Interpretação crítica e científica das instituições e do comportamento político

Opinião|Voto sincero no primeiro turno é a melhor estratégia e incentiva alianças


Esse movimento incentivaria Lula a levar em consideração as políticas defendidas pelos candidatos não favoritos, evitando, assim, que um eventual governo do petista implementasse políticas extremas

Por Carlos Pereira

Com a aproximação do primeiro turno da eleição presidencial e diante da polarização cada vez mais intensa em torno das candidaturas de Lula e de Bolsonaro, se intensificaram as iniciativas, vindas inclusive do próprio Lula, de apelar para que eleitores que pretendem votar de forma sincera em Ciro ou em Simone votem nele de forma estratégica já no primeiro turno, o famoso voto útil.

A falsa retórica que justificaria tal apelo constrangedor seriam os supostos riscos que a democracia brasileira correria com Bolsonaro na Presidência, mesmo diante das inúmeras demonstrações de força da sociedade, de independência da mídia e de resiliência institucional. Isso sem falar da recente declaração de Bolsonaro de que respeitaria o resultado das urnas e passaria a faixa presidencial em caso de derrota.

continua após a publicidade
Sistemas eleitorais majoritários de dois turnos, como o brasileiro, servem justamente para dar a oportunidade ao eleitor de maximizar a sua preferência sincera ao votar no candidato(a) preferido(a) no primeiro turno.  Foto: Filipe Araújo/Estadão

Alguns analistas políticos chegaram ao disparate de acusar Ciro de ser “linha auxiliar do bolsonarismo” por criticar de forma contundente os desvios e escândalos de corrupção dos governos Lula. Após a adesão de Marina Silva à candidatura de Lula, teve até quem se arvorasse a dizer que “quem estiver fora da frente ampla liderada por Lula é fascista”, reeditando a velha campanha maniqueísta do bem contra o mal.

Sistemas eleitorais majoritários de dois turnos, como o brasileiro, servem justamente para dar a oportunidade ao eleitor de maximizar a sua preferência sincera ao votar no candidato(a) preferido(a) no primeiro turno. Se o candidato(a) preferido(a) não estiver entre os dois candidatos mais bem posicionados, o eleitor ajustaria sua preferência no segundo turno e votaria estrategicamente no candidato(a) menos distante de sua preferência; ou seja, no menos pior.

continua após a publicidade

No livro The Many Faces of Strategic Voting, os editores Stephenson, Aldrich e Blais argumentam que eleitores não votam só para definir quem vai ganhar ou perder, mas, especialmente, para expressar a sua preferência sincera por um determinado candidato. Ou seja, o eleitor atribui mais valor ao seu voto se expressar a preferência que traria maiores retornos para ele, independentemente da circunstância ou do resultado. Para os autores, os eleitores que votam apenas pelo resultado, a despeito das suas preferências pessoais, só se importariam em estar do lado vencedor (bandwagon).

Embora as pesquisas de intenção de voto sinalizem que Lula provavelmente será o primeiro colocado no primeiro turno, é muito difícil que ele já alcance a maioria absoluta dos votos válidos. Portanto, a melhor alternativa para os eleitores que consideram votar estrategicamente (não sincero e, portanto, com o nariz tampado) em Lula no primeiro turno para evitar a vitória de Bolsonaro seria, na realidade, votar sinceramente em um terceiro colocado.

Essa estratégia incentivaria Lula a levar em consideração as políticas defendidas pelos candidatos não favoritos, evitando, assim, que um eventual governo do petista implementasse políticas extremas ou mesmo viesse a se comportar de forma desviante novamente.

Com a aproximação do primeiro turno da eleição presidencial e diante da polarização cada vez mais intensa em torno das candidaturas de Lula e de Bolsonaro, se intensificaram as iniciativas, vindas inclusive do próprio Lula, de apelar para que eleitores que pretendem votar de forma sincera em Ciro ou em Simone votem nele de forma estratégica já no primeiro turno, o famoso voto útil.

A falsa retórica que justificaria tal apelo constrangedor seriam os supostos riscos que a democracia brasileira correria com Bolsonaro na Presidência, mesmo diante das inúmeras demonstrações de força da sociedade, de independência da mídia e de resiliência institucional. Isso sem falar da recente declaração de Bolsonaro de que respeitaria o resultado das urnas e passaria a faixa presidencial em caso de derrota.

Sistemas eleitorais majoritários de dois turnos, como o brasileiro, servem justamente para dar a oportunidade ao eleitor de maximizar a sua preferência sincera ao votar no candidato(a) preferido(a) no primeiro turno.  Foto: Filipe Araújo/Estadão

Alguns analistas políticos chegaram ao disparate de acusar Ciro de ser “linha auxiliar do bolsonarismo” por criticar de forma contundente os desvios e escândalos de corrupção dos governos Lula. Após a adesão de Marina Silva à candidatura de Lula, teve até quem se arvorasse a dizer que “quem estiver fora da frente ampla liderada por Lula é fascista”, reeditando a velha campanha maniqueísta do bem contra o mal.

