Os ex-governadores paulistas Geraldo Alckmin e José Serra receberam tratamentos diferentes no PSDB após serem alvos de ações da Polícia Federal nas últimas semanas. Enquanto Alckmin foi contemplado com defesas contundentes de caciques históricos da legenda, Serra foi tratado de forma protocolar.
O atual senador foi denunciado no começo do mês pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro transnacional e, nessa terça-feira, 21, foi alvo de mandados de busca e apreensão por suposto esquema de caixa 2 em sua campanha ao Senado. Já Alckmin foi indiciado pela PF por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro. Ambos são investigados em desdobramentos da Operação Lava Jato.
O governador de São Paulo, João Doria, por exemplo, não se manifestou em defesa de Serra nas redes sociais, como fez com Alckmin. "A trajetória de Alckmin é marcada pelo compromisso com valores éticos e dedicação à causa pública", tuitou no dia 16 de novembro nas redes sociais. Em entrevista coletiva ness terça-feira, Doria disse "confiar" que as respostas de ambos ex-governadores serão dadas de forma adequada.
Enquanto o senador se mantém isolado do partido, Alckmin é ativo na vida partidária, sobretudo na base tucana. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, revelou nas redes sociais na semana passada que Alckmin vai ajudar a fazer o capítulo de segurança pública de um "grande programa nacional" tucano que está sendo desenvolvido.
Embora haja desconforto entre aliados de Doria em relação à escolha de Alckmin como coordenador do plano de governo do prefeito Bruno Covas, que vai tentar a reeleição em novembro, o ex-governador é amplamente apoiado pela ala "covista" da legenda, que decidiu mantê-lo na campanha eleitoral. Após o indiciamento, o presidente municipal do PSDB, Fernando Alfredo, fez uma transmissão ao vivo com Alckmin: "Nosso líder e sempre governador". A defesa do ex-governador classificou a medida da PF como "injustificável" e "precipitado".
Sobre Serra, a executiva nacional enviou um nota para os jornalistas que solicitaram um posicionamento: "O senador José Serra tem uma história de contribuição para o Brasil. Temos confiança no devido esclarecimento dos fatos". Já o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, disse, também em nota, que o partido "reitera sua confiança" no senador, que, segundo ele, é "pautada nos mais de 40 anos de uma vida pública conduzida de forma proba e correta".
A PF diz que Serra e o fundador da Qualicorp, o empresário José Seripieri Filho, preso provisoriamente na ação de ontem, estão "no topo da cadeia criminosa" que envolveu supostos repasses ocultos de R$ 5 milhões para a campanha do tucano ao Senado, em 2014. A defesa do senador classificou a operação de "espetacularização" e nega ter recebido vantagens indevidas. Já o advogado do empresário viu a prisão como "injustificável".