Caso das joias arrasta Exército, Marinha e Aeronáutica para problemas de Bolsonaro


Escândalo revelado em março pelo ‘Estadão’ e operação da Polícia Federal desta sexta-feira, 11, envolvem, em diferentes níveis e condições, representantes e os nomes das três Forças

Por Isabella Alonso Panho e Vinícius Valfré
Atualização:

Com o fechamento do cerco em torno de Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica acabaram tragados para a crise. Em diferentes escalas, as três instituições foram de alguma maneira citadas tanto no caso da tentativa de reaver joias confiscadas pela Receita Federal quanto no da venda de presentes valiosos recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado.

A operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, aponta participação direta de homens do Exército em um “esquema internacional” de venda de presentes recebidos em viagens presidenciais. O general Mauro Cesar Lourena Cid, o filho dele, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o coronel Marcelo Câmara e o primeiro-tenente Osmar Crivelatti aparecem com destaque na operacionalização da venda dos itens.

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O dinheiro das negociações, segundo a polícia, voltava em espécie para Bolsonaro. Trocas de mensagens entre o general e o coronel mostraram envolvimento direto de ambos nas negociações e no repasse de valores. “Tem U$ 25 mil com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. (...) Quanto menos movimentação em conta, melhor né?”, diz Mauro Cid em um áudio.

Uma das evidências apontadas na investigação é o reflexo de Lourena Cid na foto da caixa de uma escultura dourada. Ele enviou as fotos ao filho e pediu orientações sobre onde levar o objeto para que o valor fosse apurado. Mauro Cid era o chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro, uma espécie de “faz tudo” do então presidente. O pai dele não tinha ligação formal com o gabinete do ex-presidente.

Como mostrou o Estadão, a investigação contra Lourena Cid representa a primeira a alcançar um ex-integrante do Alto Comando do Exército. Ele esteve na cúpula do oficialato até 2019 e é, ao menos até agora, um dos mais prestigiados nomes do meio militar nas últimas décadas.

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General Mauro Cesar Lourena, pai do coronel Mauro Cid, foi colega de turma do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

A operação da PF tem paralelo com outro caso de suposto desvio de joias ocorrido durante o governo Bolsonaro. Em março, o Estadão revelou que o ex-presidente ganhou do governo da Árabia Saudita um conjunto de joias - dentre as quais estava um colar de diamantes. O entorno bolsonarista tentou entrar com o presente ilegalmente no País, em outubro de 2021, sem declará-lo à Receita.

O almirante Bento

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Um dos principais personagens do episódio foi o almirante da Marinha Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo passado. O pacote de joias estava em posse de um assessor dele quando foi retido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao saber que a fiscalização apreendeu o item, o ministro retornou à área da alfândega e tentou liberar os diamantes.

'Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama', disse Bento Albuquerque. Foto: Reprodução/TV Globo

Outro membro da Marinha foi envolvido no caso, o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva, um ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Dias antes do fim do mandato do ex-presidente, o militar foi enviado a Guarulhos para tentar retirar as joias que ficaram retidas na Receita. O documento que determinava a viagem, revelado pelo Estadão, é um dos indícios contra Bolsonaro nessa investigação.

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Vídeo mostra momento em que sargento Jairo Moreira diz que 'não pode ter nada do (governo) antigo pro próximo'. Foto: Reprodução/TV Globo

O sargento foi enviado a São Paulo em um voo da Força Aérea Brasileira no dia 29 de dezembro, véspera da partida de Bolsonaro para os Estados Unidos. No local, disse que o pedido para retirar as joias tinha “urgência”. O servidor que o atendeu resistiu à pressão e disse que só poderia liberar com a documentação adequada.

A saída do então presidente do país também se deu pelas asas da Aeronáutica, como é praxe nos deslocamentos aéreos do presidente da República. A bordo, Bolsonaro levava presentes que seu grupo tentaria vender nos Estados Unidos.

