BRASÍLIA - Uma declaração de Jair Bolsonaro (PL) ao canal AuriVerde Brasil no YouTube na segunda-feira, 21, incomodou a bancada de seu partido no Senado Federal.
O ex-presidente defendeu, numa entrevista ao canal de 2 milhões de inscritos, apoio do PL à eventual candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP) à sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na Casa.
Membros da bancada, no entanto, não gostaram da manifestação antecipada, por entenderem que Bolsonaro “queima um cartucho” antes da hora e prejudica a articulação dos bolsonaristas, que gostariam de negociar o apoio a Alcolumbre antes da eleição.
Bolsonaro defende que o PL não lance uma candidatura própria para não ter de lidar com o ônus de uma eventual derrota, assim como aconteceu com Rogério Marinho (PL-RN) em fevereiro de 2023. Derrotado, o partido acabou apartado dos principais postos de poder na Casa.
“Quando você perde uma eleição para o Senado, você não tem nenhuma vaga na Mesa Diretora e nem nas comissões. Então nós ficamos ali como zumbis dois anos dentro do Senado. E nós sabemos hoje em dia que a eleição do Davi Alcolumbre é 99% certa. Se você lançar uma chapa de novo você fica mais dois anos com água e palitos”, afirmou Bolsonaro na entrevista.
A ideia do ex-presidente é aumentar a bancada do PL até a eleição para poder pleitear a vice-presidência do Senado, cadeira que teria poder para pautar projetos na ausência de Alcolumbre, como a anistia a condenados pelo 8 de Janeiro e ataques à democracia.
“O fato concreto do momento é o Davi Alcolumbre presidente do Senado, quer queira, quer não. Agora, nós queremos ter, por exemplo, a vice-presidência do Senado? Que, na ausência do Alcolumbre, a gente possa botar coisa em pauta que interessa para nós? Vocês sabem o que interessa para nós, é a anistia, entre tantas coisas”, declarou Bolsonaro em seguida.
Parlamentares bolsonaristas, no entanto, reconhecem que o assunto dificilmente deve avançar com a composição atual do Congresso. Mas esperam que a pauta ganhe musculatura se o PL conseguir uma votação expressiva para o Senado na eleição de 2026. Com maioria das cadeiras, a sigla de Bolsonaro seria capaz de confrontar o poder do Supremo Tribunal Federal (STF) e aprovar processo de impeachment contra membros da Corte.