Casa que foi sede de consultoria de Delfim Netto vira novo QG da campanha de Lula ao Planalto


Anúncio de apoio de Janones ao petista foi primeiro ato no imóvel, que serviu de escritório a ex-ministro e foi alvo de buscas na Lava Jato; investigação foi enviada à Justiça Eleitoral

Por Luiz Vassallo

A campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a ter como QG uma casa que pertenceu ao ex-ministro da Fazenda da ditadura militar Delfim Netto, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo. Em uma área de 1,4 mil metros quadrados, perto do estádio, a residência foi adquirida pelo ex-ministro do “milagre econômico” em 1988, por 18 milhões de cruzados e foi usada por décadas como o escritório de sua empresa de consultoria.

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O imóvel continua em nome da Capres Participações, que foi aberta por Delfim nos anos 1980. O ex-ministro, no entanto, deixou a sociedade em fevereiro de 2020. Na documentação, consta apenas que Delfim e seu falecido sócio venderam aos novos sócios suas cotas por R$ 680 mil. Não há registro de como foi feita a transação do imóvel dos antigos para os novos sócios nem sobre a área construída.

Hoje, na região – uma das mais caras – , o custo médio do metro quadrado é em média de R$ 9.559,00. Com tijolos e pedras cinzas na fachada e telhado inclinado, o imóvel de dois andares fica no centro de um amplo jardim. Aos 94 anos, Delfim tem morado em seu sítio, em Jundiaí (SP).

Placa com alusão ao escritório do ex-ministro Delfim Netto; PT não informa valor de aluguel do local Foto: Luiz Vassallo/Estadão
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Com muros baixos, o imóvel contradiz as preocupações de caciques petistas com a segurança de Lula. Para onde vai, o ex-presidente é acompanhado por seguranças e agentes da Polícia Federal. Além deles, a casa também é protegida por um vira-lata branco de manchas pretas que rosna e late para qualquer um que se aventure a passar perto do portão e das cercas.

O PT afirma que o contrato foi assinado pelo partido “conforme a legislação eleitoral, que prevê esta situação a partir de 20 de julho do ano eleitoral, depois de realizada a convenção partidária”. O partido, no entanto, não informou o valor pago pelo aluguel.

Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; casa foi comprada por ele em 1988 Foto: Hélvio Romero/Estadão
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“As condições contratuais foram estabelecidas com a empresa proprietária do imóvel, em condições de mercado e atendendo às finalidades pretendidas pelo locador. Os valores serão informados à Justiça Eleitoral, que os divulgará conforme a lei”, diz a legenda, por meio de nota da assessoria de imprensa. A reportagem não localizou o ex-ministro.

Em dezembro de 2018, a casa chegou a ser alvo de buscas e apreensões na Lava Jato. A operação foi batizada de Buona Fortuna, em referência a uma das empresas do ex-ministro. Os investigadores suspeitaram que Delfim recebia propina por meio de consultorias prestadas por seu sobrinho Apolônio Delfim Netto, que chegou a admitir que recebeu R$ 240 mil por consultorias à Odebrecht em espécie.

O dinheiro teria como origem contratos de empreiteiras para a construção da Usina Belo Monte, no Pará, obra conduzida no governo Dilma Rousseff (PT) e contestada por indígenas e ribeirinhos. Em delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez relataram o pagamento de propinas de R$ 15 milhões a Delfim. Uma denúncia chegou a ser oferecida, mas o caso acabou transferido para a Justiça Eleitoral e voltou à estaca zero. Não houve nova acusação do MP, desde então.

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O ex-presidente Lula e o deputado André Janones; anúncio de apoio do Avante foi feito no novo QG petista Foto: Nelson Almeida/AFP

Estreia

O primeiro evento após a migração de petistas para o novo QG ocorreu nesta quinta-feira, 4, para anunciar a retirada da candidatura do deputado André Janones (Avante), que anunciou apoio ao petista. Compareceram o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) – vice de Lula na chapa – , e caciques petistas como Gleisi Hoffmann e Jaques Wagner. Ex-líder do governo Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (Avante) também esteve por lá. Inicialmente, não foi reconhecido por seguranças, e aguardou debruçado sobre o portão até que fosse liberado.

