Ciro vincula PT a fascismo, ataca voto útil e rechaça debate só entre ‘coisa ruim’ e ‘coisa pior’


Durante sabatina Estadão-FAAP, candidato do PDT afirmou que existe fascismo de esquerda no Brasil, criticou campanha pelo voto útil e disse que gabinete do ódio foi financiado por dinheiro roubado por Lula

Por Redação
Atualização:

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, teve de responder antes mesmo de iniciar sua participação na sabatina promovida pelo Estadão, em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), nesta quarta, 21, sobre a estratégia de aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de pregar o voto útil contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta reta final da campanha. Ciro foi irônico ao afirmar que é a favor do voto útil, mas o “voto útil contra a corrupção” e afirmou depois que hoje existe um fascismo de esquerda no Brasil.

Em pouco mais de uma hora e meia, o candidato ainda disse não permitir que o debate fique concentrado entre o que chamou de “coisa ruim” e “coisa pior”, afirmou que o dinheiro roubado por Lula financia o gabinete de ódio de Bolsonaro e reafirmou suas principais propostas, como a criação de 5 milhões de empregos em dois anos, a taxação de lucros e dividendos e a revogação do teto de gastos. Confira os principais trechos:

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Voto útil

“O que está fazendo o fascismo de direita e de esquerda no Brasil? Porque, sim, há um fascismo de esquerda no Brasil liderado pelo PT. Eles estão querendo simplificar de uma forma absolutamente dramática o debate e querem simplesmente aniquilar alternativas. Isso é uma tragédia para o Brasil”, afirmou.

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O candidato citou que as próprias pesquisas de intenção de voto, que colocam Lula na primeira posição e com chances de vitória em primeiro turno, mostram que um em cada três eleitores dizem votar no ex-presidente por uma razão pragmática.

“É o cara que vai tirar o Bolsonaro e sua falta de educação, sua grosseria, seu banditismo. A razão não é o Lula, nem a proposta do Lula nem o dia seguinte. É o voto Caetano Veloso, boas pessoas, mas que todos estão com a vida ganha. Quem está preocupado com o dia seguinte é quem não tem plano de saúde, é quem não tem como pagar mensalidade escolar, é quem está submetido ao terrorismo das facções criminosas nas periferias.”

Ao responder se suas críticas ao PT podem ser usadas como linha auxiliar para a campanha de Bolsonaro - há mensagens sendo divulgadas nos canais de internet do presidente -, Ciro rechaçou que tenha feito qualquer elogio a ele e afirmou que o “gabinete do ódio que o Lula financia a custa de muito dinheiro roubado” produz fake news desse tipo.

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O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, participa de sabatina Estadão-FAAP. FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

“Nunca fiz nenhum elogio a Bolsonaro. Eu fui às ruas pelo impeachment. Eu assinei três pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Eu fui à corte de Haia representar contra o caráter genocida do Bolsonaro. Sabe quem deu o voto decisivo para manter o orçamento secreto? O PT. O Lula salvou o Bolsonaro e só se explica a sobrevida do Bolsonaro porque o Lula o salvou. O Lula mandou a tropa de choque dele me agredir fisicamente aqui na Avenida Paulista (em um ato pelo impeachment).”

Pesquisas

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Já no segundo bloco da sabatina, Ciro comentou sua atual posição nas pesquisas de intenção de voto, em patamares inferiores ao que ele próprio registrava no mesmo período de 2018, quando também foi candidato ao Planalto. Na época, ele registrava cerca de 11 pontos porcentuais. Hoje, tem entre 6 a 8%. Pare ele, as pesquisas estão contaminadas porque são pagas por bancos.

“Quase todas as pesquisas são pagas por bancos há dois anos. E os bancos têm a mesma intenção: confinar o ambiente político a mais do mesmo. A substância, que é o sistema tributário, segue o modelo de juros altos, câmbio alto, desindustrialização, desemprego recorde no País. Pesquisa pressupõe homogeneidade do universo. O que você faz quando vê uma sopa? Você mexe na sopa, você homogeneíza o universo. Na política não é assim, o universo não está homogêneo”, disse.

