Caso Bruno e Dom: PF aponta ‘Colômbia’ como mandante dos assassinatos no Vale do Javari


Investigado pelas mortes, Rubén Villar atuava no comércio ilegal de madeira e até peixes

Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - A Polícia Federal afirma que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari, na Amazônia, em junho, foram encomendados por Rubén Dario da Silva Villar, o Colômbia. O estrangeiro está preso desde dezembro depois de descumprir condições impostas ao ganhar a liberdade mediante fiança, em outubro.

A conclusão foi apresentada na tarde desta segunda-feira, 23, em entrevista coletiva realizada na superintendência da PF em Manaus (AM). O Estadão apontou, em junho, que Colômbia era suspeito de ser o mandate. Apesar de ser uma figura conhecida e temida na região da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru, e de estar no radar da polícia há anos, policiais da região chegaram a relatar à reportagem que só viram a primeira fotografia dele dias após os assassinatos.

No Javari, Colômbia era apontado como operador de um esquema de extração ilegal e venda de peixes que abastece não apenas comércios, hotéis, restaurantes e cafés do Alto Solimões, mas também de cidades mais distantes como Tefé e Manaus. Riberinhos, indígenas, indigenistas e policiais também apontam suspeita de vínculo do estrangeiro com o tráfico internacional de drogas operado na Amazônia.

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Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Araujo Pereira e do jornalista Dom Phillips em junho do ano passado  Foto: Wilton Junior / Estadão

Colômbia exerceria influência sobre comunidades ribeirinhas que são cooptadas para a extração ilegal dentro da terra indígena do Javari. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e Jefferson Lima da Silva, o Pelado da Dinha, seriam fornecedores de Colômbia. Ambos estão presos pelo duplo assassinato.

“Temos provas que ele (Colômbia) fornecia munições para o Jefferson e para o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, disse o delegado Alexandre Fontes, superintendente da PF no Amazonas.

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Bruno Pereira treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território. Dom Phillips percorria a Amazônia reunindo informações para um livro, inclusive sobre o trabalho do indigenista. A estratégia desenvolvida por Bruno junto aos povos nativos vinha rendendo prejuízos financeiros aos exploradores.

A conclusão sobre o crime de mando surge após a PF ter inicialmente descartado a possibilidade. Em 17 de junho, 12 dias após os crimes, a polícia emitiu nota dizendo que “as investigações apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”. Mais tarde, a instituição voltou atrás e admitiu que os assassinos confessos poderiam ter agido a pedido de alguém.

Além de Amarildo e Jefferson, o Ministério Público Federal denunciou Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Dantos”. Os três respondem por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. As investigações da PF agora apontam para um quarto participante: Edivaldo da Costa de Oliveira, irmão de Pelado. Ele teria emprestado a espingarda utilizada para matar as vítimas e atuado também na ocultação dos corpos.

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Colômbia foi preso em 8 de julho por apresentar documento falso à PF ao se apresentar voluntariamente para depoimento e negar relação com as mortes de Bruno e Dom. Ele foi para prisão domiciliar em 22 de outubro, após fiança de R$ 15 mil, mas voltou a ser preso por descumprir condicionantes em 20 de dezembro. Desde então, segue encarcerado.

Existe, na região do Javari, uma relação entre grupos de narcotraficantes com ribeirinhos e pescadores. Como mostrou o Estadão, o vínculo se dá por duas razões principais. A primeira é alimentar negócios criados por traficantes em cidades como Benjamin Constant e Tabatinga, no lado brasileiro da fronteira, Letícia, na Colômbia, e Islândia, no Peru. São hotéis, restaurantes e cafés constituídos para dar aparência de legalidade a receitas provenientes do tráfico. O outro interesse dos traficantes sobre os ribeirinhos é ganhar a confiança e o respaldo desses grupos para que possam operar rotas de tráfico de drogas e de armas pela Amazônia.

Um inquérito da PF paralelo à apuração dos assassinatos confirmou a existência de uma quadrilha de pesca ilegal armada da qual Rubén Dario era o líder. Natural de Puerto Marino, na Colômbia, o estrangeiro tinha uma identidade peruana falsa.