Sistemas eleitorais majoritários de dois turnos, como o brasileiro, servem justamente para dar a oportunidade ao eleitor de maximizar a sua preferência sincera ao votar no candidato(a) preferido(a) no primeiro turno. Se o candidato(a) preferido(a) não estiver entre os dois candidatos mais bem posicionados, o eleitor ajustaria sua preferência no segundo turno e votaria estrategicamente no candidato(a) menos distante de sua preferência; ou seja, no menos pior.

No livro The Many Faces of Strategic Voting, os editores Stephenson, Aldrich e Blais argumentam que eleitores não votam só para definir quem vai ganhar ou perder, mas, especialmente, para expressar a sua preferência sincera por um determinado candidato. Ou seja, o eleitor atribui mais valor ao seu voto se expressar a preferência que traria maiores retornos para ele, independentemente da circunstância ou do resultado. Para os autores, os eleitores que votam apenas pelo resultado, a despeito das suas preferências pessoais, só se importariam em estar do lado vencedor (bandwagon).

Embora as pesquisas de intenção de voto sinalizem que Lula provavelmente será o primeiro colocado no primeiro turno, é muito difícil que ele já alcance a maioria absoluta dos votos válidos. Portanto, a melhor alternativa para os eleitores que consideram votar estrategicamente (não sincero e, portanto, com o nariz tampado) em Lula no primeiro turno para evitar a vitória de Bolsonaro seria, na realidade, votar sinceramente em um terceiro colocado.

Essa estratégia incentivaria Lula a levar em consideração as políticas defendidas pelos candidatos não favoritos, evitando, assim, que um eventual governo do petista implementasse políticas extremas ou mesmo viesse a se comportar de forma desviante novamente.

Com a aproximação do primeiro turno da eleição presidencial e diante da polarização cada vez mais intensa em torno das candidaturas de Lula e de Bolsonaro, se intensificaram as iniciativas, vindas inclusive do próprio Lula, de apelar para que eleitores que pretendem votar de forma sincera em Ciro ou em Simone votem nele de forma estratégica já no primeiro turno, o famoso voto útil.

A falsa retórica que justificaria tal apelo constrangedor seriam os supostos riscos que a democracia brasileira correria com Bolsonaro na Presidência, mesmo diante das inúmeras demonstrações de força da sociedade, de independência da mídia e de resiliência institucional. Isso sem falar da recente declaração de Bolsonaro de que respeitaria o resultado das urnas e passaria a faixa presidencial em caso de derrota.

Sistemas eleitorais majoritários de dois turnos, como o brasileiro, servem justamente para dar a oportunidade ao eleitor de maximizar a sua preferência sincera ao votar no candidato(a) preferido(a) no primeiro turno.  Foto: Filipe Araújo/Estadão

Alguns analistas políticos chegaram ao disparate de acusar Ciro de ser “linha auxiliar do bolsonarismo” por criticar de forma contundente os desvios e escândalos de corrupção dos governos Lula. Após a adesão de Marina Silva à candidatura de Lula, teve até quem se arvorasse a dizer que “quem estiver fora da frente ampla liderada por Lula é fascista”, reeditando a velha campanha maniqueísta do bem contra o mal.

Sistemas eleitorais majoritários de dois turnos, como o brasileiro, servem justamente para dar a oportunidade ao eleitor de maximizar a sua preferência sincera ao votar no candidato(a) preferido(a) no primeiro turno. Se o candidato(a) preferido(a) não estiver entre os dois candidatos mais bem posicionados, o eleitor ajustaria sua preferência no segundo turno e votaria estrategicamente no candidato(a) menos distante de sua preferência; ou seja, no menos pior.

No livro The Many Faces of Strategic Voting, os editores Stephenson, Aldrich e Blais argumentam que eleitores não votam só para definir quem vai ganhar ou perder, mas, especialmente, para expressar a sua preferência sincera por um determinado candidato. Ou seja, o eleitor atribui mais valor ao seu voto se expressar a preferência que traria maiores retornos para ele, independentemente da circunstância ou do resultado. Para os autores, os eleitores que votam apenas pelo resultado, a despeito das suas preferências pessoais, só se importariam em estar do lado vencedor (bandwagon).

Embora as pesquisas de intenção de voto sinalizem que Lula provavelmente será o primeiro colocado no primeiro turno, é muito difícil que ele já alcance a maioria absoluta dos votos válidos. Portanto, a melhor alternativa para os eleitores que consideram votar estrategicamente (não sincero e, portanto, com o nariz tampado) em Lula no primeiro turno para evitar a vitória de Bolsonaro seria, na realidade, votar sinceramente em um terceiro colocado.

Essa estratégia incentivaria Lula a levar em consideração as políticas defendidas pelos candidatos não favoritos, evitando, assim, que um eventual governo do petista implementasse políticas extremas ou mesmo viesse a se comportar de forma desviante novamente.

Opinião por Carlos Pereira

Cientista político e professor titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV EBAPE) e sênior fellow do CEBRI.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.