Ainda sobre as pesquisas, o candidato criticou a possibilidade que existe hoje de o eleitor não votar e justificar sua ausência de forma facilitada pelo TSE, por meio de um aplicativo. “No Brasil, o voto era obrigatório. Agora, o TSE introduziu um aplicativo, que não precisa mais ir lá votar. As pesquisas têm que ser lidas com essa dinâmica”, afirmou. “O político não surfa no retrato, ele valoriza o filme. Pesquisa é retrato. Amanhã vai ter um debate e o Lula não vai. Qual o preço que ele vai pagar por isso? Nenhum, ou um preço amargo. Qual o efeito disso? O sistema quer confinar o debate entre o coisa ruim e o coisa pior de modo que o inferno acaba ganhando.”

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O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, participa de sabatina realizada no auditório da FAAP nesta manhã de quarta-feira. FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: WERTHER / ESTADAO CONTEUDO

Geração de empregos

Ciro Gomes explicou que pretende, se eleito, criar 5 milhões de empregos nos dois primeiros anos de seu governo. “Se o País estagnado como está criou um saldo de 1.5 milhão de empregos, a meta do Plano Nacional de Desenvolvimento é duplicar”, ressaltou. Segundo ele, é preciso perseguir o emprego industrial. “O governo brasileiro está gastando US$ 17 milhões por ano gerando emprego lá fora”, criticou.

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O candidato afirmou ainda que fará um pente fino nas obras já licitadas e licenciadas de forma a gerar empregos sem atender ao que chamou de ‘clientelismo corrupto’, prática que, segundo ele, é utilizada pelo atual presidente Jair Bolsonaro com o orçamento secreto. “A partir daí vou retomar essas obras. Vou cortar 20% das renúncias fiscais, cerca de R$ 70 bilhões.”

Segurança e armas

Segundo Ciro, seu Plano Nacional de Desenvolvimento assume o compromisso de mudar a tecnologia, a inteligência e a institucionalidade em relação a questões de segurança pública. “Quero trazer para o debate a questão do orçamento. Sabe quanto é o orçamento desse ano? R$ 4,8 trilhões. Sabe quanto está indo os bancos, por meio de juros? Nos últimos 12 meses, forma R$ 500 bilhões. Só de amortização e rolagem de dívida dá R$ 52 a cada R$ 100 reais de todo o orçamento. Sabe o que resta para segurança pública, uma das maiores emergências da sociedade brasileira? Apenas R$ 0,33 de cada R$100 reais. O Brasil está gastando 0,33% do orçamento com segurança pública”, criticou.

O candidato criticou o sistema montado, disse ele, por uma lei feita pelo PT copiada dos EUA para reprimir jovens negros e pobres que não cometeram nenhuma violência na periferia e a atual cultura de encarceramento de jovens negros.

“Resultado: a população carcerária brasileira subiu de 280 mil, quando Lula tomou posse, para 1,2 milhão de pessoas, se incluirmos os mandados de prisão em aberto. E as penitenciárias viraram verdadeiras universidades do crime, porque o garoto é preso como avião do tráfico, é condenado por essa legislação estúpida e entra no presídio. Quando entra no presídio, morre na primeira noite ou se filia a uma facção ou vai ser estuprado. E aí ele vira um soldado perigoso do crime violento. Quem reprime o tráfico de drogas? A polícia local? Impossível. Porque deixaram tomar sede, hoje quem manda na periferia do Brasil não é o Estado de direito democrático, são as facções criminosas.

Sobre os decretos de armas editados por Bolsonaro, o candidato do PDT deu a entender ser totalmente contra, afirmando que em um eventual governo seu a arma seria proscrita das ruas. “No meu governo, ninguém vai portar arma se não for autoridade”, afirmou.

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, expõe seu plano de governo em sabatina realizada pelo Estadão-FAAP. FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: WERTHER / ESTADAO CONTEUDO

Teto de gastos

Ciro Gomes criticou o teto de gastos e afirmou que, se eleito, vai revogar o instrumento nos seis primeiros meses de governo. “O Congresso vai ser induzido a votar porque estou anunciando antes. Se eu for eleito, então terei sido eleito eu e as minhas ideias, portanto, o Congresso estará informado que o povo brasileiro me elegeu com esse pacote de ideias em que o teto de gastos está lá como impertinência absolutamente atécnica, aberrante e absolutamente violenta.”

O candidato comentou ainda a reunião realizada por Lula na segunda, 19, com ex-candidatos à Presidência da República em outras eleições, na qual recebeu o apoio do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

“O Meirelles é o autor do teto de gastos, que não existe na literatura de País nenhum do mundo e que, basicamente, protege o Estado Constitucional e o Tesouro Nacional como presa do sistema financeiro. E o (Guilherme) Boulos, que faz a pose grande líder das esquerdas no Brasil... (participa de uma reunião dessas). Alguém está sendo enganado. e eu tenho certeza que não é o Meirelles que está enganando todo mundo: é o Lula. Mas me constrange saber que a Dilma foi desconvidada para essa reunião.”