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Ainda segue em aberto o inquérito que apura o assassinato do também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, em setembro de 2019, amigo de Bruno Pereira. A principal linha investigativa da polícia é a mesma da investigação sobre os assassinatos de junho de 2022.

Familiar de Maxciel Pereira, ativista ambiental e colaborador da Funai assassinado em 2019; dossiê aponta que crime teve mandante. Foto: Wilton Junior/Estadão

Em entrevista ao Estadão, no ano passado, a mãe de Maxciel afirmou que se as autoridades tivessem chegado aos responsáveis pela morte do filho dela Bruno e Dom não teriam morrido. A família de Maxciel chegou a entregar um dossiê à Polícia Federal indicando possíveis mandantes.

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“É uma angústia muito grande, choro todos os dias. É uma dor muito grande não saber o porquê. Não tenho mais prazer na minha vida. Eu quero justiça. Quero saber porquê mataram meu filho e quero saber quem foi o mandante, porque sabemos que teve mandante”, disse a mãe, não identificada por razões de segurança.

BRASÍLIA - A Polícia Federal afirma que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari, na Amazônia, em junho, foram encomendados por Rubén Dario da Silva Villar, o Colômbia. O estrangeiro está preso desde dezembro depois de descumprir condições impostas ao ganhar a liberdade mediante fiança, em outubro.

A conclusão foi apresentada na tarde desta segunda-feira, 23, em entrevista coletiva realizada na superintendência da PF em Manaus (AM). O Estadão apontou, em junho, que Colômbia era suspeito de ser o mandate. Apesar de ser uma figura conhecida e temida na região da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru, e de estar no radar da polícia há anos, policiais da região chegaram a relatar à reportagem que só viram a primeira fotografia dele dias após os assassinatos.

No Javari, Colômbia era apontado como operador de um esquema de extração ilegal e venda de peixes que abastece não apenas comércios, hotéis, restaurantes e cafés do Alto Solimões, mas também de cidades mais distantes como Tefé e Manaus. Riberinhos, indígenas, indigenistas e policiais também apontam suspeita de vínculo do estrangeiro com o tráfico internacional de drogas operado na Amazônia.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Araujo Pereira e do jornalista Dom Phillips em junho do ano passado  Foto: Wilton Junior / Estadão

Colômbia exerceria influência sobre comunidades ribeirinhas que são cooptadas para a extração ilegal dentro da terra indígena do Javari. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e Jefferson Lima da Silva, o Pelado da Dinha, seriam fornecedores de Colômbia. Ambos estão presos pelo duplo assassinato.

“Temos provas que ele (Colômbia) fornecia munições para o Jefferson e para o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, disse o delegado Alexandre Fontes, superintendente da PF no Amazonas.

Bruno Pereira treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território. Dom Phillips percorria a Amazônia reunindo informações para um livro, inclusive sobre o trabalho do indigenista. A estratégia desenvolvida por Bruno junto aos povos nativos vinha rendendo prejuízos financeiros aos exploradores.

A conclusão sobre o crime de mando surge após a PF ter inicialmente descartado a possibilidade. Em 17 de junho, 12 dias após os crimes, a polícia emitiu nota dizendo que “as investigações apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”. Mais tarde, a instituição voltou atrás e admitiu que os assassinos confessos poderiam ter agido a pedido de alguém.

Além de Amarildo e Jefferson, o Ministério Público Federal denunciou Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Dantos”. Os três respondem por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. As investigações da PF agora apontam para um quarto participante: Edivaldo da Costa de Oliveira, irmão de Pelado. Ele teria emprestado a espingarda utilizada para matar as vítimas e atuado também na ocultação dos corpos.

Colômbia foi preso em 8 de julho por apresentar documento falso à PF ao se apresentar voluntariamente para depoimento e negar relação com as mortes de Bruno e Dom. Ele foi para prisão domiciliar em 22 de outubro, após fiança de R$ 15 mil, mas voltou a ser preso por descumprir condicionantes em 20 de dezembro. Desde então, segue encarcerado.