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“Após serem apropriados pelo ex-presidente da República, formalmente ou não, os bens foram levados, de forma oculta, para os Estados Unidos da América, na data de 30 de dezembro de 2022, por meio de avião presidencial e encaminhados para lojas especializadas nos estados da Flórida, Nova Iorque e Pensilvânia, para serem avaliados e submetidos à alienação, por meio de leilões e/ou venda direta”, diz relatório da PF.

Com o fechamento do cerco em torno de Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica acabaram tragados para a crise. Em diferentes escalas, as três instituições foram de alguma maneira citadas tanto no caso da tentativa de reaver joias confiscadas pela Receita Federal quanto no da venda de presentes valiosos recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado.

A operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, aponta participação direta de homens do Exército em um “esquema internacional” de venda de presentes recebidos em viagens presidenciais. O general Mauro Cesar Lourena Cid, o filho dele, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o coronel Marcelo Câmara e o primeiro-tenente Osmar Crivelatti aparecem com destaque na operacionalização da venda dos itens.

O dinheiro das negociações, segundo a polícia, voltava em espécie para Bolsonaro. Trocas de mensagens entre o general e o coronel mostraram envolvimento direto de ambos nas negociações e no repasse de valores. “Tem U$ 25 mil com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. (...) Quanto menos movimentação em conta, melhor né?”, diz Mauro Cid em um áudio.

Uma das evidências apontadas na investigação é o reflexo de Lourena Cid na foto da caixa de uma escultura dourada. Ele enviou as fotos ao filho e pediu orientações sobre onde levar o objeto para que o valor fosse apurado. Mauro Cid era o chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro, uma espécie de “faz tudo” do então presidente. O pai dele não tinha ligação formal com o gabinete do ex-presidente.

Como mostrou o Estadão, a investigação contra Lourena Cid representa a primeira a alcançar um ex-integrante do Alto Comando do Exército. Ele esteve na cúpula do oficialato até 2019 e é, ao menos até agora, um dos mais prestigiados nomes do meio militar nas últimas décadas.

General Mauro Cesar Lourena, pai do coronel Mauro Cid, foi colega de turma do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

A operação da PF tem paralelo com outro caso de suposto desvio de joias ocorrido durante o governo Bolsonaro. Em março, o Estadão revelou que o ex-presidente ganhou do governo da Árabia Saudita um conjunto de joias - dentre as quais estava um colar de diamantes. O entorno bolsonarista tentou entrar com o presente ilegalmente no País, em outubro de 2021, sem declará-lo à Receita.

O almirante Bento

Um dos principais personagens do episódio foi o almirante da Marinha Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo passado. O pacote de joias estava em posse de um assessor dele quando foi retido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao saber que a fiscalização apreendeu o item, o ministro retornou à área da alfândega e tentou liberar os diamantes.

'Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama', disse Bento Albuquerque. Foto: Reprodução/TV Globo

Outro membro da Marinha foi envolvido no caso, o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva, um ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Dias antes do fim do mandato do ex-presidente, o militar foi enviado a Guarulhos para tentar retirar as joias que ficaram retidas na Receita. O documento que determinava a viagem, revelado pelo Estadão, é um dos indícios contra Bolsonaro nessa investigação.

Vídeo mostra momento em que sargento Jairo Moreira diz que 'não pode ter nada do (governo) antigo pro próximo'. Foto: Reprodução/TV Globo

O sargento foi enviado a São Paulo em um voo da Força Aérea Brasileira no dia 29 de dezembro, véspera da partida de Bolsonaro para os Estados Unidos. No local, disse que o pedido para retirar as joias tinha “urgência”. O servidor que o atendeu resistiu à pressão e disse que só poderia liberar com a documentação adequada.

A saída do então presidente do país também se deu pelas asas da Aeronáutica, como é praxe nos deslocamentos aéreos do presidente da República. A bordo, Bolsonaro levava presentes que seu grupo tentaria vender nos Estados Unidos.

“Após serem apropriados pelo ex-presidente da República, formalmente ou não, os bens foram levados, de forma oculta, para os Estados Unidos da América, na data de 30 de dezembro de 2022, por meio de avião presidencial e encaminhados para lojas especializadas nos estados da Flórida, Nova Iorque e Pensilvânia, para serem avaliados e submetidos à alienação, por meio de leilões e/ou venda direta”, diz relatório da PF.

