Centro-direita tenta isolar o PT em Campinas com Tarcísio de cabo eleitoral no lugar de Bolsonaro


Cidade que foi laboratório do PSDB no Estado deve viver repeteco nas urnas em 2024 com os mesmos candidatos se enfrentando pelo comando da prefeitura

Por Adriana Ferraz
Atualização:

Os eleitores de Campinas, a 99 km de capital, devem viver um repeteco na eleição municipal de 2024, mas, desta vez, com Dário Saadi (Republicanos) em posição de vantagem, ao menos no quesito partidário. Com o apoio do governador Tarcísio de Freitas, principal nome de seu partido, e não do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o atual prefeito busca montar uma aliança ampla de centro-direita para isolar, além do PT, o Cidadania e o PSDB, legenda que tem a cidade como laboratório de políticas púbicas em São Paulo.

Semanalmente, o Estadão vai mostrar como está o “esquenta” na corrida pelas principais prefeituras do Estado. A série teve início com São Paulo, a maior e mais rica cidade do País, com orçamento previsto de R$ 107,3 bilhões para 2024.

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Quadro eleitoral de 2024 em Campinas caminha para ter os mesmos nomes nas urnas Foto: Felipe Rau/Estadão

Em Campinas, a “capital do interior”, com mais de 1,2 milhão de habitantes espalhados em um território extenso de 794 km², a polarização entre políticos de esquerda e de direita já levou ao poder nomes como José Roberto Magalhães Teixeira, o Grama, um dos fundadores do PSDB, e os petistas José Bittar e Antonio da Costa Santos, o Toninho, assassinado a tiros na saída de um shopping em 2001.

De lá para cá, a cidade ainda teve dois prefeitos cassados – Hélio de Oliveira Santos (PDT) e Demétrio Vilagra (PT) – até eleger, por dois mandatos seguidos, o hoje deputado federal Jonas Donizette (PSB). O ex-prefeito, aliás, foi figura central na eleição de Saadi e deve ocupar o mesmo posto em 2024, quando a atual gestão busca juntar na mesma aliança partidos com PSD, PL, PP, PSB, MDB e União Brasil.

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Mas a proximidade de Donizette com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é vice-líder na Câmara dos Deputados, rende munição para os adversários, a começar pelo segundo colocado de 2020, o deputado estadual Rafael Zimbaldi (Cidadania), na época filiado ao PL.

Ex-vereador, o parlamentar considera que Saadi será prejudicado nas urnas por um suposto alinhamento à gestão petista. Em 2022, os moradores de Campinas votaram majoritariamente em Jair Bolsonaro (PL) para a Presidência, Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo do Estado e Marcos Pontes (Republicanos) para o Senado.

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“Ao se aliar a Jonas Dozinette, o atual prefeito acabou por se aliar a Lula. Se eu for candidato, terei a minha posição clara de centro-direita. Minha formação é neste sentido”, afirma Zimbaldi, que destaca ter participado, como vereador, da cassação de Dr. Hélio Demétrio. “É natural que meu nome apareça nas pesquisas, mas hoje estou focado no meu mandato parlamentar e a decisão sobre a candidatura dependerá agora não apenas do Cidadania, mas também do PSDB, com quem somos federados.”

Ao se aliar a Jonas Dozinette, o atual prefeito acabou por se aliar a Lula. Se eu for candidato, terei a minha posição clara de centro-direita. Minha formação é neste sentido

Rafael Zimbaldi (Cidadania), deputado estadual

Zimbaldi ainda tem propagado críticas relacionadas a projetos específicos da gestão Saadi. O foco central tem sido a política habitacional depois que a Prefeitura passou a investir na construção de moradias populares de 15 metros quadrados para uma família inteira. “Isso é indigno”, afirma o deputado. A iniciativa é criticada por especialistas, mas segue uma tendência observada também na capital, onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) criou projeto semelhante para moradores de rua, com unidades modulares de 18 metros quadrados.

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Alternância de poder

Depois de marcar a história da cidade com as administrações bem-sucedidas de Grama, que morreu durante seu segunda mandato, em 1996, o PSDB perdeu protagonismo, assistindo a vitórias consecutivas da esquerda nas urnas, ora com o PT, ora com o PDT. E, em 2024, o principal nome tucano na cidade, o deputado estadual Carlos Pignatari, pode migrar para o PL de Jair Bolsonaro.