Existe, na região do Javari, uma relação entre grupos de narcotraficantes com ribeirinhos e pescadores. Como mostrou o Estadão, o vínculo se dá por duas razões principais. A primeira é alimentar negócios criados por traficantes em cidades como Benjamin Constant e Tabatinga, no lado brasileiro da fronteira, Letícia, na Colômbia, e Islândia, no Peru. São hotéis, restaurantes e cafés constituídos para dar aparência de legalidade a receitas provenientes do tráfico. O outro interesse dos traficantes sobre os ribeirinhos é ganhar a confiança e o respaldo desses grupos para que possam operar rotas de tráfico de drogas e de armas pela Amazônia.

Um inquérito da PF paralelo à apuração dos assassinatos confirmou a existência de uma quadrilha de pesca ilegal armada da qual Rubén Dario era o líder. Natural de Puerto Marino, na Colômbia, o estrangeiro tinha uma identidade peruana falsa.

Ainda segue em aberto o inquérito que apura o assassinato do também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, em setembro de 2019, amigo de Bruno Pereira. A principal linha investigativa da polícia é a mesma da investigação sobre os assassinatos de junho de 2022.

Familiar de Maxciel Pereira, ativista ambiental e colaborador da Funai assassinado em 2019; dossiê aponta que crime teve mandante. Foto: Wilton Junior/Estadão

Em entrevista ao Estadão, no ano passado, a mãe de Maxciel afirmou que se as autoridades tivessem chegado aos responsáveis pela morte do filho dela Bruno e Dom não teriam morrido. A família de Maxciel chegou a entregar um dossiê à Polícia Federal indicando possíveis mandantes.

“É uma angústia muito grande, choro todos os dias. É uma dor muito grande não saber o porquê. Não tenho mais prazer na minha vida. Eu quero justiça. Quero saber porquê mataram meu filho e quero saber quem foi o mandante, porque sabemos que teve mandante”, disse a mãe, não identificada por razões de segurança.

BRASÍLIA - A Polícia Federal afirma que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari, na Amazônia, em junho, foram encomendados por Rubén Dario da Silva Villar, o Colômbia. O estrangeiro está preso desde dezembro depois de descumprir condições impostas ao ganhar a liberdade mediante fiança, em outubro.

A conclusão foi apresentada na tarde desta segunda-feira, 23, em entrevista coletiva realizada na superintendência da PF em Manaus (AM). O Estadão apontou, em junho, que Colômbia era suspeito de ser o mandate. Apesar de ser uma figura conhecida e temida na região da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru, e de estar no radar da polícia há anos, policiais da região chegaram a relatar à reportagem que só viram a primeira fotografia dele dias após os assassinatos.

No Javari, Colômbia era apontado como operador de um esquema de extração ilegal e venda de peixes que abastece não apenas comércios, hotéis, restaurantes e cafés do Alto Solimões, mas também de cidades mais distantes como Tefé e Manaus. Riberinhos, indígenas, indigenistas e policiais também apontam suspeita de vínculo do estrangeiro com o tráfico internacional de drogas operado na Amazônia.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Araujo Pereira e do jornalista Dom Phillips em junho do ano passado  Foto: Wilton Junior / Estadão

Colômbia exerceria influência sobre comunidades ribeirinhas que são cooptadas para a extração ilegal dentro da terra indígena do Javari. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e Jefferson Lima da Silva, o Pelado da Dinha, seriam fornecedores de Colômbia. Ambos estão presos pelo duplo assassinato.

“Temos provas que ele (Colômbia) fornecia munições para o Jefferson e para o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, disse o delegado Alexandre Fontes, superintendente da PF no Amazonas.

Bruno Pereira treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território. Dom Phillips percorria a Amazônia reunindo informações para um livro, inclusive sobre o trabalho do indigenista. A estratégia desenvolvida por Bruno junto aos povos nativos vinha rendendo prejuízos financeiros aos exploradores.

A conclusão sobre o crime de mando surge após a PF ter inicialmente descartado a possibilidade. Em 17 de junho, 12 dias após os crimes, a polícia emitiu nota dizendo que “as investigações apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”. Mais tarde, a instituição voltou atrás e admitiu que os assassinos confessos poderiam ter agido a pedido de alguém.