Sobre economia, o candidato voltou a defender uma mudança no sistema tributário brasileiro. Afirmou ser a favor da progressividade do imposto de renda e da cobrança de imposto sobre grandes fortunas. “Temos 58 mil brasileiros com patrimônio, na pessoa física ,superior a R$ 20 milhões. Eu quero cobrar R$ 0, 50 de cada R$ 100 de patrimônio na pessoa física. Com isso, eu bano a pobreza de 100% das 24 milhões de famílias que estão passando fome no Brasil”, disse.

Ciro seguiu explicando que pretende introduzir um imposto que o mundo inteiro cobra, que é o imposto sobre lucros e dividendos empresariais. “Eu, como ministro da Fazenda (no governo Itamar Franco), cobrei também.”

Aborto

Ciro se esquivou de perguntas sobre aborto. “Quem é que pode ser a favor da tragédia do aborto? Ninguém é a favor do aborto. É uma tragédia emocional. A questão não é essa”, disse, defendendo que discutir opinião sobre a interrupção da gravidez é parte de uma “guerra híbrida”. “O presidente sabe que poder tem sobre esse assunto? Nenhum. Se eu sou candidato a presidente, por que eu sou chamado a responder sobre isso?”, questionou.

O candidato também afirmou que, se eleito, não vai propor revisão da legislação sobre o tema no Congresso. “Não proporei esse assunto (do aborto). Estou preocupado em emancipá-las pela miséria, pela pobreza, pela fome, que é o que nos une. Esse assunto nos divide”, disse. Ele pontuou ainda que a discussão leva a “perder o voto do povo”.

“E nós que somos honestos e progressistas preocupados com o efeito trágico da miséria, sobre as mulheres pobres que estão fazendo aborto enfiando agulha de tricô no útero enquanto as ricas estão na hipocrisia brasileira fazendo em clínicas de aborto riquíssimas que existem em todas as cidades do brasil, a gente simplesmente perde o voto do povo para atender a esse tipo de questionamento”, completou.

Calendário

Quatro candidatos foram convidados para participar das sabatinas: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL), Tebet e Ciro. O petista e o atual chefe do Executivo recusaram o convite.

Ao chegar na sabatina, Ciro fez críticas à ausência dos adversários. “Revela característica autoritária. Quem não se submete, ou não tem o que dizer, ou tem (algo) a esconder. No fundo é um desprezo”, afirmou.

Para substituir as sabatinas de Lula e Bolsonaro, Estadão e a FAAP realizaram debates para apresentar soluções para o País. Esses temas estão presentes na Agenda Estadão, uma série de reportagens que respondem a 15 questões fundamentais para o correto diagnóstico e superação de obstáculos que impedem o Brasil de atingir seu potencial máximo.

Veja como foi a sabatina de Simone Tebet

Veja como foi o debate que substituiu a sabatina de Jair Bolsonaro

Veja como foi o debate que substituiu a sabatina de Lula

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, teve de responder antes mesmo de iniciar sua participação na sabatina promovida pelo Estadão, em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), nesta quarta, 21, sobre a estratégia de aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de pregar o voto útil contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta reta final da campanha. Ciro foi irônico ao afirmar que é a favor do voto útil, mas o “voto útil contra a corrupção” e afirmou depois que hoje existe um fascismo de esquerda no Brasil.

Em pouco mais de uma hora e meia, o candidato ainda disse não permitir que o debate fique concentrado entre o que chamou de “coisa ruim” e “coisa pior”, afirmou que o dinheiro roubado por Lula financia o gabinete de ódio de Bolsonaro e reafirmou suas principais propostas, como a criação de 5 milhões de empregos em dois anos, a taxação de lucros e dividendos e a revogação do teto de gastos. Confira os principais trechos:

Voto útil

“O que está fazendo o fascismo de direita e de esquerda no Brasil? Porque, sim, há um fascismo de esquerda no Brasil liderado pelo PT. Eles estão querendo simplificar de uma forma absolutamente dramática o debate e querem simplesmente aniquilar alternativas. Isso é uma tragédia para o Brasil”, afirmou.