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De integrante do governo militar signatário do Ato Institucional N. 5 (AI-5), o economista ganhou o papel de conselheiro do ex-presidente Lula durante seu governo e, em meados de 2006, chegou a ser cotado para ser ministro do segundo mandato petista. Nunca aconteceu.

Nos bastidores, o ex-ministro passou a ser tratado no Palácio do Planalto também como interlocutor de Antonio Palocci. Anos depois, o ex-ministro viria a delatar Delfim em seu acordo com a PF.

Durante a pré-campanha, o ex-presidente Lula usou diversos endereços como seu QG. Reuniões com coordenadores e aliados foram frequentemente realizadas em hotéis na zona sul e na Bela Vista, e na sede da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo. O petista também recebeu políticos e artistas em sua residência alugada no Alto de Pinheiros. Diferentemente do novo QG, a casa de Lula mal pode ser vista atrás de seus muros altos.

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A campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a ter como QG uma casa que pertenceu ao ex-ministro da Fazenda da ditadura militar Delfim Netto, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo. Em uma área de 1,4 mil metros quadrados, perto do estádio, a residência foi adquirida pelo ex-ministro do “milagre econômico” em 1988, por 18 milhões de cruzados e foi usada por décadas como o escritório de sua empresa de consultoria.

O imóvel continua em nome da Capres Participações, que foi aberta por Delfim nos anos 1980. O ex-ministro, no entanto, deixou a sociedade em fevereiro de 2020. Na documentação, consta apenas que Delfim e seu falecido sócio venderam aos novos sócios suas cotas por R$ 680 mil. Não há registro de como foi feita a transação do imóvel dos antigos para os novos sócios nem sobre a área construída.

Hoje, na região – uma das mais caras – , o custo médio do metro quadrado é em média de R$ 9.559,00. Com tijolos e pedras cinzas na fachada e telhado inclinado, o imóvel de dois andares fica no centro de um amplo jardim. Aos 94 anos, Delfim tem morado em seu sítio, em Jundiaí (SP).

Placa com alusão ao escritório do ex-ministro Delfim Netto; PT não informa valor de aluguel do local Foto: Luiz Vassallo/Estadão

Com muros baixos, o imóvel contradiz as preocupações de caciques petistas com a segurança de Lula. Para onde vai, o ex-presidente é acompanhado por seguranças e agentes da Polícia Federal. Além deles, a casa também é protegida por um vira-lata branco de manchas pretas que rosna e late para qualquer um que se aventure a passar perto do portão e das cercas.

O PT afirma que o contrato foi assinado pelo partido “conforme a legislação eleitoral, que prevê esta situação a partir de 20 de julho do ano eleitoral, depois de realizada a convenção partidária”. O partido, no entanto, não informou o valor pago pelo aluguel.

Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; casa foi comprada por ele em 1988 Foto: Hélvio Romero/Estadão

“As condições contratuais foram estabelecidas com a empresa proprietária do imóvel, em condições de mercado e atendendo às finalidades pretendidas pelo locador. Os valores serão informados à Justiça Eleitoral, que os divulgará conforme a lei”, diz a legenda, por meio de nota da assessoria de imprensa. A reportagem não localizou o ex-ministro.

Em dezembro de 2018, a casa chegou a ser alvo de buscas e apreensões na Lava Jato. A operação foi batizada de Buona Fortuna, em referência a uma das empresas do ex-ministro. Os investigadores suspeitaram que Delfim recebia propina por meio de consultorias prestadas por seu sobrinho Apolônio Delfim Netto, que chegou a admitir que recebeu R$ 240 mil por consultorias à Odebrecht em espécie.