Além de Amarildo e Jefferson, o Ministério Público Federal denunciou Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Dantos”. Os três respondem por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. As investigações da PF agora apontam para um quarto participante: Edivaldo da Costa de Oliveira, irmão de Pelado. Ele teria emprestado a espingarda utilizada para matar as vítimas e atuado também na ocultação dos corpos.

Colômbia foi preso em 8 de julho por apresentar documento falso à PF ao se apresentar voluntariamente para depoimento e negar relação com as mortes de Bruno e Dom. Ele foi para prisão domiciliar em 22 de outubro, após fiança de R$ 15 mil, mas voltou a ser preso por descumprir condicionantes em 20 de dezembro. Desde então, segue encarcerado.

Existe, na região do Javari, uma relação entre grupos de narcotraficantes com ribeirinhos e pescadores. Como mostrou o Estadão, o vínculo se dá por duas razões principais. A primeira é alimentar negócios criados por traficantes em cidades como Benjamin Constant e Tabatinga, no lado brasileiro da fronteira, Letícia, na Colômbia, e Islândia, no Peru. São hotéis, restaurantes e cafés constituídos para dar aparência de legalidade a receitas provenientes do tráfico. O outro interesse dos traficantes sobre os ribeirinhos é ganhar a confiança e o respaldo desses grupos para que possam operar rotas de tráfico de drogas e de armas pela Amazônia.

Um inquérito da PF paralelo à apuração dos assassinatos confirmou a existência de uma quadrilha de pesca ilegal armada da qual Rubén Dario era o líder. Natural de Puerto Marino, na Colômbia, o estrangeiro tinha uma identidade peruana falsa.

Ainda segue em aberto o inquérito que apura o assassinato do também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, em setembro de 2019, amigo de Bruno Pereira. A principal linha investigativa da polícia é a mesma da investigação sobre os assassinatos de junho de 2022.

Familiar de Maxciel Pereira, ativista ambiental e colaborador da Funai assassinado em 2019; dossiê aponta que crime teve mandante. Foto: Wilton Junior/Estadão

Em entrevista ao Estadão, no ano passado, a mãe de Maxciel afirmou que se as autoridades tivessem chegado aos responsáveis pela morte do filho dela Bruno e Dom não teriam morrido. A família de Maxciel chegou a entregar um dossiê à Polícia Federal indicando possíveis mandantes.

“É uma angústia muito grande, choro todos os dias. É uma dor muito grande não saber o porquê. Não tenho mais prazer na minha vida. Eu quero justiça. Quero saber porquê mataram meu filho e quero saber quem foi o mandante, porque sabemos que teve mandante”, disse a mãe, não identificada por razões de segurança.

BRASÍLIA - A Polícia Federal afirma que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari, na Amazônia, em junho, foram encomendados por Rubén Dario da Silva Villar, o Colômbia. O estrangeiro está preso desde dezembro depois de descumprir condições impostas ao ganhar a liberdade mediante fiança, em outubro.

A conclusão foi apresentada na tarde desta segunda-feira, 23, em entrevista coletiva realizada na superintendência da PF em Manaus (AM). O Estadão apontou, em junho, que Colômbia era suspeito de ser o mandate. Apesar de ser uma figura conhecida e temida na região da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru, e de estar no radar da polícia há anos, policiais da região chegaram a relatar à reportagem que só viram a primeira fotografia dele dias após os assassinatos.

No Javari, Colômbia era apontado como operador de um esquema de extração ilegal e venda de peixes que abastece não apenas comércios, hotéis, restaurantes e cafés do Alto Solimões, mas também de cidades mais distantes como Tefé e Manaus. Riberinhos, indígenas, indigenistas e policiais também apontam suspeita de vínculo do estrangeiro com o tráfico internacional de drogas operado na Amazônia.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Araujo Pereira e do jornalista Dom Phillips em junho do ano passado  Foto: Wilton Junior / Estadão

Colômbia exerceria influência sobre comunidades ribeirinhas que são cooptadas para a extração ilegal dentro da terra indígena do Javari. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e Jefferson Lima da Silva, o Pelado da Dinha, seriam fornecedores de Colômbia. Ambos estão presos pelo duplo assassinato.

“Temos provas que ele (Colômbia) fornecia munições para o Jefferson e para o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, disse o delegado Alexandre Fontes, superintendente da PF no Amazonas.

