PERÍCIA EM ÁUDIO Segundo procuradores que participaram das negociações da delação premiada de Joesley Batista e dos demais colaboradores do grupo JBS, a gravação da conversa entre Joesley Batista e Michel Temer no Palácio do Jaburu em 7 de março deste ano não foi periciada antes de ser usada como uma das provas para o pedido de abertura de inquérito contra o presidente. A informação levou a defesa do presidente Michel Temer a periciar o material, o que também foi feito pela Polícia Federal. Enquanto a versão do perito contratado pelo Palácio do Planalto concluiu que o áudio era “imprestável”, técnicos do Instituto Nacional de Criminalística sustentaram que a gravação não fora editada ou adulterada.
PROCURADOR MILLER A saída do ex-procurador da República Marcelo Miller da força-tarefa da Operação Lava Jato, em 6 de março, com subsequente ingresso ao escritório que negociou a delação premiada dos executivos do grupo J&F pegou todos os membros da Procuradoria de surpresa. Essa migração para a área privada levantou suspeitas da defesa do presidente Michel Temer, que passou a desqualificar os termos do acordo do grupo. Segundo o presidente, Miller “garantiu ao seu novo patrão um acordo benevolente, uma delação que o tira das garras da Justiça, que gera uma impunidade nunca antes vista”.
BNDES Em 15 de agosto, o procurador Ivan Marx, do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, afirmou que o empresário Joesley Batista e executivos do Grupo J&F esconderam, em suas delações premiadas, crimes praticados no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entre 2005 e 2014, o BNDES aportou R$ 10,63 bilhões na J&F para viabilizar a aquisição de outras companhias. As investigações apontaram mais de R$ 1 bilhão de problemas em contratos. O grupo nega prática de qualquer irregularidade nos contratos.
MERCADO FINANCEIRO Os acionistas controladores da JBS - a FB Participações e o Banco Original - promoveram uma venda milionária de ações da companhia em maio deste ano. O montante foi de R$ 155,288 milhões, envolvendo cerca de 18,6 milhões de papéis. Parte dessas ações, no entanto, foi comprada pela tesouraria da JBS, em uma operação que totalizou R$ 55,5 milhões entre os dias 17 e 22 do mês passado. Enquanto a empresa comprava suas próprias ações, os acionistas controladores se desfaziam de papéis. As vendas pelos controladores ocorreram nos dias 16 e 17 de maio, às vésperas da revelação de que executivos do grupo fizeram uma delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, principais acionistas do grupo, teriam auferido ganhos extraordinários no mercado de compra e venda de dólares e ações do grupo quando o teor das delações dos executivos estava na iminência de ser conhecido. Em 22 de maio, controladores venderam 682.600 ações à cotação de R$ 7,81. O declínio do papel nesse pregão foi de 31,34%, a R$ 5,98. Em 29 de maio, eles venderam 7.004.100 ações, ao preço de R$ 7,86. O papel encerrou a sessão com queda leve de 0,13%, a R$ 7,70. Em 30 de maio, foram vendidas 2.220.000 ações, à cotação de R$ 7,64. O papel caiu 3,90%, a R$ 7,4. Por fim, em 31 de maio, os controladores se desfizeram de 4.109.100 ações, à cotação de R$ 8, sendo que o papel subiu 9,05%, a R$ 8,07. Conforme antecipou o Broadcast, em abril os acionistas controladores venderam R$ 328,5 milhões em ações da empresa.
PILGRIM Joesley Batista teria omitido negócio bilionário do grupo realizado sob as bênçãos do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma). Segundo revelou o site O Antagonista, Joesley firmou contrato com Palocci, com cláusula de êxito, depois que a JBS adquiriu a empresa americana Pilgrim’s, Pride Corporation com aporte bilionário do BNDES. A informação foi confirmada pelo Estado. Na época em que firmou contrato com a empresa de Palocci, a JBS comprou a Pilgrim’s por US$ 2,8 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões saíram dos cofres do BNDES. Palocci e Joesley negam qualquer ilicitude.