O presidente do União Brasil, Luciano Bivar (PE), fala em insensatez mas descarta qualquer tipo de represália aos filiados que comparecerem à manifestação de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), convocada para o próximo domingo (25). O partido, que ocupa três ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem cinco deputados que confirmaram presença no ato.
À Coluna do Estadão, Bivar afirmou que o União Brasil é “a favor da democracia” e que, por isso, não “parece sensato apoiar qualquer ato em defesa de alguém que sabidamente atentava contra o Regime Democrático de Direito”. Sobre represálias, o deputado afirma apenas que cada um responderá sobre o “discernimento do que é certo ou errado através da manifestação das urnas”.
Os deputados da legenda que confirmaram presença no ato organizado por Bolsonaro são Alfredo Gaspar (AL), Coronel Assis (MT), Coronel Ulysses (AC), Nicoletti (RR) e Rodrigo Valadares (SE).
Bivar presidia o antigo PSL, que em 2018 elegeu Jair Bolsonaro como presidente da República, mas eles romperam em 2019. A legenda se fundiu com o DEM para formar o União Brasil em 2022.
“Independente de resultados de urnas, o importante é estarmos em paz com nossos ideais. Não sou fisiologista e jamais serei, em me aviltar para amealhar meia dúzia de votos. Sou um radical democrata”, completou Bivar.
Bolsonaro convoca manifestação
A manifestação foi convocada pelo próprio ex-presidente, após a Polícia Federal deflagrar, na semana anterior ao carnaval, uma megaoperação para apurar uma suposta tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro e diversos aliados foram os alvos dos agentes.
O ex-presidente teve seu passaporte apreendido e está impedido de deixar o país. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi alvo de busca e apreensão e acabou preso por posse ilegal de arma de fogo, mas já foi solto. Dois ex-assessores de Bolsonaro também foram presos: Filipe Martins (assuntos internacionais) e o coronel Marcelo Câmara. Os generais da reserva e ex-ministros Walter Braga Netto (Defesa) e Augusto Heleno (GSI) foram alvos de busca e apreensão.
O PL busca maneiras de reagir por entender que a operação afeta diretamente os planos do partido para as eleições municipais deste ano. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro e Valdemar Costa Neto não podem se falar, o que dificultará a articulação do partido para o pleito.