O candidato citou que as próprias pesquisas de intenção de voto, que colocam Lula na primeira posição e com chances de vitória em primeiro turno, mostram que um em cada três eleitores dizem votar no ex-presidente por uma razão pragmática.

“É o cara que vai tirar o Bolsonaro e sua falta de educação, sua grosseria, seu banditismo. A razão não é o Lula, nem a proposta do Lula nem o dia seguinte. É o voto Caetano Veloso, boas pessoas, mas que todos estão com a vida ganha. Quem está preocupado com o dia seguinte é quem não tem plano de saúde, é quem não tem como pagar mensalidade escolar, é quem está submetido ao terrorismo das facções criminosas nas periferias.”

Ao responder se suas críticas ao PT podem ser usadas como linha auxiliar para a campanha de Bolsonaro - há mensagens sendo divulgadas nos canais de internet do presidente -, Ciro rechaçou que tenha feito qualquer elogio a ele e afirmou que o “gabinete do ódio que o Lula financia a custa de muito dinheiro roubado” produz fake news desse tipo.

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, participa de sabatina Estadão-FAAP. FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

“Nunca fiz nenhum elogio a Bolsonaro. Eu fui às ruas pelo impeachment. Eu assinei três pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Eu fui à corte de Haia representar contra o caráter genocida do Bolsonaro. Sabe quem deu o voto decisivo para manter o orçamento secreto? O PT. O Lula salvou o Bolsonaro e só se explica a sobrevida do Bolsonaro porque o Lula o salvou. O Lula mandou a tropa de choque dele me agredir fisicamente aqui na Avenida Paulista (em um ato pelo impeachment).”

Pesquisas

Já no segundo bloco da sabatina, Ciro comentou sua atual posição nas pesquisas de intenção de voto, em patamares inferiores ao que ele próprio registrava no mesmo período de 2018, quando também foi candidato ao Planalto. Na época, ele registrava cerca de 11 pontos porcentuais. Hoje, tem entre 6 a 8%. Pare ele, as pesquisas estão contaminadas porque são pagas por bancos.

“Quase todas as pesquisas são pagas por bancos há dois anos. E os bancos têm a mesma intenção: confinar o ambiente político a mais do mesmo. A substância, que é o sistema tributário, segue o modelo de juros altos, câmbio alto, desindustrialização, desemprego recorde no País. Pesquisa pressupõe homogeneidade do universo. O que você faz quando vê uma sopa? Você mexe na sopa, você homogeneíza o universo. Na política não é assim, o universo não está homogêneo”, disse.

Ainda sobre as pesquisas, o candidato criticou a possibilidade que existe hoje de o eleitor não votar e justificar sua ausência de forma facilitada pelo TSE, por meio de um aplicativo. “No Brasil, o voto era obrigatório. Agora, o TSE introduziu um aplicativo, que não precisa mais ir lá votar. As pesquisas têm que ser lidas com essa dinâmica”, afirmou. “O político não surfa no retrato, ele valoriza o filme. Pesquisa é retrato. Amanhã vai ter um debate e o Lula não vai. Qual o preço que ele vai pagar por isso? Nenhum, ou um preço amargo. Qual o efeito disso? O sistema quer confinar o debate entre o coisa ruim e o coisa pior de modo que o inferno acaba ganhando.”

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, participa de sabatina realizada no auditório da FAAP nesta manhã de quarta-feira. FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: WERTHER / ESTADAO CONTEUDO

Geração de empregos

Ciro Gomes explicou que pretende, se eleito, criar 5 milhões de empregos nos dois primeiros anos de seu governo. “Se o País estagnado como está criou um saldo de 1.5 milhão de empregos, a meta do Plano Nacional de Desenvolvimento é duplicar”, ressaltou. Segundo ele, é preciso perseguir o emprego industrial. “O governo brasileiro está gastando US$ 17 milhões por ano gerando emprego lá fora”, criticou.

O candidato afirmou ainda que fará um pente fino nas obras já licitadas e licenciadas de forma a gerar empregos sem atender ao que chamou de ‘clientelismo corrupto’, prática que, segundo ele, é utilizada pelo atual presidente Jair Bolsonaro com o orçamento secreto. “A partir daí vou retomar essas obras. Vou cortar 20% das renúncias fiscais, cerca de R$ 70 bilhões.”

