A centro-direita foi o maior vencedor das eleições municipais de 2024. Essa vitória foi consequência de uma melhor compreensão das demandas crescentes da sociedade brasileira por pragmatismo, política local, menos ideologia e vontade de empreender.
O perfil de eleitor e as respostas que os partidos políticos e candidatos têm ofertado para contemplar suas demandas não são fixas no tempo. Quem consegue capturar esse eleitor, ofertando as respostas que melhor preenchem as suas expectativas, consegue ser vitorioso nas eleições.
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O modelo de desenvolvimento excludente, não apenas econômico, mas também social, implementado pela ditadura militar, gerou pressões crescentes por redistribuição. Seja na sua versão irresponsável ou com responsabilidade a partir do Plano Real, tudo virou sinônimo de inclusão social, de respeito à diversidade e de políticas de proteção a direitos e a minorias.
Os partidos de centro-esquerda e de esquerda foram os que conseguiram melhor entender essas demandas do eleitor e ofertar políticas públicas congruentes, que, aliadas ao equilíbrio macroeconômico, levaram à diminuição da pobreza e da desigualdade de forma monotônica. Não por acaso, conseguiram ser bem-sucedidos eleitoralmente por cerca de vinte anos consecutivos.
Mas as respostas irresponsáveis ofertadas a partir do choque econômico de 2008 e da descoberta das reservas de petróleo no pré-sal, junto com um colossal e sem precedente escândalo de corrupção, levaram a descontinuidades na política macroeconômica com retorno da inflação, recessão e a emergência de uma crença anticorrupção e antipolítica.
Quem melhor conseguiu compreender essa enorme frustração e grande reversão de expectativas do eleitor foi a extrema-direita reacionária e antidemocrática.
Entretanto, a sucessão de confrontos e ameaças sistemáticas às instituições e a implementação de políticas públicas insensatas que colocaram em risco a vida de milhares durante a pandemia, gerou mais uma vez descontinuidades e frustrações.
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Embora o eleitor não mais desejasse alternativas que viessem a gerar desequilíbrios macroeconômicos e corrupção, também não queria ver a democracia constantemente em ameaça. Paradoxalmente, por pequeníssima margem, a maioria dos eleitores optaram, circunstancialmente, pela alternativa que se revelou menos pior e livre de surpresas.
Mas o retorno da esquerda ao poder, com políticas desenvolvimentistas démodées, ancoradas no aumento do gasto público e da carga tributária, está longe de gerar encantamento, especialmente desse “novo eleitor-empreendedor” que busca prosperidade e menos proteção.