Com o fechamento do cerco em torno de Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica acabaram tragados para a crise. Em diferentes escalas, as três instituições foram de alguma maneira citadas tanto no caso da tentativa de reaver joias confiscadas pela Receita Federal quanto no da venda de presentes valiosos recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado.

A operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, aponta participação direta de homens do Exército em um “esquema internacional” de venda de presentes recebidos em viagens presidenciais. O general Mauro Cesar Lourena Cid, o filho dele, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o coronel Marcelo Câmara e o primeiro-tenente Osmar Crivelatti aparecem com destaque na operacionalização da venda dos itens.

O dinheiro das negociações, segundo a polícia, voltava em espécie para Bolsonaro. Trocas de mensagens entre o general e o coronel mostraram envolvimento direto de ambos nas negociações e no repasse de valores. “Tem U$ 25 mil com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. (...) Quanto menos movimentação em conta, melhor né?”, diz Mauro Cid em um áudio.

Uma das evidências apontadas na investigação é o reflexo de Lourena Cid na foto da caixa de uma escultura dourada. Ele enviou as fotos ao filho e pediu orientações sobre onde levar o objeto para que o valor fosse apurado. Mauro Cid era o chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro, uma espécie de “faz tudo” do então presidente. O pai dele não tinha ligação formal com o gabinete do ex-presidente.

Como mostrou o Estadão, a investigação contra Lourena Cid representa a primeira a alcançar um ex-integrante do Alto Comando do Exército. Ele esteve na cúpula do oficialato até 2019 e é, ao menos até agora, um dos mais prestigiados nomes do meio militar nas últimas décadas.

General Mauro Cesar Lourena, pai do coronel Mauro Cid, foi colega de turma do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

A operação da PF tem paralelo com outro caso de suposto desvio de joias ocorrido durante o governo Bolsonaro. Em março, o Estadão revelou que o ex-presidente ganhou do governo da Árabia Saudita um conjunto de joias - dentre as quais estava um colar de diamantes. O entorno bolsonarista tentou entrar com o presente ilegalmente no País, em outubro de 2021, sem declará-lo à Receita.

O almirante Bento

Um dos principais personagens do episódio foi o almirante da Marinha Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo passado. O pacote de joias estava em posse de um assessor dele quando foi retido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao saber que a fiscalização apreendeu o item, o ministro retornou à área da alfândega e tentou liberar os diamantes.

'Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama', disse Bento Albuquerque. Foto: Reprodução/TV Globo

Outro membro da Marinha foi envolvido no caso, o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva, um ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Dias antes do fim do mandato do ex-presidente, o militar foi enviado a Guarulhos para tentar retirar as joias que ficaram retidas na Receita. O documento que determinava a viagem, revelado pelo Estadão, é um dos indícios contra Bolsonaro nessa investigação.

Vídeo mostra momento em que sargento Jairo Moreira diz que 'não pode ter nada do (governo) antigo pro próximo'. Foto: Reprodução/TV Globo

O sargento foi enviado a São Paulo em um voo da Força Aérea Brasileira no dia 29 de dezembro, véspera da partida de Bolsonaro para os Estados Unidos. No local, disse que o pedido para retirar as joias tinha “urgência”. O servidor que o atendeu resistiu à pressão e disse que só poderia liberar com a documentação adequada.

A saída do então presidente do país também se deu pelas asas da Aeronáutica, como é praxe nos deslocamentos aéreos do presidente da República. A bordo, Bolsonaro levava presentes que seu grupo tentaria vender nos Estados Unidos.

“Após serem apropriados pelo ex-presidente da República, formalmente ou não, os bens foram levados, de forma oculta, para os Estados Unidos da América, na data de 30 de dezembro de 2022, por meio de avião presidencial e encaminhados para lojas especializadas nos estados da Flórida, Nova Iorque e Pensilvânia, para serem avaliados e submetidos à alienação, por meio de leilões e/ou venda direta”, diz relatório da PF.