Com a força tucana reduzida não apenas em Campinas, mas em todo o Estado – mais de 60 prefeitos já deixaram a legenda –, o PT apostará novamente no ex-vereador Pedro Tourinho para assumir o posto de antagonista na eleição. No primeiro turno da última disputa, o petista ficou em terceiro lugar, mas obteve apenas 6.492 votos a menos que o segundo colocado, Zimbaldi. E, no ano passado, foi o candidato a deputado federal mais votado na cidade, ficando com a suplência.

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Considerada a 'capital do interior', Campinas tem orçamento previsto de R$ 8,9 bilhões para 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

Segundo o PT, o recall e descontentamento da população em relação à gestão Saadi tornará o nome de Tourinho ainda mais competitivo. Além disso, desde março, o médico preside a Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego e com projeção nacional.

Vitrines

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Pronto para rebater as críticas sobre sua administração, Saadi vê na conclusão do BRT (corredor expresso de ônibus) de Campinas a vitrine necessária para sua reeleição. Após enfrentar dificuldades na contratação das obras do último lote, o prefeito comemora a retomada dos trabalhos a um investimento de R$ 50 milhões.

“O BRT já tem um ramal funcionando e outros em andamento. E as obras que faltavam já estão licitadas. As críticas não se sustentam. Nossa previsão é de entregar tudo até o final do próximo ano”, disse Saadi, que, em 2024, estima contar com um orçamento recorde, de R$ 8,9 bilhões. “A cidade está com as contas em dia, estamos construindo 16 creches para acabar com o déficit de vagas e investindo R$ 80 milhões no recapeamento das principais avenidas.”

O BRT já tem um ramal funcionando e outros em andamento. E as obras que faltavam já estão licitadas. As críticas não se sustentam. Nossa previsão é de entregar tudo até o final do próximo ano

Dário Saadi (Republicanos), prefeito de Campinas

As vitrines projetadas pelo prefeito podem lhe render votos e apoio. Para a eleição do próximo ano, Saadi espera contar com os aliados atuais e, quem sabe, passar a representar o nome do bolsonarismo moderado em Campinas. Neste sentido, a proximidade com o governador é considerada um trunfo.

“Tarcísio de Freitas será um personagem importante para Campinas, onde o Republicanos vai disputar com mais chances de vitória. E essa presença do governador na cidade, que deverá ser grande, servirá para influenciar a eleição a favor de Saadi, mas também para pavimentar uma mudança no quadro da direita e extrema-direita com a (possível) saída de Jair Bolsonaro do jogo”, disse o professor Wagner Romão, do Departamento de Ciência Política da Unicamp.

Nas pesquisas de intenção de voto, a delegada Teresinha (Patriota) se coloca como opção da direita, mas ainda busca apoio para se lançar oficialmente. Mesmo que consiga legenda para se candidatar, a expectativa, segundo Romão, é que os mesmos nomes pleiteiem o cargo com mais chances. “É preciso também lembrar que haverá uma força maior desta vez do PT, que melhorou sua votação na cidade em 2022 com o hoje presidente Lula”, completa Romão.

Os eleitores de Campinas, a 99 km de capital, devem viver um repeteco na eleição municipal de 2024, mas, desta vez, com Dário Saadi (Republicanos) em posição de vantagem, ao menos no quesito partidário. Com o apoio do governador Tarcísio de Freitas, principal nome de seu partido, e não do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o atual prefeito busca montar uma aliança ampla de centro-direita para isolar, além do PT, o Cidadania e o PSDB, legenda que tem a cidade como laboratório de políticas púbicas em São Paulo.

Semanalmente, o Estadão vai mostrar como está o “esquenta” na corrida pelas principais prefeituras do Estado. A série teve início com São Paulo, a maior e mais rica cidade do País, com orçamento previsto de R$ 107,3 bilhões para 2024.

Quadro eleitoral de 2024 em Campinas caminha para ter os mesmos nomes nas urnas Foto: Felipe Rau/Estadão

Em Campinas, a “capital do interior”, com mais de 1,2 milhão de habitantes espalhados em um território extenso de 794 km², a polarização entre políticos de esquerda e de direita já levou ao poder nomes como José Roberto Magalhães Teixeira, o Grama, um dos fundadores do PSDB, e os petistas José Bittar e Antonio da Costa Santos, o Toninho, assassinado a tiros na saída de um shopping em 2001.

