‘Clube de empreiteiras’ financiou em 2014 20 nomes que agora são alvo de inquérito


Corrupção na Petrobrás. Foram quase R$ 14 milhões em doações registradas, distribuídas a candidatos a governador, senador e deputado federal; primeiros da lista são os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Benedito de Lira (PP-AL)

Por Daniel Bramatti e Rodrigo Burgarelli

Pelo menos 20 dos políticos que serão alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na Operação Lava Jato receberam, em 2014, doações eleitorais registradas de empreiteiras acusadas de formar um cartel para superfaturar obras da Petrobrás. Foram quase R$ 14 milhões, distribuídos a candidatos a governador, senador e deputado federal.

Das 16 empresas que, segundo as investigações da Polícia Federal, teriam participação no cartel, sete fizeram contribuições diretas às campanhas de políticos envolvidos no escândalo.

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A lista de contemplados com doações pode aumentar, já que governadores eleitos também serão alvo de pedidos de abertura de inquérito - seus casos serão analisados pelo Superior Tribunal de Justiça. A relação tampouco desvenda todas as apostas eleitorais das empreiteiras. O levantamento do Estadão Dados se limita à disputa de 2014 porque, antes disso, as empresas podiam fazer as chamadas doações ocultas, nas quais era impossível rastrear as conexões entre financiadores e financiados. Alguns dos investigados - entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - foram eleitos em 2010 e não concorreram na disputa do ano passado.

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Beneficiados. O ranking de contribuições em 2014 é encabeçado por três candidatos a governador, cujas campanhas são mais caras - além disso, se eleitos, eles têm poder de decisão sobre a alocação de recursos para obras, tema de interesse direto das empreiteiras. Os primeiros da lista são os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Benedito de Lira (PP-AL), que concorreram aos governos do Rio de Janeiro, do Paraná e de Alagoas, respectivamente. Nenhum deles foi eleito em 2014. Todos voltaram, portanto, aos seus mandatos no Senado.

Os outros postos são ocupados por 17 deputados e senadores investigados e contemplados por doações do cartel. Nesse bloco, o PP se destaca: 12 dos parlamentares (70,6% do total) são filiados ao partido. Os demais nomes são do PT (3), do SD (1) e do PSDB (1).

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Quando o que se observa não é o volume das contribuições, mas o número de financiadores, o primeiro colocado é o senador tucano Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais. Ele recebeu doações de cinco das empreiteiras acusadas de formar o cartel da Petrobrás.

Concentração. Três das empreiteiras da lista são responsáveis por dois terços das doações eleitorais aos políticos agora investigados: UTC Engenharia, Construtora Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, nessa ordem. As duas primeiras fizeram, cada uma, doação de valor idêntico à campanha do petista Lindbergh Farias: R$ 1,425 milhão.

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As doações da Queiroz Galvão foram as mais abrangentes: chegaram a 10 dos 20 políticos da lista do Supremo. A seguir aparecem OAS e UTC, com oito e sete financiados, respectivamente.

No total, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou na sexta-feira a abertura de investigação criminal sobre 50 pessoas, entre elas 22 deputados federais, 12 senadores e o vice-governador da Bahia, João Leão (PP). Estão na lista cinco ex-ministros do governo Dilma Rousseff (Aguinaldo Ribeiro, Mário Negromonte, Edison Lobão, Gleisi Hoffmann e Antonio Palocci).

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O procurador geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido ao STF a abertura de 28 inquéritos, mas foi atendido apenas parcialmente. Zavaski, que é o relator do caso Lava Jato no Supremo, determinou a abertura de 21 investigações formais, a maioria por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

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Segundo Janot, integrantes do PP e do PMDB, ambos da base do governo, eram abastecidos por recursos desviados de contratos firmados por empreiteiras com a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Da Diretoria de Serviços da estatal, ainda de acordo com o procurador-geral, saíam recursos que eram direcionados a políticos do PT.

reference

Pelo menos 20 dos políticos que serão alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na Operação Lava Jato receberam, em 2014, doações eleitorais registradas de empreiteiras acusadas de formar um cartel para superfaturar obras da Petrobrás. Foram quase R$ 14 milhões, distribuídos a candidatos a governador, senador e deputado federal.

Das 16 empresas que, segundo as investigações da Polícia Federal, teriam participação no cartel, sete fizeram contribuições diretas às campanhas de políticos envolvidos no escândalo.

A lista de contemplados com doações pode aumentar, já que governadores eleitos também serão alvo de pedidos de abertura de inquérito - seus casos serão analisados pelo Superior Tribunal de Justiça. A relação tampouco desvenda todas as apostas eleitorais das empreiteiras. O levantamento do Estadão Dados se limita à disputa de 2014 porque, antes disso, as empresas podiam fazer as chamadas doações ocultas, nas quais era impossível rastrear as conexões entre financiadores e financiados. Alguns dos investigados - entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - foram eleitos em 2010 e não concorreram na disputa do ano passado.

Beneficiados. O ranking de contribuições em 2014 é encabeçado por três candidatos a governador, cujas campanhas são mais caras - além disso, se eleitos, eles têm poder de decisão sobre a alocação de recursos para obras, tema de interesse direto das empreiteiras. Os primeiros da lista são os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Benedito de Lira (PP-AL), que concorreram aos governos do Rio de Janeiro, do Paraná e de Alagoas, respectivamente. Nenhum deles foi eleito em 2014. Todos voltaram, portanto, aos seus mandatos no Senado.