Com o fechamento do cerco em torno de Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica acabaram tragados para a crise. Em diferentes escalas, as três instituições foram de alguma maneira citadas tanto no caso da tentativa de reaver joias confiscadas pela Receita Federal quanto no da venda de presentes valiosos recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado.

A operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, aponta participação direta de homens do Exército em um “esquema internacional” de venda de presentes recebidos em viagens presidenciais. O general Mauro Cesar Lourena Cid, o filho dele, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o coronel Marcelo Câmara e o primeiro-tenente Osmar Crivelatti aparecem com destaque na operacionalização da venda dos itens.

O dinheiro das negociações, segundo a polícia, voltava em espécie para Bolsonaro. Trocas de mensagens entre o general e o coronel mostraram envolvimento direto de ambos nas negociações e no repasse de valores. “Tem U$ 25 mil com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. (...) Quanto menos movimentação em conta, melhor né?”, diz Mauro Cid em um áudio.

Uma das evidências apontadas na investigação é o reflexo de Lourena Cid na foto da caixa de uma escultura dourada. Ele enviou as fotos ao filho e pediu orientações sobre onde levar o objeto para que o valor fosse apurado. Mauro Cid era o chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro, uma espécie de “faz tudo” do então presidente. O pai dele não tinha ligação formal com o gabinete do ex-presidente.

Como mostrou o Estadão, a investigação contra Lourena Cid representa a primeira a alcançar um ex-integrante do Alto Comando do Exército. Ele esteve na cúpula do oficialato até 2019 e é, ao menos até agora, um dos mais prestigiados nomes do meio militar nas últimas décadas.

General Mauro Cesar Lourena, pai do coronel Mauro Cid, foi colega de turma do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

A operação da PF tem paralelo com outro caso de suposto desvio de joias ocorrido durante o governo Bolsonaro. Em março, o Estadão revelou que o ex-presidente ganhou do governo da Árabia Saudita um conjunto de joias - dentre as quais estava um colar de diamantes. O entorno bolsonarista tentou entrar com o presente ilegalmente no País, em outubro de 2021, sem declará-lo à Receita.

O almirante Bento

Um dos principais personagens do episódio foi o almirante da Marinha Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo passado. O pacote de joias estava em posse de um assessor dele quando foi retido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao saber que a fiscalização apreendeu o item, o ministro retornou à área da alfândega e tentou liberar os diamantes.

'Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama', disse Bento Albuquerque. Foto: Reprodução/TV Globo

Outro membro da Marinha foi envolvido no caso, o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva, um ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Dias antes do fim do mandato do ex-presidente, o militar foi enviado a Guarulhos para tentar retirar as joias que ficaram retidas na Receita. O documento que determinava a viagem, revelado pelo Estadão, é um dos indícios contra Bolsonaro nessa investigação.

Vídeo mostra momento em que sargento Jairo Moreira diz que 'não pode ter nada do (governo) antigo pro próximo'. Foto: Reprodução/TV Globo

O sargento foi enviado a São Paulo em um voo da Força Aérea Brasileira no dia 29 de dezembro, véspera da partida de Bolsonaro para os Estados Unidos. No local, disse que o pedido para retirar as joias tinha “urgência”. O servidor que o atendeu resistiu à pressão e disse que só poderia liberar com a documentação adequada.

A saída do então presidente do país também se deu pelas asas da Aeronáutica, como é praxe nos deslocamentos aéreos do presidente da República. A bordo, Bolsonaro levava presentes que seu grupo tentaria vender nos Estados Unidos.

“Após serem apropriados pelo ex-presidente da República, formalmente ou não, os bens foram levados, de forma oculta, para os Estados Unidos da América, na data de 30 de dezembro de 2022, por meio de avião presidencial e encaminhados para lojas especializadas nos estados da Flórida, Nova Iorque e Pensilvânia, para serem avaliados e submetidos à alienação, por meio de leilões e/ou venda direta”, diz relatório da PF.