Bruno Pereira treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território. Dom Phillips percorria a Amazônia reunindo informações para um livro, inclusive sobre o trabalho do indigenista. A estratégia desenvolvida por Bruno junto aos povos nativos vinha rendendo prejuízos financeiros aos exploradores.

A conclusão sobre o crime de mando surge após a PF ter inicialmente descartado a possibilidade. Em 17 de junho, 12 dias após os crimes, a polícia emitiu nota dizendo que “as investigações apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”. Mais tarde, a instituição voltou atrás e admitiu que os assassinos confessos poderiam ter agido a pedido de alguém.

Além de Amarildo e Jefferson, o Ministério Público Federal denunciou Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Dantos”. Os três respondem por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. As investigações da PF agora apontam para um quarto participante: Edivaldo da Costa de Oliveira, irmão de Pelado. Ele teria emprestado a espingarda utilizada para matar as vítimas e atuado também na ocultação dos corpos.

Colômbia foi preso em 8 de julho por apresentar documento falso à PF ao se apresentar voluntariamente para depoimento e negar relação com as mortes de Bruno e Dom. Ele foi para prisão domiciliar em 22 de outubro, após fiança de R$ 15 mil, mas voltou a ser preso por descumprir condicionantes em 20 de dezembro. Desde então, segue encarcerado.

Existe, na região do Javari, uma relação entre grupos de narcotraficantes com ribeirinhos e pescadores. Como mostrou o Estadão, o vínculo se dá por duas razões principais. A primeira é alimentar negócios criados por traficantes em cidades como Benjamin Constant e Tabatinga, no lado brasileiro da fronteira, Letícia, na Colômbia, e Islândia, no Peru. São hotéis, restaurantes e cafés constituídos para dar aparência de legalidade a receitas provenientes do tráfico. O outro interesse dos traficantes sobre os ribeirinhos é ganhar a confiança e o respaldo desses grupos para que possam operar rotas de tráfico de drogas e de armas pela Amazônia.

Um inquérito da PF paralelo à apuração dos assassinatos confirmou a existência de uma quadrilha de pesca ilegal armada da qual Rubén Dario era o líder. Natural de Puerto Marino, na Colômbia, o estrangeiro tinha uma identidade peruana falsa.

Ainda segue em aberto o inquérito que apura o assassinato do também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, em setembro de 2019, amigo de Bruno Pereira. A principal linha investigativa da polícia é a mesma da investigação sobre os assassinatos de junho de 2022.

Familiar de Maxciel Pereira, ativista ambiental e colaborador da Funai assassinado em 2019; dossiê aponta que crime teve mandante. Foto: Wilton Junior/Estadão

Em entrevista ao Estadão, no ano passado, a mãe de Maxciel afirmou que se as autoridades tivessem chegado aos responsáveis pela morte do filho dela Bruno e Dom não teriam morrido. A família de Maxciel chegou a entregar um dossiê à Polícia Federal indicando possíveis mandantes.

“É uma angústia muito grande, choro todos os dias. É uma dor muito grande não saber o porquê. Não tenho mais prazer na minha vida. Eu quero justiça. Quero saber porquê mataram meu filho e quero saber quem foi o mandante, porque sabemos que teve mandante”, disse a mãe, não identificada por razões de segurança.

BRASÍLIA - A Polícia Federal afirma que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari, na Amazônia, em junho, foram encomendados por Rubén Dario da Silva Villar, o Colômbia. O estrangeiro está preso desde dezembro depois de descumprir condições impostas ao ganhar a liberdade mediante fiança, em outubro.

A conclusão foi apresentada na tarde desta segunda-feira, 23, em entrevista coletiva realizada na superintendência da PF em Manaus (AM). O Estadão apontou, em junho, que Colômbia era suspeito de ser o mandate. Apesar de ser uma figura conhecida e temida na região da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru, e de estar no radar da polícia há anos, policiais da região chegaram a relatar à reportagem que só viram a primeira fotografia dele dias após os assassinatos.

No Javari, Colômbia era apontado como operador de um esquema de extração ilegal e venda de peixes que abastece não apenas comércios, hotéis, restaurantes e cafés do Alto Solimões, mas também de cidades mais distantes como Tefé e Manaus. Riberinhos, indígenas, indigenistas e policiais também apontam suspeita de vínculo do estrangeiro com o tráfico internacional de drogas operado na Amazônia.