Segurança e armas

Segundo Ciro, seu Plano Nacional de Desenvolvimento assume o compromisso de mudar a tecnologia, a inteligência e a institucionalidade em relação a questões de segurança pública. “Quero trazer para o debate a questão do orçamento. Sabe quanto é o orçamento desse ano? R$ 4,8 trilhões. Sabe quanto está indo os bancos, por meio de juros? Nos últimos 12 meses, forma R$ 500 bilhões. Só de amortização e rolagem de dívida dá R$ 52 a cada R$ 100 reais de todo o orçamento. Sabe o que resta para segurança pública, uma das maiores emergências da sociedade brasileira? Apenas R$ 0,33 de cada R$100 reais. O Brasil está gastando 0,33% do orçamento com segurança pública”, criticou.

O candidato criticou o sistema montado, disse ele, por uma lei feita pelo PT copiada dos EUA para reprimir jovens negros e pobres que não cometeram nenhuma violência na periferia e a atual cultura de encarceramento de jovens negros.

“Resultado: a população carcerária brasileira subiu de 280 mil, quando Lula tomou posse, para 1,2 milhão de pessoas, se incluirmos os mandados de prisão em aberto. E as penitenciárias viraram verdadeiras universidades do crime, porque o garoto é preso como avião do tráfico, é condenado por essa legislação estúpida e entra no presídio. Quando entra no presídio, morre na primeira noite ou se filia a uma facção ou vai ser estuprado. E aí ele vira um soldado perigoso do crime violento. Quem reprime o tráfico de drogas? A polícia local? Impossível. Porque deixaram tomar sede, hoje quem manda na periferia do Brasil não é o Estado de direito democrático, são as facções criminosas.

Sobre os decretos de armas editados por Bolsonaro, o candidato do PDT deu a entender ser totalmente contra, afirmando que em um eventual governo seu a arma seria proscrita das ruas. “No meu governo, ninguém vai portar arma se não for autoridade”, afirmou.

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, expõe seu plano de governo em sabatina realizada pelo Estadão-FAAP. FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: WERTHER / ESTADAO CONTEUDO

Teto de gastos

Ciro Gomes criticou o teto de gastos e afirmou que, se eleito, vai revogar o instrumento nos seis primeiros meses de governo. “O Congresso vai ser induzido a votar porque estou anunciando antes. Se eu for eleito, então terei sido eleito eu e as minhas ideias, portanto, o Congresso estará informado que o povo brasileiro me elegeu com esse pacote de ideias em que o teto de gastos está lá como impertinência absolutamente atécnica, aberrante e absolutamente violenta.”

O candidato comentou ainda a reunião realizada por Lula na segunda, 19, com ex-candidatos à Presidência da República em outras eleições, na qual recebeu o apoio do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

“O Meirelles é o autor do teto de gastos, que não existe na literatura de País nenhum do mundo e que, basicamente, protege o Estado Constitucional e o Tesouro Nacional como presa do sistema financeiro. E o (Guilherme) Boulos, que faz a pose grande líder das esquerdas no Brasil... (participa de uma reunião dessas). Alguém está sendo enganado. e eu tenho certeza que não é o Meirelles que está enganando todo mundo: é o Lula. Mas me constrange saber que a Dilma foi desconvidada para essa reunião.”

Sobre economia, o candidato voltou a defender uma mudança no sistema tributário brasileiro. Afirmou ser a favor da progressividade do imposto de renda e da cobrança de imposto sobre grandes fortunas. “Temos 58 mil brasileiros com patrimônio, na pessoa física ,superior a R$ 20 milhões. Eu quero cobrar R$ 0, 50 de cada R$ 100 de patrimônio na pessoa física. Com isso, eu bano a pobreza de 100% das 24 milhões de famílias que estão passando fome no Brasil”, disse.

Ciro seguiu explicando que pretende introduzir um imposto que o mundo inteiro cobra, que é o imposto sobre lucros e dividendos empresariais. “Eu, como ministro da Fazenda (no governo Itamar Franco), cobrei também.”

Aborto

Ciro se esquivou de perguntas sobre aborto. “Quem é que pode ser a favor da tragédia do aborto? Ninguém é a favor do aborto. É uma tragédia emocional. A questão não é essa”, disse, defendendo que discutir opinião sobre a interrupção da gravidez é parte de uma “guerra híbrida”. “O presidente sabe que poder tem sobre esse assunto? Nenhum. Se eu sou candidato a presidente, por que eu sou chamado a responder sobre isso?”, questionou.