De lá para cá, a cidade ainda teve dois prefeitos cassados – Hélio de Oliveira Santos (PDT) e Demétrio Vilagra (PT) – até eleger, por dois mandatos seguidos, o hoje deputado federal Jonas Donizette (PSB). O ex-prefeito, aliás, foi figura central na eleição de Saadi e deve ocupar o mesmo posto em 2024, quando a atual gestão busca juntar na mesma aliança partidos com PSD, PL, PP, PSB, MDB e União Brasil.

Mas a proximidade de Donizette com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é vice-líder na Câmara dos Deputados, rende munição para os adversários, a começar pelo segundo colocado de 2020, o deputado estadual Rafael Zimbaldi (Cidadania), na época filiado ao PL.

Ex-vereador, o parlamentar considera que Saadi será prejudicado nas urnas por um suposto alinhamento à gestão petista. Em 2022, os moradores de Campinas votaram majoritariamente em Jair Bolsonaro (PL) para a Presidência, Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo do Estado e Marcos Pontes (Republicanos) para o Senado.

“Ao se aliar a Jonas Dozinette, o atual prefeito acabou por se aliar a Lula. Se eu for candidato, terei a minha posição clara de centro-direita. Minha formação é neste sentido”, afirma Zimbaldi, que destaca ter participado, como vereador, da cassação de Dr. Hélio Demétrio. “É natural que meu nome apareça nas pesquisas, mas hoje estou focado no meu mandato parlamentar e a decisão sobre a candidatura dependerá agora não apenas do Cidadania, mas também do PSDB, com quem somos federados.”

Ao se aliar a Jonas Dozinette, o atual prefeito acabou por se aliar a Lula. Se eu for candidato, terei a minha posição clara de centro-direita. Minha formação é neste sentido

Rafael Zimbaldi (Cidadania), deputado estadual

Zimbaldi ainda tem propagado críticas relacionadas a projetos específicos da gestão Saadi. O foco central tem sido a política habitacional depois que a Prefeitura passou a investir na construção de moradias populares de 15 metros quadrados para uma família inteira. “Isso é indigno”, afirma o deputado. A iniciativa é criticada por especialistas, mas segue uma tendência observada também na capital, onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) criou projeto semelhante para moradores de rua, com unidades modulares de 18 metros quadrados.

Alternância de poder

Depois de marcar a história da cidade com as administrações bem-sucedidas de Grama, que morreu durante seu segunda mandato, em 1996, o PSDB perdeu protagonismo, assistindo a vitórias consecutivas da esquerda nas urnas, ora com o PT, ora com o PDT. E, em 2024, o principal nome tucano na cidade, o deputado estadual Carlos Pignatari, pode migrar para o PL de Jair Bolsonaro.

Com a força tucana reduzida não apenas em Campinas, mas em todo o Estado – mais de 60 prefeitos já deixaram a legenda –, o PT apostará novamente no ex-vereador Pedro Tourinho para assumir o posto de antagonista na eleição. No primeiro turno da última disputa, o petista ficou em terceiro lugar, mas obteve apenas 6.492 votos a menos que o segundo colocado, Zimbaldi. E, no ano passado, foi o candidato a deputado federal mais votado na cidade, ficando com a suplência.

Considerada a 'capital do interior', Campinas tem orçamento previsto de R$ 8,9 bilhões para 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

Segundo o PT, o recall e descontentamento da população em relação à gestão Saadi tornará o nome de Tourinho ainda mais competitivo. Além disso, desde março, o médico preside a Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego e com projeção nacional.

Vitrines

Pronto para rebater as críticas sobre sua administração, Saadi vê na conclusão do BRT (corredor expresso de ônibus) de Campinas a vitrine necessária para sua reeleição. Após enfrentar dificuldades na contratação das obras do último lote, o prefeito comemora a retomada dos trabalhos a um investimento de R$ 50 milhões.

“O BRT já tem um ramal funcionando e outros em andamento. E as obras que faltavam já estão licitadas. As críticas não se sustentam. Nossa previsão é de entregar tudo até o final do próximo ano”, disse Saadi, que, em 2024, estima contar com um orçamento recorde, de R$ 8,9 bilhões. “A cidade está com as contas em dia, estamos construindo 16 creches para acabar com o déficit de vagas e investindo R$ 80 milhões no recapeamento das principais avenidas.”