Os outros postos são ocupados por 17 deputados e senadores investigados e contemplados por doações do cartel. Nesse bloco, o PP se destaca: 12 dos parlamentares (70,6% do total) são filiados ao partido. Os demais nomes são do PT (3), do SD (1) e do PSDB (1).

Quando o que se observa não é o volume das contribuições, mas o número de financiadores, o primeiro colocado é o senador tucano Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais. Ele recebeu doações de cinco das empreiteiras acusadas de formar o cartel da Petrobrás.

Concentração. Três das empreiteiras da lista são responsáveis por dois terços das doações eleitorais aos políticos agora investigados: UTC Engenharia, Construtora Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, nessa ordem. As duas primeiras fizeram, cada uma, doação de valor idêntico à campanha do petista Lindbergh Farias: R$ 1,425 milhão.

As doações da Queiroz Galvão foram as mais abrangentes: chegaram a 10 dos 20 políticos da lista do Supremo. A seguir aparecem OAS e UTC, com oito e sete financiados, respectivamente.

No total, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou na sexta-feira a abertura de investigação criminal sobre 50 pessoas, entre elas 22 deputados federais, 12 senadores e o vice-governador da Bahia, João Leão (PP). Estão na lista cinco ex-ministros do governo Dilma Rousseff (Aguinaldo Ribeiro, Mário Negromonte, Edison Lobão, Gleisi Hoffmann e Antonio Palocci).

O procurador geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido ao STF a abertura de 28 inquéritos, mas foi atendido apenas parcialmente. Zavaski, que é o relator do caso Lava Jato no Supremo, determinou a abertura de 21 investigações formais, a maioria por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo Janot, integrantes do PP e do PMDB, ambos da base do governo, eram abastecidos por recursos desviados de contratos firmados por empreiteiras com a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Da Diretoria de Serviços da estatal, ainda de acordo com o procurador-geral, saíam recursos que eram direcionados a políticos do PT.

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Pelo menos 20 dos políticos que serão alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na Operação Lava Jato receberam, em 2014, doações eleitorais registradas de empreiteiras acusadas de formar um cartel para superfaturar obras da Petrobrás. Foram quase R$ 14 milhões, distribuídos a candidatos a governador, senador e deputado federal.

Das 16 empresas que, segundo as investigações da Polícia Federal, teriam participação no cartel, sete fizeram contribuições diretas às campanhas de políticos envolvidos no escândalo.

A lista de contemplados com doações pode aumentar, já que governadores eleitos também serão alvo de pedidos de abertura de inquérito - seus casos serão analisados pelo Superior Tribunal de Justiça. A relação tampouco desvenda todas as apostas eleitorais das empreiteiras. O levantamento do Estadão Dados se limita à disputa de 2014 porque, antes disso, as empresas podiam fazer as chamadas doações ocultas, nas quais era impossível rastrear as conexões entre financiadores e financiados. Alguns dos investigados - entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - foram eleitos em 2010 e não concorreram na disputa do ano passado.

Beneficiados. O ranking de contribuições em 2014 é encabeçado por três candidatos a governador, cujas campanhas são mais caras - além disso, se eleitos, eles têm poder de decisão sobre a alocação de recursos para obras, tema de interesse direto das empreiteiras. Os primeiros da lista são os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Benedito de Lira (PP-AL), que concorreram aos governos do Rio de Janeiro, do Paraná e de Alagoas, respectivamente. Nenhum deles foi eleito em 2014. Todos voltaram, portanto, aos seus mandatos no Senado.

Os outros postos são ocupados por 17 deputados e senadores investigados e contemplados por doações do cartel. Nesse bloco, o PP se destaca: 12 dos parlamentares (70,6% do total) são filiados ao partido. Os demais nomes são do PT (3), do SD (1) e do PSDB (1).

Quando o que se observa não é o volume das contribuições, mas o número de financiadores, o primeiro colocado é o senador tucano Antonio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais. Ele recebeu doações de cinco das empreiteiras acusadas de formar o cartel da Petrobrás.

Concentração. Três das empreiteiras da lista são responsáveis por dois terços das doações eleitorais aos políticos agora investigados: UTC Engenharia, Construtora Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, nessa ordem. As duas primeiras fizeram, cada uma, doação de valor idêntico à campanha do petista Lindbergh Farias: R$ 1,425 milhão.

As doações da Queiroz Galvão foram as mais abrangentes: chegaram a 10 dos 20 políticos da lista do Supremo. A seguir aparecem OAS e UTC, com oito e sete financiados, respectivamente.

No total, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou na sexta-feira a abertura de investigação criminal sobre 50 pessoas, entre elas 22 deputados federais, 12 senadores e o vice-governador da Bahia, João Leão (PP). Estão na lista cinco ex-ministros do governo Dilma Rousseff (Aguinaldo Ribeiro, Mário Negromonte, Edison Lobão, Gleisi Hoffmann e Antonio Palocci).

O procurador geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido ao STF a abertura de 28 inquéritos, mas foi atendido apenas parcialmente. Zavaski, que é o relator do caso Lava Jato no Supremo, determinou a abertura de 21 investigações formais, a maioria por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo Janot, integrantes do PP e do PMDB, ambos da base do governo, eram abastecidos por recursos desviados de contratos firmados por empreiteiras com a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Da Diretoria de Serviços da estatal, ainda de acordo com o procurador-geral, saíam recursos que eram direcionados a políticos do PT.

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