O dinheiro teria como origem contratos de empreiteiras para a construção da Usina Belo Monte, no Pará, obra conduzida no governo Dilma Rousseff (PT) e contestada por indígenas e ribeirinhos. Em delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez relataram o pagamento de propinas de R$ 15 milhões a Delfim. Uma denúncia chegou a ser oferecida, mas o caso acabou transferido para a Justiça Eleitoral e voltou à estaca zero. Não houve nova acusação do MP, desde então.

O ex-presidente Lula e o deputado André Janones; anúncio de apoio do Avante foi feito no novo QG petista Foto: Nelson Almeida/AFP

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O primeiro evento após a migração de petistas para o novo QG ocorreu nesta quinta-feira, 4, para anunciar a retirada da candidatura do deputado André Janones (Avante), que anunciou apoio ao petista. Compareceram o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) – vice de Lula na chapa – , e caciques petistas como Gleisi Hoffmann e Jaques Wagner. Ex-líder do governo Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (Avante) também esteve por lá. Inicialmente, não foi reconhecido por seguranças, e aguardou debruçado sobre o portão até que fosse liberado.

De integrante do governo militar signatário do Ato Institucional N. 5 (AI-5), o economista ganhou o papel de conselheiro do ex-presidente Lula durante seu governo e, em meados de 2006, chegou a ser cotado para ser ministro do segundo mandato petista. Nunca aconteceu.

Nos bastidores, o ex-ministro passou a ser tratado no Palácio do Planalto também como interlocutor de Antonio Palocci. Anos depois, o ex-ministro viria a delatar Delfim em seu acordo com a PF.

Durante a pré-campanha, o ex-presidente Lula usou diversos endereços como seu QG. Reuniões com coordenadores e aliados foram frequentemente realizadas em hotéis na zona sul e na Bela Vista, e na sede da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo. O petista também recebeu políticos e artistas em sua residência alugada no Alto de Pinheiros. Diferentemente do novo QG, a casa de Lula mal pode ser vista atrás de seus muros altos.

A campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a ter como QG uma casa que pertenceu ao ex-ministro da Fazenda da ditadura militar Delfim Netto, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo. Em uma área de 1,4 mil metros quadrados, perto do estádio, a residência foi adquirida pelo ex-ministro do “milagre econômico” em 1988, por 18 milhões de cruzados e foi usada por décadas como o escritório de sua empresa de consultoria.

O imóvel continua em nome da Capres Participações, que foi aberta por Delfim nos anos 1980. O ex-ministro, no entanto, deixou a sociedade em fevereiro de 2020. Na documentação, consta apenas que Delfim e seu falecido sócio venderam aos novos sócios suas cotas por R$ 680 mil. Não há registro de como foi feita a transação do imóvel dos antigos para os novos sócios nem sobre a área construída.

Hoje, na região – uma das mais caras – , o custo médio do metro quadrado é em média de R$ 9.559,00. Com tijolos e pedras cinzas na fachada e telhado inclinado, o imóvel de dois andares fica no centro de um amplo jardim. Aos 94 anos, Delfim tem morado em seu sítio, em Jundiaí (SP).

Placa com alusão ao escritório do ex-ministro Delfim Netto; PT não informa valor de aluguel do local Foto: Luiz Vassallo/Estadão

Com muros baixos, o imóvel contradiz as preocupações de caciques petistas com a segurança de Lula. Para onde vai, o ex-presidente é acompanhado por seguranças e agentes da Polícia Federal. Além deles, a casa também é protegida por um vira-lata branco de manchas pretas que rosna e late para qualquer um que se aventure a passar perto do portão e das cercas.

O PT afirma que o contrato foi assinado pelo partido “conforme a legislação eleitoral, que prevê esta situação a partir de 20 de julho do ano eleitoral, depois de realizada a convenção partidária”. O partido, no entanto, não informou o valor pago pelo aluguel.

Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; casa foi comprada por ele em 1988 Foto: Hélvio Romero/Estadão

“As condições contratuais foram estabelecidas com a empresa proprietária do imóvel, em condições de mercado e atendendo às finalidades pretendidas pelo locador. Os valores serão informados à Justiça Eleitoral, que os divulgará conforme a lei”, diz a legenda, por meio de nota da assessoria de imprensa. A reportagem não localizou o ex-ministro.