O candidato também afirmou que, se eleito, não vai propor revisão da legislação sobre o tema no Congresso. “Não proporei esse assunto (do aborto). Estou preocupado em emancipá-las pela miséria, pela pobreza, pela fome, que é o que nos une. Esse assunto nos divide”, disse. Ele pontuou ainda que a discussão leva a “perder o voto do povo”.

“E nós que somos honestos e progressistas preocupados com o efeito trágico da miséria, sobre as mulheres pobres que estão fazendo aborto enfiando agulha de tricô no útero enquanto as ricas estão na hipocrisia brasileira fazendo em clínicas de aborto riquíssimas que existem em todas as cidades do brasil, a gente simplesmente perde o voto do povo para atender a esse tipo de questionamento”, completou.

Calendário

Quatro candidatos foram convidados para participar das sabatinas: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL), Tebet e Ciro. O petista e o atual chefe do Executivo recusaram o convite.

Ao chegar na sabatina, Ciro fez críticas à ausência dos adversários. “Revela característica autoritária. Quem não se submete, ou não tem o que dizer, ou tem (algo) a esconder. No fundo é um desprezo”, afirmou.

Para substituir as sabatinas de Lula e Bolsonaro, Estadão e a FAAP realizaram debates para apresentar soluções para o País. Esses temas estão presentes na Agenda Estadão, uma série de reportagens que respondem a 15 questões fundamentais para o correto diagnóstico e superação de obstáculos que impedem o Brasil de atingir seu potencial máximo.

Veja como foi a sabatina de Simone Tebet

Veja como foi o debate que substituiu a sabatina de Jair Bolsonaro

Veja como foi o debate que substituiu a sabatina de Lula

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, teve de responder antes mesmo de iniciar sua participação na sabatina promovida pelo Estadão, em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), nesta quarta, 21, sobre a estratégia de aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de pregar o voto útil contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta reta final da campanha. Ciro foi irônico ao afirmar que é a favor do voto útil, mas o “voto útil contra a corrupção” e afirmou depois que hoje existe um fascismo de esquerda no Brasil.

Em pouco mais de uma hora e meia, o candidato ainda disse não permitir que o debate fique concentrado entre o que chamou de “coisa ruim” e “coisa pior”, afirmou que o dinheiro roubado por Lula financia o gabinete de ódio de Bolsonaro e reafirmou suas principais propostas, como a criação de 5 milhões de empregos em dois anos, a taxação de lucros e dividendos e a revogação do teto de gastos. Confira os principais trechos:

Voto útil

“O que está fazendo o fascismo de direita e de esquerda no Brasil? Porque, sim, há um fascismo de esquerda no Brasil liderado pelo PT. Eles estão querendo simplificar de uma forma absolutamente dramática o debate e querem simplesmente aniquilar alternativas. Isso é uma tragédia para o Brasil”, afirmou.

O candidato citou que as próprias pesquisas de intenção de voto, que colocam Lula na primeira posição e com chances de vitória em primeiro turno, mostram que um em cada três eleitores dizem votar no ex-presidente por uma razão pragmática.

“É o cara que vai tirar o Bolsonaro e sua falta de educação, sua grosseria, seu banditismo. A razão não é o Lula, nem a proposta do Lula nem o dia seguinte. É o voto Caetano Veloso, boas pessoas, mas que todos estão com a vida ganha. Quem está preocupado com o dia seguinte é quem não tem plano de saúde, é quem não tem como pagar mensalidade escolar, é quem está submetido ao terrorismo das facções criminosas nas periferias.”

Ao responder se suas críticas ao PT podem ser usadas como linha auxiliar para a campanha de Bolsonaro - há mensagens sendo divulgadas nos canais de internet do presidente -, Ciro rechaçou que tenha feito qualquer elogio a ele e afirmou que o “gabinete do ódio que o Lula financia a custa de muito dinheiro roubado” produz fake news desse tipo.

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, participa de sabatina Estadão-FAAP. FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

“Nunca fiz nenhum elogio a Bolsonaro. Eu fui às ruas pelo impeachment. Eu assinei três pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Eu fui à corte de Haia representar contra o caráter genocida do Bolsonaro. Sabe quem deu o voto decisivo para manter o orçamento secreto? O PT. O Lula salvou o Bolsonaro e só se explica a sobrevida do Bolsonaro porque o Lula o salvou. O Lula mandou a tropa de choque dele me agredir fisicamente aqui na Avenida Paulista (em um ato pelo impeachment).”