Com o fechamento do cerco em torno de Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica acabaram tragados para a crise. Em diferentes escalas, as três instituições foram de alguma maneira citadas tanto no caso da tentativa de reaver joias confiscadas pela Receita Federal quanto no da venda de presentes valiosos recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado.

A operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, aponta participação direta de homens do Exército em um “esquema internacional” de venda de presentes recebidos em viagens presidenciais. O general Mauro Cesar Lourena Cid, o filho dele, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o coronel Marcelo Câmara e o primeiro-tenente Osmar Crivelatti aparecem com destaque na operacionalização da venda dos itens.

O dinheiro das negociações, segundo a polícia, voltava em espécie para Bolsonaro. Trocas de mensagens entre o general e o coronel mostraram envolvimento direto de ambos nas negociações e no repasse de valores. “Tem U$ 25 mil com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. (...) Quanto menos movimentação em conta, melhor né?”, diz Mauro Cid em um áudio.

Uma das evidências apontadas na investigação é o reflexo de Lourena Cid na foto da caixa de uma escultura dourada. Ele enviou as fotos ao filho e pediu orientações sobre onde levar o objeto para que o valor fosse apurado. Mauro Cid era o chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro, uma espécie de “faz tudo” do então presidente. O pai dele não tinha ligação formal com o gabinete do ex-presidente.

Como mostrou o Estadão, a investigação contra Lourena Cid representa a primeira a alcançar um ex-integrante do Alto Comando do Exército. Ele esteve na cúpula do oficialato até 2019 e é, ao menos até agora, um dos mais prestigiados nomes do meio militar nas últimas décadas.

General Mauro Cesar Lourena, pai do coronel Mauro Cid, foi colega de turma do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras Foto: José Antonio Teixeira/Alesp

A operação da PF tem paralelo com outro caso de suposto desvio de joias ocorrido durante o governo Bolsonaro. Em março, o Estadão revelou que o ex-presidente ganhou do governo da Árabia Saudita um conjunto de joias - dentre as quais estava um colar de diamantes. O entorno bolsonarista tentou entrar com o presente ilegalmente no País, em outubro de 2021, sem declará-lo à Receita.

O almirante Bento

Um dos principais personagens do episódio foi o almirante da Marinha Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo passado. O pacote de joias estava em posse de um assessor dele quando foi retido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao saber que a fiscalização apreendeu o item, o ministro retornou à área da alfândega e tentou liberar os diamantes.

'Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama', disse Bento Albuquerque. Foto: Reprodução/TV Globo

Outro membro da Marinha foi envolvido no caso, o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva, um ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Dias antes do fim do mandato do ex-presidente, o militar foi enviado a Guarulhos para tentar retirar as joias que ficaram retidas na Receita. O documento que determinava a viagem, revelado pelo Estadão, é um dos indícios contra Bolsonaro nessa investigação.

Vídeo mostra momento em que sargento Jairo Moreira diz que 'não pode ter nada do (governo) antigo pro próximo'. Foto: Reprodução/TV Globo

O sargento foi enviado a São Paulo em um voo da Força Aérea Brasileira no dia 29 de dezembro, véspera da partida de Bolsonaro para os Estados Unidos. No local, disse que o pedido para retirar as joias tinha “urgência”. O servidor que o atendeu resistiu à pressão e disse que só poderia liberar com a documentação adequada.

A saída do então presidente do país também se deu pelas asas da Aeronáutica, como é praxe nos deslocamentos aéreos do presidente da República. A bordo, Bolsonaro levava presentes que seu grupo tentaria vender nos Estados Unidos.

“Após serem apropriados pelo ex-presidente da República, formalmente ou não, os bens foram levados, de forma oculta, para os Estados Unidos da América, na data de 30 de dezembro de 2022, por meio de avião presidencial e encaminhados para lojas especializadas nos estados da Flórida, Nova Iorque e Pensilvânia, para serem avaliados e submetidos à alienação, por meio de leilões e/ou venda direta”, diz relatório da PF.

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