O BRT já tem um ramal funcionando e outros em andamento. E as obras que faltavam já estão licitadas. As críticas não se sustentam. Nossa previsão é de entregar tudo até o final do próximo ano

Dário Saadi (Republicanos), prefeito de Campinas

As vitrines projetadas pelo prefeito podem lhe render votos e apoio. Para a eleição do próximo ano, Saadi espera contar com os aliados atuais e, quem sabe, passar a representar o nome do bolsonarismo moderado em Campinas. Neste sentido, a proximidade com o governador é considerada um trunfo.

“Tarcísio de Freitas será um personagem importante para Campinas, onde o Republicanos vai disputar com mais chances de vitória. E essa presença do governador na cidade, que deverá ser grande, servirá para influenciar a eleição a favor de Saadi, mas também para pavimentar uma mudança no quadro da direita e extrema-direita com a (possível) saída de Jair Bolsonaro do jogo”, disse o professor Wagner Romão, do Departamento de Ciência Política da Unicamp.

Nas pesquisas de intenção de voto, a delegada Teresinha (Patriota) se coloca como opção da direita, mas ainda busca apoio para se lançar oficialmente. Mesmo que consiga legenda para se candidatar, a expectativa, segundo Romão, é que os mesmos nomes pleiteiem o cargo com mais chances. “É preciso também lembrar que haverá uma força maior desta vez do PT, que melhorou sua votação na cidade em 2022 com o hoje presidente Lula”, completa Romão.

Os eleitores de Campinas, a 99 km de capital, devem viver um repeteco na eleição municipal de 2024, mas, desta vez, com Dário Saadi (Republicanos) em posição de vantagem, ao menos no quesito partidário. Com o apoio do governador Tarcísio de Freitas, principal nome de seu partido, e não do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o atual prefeito busca montar uma aliança ampla de centro-direita para isolar, além do PT, o Cidadania e o PSDB, legenda que tem a cidade como laboratório de políticas púbicas em São Paulo.

Semanalmente, o Estadão vai mostrar como está o “esquenta” na corrida pelas principais prefeituras do Estado. A série teve início com São Paulo, a maior e mais rica cidade do País, com orçamento previsto de R$ 107,3 bilhões para 2024.

Quadro eleitoral de 2024 em Campinas caminha para ter os mesmos nomes nas urnas Foto: Felipe Rau/Estadão

Em Campinas, a “capital do interior”, com mais de 1,2 milhão de habitantes espalhados em um território extenso de 794 km², a polarização entre políticos de esquerda e de direita já levou ao poder nomes como José Roberto Magalhães Teixeira, o Grama, um dos fundadores do PSDB, e os petistas José Bittar e Antonio da Costa Santos, o Toninho, assassinado a tiros na saída de um shopping em 2001.

De lá para cá, a cidade ainda teve dois prefeitos cassados – Hélio de Oliveira Santos (PDT) e Demétrio Vilagra (PT) – até eleger, por dois mandatos seguidos, o hoje deputado federal Jonas Donizette (PSB). O ex-prefeito, aliás, foi figura central na eleição de Saadi e deve ocupar o mesmo posto em 2024, quando a atual gestão busca juntar na mesma aliança partidos com PSD, PL, PP, PSB, MDB e União Brasil.

Mas a proximidade de Donizette com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é vice-líder na Câmara dos Deputados, rende munição para os adversários, a começar pelo segundo colocado de 2020, o deputado estadual Rafael Zimbaldi (Cidadania), na época filiado ao PL.

Ex-vereador, o parlamentar considera que Saadi será prejudicado nas urnas por um suposto alinhamento à gestão petista. Em 2022, os moradores de Campinas votaram majoritariamente em Jair Bolsonaro (PL) para a Presidência, Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo do Estado e Marcos Pontes (Republicanos) para o Senado.

“Ao se aliar a Jonas Dozinette, o atual prefeito acabou por se aliar a Lula. Se eu for candidato, terei a minha posição clara de centro-direita. Minha formação é neste sentido”, afirma Zimbaldi, que destaca ter participado, como vereador, da cassação de Dr. Hélio Demétrio. “É natural que meu nome apareça nas pesquisas, mas hoje estou focado no meu mandato parlamentar e a decisão sobre a candidatura dependerá agora não apenas do Cidadania, mas também do PSDB, com quem somos federados.”