Em dezembro de 2018, a casa chegou a ser alvo de buscas e apreensões na Lava Jato. A operação foi batizada de Buona Fortuna, em referência a uma das empresas do ex-ministro. Os investigadores suspeitaram que Delfim recebia propina por meio de consultorias prestadas por seu sobrinho Apolônio Delfim Netto, que chegou a admitir que recebeu R$ 240 mil por consultorias à Odebrecht em espécie.

O dinheiro teria como origem contratos de empreiteiras para a construção da Usina Belo Monte, no Pará, obra conduzida no governo Dilma Rousseff (PT) e contestada por indígenas e ribeirinhos. Em delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez relataram o pagamento de propinas de R$ 15 milhões a Delfim. Uma denúncia chegou a ser oferecida, mas o caso acabou transferido para a Justiça Eleitoral e voltou à estaca zero. Não houve nova acusação do MP, desde então.

O ex-presidente Lula e o deputado André Janones; anúncio de apoio do Avante foi feito no novo QG petista Foto: Nelson Almeida/AFP

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O primeiro evento após a migração de petistas para o novo QG ocorreu nesta quinta-feira, 4, para anunciar a retirada da candidatura do deputado André Janones (Avante), que anunciou apoio ao petista. Compareceram o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) – vice de Lula na chapa – , e caciques petistas como Gleisi Hoffmann e Jaques Wagner. Ex-líder do governo Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (Avante) também esteve por lá. Inicialmente, não foi reconhecido por seguranças, e aguardou debruçado sobre o portão até que fosse liberado.

De integrante do governo militar signatário do Ato Institucional N. 5 (AI-5), o economista ganhou o papel de conselheiro do ex-presidente Lula durante seu governo e, em meados de 2006, chegou a ser cotado para ser ministro do segundo mandato petista. Nunca aconteceu.

Nos bastidores, o ex-ministro passou a ser tratado no Palácio do Planalto também como interlocutor de Antonio Palocci. Anos depois, o ex-ministro viria a delatar Delfim em seu acordo com a PF.

Durante a pré-campanha, o ex-presidente Lula usou diversos endereços como seu QG. Reuniões com coordenadores e aliados foram frequentemente realizadas em hotéis na zona sul e na Bela Vista, e na sede da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo. O petista também recebeu políticos e artistas em sua residência alugada no Alto de Pinheiros. Diferentemente do novo QG, a casa de Lula mal pode ser vista atrás de seus muros altos.

A campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a ter como QG uma casa que pertenceu ao ex-ministro da Fazenda da ditadura militar Delfim Netto, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo. Em uma área de 1,4 mil metros quadrados, perto do estádio, a residência foi adquirida pelo ex-ministro do “milagre econômico” em 1988, por 18 milhões de cruzados e foi usada por décadas como o escritório de sua empresa de consultoria.

O imóvel continua em nome da Capres Participações, que foi aberta por Delfim nos anos 1980. O ex-ministro, no entanto, deixou a sociedade em fevereiro de 2020. Na documentação, consta apenas que Delfim e seu falecido sócio venderam aos novos sócios suas cotas por R$ 680 mil. Não há registro de como foi feita a transação do imóvel dos antigos para os novos sócios nem sobre a área construída.

Hoje, na região – uma das mais caras – , o custo médio do metro quadrado é em média de R$ 9.559,00. Com tijolos e pedras cinzas na fachada e telhado inclinado, o imóvel de dois andares fica no centro de um amplo jardim. Aos 94 anos, Delfim tem morado em seu sítio, em Jundiaí (SP).

Placa com alusão ao escritório do ex-ministro Delfim Netto; PT não informa valor de aluguel do local Foto: Luiz Vassallo/Estadão

Com muros baixos, o imóvel contradiz as preocupações de caciques petistas com a segurança de Lula. Para onde vai, o ex-presidente é acompanhado por seguranças e agentes da Polícia Federal. Além deles, a casa também é protegida por um vira-lata branco de manchas pretas que rosna e late para qualquer um que se aventure a passar perto do portão e das cercas.

