O ex-presidente Jair Bolsonaro teve seu telefone celular apreendido durante a operação da Polícia Federal sobre suspeita de fraude em cartões de vacinas. O aparelho retido pelas autoridades nesta semana não tem senha, de acordo com ele. O ex-presidente justificou o gesto, afirmando que não tem nada a esconder, e reiterou que está à disposição das autoridades.
Não é a primeira vez, porém, que o celular de Bolsonaro entra na mira das autoridades. Há três anos, em maio de 2020, o então ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, à época decano da Corte, encaminhou um pedido para a Procuradoria-Geral da República (PGR) de que fossem apreendidos os celulares de Jair Bolsonaro, então presidente, e seu filho Carlos, vereador no Rio de Janeiro.
A solicitação havia sido apresentada por parlamentares e partidos da oposição em notícia-crime levada ao STF em que acusam o presidente de interferir na Polícia Federal. Bolsonaro, então, afirmou: ”Alguém está achando que eu sou um rato para entregar um telefone meu numa circunstância como essa?”
O procurador-geral da República, Augusto Aras, negou o pedido. Contudo, houve grande repercussão dentre a base bolsonarista. A reação mais marcante foi a do então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
À época, ele publicou uma nota afirmando que a solicitação era “inconcebível, inacreditável, uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo”. O texto teve um tom de ameaça. “Tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os Poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.”
Bolsonaro também disse, há três anos, que não entregaria seu celular nem mesmo diante de determinação da Justiça.
Caso as investigações da Polícia Federal comprovem a falsificação do cartão de vacinação de Bolsonaro, principal suspeita que motivou a apreensão desta semana, ele pode ser penalizado tanto na Justiça brasileira quanto na estadunidense, além do Tribunal Penal Internacional.