Um dos suspeitos preso foi levado pela Policia Federal para indicar o local aonde estavam os corpos do indigenista Bruno Araujo Pereira e do jornalista Dom Phillips em junho do ano passado  Foto: Wilton Junior / Estadão

Colômbia exerceria influência sobre comunidades ribeirinhas que são cooptadas para a extração ilegal dentro da terra indígena do Javari. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e Jefferson Lima da Silva, o Pelado da Dinha, seriam fornecedores de Colômbia. Ambos estão presos pelo duplo assassinato.

“Temos provas que ele (Colômbia) fornecia munições para o Jefferson e para o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, disse o delegado Alexandre Fontes, superintendente da PF no Amazonas.

Bruno Pereira treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território. Dom Phillips percorria a Amazônia reunindo informações para um livro, inclusive sobre o trabalho do indigenista. A estratégia desenvolvida por Bruno junto aos povos nativos vinha rendendo prejuízos financeiros aos exploradores.

A conclusão sobre o crime de mando surge após a PF ter inicialmente descartado a possibilidade. Em 17 de junho, 12 dias após os crimes, a polícia emitiu nota dizendo que “as investigações apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”. Mais tarde, a instituição voltou atrás e admitiu que os assassinos confessos poderiam ter agido a pedido de alguém.

Além de Amarildo e Jefferson, o Ministério Público Federal denunciou Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Dantos”. Os três respondem por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. As investigações da PF agora apontam para um quarto participante: Edivaldo da Costa de Oliveira, irmão de Pelado. Ele teria emprestado a espingarda utilizada para matar as vítimas e atuado também na ocultação dos corpos.

Colômbia foi preso em 8 de julho por apresentar documento falso à PF ao se apresentar voluntariamente para depoimento e negar relação com as mortes de Bruno e Dom. Ele foi para prisão domiciliar em 22 de outubro, após fiança de R$ 15 mil, mas voltou a ser preso por descumprir condicionantes em 20 de dezembro. Desde então, segue encarcerado.

Existe, na região do Javari, uma relação entre grupos de narcotraficantes com ribeirinhos e pescadores. Como mostrou o Estadão, o vínculo se dá por duas razões principais. A primeira é alimentar negócios criados por traficantes em cidades como Benjamin Constant e Tabatinga, no lado brasileiro da fronteira, Letícia, na Colômbia, e Islândia, no Peru. São hotéis, restaurantes e cafés constituídos para dar aparência de legalidade a receitas provenientes do tráfico. O outro interesse dos traficantes sobre os ribeirinhos é ganhar a confiança e o respaldo desses grupos para que possam operar rotas de tráfico de drogas e de armas pela Amazônia.

Um inquérito da PF paralelo à apuração dos assassinatos confirmou a existência de uma quadrilha de pesca ilegal armada da qual Rubén Dario era o líder. Natural de Puerto Marino, na Colômbia, o estrangeiro tinha uma identidade peruana falsa.

Ainda segue em aberto o inquérito que apura o assassinato do também indigenista Maxciel Pereira dos Santos, em setembro de 2019, amigo de Bruno Pereira. A principal linha investigativa da polícia é a mesma da investigação sobre os assassinatos de junho de 2022.

Familiar de Maxciel Pereira, ativista ambiental e colaborador da Funai assassinado em 2019; dossiê aponta que crime teve mandante. Foto: Wilton Junior/Estadão

Em entrevista ao Estadão, no ano passado, a mãe de Maxciel afirmou que se as autoridades tivessem chegado aos responsáveis pela morte do filho dela Bruno e Dom não teriam morrido. A família de Maxciel chegou a entregar um dossiê à Polícia Federal indicando possíveis mandantes.

“É uma angústia muito grande, choro todos os dias. É uma dor muito grande não saber o porquê. Não tenho mais prazer na minha vida. Eu quero justiça. Quero saber porquê mataram meu filho e quero saber quem foi o mandante, porque sabemos que teve mandante”, disse a mãe, não identificada por razões de segurança.

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