O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), minimizou o tom duro adotado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na sessão de abertura do ano Legislativo. Em recado ao Palácio do Planalto, Lira cobrou “compromisso com a palavra dada”. Randolfe, porém, negou que acordos firmados não tenham sido cumpridos. “A carapuça não serviu”, disse à Coluna do Estadão.
O Congresso teve uma tarde de “climão” nesta segunda-feira (05). Na volta do recesso, parlamentares se questionaram mutuamente pelos corredores como o governo Lula, daqui para frente, fará a negociação com a Câmara. Como mostrou a reportagem, Arthur Lira rompeu relações com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cogita substituir o auxiliar para não ceder à pressão do líder do Centrão.
Um influente parlamentar da base do afirmou que o Executivo não se resume a uma pessoa e a articulação, daqui para frente, será feita também por meio de outros interlocutores — incluindo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pouco afeito ao diálogo com o Congresso.
Os próprios ministros devem ampliar a defesa de suas pautas junto ao parlamentares. Fernando Haddad (Fazenda), por exemplo, receberá senadores nesta terça-feira (05) para tratar sobre a Medida Provisória (MP) da reoneração. Para manter a proximidade com a Câmara, os ministros Celso Sabino (Turismo) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), que são deputados federais licenciados, fizeram questão de comparecer à cerimônia de abertura do ano Legislativo.
Ao longo da cerimônia da reabertura do ano legislativo, Rui Costa sentou-se entre Padilha e Lira. O presidente da Câmara manteve a cara fechada para o desafeto, que cumprimentou efusivamente deputados da base e da oposição, como o líder do PP na Casa, Dr. Luizinho (RJ), com quem teve uma rápida conversa ao pé do ouvido.