O PT afirma que o contrato foi assinado pelo partido “conforme a legislação eleitoral, que prevê esta situação a partir de 20 de julho do ano eleitoral, depois de realizada a convenção partidária”. O partido, no entanto, não informou o valor pago pelo aluguel.

Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; casa foi comprada por ele em 1988 Foto: Hélvio Romero/Estadão

“As condições contratuais foram estabelecidas com a empresa proprietária do imóvel, em condições de mercado e atendendo às finalidades pretendidas pelo locador. Os valores serão informados à Justiça Eleitoral, que os divulgará conforme a lei”, diz a legenda, por meio de nota da assessoria de imprensa. A reportagem não localizou o ex-ministro.

Em dezembro de 2018, a casa chegou a ser alvo de buscas e apreensões na Lava Jato. A operação foi batizada de Buona Fortuna, em referência a uma das empresas do ex-ministro. Os investigadores suspeitaram que Delfim recebia propina por meio de consultorias prestadas por seu sobrinho Apolônio Delfim Netto, que chegou a admitir que recebeu R$ 240 mil por consultorias à Odebrecht em espécie.

O dinheiro teria como origem contratos de empreiteiras para a construção da Usina Belo Monte, no Pará, obra conduzida no governo Dilma Rousseff (PT) e contestada por indígenas e ribeirinhos. Em delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez relataram o pagamento de propinas de R$ 15 milhões a Delfim. Uma denúncia chegou a ser oferecida, mas o caso acabou transferido para a Justiça Eleitoral e voltou à estaca zero. Não houve nova acusação do MP, desde então.

O ex-presidente Lula e o deputado André Janones; anúncio de apoio do Avante foi feito no novo QG petista Foto: Nelson Almeida/AFP

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O primeiro evento após a migração de petistas para o novo QG ocorreu nesta quinta-feira, 4, para anunciar a retirada da candidatura do deputado André Janones (Avante), que anunciou apoio ao petista. Compareceram o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) – vice de Lula na chapa – , e caciques petistas como Gleisi Hoffmann e Jaques Wagner. Ex-líder do governo Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (Avante) também esteve por lá. Inicialmente, não foi reconhecido por seguranças, e aguardou debruçado sobre o portão até que fosse liberado.

De integrante do governo militar signatário do Ato Institucional N. 5 (AI-5), o economista ganhou o papel de conselheiro do ex-presidente Lula durante seu governo e, em meados de 2006, chegou a ser cotado para ser ministro do segundo mandato petista. Nunca aconteceu.

Nos bastidores, o ex-ministro passou a ser tratado no Palácio do Planalto também como interlocutor de Antonio Palocci. Anos depois, o ex-ministro viria a delatar Delfim em seu acordo com a PF.

Durante a pré-campanha, o ex-presidente Lula usou diversos endereços como seu QG. Reuniões com coordenadores e aliados foram frequentemente realizadas em hotéis na zona sul e na Bela Vista, e na sede da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo. O petista também recebeu políticos e artistas em sua residência alugada no Alto de Pinheiros. Diferentemente do novo QG, a casa de Lula mal pode ser vista atrás de seus muros altos.

A campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a ter como QG uma casa que pertenceu ao ex-ministro da Fazenda da ditadura militar Delfim Netto, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo. Em uma área de 1,4 mil metros quadrados, perto do estádio, a residência foi adquirida pelo ex-ministro do “milagre econômico” em 1988, por 18 milhões de cruzados e foi usada por décadas como o escritório de sua empresa de consultoria.

O imóvel continua em nome da Capres Participações, que foi aberta por Delfim nos anos 1980. O ex-ministro, no entanto, deixou a sociedade em fevereiro de 2020. Na documentação, consta apenas que Delfim e seu falecido sócio venderam aos novos sócios suas cotas por R$ 680 mil. Não há registro de como foi feita a transação do imóvel dos antigos para os novos sócios nem sobre a área construída.