Pesquisas

Já no segundo bloco da sabatina, Ciro comentou sua atual posição nas pesquisas de intenção de voto, em patamares inferiores ao que ele próprio registrava no mesmo período de 2018, quando também foi candidato ao Planalto. Na época, ele registrava cerca de 11 pontos porcentuais. Hoje, tem entre 6 a 8%. Pare ele, as pesquisas estão contaminadas porque são pagas por bancos.

“Quase todas as pesquisas são pagas por bancos há dois anos. E os bancos têm a mesma intenção: confinar o ambiente político a mais do mesmo. A substância, que é o sistema tributário, segue o modelo de juros altos, câmbio alto, desindustrialização, desemprego recorde no País. Pesquisa pressupõe homogeneidade do universo. O que você faz quando vê uma sopa? Você mexe na sopa, você homogeneíza o universo. Na política não é assim, o universo não está homogêneo”, disse.

Ainda sobre as pesquisas, o candidato criticou a possibilidade que existe hoje de o eleitor não votar e justificar sua ausência de forma facilitada pelo TSE, por meio de um aplicativo. “No Brasil, o voto era obrigatório. Agora, o TSE introduziu um aplicativo, que não precisa mais ir lá votar. As pesquisas têm que ser lidas com essa dinâmica”, afirmou. “O político não surfa no retrato, ele valoriza o filme. Pesquisa é retrato. Amanhã vai ter um debate e o Lula não vai. Qual o preço que ele vai pagar por isso? Nenhum, ou um preço amargo. Qual o efeito disso? O sistema quer confinar o debate entre o coisa ruim e o coisa pior de modo que o inferno acaba ganhando.”

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, participa de sabatina realizada no auditório da FAAP nesta manhã de quarta-feira. FOTO/WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: WERTHER / ESTADAO CONTEUDO

Geração de empregos

Ciro Gomes explicou que pretende, se eleito, criar 5 milhões de empregos nos dois primeiros anos de seu governo. “Se o País estagnado como está criou um saldo de 1.5 milhão de empregos, a meta do Plano Nacional de Desenvolvimento é duplicar”, ressaltou. Segundo ele, é preciso perseguir o emprego industrial. “O governo brasileiro está gastando US$ 17 milhões por ano gerando emprego lá fora”, criticou.

O candidato afirmou ainda que fará um pente fino nas obras já licitadas e licenciadas de forma a gerar empregos sem atender ao que chamou de ‘clientelismo corrupto’, prática que, segundo ele, é utilizada pelo atual presidente Jair Bolsonaro com o orçamento secreto. “A partir daí vou retomar essas obras. Vou cortar 20% das renúncias fiscais, cerca de R$ 70 bilhões.”

Segurança e armas

Segundo Ciro, seu Plano Nacional de Desenvolvimento assume o compromisso de mudar a tecnologia, a inteligência e a institucionalidade em relação a questões de segurança pública. “Quero trazer para o debate a questão do orçamento. Sabe quanto é o orçamento desse ano? R$ 4,8 trilhões. Sabe quanto está indo os bancos, por meio de juros? Nos últimos 12 meses, forma R$ 500 bilhões. Só de amortização e rolagem de dívida dá R$ 52 a cada R$ 100 reais de todo o orçamento. Sabe o que resta para segurança pública, uma das maiores emergências da sociedade brasileira? Apenas R$ 0,33 de cada R$100 reais. O Brasil está gastando 0,33% do orçamento com segurança pública”, criticou.

O candidato criticou o sistema montado, disse ele, por uma lei feita pelo PT copiada dos EUA para reprimir jovens negros e pobres que não cometeram nenhuma violência na periferia e a atual cultura de encarceramento de jovens negros.

“Resultado: a população carcerária brasileira subiu de 280 mil, quando Lula tomou posse, para 1,2 milhão de pessoas, se incluirmos os mandados de prisão em aberto. E as penitenciárias viraram verdadeiras universidades do crime, porque o garoto é preso como avião do tráfico, é condenado por essa legislação estúpida e entra no presídio. Quando entra no presídio, morre na primeira noite ou se filia a uma facção ou vai ser estuprado. E aí ele vira um soldado perigoso do crime violento. Quem reprime o tráfico de drogas? A polícia local? Impossível. Porque deixaram tomar sede, hoje quem manda na periferia do Brasil não é o Estado de direito democrático, são as facções criminosas.

