A coligação "O Brasil Pode Mais", do presidenciável José Serra (PSDB), anunciou que ingressará ainda hoje com representação pedindo ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a instauração de inquérito na Polícia Federal (PF) para investigar a participação de Sandro Alex de Oliveira Cezar, candidato derrotado a deputado estadual pelo PT no Rio de Janeiro, e de José Ribamar de Lima, diretor do Sindicato de Agentes de Combate a Endemias, no ato da última quarta-feira que resultou em agressão ao tucano, no Rio de Janeiro. A ação pretende ainda que seja apurada a participação de outros envolvidos, a serem identificados.Na avaliação da coligação, a tentativa de impedir a caminhada promovida pela campanha de Serra viola os artigos 248, 331, 332 do Código Eleitoral, que proíbem que pessoas impeçam o exercício da propaganda eleitoral e inutilizem, alterem ou perturbem os meios utilizados para a propaganda.O artigo 248 não prevê punição, mas o artigo 331 prevê detenção por até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa. O artigo 332 também prevê detenção de até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa. Durante a entrevista coletiva para falar sobre a representação, o senador eleito Aloysio Nunes (PSDB-SP) condenou a agressão. "Esse tipo de ação desemboca no chavismo", afirmou. "Tentaram impedir de forma violenta, com impropérios, gritos e barreira humana. É algo inadmissível no regime democrático."O senador relacionou a agressão a militantes e políticos do PT. "Havia uma manifestação pacífica que foi brutalmente perturbada, hostilizada e depois interrompida por uma tropa de choque preparada e organizada previamente e dirigida por militantes e políticos do PT", afirmou. "Este é o fato mais grave: a utilização, em um Brasil democrático, de uma tecnologia patenteada pelos fascistas da Itália na década de 1920, que consiste em trocar o debate de ideias pela desordem nas ruas e porrada nos adversários."Aloysio condenou ainda a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio, que levantou dúvidas sobre a veracidade da agressão e ironizou Serra. "O mais grave ainda é o fato de o presidente da República, em vez de censurar os desordeiros, se permitir a caçoar da vítima", afirmou. "Para que esses métodos não prosperem, uma vez que são estimulados de cima, é que estamos tomando medidas judiciais para deter esse processo", afirmou. "Se isso continuar, vamos precisar pedir autorização do PT para existirmos politicamente."O presidente do PSDB e coordenador da campanha de Serra à sucessão presidencial, senador Sérgio Guerra, disse não ter dúvidas de que os atos estão relacionados ao PT e ao governo federal. "Coisa de petismo, coisa do governo", definiu. O tucano disse ainda que a representação à Procuradoria Geral da República tem como objetivo não apenas defender a campanha do PSDB mas também a democracia."Nossa campanha tem sido vitimada por uma ação absolutamente desequilibrada, autoritária e antidemocrática, não apenas dos partidos que nos enfrentam de uma maneira geral, e do PT em particular, mas das forças que dão sustentação e inclusive do presidente da República", afirmou. "Temos agora de agir e nos preparar não apenas para a eleição, mas para defender a democracia. Não se trata da eleição de agora, não se trata da disputa dos próximos dias, se trata do futuro da democracia no Brasil."O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia, também criticou o presidente Lula. "Ele não se portou como um presidente dos brasileiros, mas como o presidente de uma facção de um partido", afirmou.O deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) disse que, a partir de agora, o objetivo da coligação será responsabilizar também o presidente Lula. "O presidente Lula abdicou há muito daquilo que deveria ser seu papel institucional e constitucional", afirmou. "Ele se comporta estritamente como cabo eleitoral da pior espécie. Nós queremos responsabilizar o presidente da República por todos e quaisquer atos que aconteçam. Seus comentários não só foram graves do ponto de vista do seu comportamento, mas foram estimuladores do pior comportamento possível, que é o da intolerância e do combate inclusive físico", afirmou. "Quaisquer incidentes que por ventura venham a acontecer, no nosso entender, estarão diretamente motivados e estimulados por essa atitude irresponsável dos comentários do presidente da República."O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que o episódio demonstra a existência de um "viés totalitário" no governo federal. "À frente disso está Dilma e não há como excluir o presidente da República", afirmou.