Ao se aliar a Jonas Dozinette, o atual prefeito acabou por se aliar a Lula. Se eu for candidato, terei a minha posição clara de centro-direita. Minha formação é neste sentido

Rafael Zimbaldi (Cidadania), deputado estadual

Zimbaldi ainda tem propagado críticas relacionadas a projetos específicos da gestão Saadi. O foco central tem sido a política habitacional depois que a Prefeitura passou a investir na construção de moradias populares de 15 metros quadrados para uma família inteira. “Isso é indigno”, afirma o deputado. A iniciativa é criticada por especialistas, mas segue uma tendência observada também na capital, onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) criou projeto semelhante para moradores de rua, com unidades modulares de 18 metros quadrados.

Alternância de poder

Depois de marcar a história da cidade com as administrações bem-sucedidas de Grama, que morreu durante seu segunda mandato, em 1996, o PSDB perdeu protagonismo, assistindo a vitórias consecutivas da esquerda nas urnas, ora com o PT, ora com o PDT. E, em 2024, o principal nome tucano na cidade, o deputado estadual Carlos Pignatari, pode migrar para o PL de Jair Bolsonaro.

Com a força tucana reduzida não apenas em Campinas, mas em todo o Estado – mais de 60 prefeitos já deixaram a legenda –, o PT apostará novamente no ex-vereador Pedro Tourinho para assumir o posto de antagonista na eleição. No primeiro turno da última disputa, o petista ficou em terceiro lugar, mas obteve apenas 6.492 votos a menos que o segundo colocado, Zimbaldi. E, no ano passado, foi o candidato a deputado federal mais votado na cidade, ficando com a suplência.

Considerada a 'capital do interior', Campinas tem orçamento previsto de R$ 8,9 bilhões para 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

Segundo o PT, o recall e descontentamento da população em relação à gestão Saadi tornará o nome de Tourinho ainda mais competitivo. Além disso, desde março, o médico preside a Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego e com projeção nacional.

Vitrines

Pronto para rebater as críticas sobre sua administração, Saadi vê na conclusão do BRT (corredor expresso de ônibus) de Campinas a vitrine necessária para sua reeleição. Após enfrentar dificuldades na contratação das obras do último lote, o prefeito comemora a retomada dos trabalhos a um investimento de R$ 50 milhões.

“O BRT já tem um ramal funcionando e outros em andamento. E as obras que faltavam já estão licitadas. As críticas não se sustentam. Nossa previsão é de entregar tudo até o final do próximo ano”, disse Saadi, que, em 2024, estima contar com um orçamento recorde, de R$ 8,9 bilhões. “A cidade está com as contas em dia, estamos construindo 16 creches para acabar com o déficit de vagas e investindo R$ 80 milhões no recapeamento das principais avenidas.”

O BRT já tem um ramal funcionando e outros em andamento. E as obras que faltavam já estão licitadas. As críticas não se sustentam. Nossa previsão é de entregar tudo até o final do próximo ano

Dário Saadi (Republicanos), prefeito de Campinas

As vitrines projetadas pelo prefeito podem lhe render votos e apoio. Para a eleição do próximo ano, Saadi espera contar com os aliados atuais e, quem sabe, passar a representar o nome do bolsonarismo moderado em Campinas. Neste sentido, a proximidade com o governador é considerada um trunfo.

“Tarcísio de Freitas será um personagem importante para Campinas, onde o Republicanos vai disputar com mais chances de vitória. E essa presença do governador na cidade, que deverá ser grande, servirá para influenciar a eleição a favor de Saadi, mas também para pavimentar uma mudança no quadro da direita e extrema-direita com a (possível) saída de Jair Bolsonaro do jogo”, disse o professor Wagner Romão, do Departamento de Ciência Política da Unicamp.

Nas pesquisas de intenção de voto, a delegada Teresinha (Patriota) se coloca como opção da direita, mas ainda busca apoio para se lançar oficialmente. Mesmo que consiga legenda para se candidatar, a expectativa, segundo Romão, é que os mesmos nomes pleiteiem o cargo com mais chances. “É preciso também lembrar que haverá uma força maior desta vez do PT, que melhorou sua votação na cidade em 2022 com o hoje presidente Lula”, completa Romão.

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