementes. Por isso, gera uma sensação de mal-estar generalizado que, em situações extremas, pode levar até a estágios de cinismo cívico seguido de alheamento das pessoas com a política e as suas próprias instituições.

Mas, por outro lado, esse sistema tem uma virtude imanente de gerar custos quase que intransponíveis para que o governante não desvie da crença dominante. Governos que se atrevem a desviar e a colocar tal crença em risco são punidos eleitoralmente e/ou pelas organizações de controle.

Foi assim, por exemplo, com a ex-presidente Dilma Rousseff. Seu governo negligenciou os pilares do Plano Real ao aumentar de forma irresponsável os gastos públicos, interferir de forma indevida em vários mercados (como preços de combustíveis e de eletricidade), empreender contabilidade criativa e dar continuidade a uma gerência de coalizão monopolista que concentrava poderes e recursos no seu próprio partido.

O impeachment da ex-presidente foi a solução encontrada para lidar com as negligências que levaram o Brasil a uma rápida deterioração de sua economia. O mais interessante, entretanto, foi perceber que o sistema levou o governo seguinte a se mover rapidamente para restaurar políticas consistentes com a crença dominante de inclusão social responsável que haviam sido então negligenciadas.

As forças do mercado levaram rapidamente o presidente Lula a recuar da sua sanha populista de confronto com o Banco Central. Mas o que a maioria das pessoas não percebe é que o próprio sistema presidencialista multipartidário brasileiro cria enormes constrangimentos que reduzem os graus de liberdade de qualquer governante de desviar de uma crença que se torna dominante.

É economicamente e politicamente proibitivo desviar do equilíbrio macroeconômico que emergiu do Plano Real. Atores políticos, agentes econômicos e cidadãos desenvolveram fortes preferências pela estabilidade macroeconômica. Os anos intermináveis de hiperinflação e os seguidos planos que frustraram as expectativas de domá-la de forma sustentável geraram uma verdadeira aversão na sociedade ao descontrole dos preços.

Presidente vinha atacando sistematicamente a postura do Banco Central, mas recuou e reforçou que seu governo irá controlar despesas Foto: Wilton Junior/Estadão

O Plano Real foi um choque tão virtuoso no jogo político que foi capaz de se desdobrar em uma série de instituições que amarraram as mãos dos governos, mesmo daqueles que não tinham muito apreço pelo controle inflacionário, levando-os, inclusive, a implementar políticas de inclusão social, mas com responsabilidade.

O sistema político brasileiro, formado por inúmeros pontos de veto partidários e institucionais, não é eficiente. Não oferece respostas rápidas a problemas prementes. Por isso, gera uma sensação de mal-estar generalizado que, em situações extremas, pode levar até a estágios de cinismo cívico seguido de alheamento das pessoas com a política e as suas próprias instituições.

Mas, por outro lado, esse sistema tem uma virtude imanente de gerar custos quase que intransponíveis para que o governante não desvie da crença dominante. Governos que se atrevem a desviar e a colocar tal crença em risco são punidos eleitoralmente e/ou pelas organizações de controle.

Foi assim, por exemplo, com a ex-presidente Dilma Rousseff. Seu governo negligenciou os pilares do Plano Real ao aumentar de forma irresponsável os gastos públicos, interferir de forma indevida em vários mercados (como preços de combustíveis e de eletricidade), empreender contabilidade criativa e dar continuidade a uma gerência de coalizão monopolista que concentrava poderes e recursos no seu próprio partido.

O impeachment da ex-presidente foi a solução encontrada para lidar com as negligências que levaram o Brasil a uma rápida deterioração de sua economia. O mais interessante, entretanto, foi perceber que o sistema levou o governo seguinte a se mover rapidamente para restaurar políticas consistentes com a crença dominante de inclusão social responsável que haviam sido então negligenciadas.

As forças do mercado levaram rapidamente o presidente Lula a recuar da sua sanha populista de confronto com o Banco Central. Mas o que a maioria das pessoas não percebe é que o próprio sistema presidencialista multipartidário brasileiro cria enormes constrangimentos que reduzem os graus de liberdade de qualquer governante de desviar de uma crença que se torna dominante.

É economicamente e politicamente proibitivo desviar do equilíbrio macroeconômico que emergiu do Plano Real. Atores políticos, agentes econômicos e cidadãos desenvolveram fortes preferências pela estabilidade macroeconômica. Os anos intermináveis de hiperinflação e os seguidos planos que frustraram as expectativas de domá-la de forma sustentável geraram uma verdadeira aversão na sociedade ao descontrole dos preços.

Presidente vinha atacando sistematicamente a postura do Banco Central, mas recuou e reforçou que seu governo irá controlar despesas Foto: Wilton Junior/Estadão

O Plano Real foi um choque tão virtuoso no jogo político que foi capaz de se desdobrar em uma série de instituições que amarraram as mãos dos governos, mesmo daqueles que não tinham muito apreço pelo controle inflacionário, levando-os, inclusive, a implementar políticas de inclusão social, mas com responsabilidade.

O sistema político brasileiro, formado por inúmeros pontos de veto partidários e institucionais, não é eficiente. Não oferece respostas rápidas a problemas prementes. Por isso, gera uma sensação de mal-estar generalizado que, em situações extremas, pode levar até a estágios de cinismo cívico seguido de alheamento das pessoas com a política e as suas próprias instituições.

Mas, por outro lado, esse sistema tem uma virtude imanente de gerar custos quase que intransponíveis para que o governante não desvie da crença dominante. Governos que se atrevem a desviar e a colocar tal crença em risco são punidos eleitoralmente e/ou pelas organizações de controle.

Foi assim, por exemplo, com a ex-presidente Dilma Rousseff. Seu governo negligenciou os pilares do Plano Real ao aumentar de forma irresponsável os gastos públicos, interferir de forma indevida em vários mercados (como preços de combustíveis e de eletricidade), empreender contabilidade criativa e dar continuidade a uma gerência de coalizão monopolista que concentrava poderes e recursos no seu próprio partido.

O impeachment da ex-presidente foi a solução encontrada para lidar com as negligências que levaram o Brasil a uma rápida deterioração de sua economia. O mais interessante, entretanto, foi perceber que o sistema levou o governo seguinte a se mover rapidamente para restaurar políticas consistentes com a crença dominante de inclusão social responsável que haviam sido então negligenciadas.

Opinião por Carlos Pereira

Cientista político e professor titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV EBAPE) e sênior fellow do CEBRI.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.