Se engana quem pensa que a prioridade do presidente Lula, no momento, é resolver os problemas de sua base no Congresso Nacional. Quem frequenta o Palácio do Planalto afirma que o presidente só pensa em “fazer um cercadinho no Judiciário”, de onde acredita que virá sua blindagem.
Nas últimas conversas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula indicou que não vai ceder a pressões de políticos por indicações no Judiciário. As únicas opiniões que levará em conta são de ministros do STF com quem tem diálogo mais assíduo.
Sem domínio na Câmara e no Senado, Lula optou por montar sua base entre os magistrados. O jogo da política tem se judicializado cada vez mais. E Lula sabe que decisões contrárias ao governo, articuladas por Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Congresso, podem ser revertidas no Supremo.
Em jogo estão medidas para endurecer as regras de funcionamento das big techs no Brasil, como Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, WhatsApp, Telegram e Google. Em outras frentes, os ministros ainda agem em temas como a Lei das Estatais, as chamadas sobras partidárias, que definem a distribuição de cadeiras de deputados federais, estaduais e vereadores, e a correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
O STF também tem revertido decisões da Lava Jato. O próprio Lula foi beneficiado. Nesta segunda-feira (29), Eduardo Cunha também conseguiu derrubar a condenação a quase 16 anos de prisão.
Além de duas escolhas para o Supremo este ano, Lula acaba de nomear dois ministros para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e tem duas vagas para preencher no Superior Tribunal de Justiça (STJ).