Sobre os decretos de armas editados por Bolsonaro, o candidato do PDT deu a entender ser totalmente contra, afirmando que em um eventual governo seu a arma seria proscrita das ruas. “No meu governo, ninguém vai portar arma se não for autoridade”, afirmou.

O candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, expõe seu plano de governo em sabatina realizada pelo Estadão-FAAP. FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO Foto: WERTHER / ESTADAO CONTEUDO

Teto de gastos

Ciro Gomes criticou o teto de gastos e afirmou que, se eleito, vai revogar o instrumento nos seis primeiros meses de governo. “O Congresso vai ser induzido a votar porque estou anunciando antes. Se eu for eleito, então terei sido eleito eu e as minhas ideias, portanto, o Congresso estará informado que o povo brasileiro me elegeu com esse pacote de ideias em que o teto de gastos está lá como impertinência absolutamente atécnica, aberrante e absolutamente violenta.”

O candidato comentou ainda a reunião realizada por Lula na segunda, 19, com ex-candidatos à Presidência da República em outras eleições, na qual recebeu o apoio do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

“O Meirelles é o autor do teto de gastos, que não existe na literatura de País nenhum do mundo e que, basicamente, protege o Estado Constitucional e o Tesouro Nacional como presa do sistema financeiro. E o (Guilherme) Boulos, que faz a pose grande líder das esquerdas no Brasil... (participa de uma reunião dessas). Alguém está sendo enganado. e eu tenho certeza que não é o Meirelles que está enganando todo mundo: é o Lula. Mas me constrange saber que a Dilma foi desconvidada para essa reunião.”

Sobre economia, o candidato voltou a defender uma mudança no sistema tributário brasileiro. Afirmou ser a favor da progressividade do imposto de renda e da cobrança de imposto sobre grandes fortunas. “Temos 58 mil brasileiros com patrimônio, na pessoa física ,superior a R$ 20 milhões. Eu quero cobrar R$ 0, 50 de cada R$ 100 de patrimônio na pessoa física. Com isso, eu bano a pobreza de 100% das 24 milhões de famílias que estão passando fome no Brasil”, disse.

Ciro seguiu explicando que pretende introduzir um imposto que o mundo inteiro cobra, que é o imposto sobre lucros e dividendos empresariais. “Eu, como ministro da Fazenda (no governo Itamar Franco), cobrei também.”

Aborto

Ciro se esquivou de perguntas sobre aborto. “Quem é que pode ser a favor da tragédia do aborto? Ninguém é a favor do aborto. É uma tragédia emocional. A questão não é essa”, disse, defendendo que discutir opinião sobre a interrupção da gravidez é parte de uma “guerra híbrida”. “O presidente sabe que poder tem sobre esse assunto? Nenhum. Se eu sou candidato a presidente, por que eu sou chamado a responder sobre isso?”, questionou.

O candidato também afirmou que, se eleito, não vai propor revisão da legislação sobre o tema no Congresso. “Não proporei esse assunto (do aborto). Estou preocupado em emancipá-las pela miséria, pela pobreza, pela fome, que é o que nos une. Esse assunto nos divide”, disse. Ele pontuou ainda que a discussão leva a “perder o voto do povo”.

“E nós que somos honestos e progressistas preocupados com o efeito trágico da miséria, sobre as mulheres pobres que estão fazendo aborto enfiando agulha de tricô no útero enquanto as ricas estão na hipocrisia brasileira fazendo em clínicas de aborto riquíssimas que existem em todas as cidades do brasil, a gente simplesmente perde o voto do povo para atender a esse tipo de questionamento”, completou.

Calendário

Quatro candidatos foram convidados para participar das sabatinas: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL), Tebet e Ciro. O petista e o atual chefe do Executivo recusaram o convite.

Ao chegar na sabatina, Ciro fez críticas à ausência dos adversários. “Revela característica autoritária. Quem não se submete, ou não tem o que dizer, ou tem (algo) a esconder. No fundo é um desprezo”, afirmou.

Para substituir as sabatinas de Lula e Bolsonaro, Estadão e a FAAP realizaram debates para apresentar soluções para o País. Esses temas estão presentes na Agenda Estadão, uma série de reportagens que respondem a 15 questões fundamentais para o correto diagnóstico e superação de obstáculos que impedem o Brasil de atingir seu potencial máximo.

Veja como foi a sabatina de Simone Tebet

Veja como foi o debate que substituiu a sabatina de Jair Bolsonaro

Veja como foi o debate que substituiu a sabatina de Lula

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