Hoje, na região – uma das mais caras – , o custo médio do metro quadrado é em média de R$ 9.559,00. Com tijolos e pedras cinzas na fachada e telhado inclinado, o imóvel de dois andares fica no centro de um amplo jardim. Aos 94 anos, Delfim tem morado em seu sítio, em Jundiaí (SP).

Placa com alusão ao escritório do ex-ministro Delfim Netto; PT não informa valor de aluguel do local Foto: Luiz Vassallo/Estadão

Com muros baixos, o imóvel contradiz as preocupações de caciques petistas com a segurança de Lula. Para onde vai, o ex-presidente é acompanhado por seguranças e agentes da Polícia Federal. Além deles, a casa também é protegida por um vira-lata branco de manchas pretas que rosna e late para qualquer um que se aventure a passar perto do portão e das cercas.

O PT afirma que o contrato foi assinado pelo partido “conforme a legislação eleitoral, que prevê esta situação a partir de 20 de julho do ano eleitoral, depois de realizada a convenção partidária”. O partido, no entanto, não informou o valor pago pelo aluguel.

Ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; casa foi comprada por ele em 1988 Foto: Hélvio Romero/Estadão

“As condições contratuais foram estabelecidas com a empresa proprietária do imóvel, em condições de mercado e atendendo às finalidades pretendidas pelo locador. Os valores serão informados à Justiça Eleitoral, que os divulgará conforme a lei”, diz a legenda, por meio de nota da assessoria de imprensa. A reportagem não localizou o ex-ministro.

Em dezembro de 2018, a casa chegou a ser alvo de buscas e apreensões na Lava Jato. A operação foi batizada de Buona Fortuna, em referência a uma das empresas do ex-ministro. Os investigadores suspeitaram que Delfim recebia propina por meio de consultorias prestadas por seu sobrinho Apolônio Delfim Netto, que chegou a admitir que recebeu R$ 240 mil por consultorias à Odebrecht em espécie.

O dinheiro teria como origem contratos de empreiteiras para a construção da Usina Belo Monte, no Pará, obra conduzida no governo Dilma Rousseff (PT) e contestada por indígenas e ribeirinhos. Em delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez relataram o pagamento de propinas de R$ 15 milhões a Delfim. Uma denúncia chegou a ser oferecida, mas o caso acabou transferido para a Justiça Eleitoral e voltou à estaca zero. Não houve nova acusação do MP, desde então.

O ex-presidente Lula e o deputado André Janones; anúncio de apoio do Avante foi feito no novo QG petista Foto: Nelson Almeida/AFP

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O primeiro evento após a migração de petistas para o novo QG ocorreu nesta quinta-feira, 4, para anunciar a retirada da candidatura do deputado André Janones (Avante), que anunciou apoio ao petista. Compareceram o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) – vice de Lula na chapa – , e caciques petistas como Gleisi Hoffmann e Jaques Wagner. Ex-líder do governo Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (Avante) também esteve por lá. Inicialmente, não foi reconhecido por seguranças, e aguardou debruçado sobre o portão até que fosse liberado.

De integrante do governo militar signatário do Ato Institucional N. 5 (AI-5), o economista ganhou o papel de conselheiro do ex-presidente Lula durante seu governo e, em meados de 2006, chegou a ser cotado para ser ministro do segundo mandato petista. Nunca aconteceu.

Nos bastidores, o ex-ministro passou a ser tratado no Palácio do Planalto também como interlocutor de Antonio Palocci. Anos depois, o ex-ministro viria a delatar Delfim em seu acordo com a PF.

Durante a pré-campanha, o ex-presidente Lula usou diversos endereços como seu QG. Reuniões com coordenadores e aliados foram frequentemente realizadas em hotéis na zona sul e na Bela Vista, e na sede da Fundação Perseu Abramo, em São Paulo. O petista também recebeu políticos e artistas em sua residência alugada no Alto de Pinheiros. Diferentemente do novo QG, a casa de Lula mal pode ser vista atrás de seus muros altos.

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